A aprovação em primeiro turno da PEC do Precatórios na madrugada de ontem provocou um rebuliço em Brasília. No centro da confusão estão os 15 votos dados pelo PDT em favor da proposta, fundamental para o presidente Jair Bolsonaro viabilizar o Auxílio Brasil de R$ 400. A proposta de emenda foi aprovada com 312 votos, quatro a mais que o mínimo, o que deu mais peso ao voto dos pedetistas e de 10 parlamentares do PSB. E aí, logo de manhã, o ex-ministro Ciro Gomes anunciou via Twitter que estava suspendendo sua pré-campanha ao Planalto pelo PDT e que o partido não podia “compactuar com a farsa e os erros bolsonaristas”. A campanha está suspensa até que a bancada reverta sua decisão. (g1)
Então... Para alguns deputados, Ciro estava, na verdade, ensaiando uma “saída honrosa” da corrida presidencial, onde segue, segundo as pesquisas, em terceiro lugar. Foi o que ouviu a jornalista Júlia Duailibi. Um dos sinais disso seria que quatro dos cinco deputados do PDT cearense — André Figueiredo, Eduardo Birmarck, Leônidas Cristino e Robério Monteiro — votaram com o governo, o que não aconteceria sem o conhecimento de Ciro, que controla o partido no estado. (g1)
Enquanto se especulava qual era de fato a estratégia de Ciro, o PDT entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para anular a votação de ontem. O argumento é que o presidente da Câmara, Arthur Lira não podia ter autorizado a votação remota para deputados ausentes. Paralelamente, o presidente do partido, Carlos Lupi, afirmou que Ciro segue no PDT e que é “o homem mais preparado para exercer a presidência da República”. Ele disse ainda acreditar na virada dos votos do partido no segundo turno. (CNN Brasil)
Mas a crise não é pequena. O líder do PDT na Câmara, Wolney Queiroz, entregou o cargo. Se queixa do jogo de Ciro. “A votação dessa PEC 23 era assunto predominante nos noticiários”, escreveu para seus colegas de bancada. “A imprensa especializada já anunciava que PDT e PSB poderiam votar a favor da PEC. Apesar disso, não recebi do presidente Ciro um telefonema, um email, uma mensagem, um recado. Nada. Rigorosamente nenhuma orientação.” (Poder 360)
É... O presidente do PSB, Carlos Siqueira, também está na praça tentando reverter o voto dos dez de seu partido, conta Guilherme Amado. (PSB)
O governo quer anular esse movimento da esquerda e até ampliar o placar apelando para deputados que faltaram a sessão. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), queria fazer ontem mesmo a votação em segundo turno da PEC, mas recuou diante da repercussão e da reação de Ciro, e a marcou para a próxima semana. As principais ferramentas de convencimento seguem inalteradas: a promessa de liberação de emendas e a ameaça de retaliação. (Folha)
Aí está o problema. Lira, revela Malu Gaspar, teria oferecido até R$ 15 milhões em emendas por um voto em favor da PEC. Só que muitos deputados reclamam de promessas anteriores não cumpridas. (Globo)
Meio em vídeo: Bolsonaro vai conseguir pagar o Auxílio Brasil? Ciro Gomes vai mesmo deixar a corrida presidencial? Os tucanos podem ainda defender rigor fiscal? Muitas perguntas, nenhuma resposta simples. O que aconteceu na Câmara dos Deputados explica muito do Brasil hoje e pode definir a eleição do ano que vem. No YouTube, o novo Ponto de Partida.
Na noite de quarta-feira o presidente Jair Bolsonaro prestou depoimento à Polícia Federal no Palácio da Alvorada sobre o inquérito no STF que apura suposta interferência dele na própria PF, o que teria motivado a demissão do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro, autor da denúncia. Bolsonaro confirmou que pediu a troca do diretor-geral Maurício Valeixo por Alexandre Ramagem, mas negou que quisesse interferir em investigações. Segundo ele, havia “falta de interlocução” com Valeixo. Bolsonaro afirmou ainda que Moro aceitou a troca, desde que ela acontecesse após ele ser indicado a uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). (UOL)
Moro e seus advogados reclamaram por não terem sido avisados do depoimento de Bolsonaro, o que impediu os representantes do ex-ministro de fazerem perguntas. Em nota, Moro negou que tivesse condicionado a nomeação de Ramagem a uma indicação para o STF: “Não troco princípios por cargos. Se assim fosse, teria ficado no governo como ministro”, disse. (UOL)
Que a Lava-Jato teve um peso enorme nas eleições de 2018, não se discute, mas agora a participação é direta. Enquanto todos aguardavam a filiação do ex-ministro Sérgio Moro ao Podemos, o ex-coordenador da operação Deltan Dallagnol demitiu-se do Ministério Público Federal para buscar “transformar o Brasil” fora do Judiciário. A declaração foi interpretada como intenção de entrar para a política partidária, o que provocou uma avalanche de críticas, especialmente de políticos dos partidos mais atingidos pela operação e que sempre acusaram a força-tarefa de Curitiba de agir politicamente. (Poder360)
Segundo Bela Megale, Dallagnol pretende seguir Moro e se filiar ao Podemos, concorrendo a uma vaga na Câmara. (Globo)
Não fica aí... O Podemos quer mesmo se tornar o partido lavajatista. O ex-procurador-geral da República naquele tempo, Rodrigo Janot, também cogita candidatura. (Metrópoles)
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), estuda levar para o plenário a sabatina do ex-advogado-geral da União André Mendonça, indicado há três meses para uma vaga no STF. O procedimento deveria acontecer na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), mas o presidente do colegiado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), se recusa a pautá-lo. Pacheco convocou um esforço concentrado para destravar sabatinas e nomeações no fim deste mês, mas Alcolumbre não dá sinais de que pretenda ceder. (Metrópoles)
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