Nas manchetes dos jornais brasileiros, a vacinação ampla a todos os adultos da terceira dose contra a Covid e a promessa de Bolsonaro de aumentar os salários dos servidores públicos — a partir do furo do Teto dos Gastos. Na imprensa estrangeira, a ida de Lula ao Science Po, ontem de noite, ganha destaque em jornais europeus, como o Libération e Le Figaro, com ataques frontais do ex-presidente a Bolsonaro e a mensagem de esperança de dias melhores para o Brasil. Lula vai se encontrar hoje com o presidente da França, Emmanuel Macron. O encontro do ex-presidente com Macron ganha ampla repercussão na blogosfera brasileira e é destaque em sites como Brasil 247, DCM, Forum e outros veículos da mídia democrática. Eis as manchetes dos principais jornais brasileiros: Folha: Saúde indicará terceira dose contra Covid a todos os adultos. Estadão: Plano do governo prevê dose de reforço a maiores de 18 anos. O Globo: Sem espaço no Orçamento, Bolsonaro promete reajuste a servidor. Valor: Cada 1 ponto de reajuste a servidor custaria até R$ 4 bi. E na edição brasileira do El País: Eleições atípicas dão um ar de normalidade à Venezuela. Outra notícia importante do dia é o início do pagamento do Auxílio Brasil, hoje, com dúvidas sobre ampliação e valor para R$ 400. A inclusão de 2,4 milhões de pessoas e o aumento do pagamento dependem ainda da aprovação da PEC dos Precatórios pelo Senado Federal. LULA O francês Libération traz reportagem noticiando que Lula, no Sciences-Po de Paris, toma banho sentimental (e eleitoral) de multidões. “O ex-presidente brasileiro esteve no Instituto de Estudos Políticos de Paris na noite desta terça-feira. Diante de estudantes comprometidos com sua causa, ele voltou aos seus anos no poder e atacou Jair Bolsonaro”, resume. A reportagem de Julien Lecot é francamente favorável ao ex-presidente. “Se não fôssemos informados da identidade do convidado da noite, dava para apostar em um astro do rock ou em um ator famoso”, começa o texto. “Nesta terça-feira, quando a noite acaba de cair na capital, os arredores do Sciences-Po Paris estão lotados, a segurança fornecida por alguns golgotas de terno e gravata. Quanto ao hall de entrada, é difícil imaginá-lo mais cheio. É preciso acotovelar-se para avançar na longa fila que conduz às portas do anfiteatro Emile Boutmy, diante do qual se aglomeram jovens cuja média de idade mal passa dos 20 anos”. E continua: “No entanto, nenhum cantor aparecerá. Foi por um homem de 76 anos, com cabelos brancos e uma cabeça quase calva, que o público jovem se mexeu. Em meio a uma movimentada turnê diplomática pela Europa, o ex-presidente brasileiro (e provável futuro candidato: declarou nesta segunda-feira que estava ‘pronto’ para se candidatar à presidência no ano que vem) Lula deu parte de seu tempo à escola que lhe conferiu o título de doutor honoris causa há dez anos”. O diário Le Figaro também noticia a passagem do ex-presidente pela França. Lula acusa Bolsonaro de “destruir” o Brasil antes de se encontrar com Macron em Paris. “‘O país está sendo destruído, o país precisa ser reconstruído’, disse Lula, 76, que garantiu segunda-feira que estava ‘pronto’ para disputar a eleição presidencial de outubro de 2022, da qual tem grande favorito contra o atual presidente. ‘É o povo brasileiro que poderá demitir democraticamente (Bolsonaro, nota do editor). Basta, basta. Este país merece mais’, continuou, sob os aplausos de 400 pessoas que foram ouvi-lo na Sciences-Po Paris”, diz a reportagem da AFP, distribuída à mídia europeia. A agência espanhola EFE também produziu material, reproduzido na imprensa do Velho Mundo: Lula vê Bolsonaro “destruindo” o país e prega reconstrução “sem fake news”. A RTL bateu na mesma tecla, a partir do material da France Presse: Brasil: antes de conhecer Emmanuel Macron, Lula castiga Jair Bolsonaro. O argentino Página 12 replica o material da EFE: Lula da Silva deu uma conferência magistral em uma universidade de Paris. “É um privilégio voltar a este anfiteatro histórico onde estive há exatos 10 anos para