A conferência da ONU sobre mudanças climáticas (COP26) vai até o dia 12, mas a participação de chefes de Estado terminou ontem com dois anúncios ambiciosos. E, para surpresa geral, o Brasil aderiu a ambos. O primeiro compromisso foi o corte em 30% de emissões de metano até 2030. O gás corresponde a 17% das emissões causadoras do efeito estufa e é muito mais nocivo que o gás carbônico. O acordo não é juridicamente vinculante, ou seja, não prevê punições a quem o descumpra, e China, Índia e Rússia ficaram de fora. (g1)
A adesão do Brasil não foi exatamente espontânea, mas resultado de uma intensa pressão dos EUA. Em 2020, o país emitiu 20,2 milhões de toneladas de metano, sendo 72% da agropecuária, e é forte a resistência no agronegócio a mudar as formas de criação do gado para manejos menos poluentes. Porém o presidente Joe Biden vê o acordo como um passo fundamental para acelerar a aprovação pelo Congresso americano de seu pacote por energia limpa. Biden criticou duramente Rússia e China por “virarem as costas” às questões climáticas. (Globo)
O segundo acordo – que contou com a adesão também da China – prevê zerar o desmatamento até 2030 com investimentos públicos e privados de US$ 19,2 bilhões. A participação do Brasil também surpreendeu, uma vez que, além de ir na contramão das políticas aplicadas pelo Ministério do Meio Ambiente, o acordo prevê a valorização dos povos indígenas, considerados mais eficientes na proteção das florestas. (BBC Brasil)
O alto escalão do Ministério da Agricultura brasileiro está preocupado com a parte do acordo que defende ênfase no comércio de commodities desvinculadas de desmatamento. O temor é de que os termos do texto sejam levados à Organização Mundial do Comércio e que isso prejudique as exportações do país. (Folha)
Confira os cinco pontos centrais para o Brasil em debate na COP26. (g1)
Outra surpresa vinda ontem da delegação brasileira foi o pedido de demissão do coordenador-executivo do Fórum Brasileiro de Mudança do Clima, Oswaldo dos Santos Lucon. Nomeado por Jair Bolsonaro em maio de 2019, ele não deu qualquer explicação, dizendo apenas que continuaria em Glasgow como observador e só se manifestaria ao fim da conferência, no próximo dia 12. (Poder360)
O presidente do Brasil preferiu fazer turismo e política na Itália, mas o país foi bem representado na COP26. Na segunda-feira, Txai Suruí, de 24 anos, falou em nome dos povos indígenas no mesmo púlpito que líderes mundiais. Ela relatou a violência contra defensores da floresta. Em abril, o pai dela e outros líderes indígenas foram intimados a depor pela Polícia Federal por, supostamente, difamarem o governo. (CNN Brasil)
Os Estados Unidos começam ainda hoje a vacinar crianças acima de cinco anos com o imunizante da Pfizer. A autorização foi dada ontem pelo Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC, em inglês). No Brasil, onde sua vacina já é aplicada em adolescentes acima de 12 anos, a Pfizer pretende pedir à Anvisa a liberação para crianças de cinco anos ou mais. (Poder360)
Enfrentando o que classifica como “surtos pontuais” de covid-19, o governo chinês recomendou que a população estoque comida e outros itens essenciais, especialmente com a proximidade do inverno no Hemisfério Norte. Embora tenha aumentado as regras de isolamento em Pequim, a China nega a previsão de uma nova onda ampla da covid-19. (UOL)
Nesta terça-feira foram registradas 164 mortes por covid-19 no país, o que produziu uma média móvel em sete dias de 261 óbitos. Ainda que sob efeito da subnotificação em feriados, foi a segunda vez que a média ficou abaixo de 300 no ano. No total, 608.118 pessoas já morreram da doença no país. (g1)
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