Os principais jornais brasileiros desta sexta-feira dão destaque a temas diversos, mostrando uma cobertura difusa em relação ao principal tema do dia, que é destaque na capa no New York Times: a conexão Trump e Bolsonaro que tem a pretensão de melar as eleições presidenciais de 2022. O jornal americano informa que os ideólogos da direita americana colocam o Brasil como uma das peças mais importantes do tabuleiro da geopolítica internacional para o próximo ano — leia mais em Brasil na Gringa. Eis as manchetes dos jornais brasileiros — Folha: Projeto de Lira traz transparências mas mantém verbas. Estadão: China alça Xi ao status de Mao e abre caminho para novos mandatos. O Globo: Bolsonaro apoia desoneração da folha por mais dois anos. Valor: Inflação derruba o varejo e afeta cenário para atividade. El País (Brasil): PC chinês eleva Xi Jinping à estatura de Mao Tsé-Tung e garante líder no poder até 2027. No noticiário internacional, além da consolidação de Xi Jinping no poder — manchetes do Financial Times e Wall Street Journal, e chamadas na primeira página da maioria dos jornais americanos e europeus — outro destaque são os alertas emitidos por especialistas sobre o risco de fracasso da Cop26 na tentativa de reverter o aquecimento global. Washington Post e The Guardian dão na manchete que as negociações em curso em Glasgow podem ficar aquém do necessário para evitar a catástrofe climática. Nas revistas semanais, a pretensão de Sérgio Moro de se candidatar à Presidência da República em 2022, concorrendo diretamente contra Lula e Jair Bolsonaro é a manchete das edições da Focus Brasil, editada pela Fundação Perseu Abramo, Carta Capital e Veja, com tons muito distintos nos enunciados das chamadas nas primeiras páginas. Enquanto as duas primeiras denunciam o jogo do ex-juiz Sérgio Moro, Veja quase exalta o ex-ministro da Justiça. Focus Brasil: A direita apresenta sua nova cara velha. “Diante do fortalecimento da candidatura de Lula, o establishment aposta no ex-juiz Sérgio Moro como um trunfo para a disputa presidencial de 2022. Depois de perseguir o PT, a Lava Jato enfim assume que sempre teve viés político e é mais um projeto dos entreguistas do Brasil”, destaca a revista, que ainda traz entrevista com o jurista Lênio Streck, denunciando o caráter antipopular da candidatura de Moro — uma ameaça contínua à democracia, como Bolsonaro — e reporta a viagem de Lula à Europa. O tratamento contrasta com o tom crítico, mas atenuado pela foto usada, em Carta Capital: O crime compensa. “O partido da Lava Jato agora é oficial”, resume. Já Veja é bem mais amena: O partido da Lava Jato. “As estrelas da maior operação de combate à corrupção da história trocam os tribunais pelos palanques e reacendem o debate sobre os limites entre a Justiça e a política”, relata. Já IstoÉ, que sempre deu um tratamento privilegiado à Operação Lava Jato e as estrelas de Moro e Deltan Dallagnol, opta por bater no presidente da Câmara: Os mensaleiros da nova era. “Governo investe contra a democracia ao comprar o apoio político de parlamentares com emendas secretas bilionárias, uma versão aprimorada do escândalo do Mensalão. Líder do Centrão, Arthur Lira é o operador dessa manobra, que felizmente foi barrada pelo STF. IstoÉ mostra alguns dos principais beneficiados nesse esquema obscuro de distribuição de verbas públicas”. AUXÍLIO BRASIL Outro destaque é a sanção por Bolsonaro da lei que remaneja R$ 9,3 bilhões do Bolsa Família para o Auxílio Brasil. A proposta, enviada ao Congresso pelo Executivo no fim de outubro, foi aprovada na tarde de quinta-feira por deputados e senadores. O ato foi publicado em edição extra do Diário Oficial da União. Após 18 anos de existência, o Bolsa Família foi extinto no dia 10 de novembro. Uma medida provisória editada pelo governo no dia 10 de agosto determinou que, em 90 dias, a lei de 2004 que criou o antigo programa de transferência seria revogada. COP26 Washington Post destaca na manchete de capa que o acordo para o clima está sob sério risco: Com a meta climática mundial em jogo, os líderes alertam que as negociações da ONU podem ficar aquém. “O planeta está a caminho de ultrapassar 1,5º Celsius”, relata. Segundo o jornal, os líderes que estão na Cop26 alertam que o tempo está se esgotando para chegar a um acordo que pode poupar o mundo dos efeitos mais terríveis do aquecimento global, à medida que as negociações aumentaram a um ritmo frenético nos dias finais do encontro. “Os