receber meu doutorado honorário”, disse ele no Instituto de Estudos Políticos da capital francesa. Ainda sobre Lula, na Folha, Bruno Boghossian escreve sobre a chapa Lula-Alckmin, que reacendeu dilema do PT para 2022. “Petistas ainda calculam movimentos para alargar base eleitoral do ex-presidente”, pontua. “Lula e Alckmin decidiram trocar gentilezas em público depois que circularam planos para a formação de uma chapa entre os dois no ano que vem. O tucano afirmou na semana passada que o ex-presidente tem apreço pela democracia. O petista retribuiu e disse que tem uma ‘extraordinária relação de respeito’ com o ex-governador paulista”. Já Monica Bergamo escreve que lideranças do PT temem que mercado tente derrubar Lula para colocar Alckmin no lugar. Tucano seria um nome palatável para a ‘direita’ e para o mercado financeiro, segundo petistas. “Setores do partido acreditam que o impeachment de Jair Bolsonaro (sem partido) não prosperou, em parte, porque o vice-presidente Hamilton Mourão poderia assumir a Presidência. Seria pior ter o general no comando do país do que suportar Bolsonaro”, compara. No Globo, Bernardo Mello Franco trata do sucesso da viagem do ex-presidente à Europa. “O petista organizou uma agenda sob medida para mostrar prestígio internacional. Reuniu-se com o futuro chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, e será recebido hoje pelo presidente da França, Emmanuel Macron. Bolsonaro não cultiva boas relações com a dupla. Ignorou o alemão no G20 e vive às turras com o francês desde que chegou ao poder”, lembra. ELEIÇÕES 2022 Jornais destacam nos onlines a ida de Sérgio Moro ao programa Conversa com Bial, da TV Globo. Ele anunciou o nome de Affonso Pastore, ex-presidente do BC, como conselheiro econômico para 2022. “Ex-juiz deu entrevista ao 'Conversa com Bial' e após programa postou livro do economista em suas redes sociais”, informa O Globo. CHINA Elio Gaspari escreve que China jogou pesado ao tratar do embargo às importações de carne bovina. “A reciprocidade, como o hábito de escovar os dentes, faz parte do cotidiano da diplomacia”, observa. “A revelação veio do repórter Marcelo Ninio. Depois que a China suspendeu a importação de carne bovina brasileira, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, pediu hora para falar ao telefone com seu equivalente e Pequim respondeu que ele estava sem espaço na agenda. No pedido não se havia especificado dia nem hora. A resposta esfarrapada foi grosseria inédita para uma diplomacia experimentada como a do Império do Meio”. BRASIL NA GRINGA O NYTimes traz reportagem denunciando que assentos de couro em utilitários esportivos de luxo alimentam o desmatamento na Amazônia. “Um exame da imensa indústria de curtumes do Brasil mostra como as peles de fazendas desmatadas ilegalmente podem chegar facilmente ao mercado global”, informa. “Nos Estados Unidos, grande parte da demanda pelo couro brasileiro vem das montadoras”. O Financial Times informa que Bruxelas busca conter desmatamento proibindo importação de alimentos. “Projeto de lei impediria a venda no mercado único de seis commodities produzidas em áreas de risco”, relata o jornal. “A UE quer proibir as importações de alimentos, incluindo carne bovina e café, de áreas sob risco de desmatamento, em um regulamento que visa proteger as florestas mais vulneráveis do mundo”. A medida atinge em cheio o Brasil. A foto que ilustra a reportagem é da floresta amazônica. Diz legenda: “A proibição da UE se aplicaria inicialmente a carne bovina, soja, óleo de palma, café, cacau e madeira de áreas atingidas por desmatamento ilegal ou degradação florestal”. O inglês The Guardian denuncia que o plano brasileiro de carne bovina na Amazônia vai ‘legalizar o desmatamento’, de acordo com os críticos. “A indústria da carne espera que uma zona de cultivo livre de desmatamento planejada tente os compradores a voltarem, mas muitos temem que isso levará ao corte ilegal de árvores”, informa o jornal. O espanhol El País traz artigo de Eliane Brum falando dos líderes