Com 584.016 casos confirmados do novo coronavírus e 32.548 mortes —com mais um recorde de óbitos notificados em 24 horas, 1.349—, o Brasil vê a epidemia ganhar velocidade ao se espalhar pelo seu território, migrando para regiões até então menos castigadas, como Sul e Centro-oeste. É o que mostra a reportagem de Beatriz Jucá, que analisa a velocidade com que são registradas tanto as novas infecções pelo país como a presença de síndrome respiratória grave, uma complicação comum da doença. "Muita gente vai morrer, sobretudo pobres e idosos, e não existe nenhuma articulação do Governo no sentido de reduzir o número de casos, principalmente com medidas de isolamento social", diz o médico infectologista Julio Croda, que trabalhou no Ministério da Saúde até meados de março. A afirmação de Croda de que há falta estratégia e omissão na pasta engrossa os argumentos de quem defende que os gestores públicos brasileiros devem responder nos tribunais pela pandemia, explica o repórter Felipe Betim.
Nos Estados Unidos, o secretário de Defesa, Mark Esper, distanciou-se do presidente Donald Trump ao rejeitar o envio do Exército sem aprovação dos Estados para conter a espiral de violência desencadeada pelos protestos contra o racismo. “Não apoio a invocação da Lei de Insurreição”, disse Esper à imprensa. “Medidas como essa devem ser utilizadas apenas como último recurso e nas situações mais urgentes e extremas. Não estamos em uma dessas situações agora”. As declarações foram feitas depois de uma nova noite de protestos nos EUA, maiores em grandes cidades como Washington e Los Angeles, mas mais pacíficos. Para Trump, que enfrenta a explosão social a apenas cinco meses das eleições presidenciais, a retórica dura contra os protestos é uma tentativa de ativar sua base, como explicam os correspondentes Amanda Mars e Pablo Guimón.
Ainda nesta edição, Joana Oliveira conta sobre a vitória jurídica da primeira trans da Força Aérea Brasileira. Maria Luiza, hoje com 59 anos, trabalhou durante 22 anos, exercendo de modo exemplar —com várias medalhas e diplomas de reconhecimento— sua função como mecânica de aviação. Tudo mudou em 1998, quando comunicou aos seus superiores sua identidade de gênero, sendo submetida a uma aposentadoria forçada, dois anos depois. “Sofri muito, porque eu amo a aviação. Me tirar da Aeronáutica foi como me tirar da minha própria casa.” Agora, uma decisão do STJ afirma que, sim, ela foi alvo de discriminação e estabelece que ela receba aposentadoria integral, e não a reduzida pela saída precoce.
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