países discutiram quanto dinheiro as nações ricas devem às mais pobres por contaminar a atmosfera da Terra”, informa. “Outros pechincharam sobre a freqüência de relatar suas emissões de gases de efeito estufa à ONU. Representantes de alguns países, como a vulnerável nação insular de Tuvalu, apelaram fortemente por mais ambição. Outros — como a nação rica em petróleo da Arábia Saudita — estavam fazendo campanha na direção oposta, exigindo que os compromissos para reduzir o apoio aos combustíveis fósseis fossem retirados do acordo final”. O inglês The Guardian destaca na manchete principal que as metas de redução de emissões acordadas na Cop26 são fracas demais para evitar níveis desastrosos de mudança climática, de acordo com os principais arquitetos do acordo de Paris citados pelo jornal. O diário britânico ressalta: líderes mundiais terão de voltar à mesa de negociações no próximo ano. BRASIL NA GRINGA Em reportagem de página inteira, com chamada na capa, o New York Times aponta a conexão Bolsonaro-Trump que ameaça as eleições no Brasil. “Com a queda nas pesquisas, o presidente Jair Bolsonaro já questiona a legitimidade da eleição do próximo ano. Ele tem ajuda dos Estados Unidos”, escreve o correspondente Jack Nicas. “Recém-saído do ataque aos resultados da eleição presidencial dos EUA em 2020, o ex-presidente Donald J. Trump e seus aliados estão exportando sua estratégia para a maior democracia da América Latina, trabalhando para apoiar a candidatura de Bolsonaro à reeleição no próximo ano — e ajudando a semear dúvida no processo eleitoral caso perca”, diz a reportagem. “Eles estão rotulando seus rivais políticos de criminosos e comunistas, construindo novas redes sociais onde ele pode evitar as regras do Vale do Silício contra a desinformação e ampliando suas alegações de que as eleições no Brasil serão fraudadas”, continua. “Para os ideólogos americanos que defendem um movimento nacionalista de direita, o Brasil é uma das peças mais importantes do tabuleiro global de xadrez”. Outra reportagem crítica ao presidente brasileiro na imprensa internacional está na Economist: Presidente Jair Bolsonaro é ruim para a economia do Brasil. “Uma emenda constitucional marca um retorno à incontinência fiscal”, diz a revista na reportagem na edição deste final de semana. “Em setembro de 2019 Paulo Guedes, ministro da Economia do Brasil, disse ao Congresso que poderia ‘fazer história’ mantendo o orçamento sob controle, acrescentando que ‘a classe política não deveria estar perseguindo ministros, implorando por dinheiro’”, pontua a semanal inglesa. “Agora, Guedes está apoiando uma tentativa dissimulada do governo de contornar o limite constitucional para os gastos públicos estabelecido em 2016, o que foi um passo crucial para endireitar as finanças do país. Ele e Jair Bolsonaro, o presidente, presidem não apenas a um retorno à incontinência fiscal, mas também a outros males econômicos que têm afetado o Brasil: aumento da inflação, altas taxas de juros e baixo crescimento. E as travessuras orçamentárias, por sua vez, criaram incerteza sobre o futuro do principal programa social do país”, alfineta a revista. O espanhol El País destaca a polêmica no Brasil após partido de Lula comemorar a “vitória” de Ortega na Nicarágua. “O Partido dos Trabalhadores retirou comunicado publicado em seu site que elogiava o resultado de eleições sem adversários, medida que constrange o ex-presidente no momento em que pretende retornar ao governo”, escreve Marina Rossi. O tom da reportagem é crítica: “Uma ‘grande manifestação popular e democrática’: assim os dirigentes do PT definiram as eleições que confirmaram a permanência de Daniel Ortega no poder na Nicarágua no último domingo”. O argentino Clarín noticia que Jair Bolsonaro foi denunciado perante o Tribunal Penal Internacional por crimes contra a humanidade. “Uma organização de advogados fez a apresentação em função da atuação do presidente brasileiro durante a pandemia”, resume o jornal. A acusação é baseada no relatório de mais de 1.200 páginas elaborado pela CPI sobre a pandemia criada no Senado. Bolsonaro cometeu “crimes contra a humanidade” por ter defendido “a imunidade de rebanho, boicotado o programa de vacinação e contra as políticas de saúde”, diz a denúncia da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD). Página 12 traz reportagem de Dario Pignotti sobre a entrada no jogo eleitoral do ex-ministro da Justiça e algoz de Lula. Sergio Moro joga