indígenas que estão ameaçados no Brasil e alerta que as estrelas em Glasgow estão sem proteção no país. “Sem a proteção dos povos da Amazonia não irão mais rápidos os acordos e a selva chegará a um ponto de não retorno”, destaca o jornal. “Líderes indígenas da Amazônia desempenharam um papel sem precedentes em Glasgow, apontando que a única chance de salvar a floresta tropical é protegendo seu povo”, escreve. “O desafio é a diferença de velocidade entre as negociações em ambientes climatizados e o extermínio no solo, onde ocorre a guerra climática”. Segundo Brum, em 2020, 182 indígenas foram mortos no Brasil, 60% a mais que no ano anterior. Entre 2018, ano da eleição de Bolsonaro, e 2020, segundo ano de seu governo, as invasões às terras indígenas aumentaram 137%. Em toda a Amazônia, a proximidade da virada de 2022 tem causado pânico nas comunidades. Tudo aponta para uma explosão de violência no ano em que Jair Bolsonaro tentará ser reeleito sem a certeza de conseguir. Ele e seus apoiadores aumentarão a pressão e os ataques em todas as frentes. Em outra reportagem de destaque na edição desta quarta-feira, o NYT noticia que a Pfizer permitirá que sua pílula contra a Covid seja produzida e vendida de forma barata em países pobres. “A empresa anunciou um acordo que poderia ajudar a expandir significativamente o acesso ao tratamento com Covid-19, mas o acordo exclui uma série de países duramente atingidos pela pandemia”, relata. O Brasil ficou de fora da lista. “O acordo da Pfizer exclui vários países mais pobres que foram duramente atingidos pelo vírus. O Brasil, que tem uma das piores taxas de mortalidade pandêmica do mundo, assim como Cuba, Iraque, Líbia e Jamaica, terá que comprar comprimidos diretamente da Pfizer, provavelmente a preços mais elevados em comparação com o que os fabricantes de genéricos cobrarão, e esses países risco de ficar sem suprimentos”, reporta. “China e Rússia — países de renda média com 1,5 bilhão de habitantes — estão excluídos de ambos os negócios, assim como o Brasil”. INTERNACIONAL O New York Times centra a manchete principal nos problemas econômicos dos estadunidenses. Apesar da inflação em alta, o consumo segue sem limites no país. E os americanos, mesmo preocupados com a economia, estão gastando mesmo assim. “As vendas no varejo saltaram 1,7% em outubro, o terceiro aumento mensal, um aumento que destacou a resiliência da economia dos EUA”, pontua o jornal. Wall Street Journal também dá o pico nos preços como destaque maior na capa: Vendas no varejo aumentaram 1,7% em outubro, apesar da alta inflação. “Um sinal de que os consumidores estão dispostos a gastar mais para o feriado, apesar do aumento da inflação”, relata o jornal. Washington Post alardeia na principal manchete que o governo Biden vai comprar pílulas antivirais da Pfizer para 10 milhões de pessoas, na esperança de transformar a pandemia. “A Pfizer, por sua vez, pede aos reguladores que autorizem as pílulas e concorda em permitir que sejam feitas e vendidas por menos em países pobres”, relata o diário. Sobre o encontro de cúpula virtual entre Xi Jinping e Joe Biden, o NYT diz que a reunião virtual EUA-China produz pouco mais do que palavras educadas, mas ajudam. “Em um relacionamento frio de desconfiança mútua, protelar a perspectiva de um conflito mais amplo entre duas superpotências é considerado um progresso”, resume. O inglês Financial Times aposta na reunião de cúpula sino-americana e coloca na manchete da capa que EUA e China concordam em manter negociações sobre arsenais nucleares. “A descoberta veio durante a cúpula virtual de segunda-feira entre Joe Biden e Xi Jinping”, relata. “Jake Sullivan, conselheiro de segurança nacional dos EUA, disse que os líderes dos EUA e da China discutiram a necessidade de conversas sobre ‘estabilidade estratégica’ nuclear em sua reunião virtual na segunda-feira. A China já se recusou a manter negociações nucleares, em parte porque os EUA têm um arsenal de armas muito maior”. O jornal Global Times também dá destaque principal