A semana no Brasil se inicia da mesma forma como todas têm começado ―e terminado― desde o início da pandemia de coronavírus: com alta tensão entre os Poderes da República. Após o ministro do Supremo Luiz Fux deferir liminar limitando o escopo de atuação das Forças Armadas e o presidente Jair Bolsonaro assinar nota junto com o ministro da Defesa para reafirmar a possibilidade de interferência dos militares, manifestações do procurador-geral da República e do presidente do STF mostram que a crise política está longe de esfriar. Neste domingo, Augusto Aras anunciou que vai solicitar a Ministérios Públicos estaduais que apurem invasões de hospitais. Invasões essas incentivadas pelo presidente da República durante sua live semanal. Já Antonio Dias Toffoli lamentou ameaças ao Supremo “estimuladas por integrantes do próprio Estado” após cerca de 30 manifestantes dispararem fogos de artifício na direção do tribunal na noite de sábado e cobrou investigações da Polícia Federal e da PGR. No final da noite, Aras acatou seu pedido. Na quarta-feira, o vice-presidente Hamilton Mourão havia garantido a alguns veículos internacionais, entre eles o EL PAÍS, que a democracia no Brasil não estava em risco e atos contra o STF eram “retórica”.
O Brasil da convulsão política é também agora, o segundo país do mundo em número de mortes pelo novo coronavírus: já passamos a marca dos 43.000 óbitos. Mas o Brasil é também o país que assume a luta contra o racismo como central na luta pela defesa da democracia. O manifesto “Enquanto houver racismo não haverá democracia”, promovido pela Coalizão Negra por Direitos, reúne mais de 100 entidades do movimento negro de todo o país por uma “frente ampla” em torno de ações de combate ao racismo. Em sua coluna, Eliane Brum chama a atenção para manifestos como o “Estamos Juntos” e “Basta” que passam ao largo do assunto. “Assombra o fato de que o enfrentamento do racismo, a esta altura, ainda não seja um consenso entre aqueles que defendem a democracia”, escreve Brum.
Também nesta edição, reforçada após o hiato do feriadão, uma reportagem especial de Naiara Galagarra Gortázar e Gil Alessi que mergulha na máquina do PCC, o grupo criminoso mais importante da América do Sul. Com entrevistas em profundidade, os jornalistas mergulham nas relações do grupo entre máfias e cartéis mundo afora e joga luz sobre como enfrentam a pandemia: sofrem com menos mercado interno e, pior, com o fechamento das fronteiras que lhe davam acesso aos fabulosos lucros da venda à Europa.
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segunda-feira, 15 de junho de 2020
ESPECIAL | Assim funciona a máquina do PCC
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