a cartada da candidatura "independente". O ex-juiz concorre ao partido Podemos. “Moro sempre esteve na política, pelo menos desde que Lava Jato assumiu as rédeas do plano golpista responsável pelo afastamento de Dilma Rousseff e pelo banimento de Lula”, aponta o correspondente. O inglês The Guardian publica resenha altamente elogiosa do disco de Juçara Marçal no caderno cultural: Delta Estácio Blues. Experimentação brasileira radicalmente criativa. “Combinando linhas de baixo 808 industriais com suavidade melódica, Marçal tece fios díspares em um todo lúdico e poderoso”, aponta o crítico Ammar Kalia. O Guardian ainda traz reportagem com as cartas históricas de líderes indígenas do período colonial que revelam como o Brasil anseia por unidade da Nação desde o século 17. “A guerra holandês-portuguesa de 1645 dividiu o povo Potiguara, mas a correspondência de seus líderes através das linhas de batalha foi finalmente traduzida do tupi”, revela. “‘Por que’, escreveu Felipe Camarão, um capitão potiguara que lutava por Portugal, ‘faço guerra contra gente do nosso sangue? (…) Venha até mim e eu o perdoarei”. INTERNACIONAL O New York Times questiona o governo na manchete de primeira página: A Casa Branca afirma que seus planos reduzirão a inflação. A grande questão é: quando? “O governo Biden argumentou que sua infraestrutura e pacote econômico mais amplo desacelerarão os aumentos rápidos de preços. Mas isso vai demorar”, resume. Wall Street Journal dá amplo destaque à consolidação do poder de Xi Jinping, quando o Partido Comunista o designa como uma figura histórica. “O líder chinês gravou formalmente seu nome ao lado das maiores figuras dos anais da história do Partido Comunista, abrindo caminho para que ele embaralhe o poder no próximo ano e estenda seu governo”, noticia. Apesar do tom crítico, o jornal informa que Joe Biden e Xi planejam realizar uma cúpula virtual na segunda-feira, para tratar de clima, comércio e não-proliferação nuclear como temas a serem discutidos. O Financial Times também coloca na manchete o novo status do líder chinês: Partido Comunista Chinês abre caminho para Xi aumentar o controle do poder. “A primeira 'resolução histórica' em 40 anos declara a liderança do presidente a chave para o 'grande rejuvenescimento' da nação”, relata. “A resolução, formalmente adotada pelo comitê central do partido no final de sua reunião anual, ou plenário, na quinta-feira, declarou que a liderança de Xi era ‘a chave para o grande rejuvenescimento da nação chinesa’, segundo um resumo publicado pela agência de notícias estatal Xinhua”. O francês Le Monde destaca que Xi Jinping tem o caminho aberto para permanecer no poder. “A resolução aprovada no final do plenário do Partido Comunista elogia o pensamento do presidente chinês, a personificação do “melhor da cultura e do ethos chineses de [seu] tempo”. E vai lhe permitir manter-se no 20º Congresso, previsto para 2022”, reporta. O chinês Global Times destaca na manchete: Plenário do PC aprova resolução histórica “para resumir realizações, experiências e guiar a jornada futura”. “Comitê Central com Xi no centro promete 'conquistas históricas’”, pontua. O texto informa que a reunião de alto nível do Partido Comunista da China (PCC) adotou uma resolução histórica sobre as principais conquistas e experiência dos 100 anos de esforços da legenda. O Diário do Povo — órgão oficial do Partido Comunista — traz o texto integral da resolução. De acordo com um comunicado divulgado na quinta-feira, especialistas políticos reafirmaram e reforçaram que “a liderança do Partido com um núcleo forte” é a chave para responder às perguntas: “Por que tivemos sucesso no passado? Como podemos continuar a ter sucesso no futuro?” e também é inabalável para a China enfrentar os desafios futuros e realizar seu rejuvenescimento nacional. A imprensa inglesa ainda traz denúncias de uso de recursos por parlamentares que fariam os brasileiros terem inveja da indignação. Os parlamentares enchem bolsos usando a brecha nas despesas de aluguel — destaca a manchete principal do Times. O jornal denuncia que 14 parlamentares estão alugando casas que têm em Londres por pelo menos £10.000 por ano, enquanto reivindicam despesas do contribuinte para alugar outra propriedade. O jornal diz que o arranjo é permitido por causa de uma brecha legal, enquanto vários dos parlamentares alegam que são empurrados pelo órgão fiscalizador de despesas. |
AS MANCHETES DO DIA |