ao encontro entre os dois líderes globais. “Uma rara reunião virtual prolongada entre os principais líderes das duas maiores potências mundiais foi concluída na terça-feira e ambos concordaram em dois consensos de princípio, como rejeitar uma nova guerra fria e reafirmar a importância das relações China-EUA”, informa. “Xi disse que a única direção correta para o futuro dos laços China-EUA é que deve ser baseada no respeito mútuo, coexistência pacífica e cooperação ganha-ganha”. O WSJ diz que a Pfizer enviou a pílula contra a Covid-19 para autorização da FDA. “Os testes revelaram que a pílula da Pfizer é 89% eficaz na redução do risco de hospitalização e morte devido à Covid-19 quando tomada logo após o diagnóstico”, revela o jornal em destaque na primeira página. |
AS MANCHETES DO DIA |
Folha: Saúde indicará terceira dose contra Covid a todos os adultos Estadão: Plano do governo prevê dose de reforço a maiores de 18 anos O Globo: Sem espaço no Orçamento, Bolsonaro promete reajuste a servidor Valor: Cada 1 ponto de reajuste a servidor custaria até R$ 4 bi El País (Brasil): Eleições atípicas dão um ar de normalidade à Venezuela BBC Brasil: 'Minha aluna desmaiou de fome': professores denunciam crise urgente nas escolas brasileiras UOL: Estudo com proxalutamida para covid omitiu riscos e direitos a pacientes G1: Auxílio Brasil começa hoje R7: Auxílio Brasil começa a ser pago hoje com dúvidas sobre ampliação e aumento do valor para R$ 400 Luís Nassif: Grupo Prerrô: Seletividade editorial e deformação da liberdade de imprensa Tijolaço: A PEC “cabe tudo” Brasil 247: Lula garante que Brasil “voltará a ser protagonista mundial”; país “não se resume a seu atual governante” Congresso em Foco: Nota divulgada durante viagem de Bolsonaro a Dubai foi estopim da crise com o PL DCM: Lula fala em parceria com Macron "quando Brasil tiver presidente que saiba ser presidente” Rede Brasil Atual: Consciência e resistência negras puxam atos do Fora Bolsonaro no sábado Brasil de Fato: Geraldo Alckmin será vice do Lula? Conheça os possíveis nomes e suas chances de ocupar o posto Ópera Mundi: Breno Altman: fórmula Lula-Alckmin seria danosa à esquerda Vi o Mundo: Jeferson Miola: 1º turno no Chile afunila disputa entre esquerda e extrema-direita Fórum: Lula se reunirá com Macron, presidente da França, e Pedro Sánchez, da Espanha Poder 360: Com 85% dos fertilizantes importados, Brasil lança plano de produção local New York Times: Americanos temem aumentar inflação, mas gastam livremente Washington Post: Grande aposta na pílula para domar a Covid WSJ: Os compradores aumentam os gastos, apesar da inflação Financial Times: EUA e China concordam em manter negociações sobre arsenais nucleares The Guardian: Gove foi atraído pelo furor do “crionismo” por causa dos contratos de £164 milhões da Covid com patrocinadores The Times: Parlamentares conservadores se revoltam contra a proibição de segundos empregos Le Monde: A caça, debate social e questão política Libération: Espaço. Concurso de órbita El País: O repique de contágios impulsiona o passaporte de Covid El Mundo: Governo enterra o mérito e dará títulos com a alunos suspensos Clarín: Prêmio aos intendentes: busca-se um atalho para que possam ser reeleitos Página 12: Medicina pró-paga Granma: Essa força estudantil que «bate» em toda Cuba Diário de Notícias: Negacionistas. Há centenas de militares que recusaram a vacina contra a covid-19 Público: Estudos da EMA apontam para prazos mais curtos na terceira dose da vacina Frankfurter Allgemeine Zeitung: Um passeio de trem é divertido Süddeutsche Zeitung: Devo vacinar meu filho? Moskovskij Komsomolets: A dor não vai embora: o que está acontecendo em Nagorno-Karabakh agora The Moscow Times: Primeira região russa exige passes de vacinas para voos internos Global Times: Xi descobre 3 princípios, 4 prioridades em laços crescentes em uma nova era para Biden em reunião virtual Diário do Povo: A explicação de Xi sobre a resolução do marco do PC Chinês é divulgada |
Nenhum comentário:
Postar um comentário