segunda-feira, 15 de junho de 2020

Bolsonaristas atacam Supremo com fogos e ameaças


Um grupo de 30 bolsonaristas lançou fogos de artifício contra o prédio do Supremo Tribunal Federal, em Brasília, no sábado. Gritando palavras de ordem, dirigiram ofensas e mesmo ameaças aos ministros Corte — entre elas, a pergunta se o recado havia sido compreendido. O protesto também se voltou contra o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, que desalojou na Esplanada dos Ministérios o acampamento da milícia dos 300, igualmente pró-presidente, e proibiu aglomerações na área, fechando-a para veículos e pedestres no domingo. Pois na manhã do mesmo domingo, o ministro da Educação Abraham Weintraub se reuniu com militantes lá mesmo. Estava sem máscara, que é de uso obrigatório em Brasília. “Eu já falei a minha opinião, o que eu faria com vagabundo”, Weintraub foi gravado dizendo. Era uma referência ao que disse no vídeo da reunião ministerial de 22 de abril — quando afirmou que ‘vagabundos’ do Supremo deveriam ser presos. A Procuradoria-Geral da República instaurou inquérito para investigar o ataque. (G1)

De acordo com Bela Megale, a avaliação no Planalto é de que Weintraub atua por projeto político próprio e já não se sente subordinado ao presidente Jair Bolsonaro. Lauro Jardim ouviu que a reiteração da ofensa aos ministros do Supremo pode levar a sua demissão, esta semana. (Globo)

Pois é... A sensação geral é de que a PM de Brasília não agiu para defender o STF. Em nota, que raramente emite, o ministro da secretaria-geral da Presidência, Jorge Oliveira, afirmou que o “ataque ao STF é contrário à nossa democracia”. Ligado justamente à PM do DF, chamou atenção, lembra o Painel. De acordo com apuração de Igor Gielow, há suspeita de que a inação da PM tenha ocorrido em combinação com a área de inteligência do Planalto. (Folha)

O governador Ibaneis Rocha, além de fechar a Esplanada para protestos de domingo, também exonerou o subcomandante PM Sérgio Souza. Número dois da corporação, ele estava no comando por conta de o o chefe ter sido afastado por motivo de saúde — está com Covid-19. “Deveria ter tomado as medidas corretas para não ter chegado ao ponto de jogar fogos em cima de um Poder.” (G1)

As ameaças são também veladas. O chefe da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos, deu entrevista às Páginas Amarelas da Veja. E reiterou a ameaça. “É ultrajante e ofensivo dizer que as Forças Armadas, em particular o Exército, vão dar golpe, que as Forças Armadas vão quebrar o regime democrático. O próprio presidente nunca pregou o golpe. Agora o outro lado tem de entender também o seguinte: não estica a corda.” 

Ramos não deixou claro o que ocorre se a corda for esticada — ou mesmo o que quer dizer ‘esticar a corda’. (Veja)

Então... Ramos cogita pedir para passar à reserva. Há pressão do outro lado, do comando do Exército, para que os militares da ativa no governo o façam. E o clima para isso aumentou após o chefe do Estado Maior americano, general Mark Milley, ter pedido desculpas públicas por ter participado, com o presidente Donald Trump, de um ato político. “Minha presença naquele momento, e naquele ambiente, criou uma percepção de envolvimento dos militares na política interna”, disse Milley. É o que vem ocorrido com frequência no Brasil, o que deixa muitos militares desconfortáveis, conta Merval Pereira. (Globo)

Ascânio Seleme: “O general Eduardo Pazuello, ministro interino da Saúde que embaraça o Exército brasileiro, recebeu, na semana passada, recado de superiores fardados de que o melhor a fazer é voltar para a caserna ou ir para a reserva. Duvida-se no QG do Exército em Brasília que Eduardo Pazuello e Luiz Eduardo Ramos, ministros de Bolsonaro e ambos generais da ativa, sigam o exemplo do chefe do Estado Maior Conjunto dos Estados Unidos, Mark Milley, e peçam desculpas por terem apoiado os atos antidemocráticos realizados na Praça dos Três Poderes.” (Globo)



O secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, pediu o chapéu. Deve deixar a equipe econômica em julho ou agosto. “Estou um pouco cansado e está próximo o momento de sair porque no próximo semestre o governo vai debater um conjunto de reformas estruturais e novas medidas para o pós-crise do COVID-19”, declarou em entrevista a Geraldo Samor. “O ideal é que o novo Secretário do Tesouro já acompanhe este debate e fique até o final de 2022.” (Brazil Journal)

Há receio com o movimento dos mercados no Brasil, hoje. A prioridade da política econômica vai mudar, com medidas de retomada e a criação do Conselho Fiscal da República, que era o principal projeto de Mansueto, vai deixar a linha de frente. Há receio de debandada neste atual momento do governo Bolsonaro. (UOL)

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