Focus Brasil: A direita apresenta sua nova cara velha. Diante do fortalecimento da candidatura de Lula, o establishment aposta no ex-juiz Sérgio Moro como um trunfo para a disputa presidencial de 2022. Depois de perseguir o PT, a Lava Jato enfim assume que sempre teve viés político e é mais um projeto dos entreguistas do Brasil Carta Capital: O crime compensa. O partido da Lava Jato agora é oficial IstoÉ: Os mensaleiros da nova era. Governo investe contra a democracia ao comprar o apoio político de parlamentares com emendas secretas bilionárias, uma versão aprimorada do escândalo do Mensalão. Líder do Centrão, Arthur Lira é o operador dessa manobra, que felizmente foi barrada pelo STF. IstoÉ mostra alguns dos principais beneficiados nesse esquema obscuro de distribuição de verbas públicas Veja: O partido da Lava Jato. As estrelas da maior operação de combate à corrupção da história trocam os tribunais pelos palanques e reacendem o debate sobre os limites entre a Justiça e a política Folha: Projeto de Lira traz transparências mas mantém verbas Estadão: China alça Xi ao status de Mao e abre caminho para novos mandatos O Globo: Bolsonaro apoia desoneração da folha por mais dois anos Valor: Inflação derruba o varejo e afeta cenário para atividade El País (Brasil): PC chinês eleva Xi Jinping à estatura de Mao Tsé-Tung e garante líder no poder até 2027 BBC Brasil: 4 momentos que contam a história da destruição das ferrovias no Brasil UOL: MP pede arquivamento de 90% de mortes por policiais em SP e no RJ G1: Bolsonaro sanciona lei que remaneja R$ 9,3 bilhões do Bolsa Família para o Auxílio Brasil R7: Sete em cada dez trabalhadores mudaram suas áreas de atuação durante a pandemia Luís Nassif: Sergio Moro posa ao lado de Carlos Zucolotto durante ato de filiação ao Podemos Tijolaço: “Esta direita é pequena demais para nós dois” Brasil 247: "Jair Bolsonaro é ruim para a economia do Brasil", diz The Economist Congresso em Foco: “Cheque em branco” inviabiliza fiscalização de gastos de senadores com combustíveis DCM: Bolsonaro e Trump se uniram para dar golpe nas eleições do Brasil Rede Brasil Atual: Falta ‘vontade política’ para acabar com a pandemia, afirma OMS Brasil de Fato: Em decisão inédita, Brasil libera venda de farinha com trigo transgênico; entenda impacto Ópera Mundi: Kohei Saito: Ecossocialismo representa futuro da luta anticapitalista Vi o Mundo: Vasconcelo Quadros: Com generais na plateia, filiação de Moro aponta para divisão eleitoral de militares Fórum: Eleição de 2022 “é a mais previsível da história recente”, diz presidente do Vox Populi Poder 360: PoderData: 57% acham que Bolsonaro deve sofrer impeachment The Economist: A nova era de repressão de Putin Newsweek: Stacey Abrams pode salvar os democratas. Novamente? New York Times: A Casa Branca afirma que seus planos reduzirão a inflação. A grande questão é: quando? Washington Post: Amplo acordo climático em risco WSJ: Agora, as casas são vendidas em uma semana, forçando os compradores a assumir riscos Financial Times: Alvos climáticos da polícia são muito fracos para evitar desastres - arquitetos negociam em Paris The Guardian: Parlamentares enchem os bolsos usando brecha nas despesas de aluguel The Times: MPs preenchem bolsos usando brecha nas despesas de aluguel Libération: Macron. Está aberta a caça aos desempregados El País: Congresso faz ouvidos surdos e leva Arnaldo ao Tribunal Constitucional El Mundo: PSOE e PP submetem o Congresso a constrangimento para renovar o Tribunal Constitucional Clarín: Os planos que Martín Guzmán tem para o dólar a partir de segunda-feira Página 12: “Aqueles que querem acabar com direitos devem ser rechaçados” Granma: Ninguém vai estragar a festa para nós! Diário de Notícias: Constitucionalistas divididos: decisão legítima ou "quebra de lealdade" Público: Os oito apreendidos pela PJ só valem 290 euros Frankfurter Allgemeine Zeitung: Mais e mais demandas por uma regra 2-G em todo o país Süddeutsche Zeitung: A vacinação obrigatória para todos está muito atrasada Moskovskij Komsomolets: Morre o escritor satírico Viktor Koklyushkin The Moscow Times: 'Vou acampar durante todo o inverno se for preciso': a bordo de um voo para a Bielo-Rússia com migrantes iraquianos Global Times: Plenário do PC da China aprova resolução histórica “para resumir realizações e experiências: vamos guiar a jornada futura” Diário do Povo: Plenário do CPC aprova resolução histórica |
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