Foi num tom celebratório que a Confederação Sul-Americana de Futebol, a Conmebol, anunciou ontem, no final da manhã, que a Copa América ocorreria no Brasil. Àquela altura, primeiro Colômbia, depois Argentina, haviam se recusado a sediar a competição por cuidados com a crise da Covid. A notícia pegou a todos de surpresa. “Quero agradecer muy especialmente ao presidente Jair Bolsonaro por receber o torneio”, publicou no Twitter o líder da entidade, Alejandro Domínguez. Nas redes e sites da imprensa, a notícia foi recebida com ampla indignação. E, dada a reação, o ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, sinalizou recuo. Afirmou que a realização da competição ainda não está certa e que o governo faz algumas exigências, como estádios sem torcida e todos os jogadores vacinados. Os jogos estão previstos para acontecerem entre 13 de junho e 10 de julho. (Globo)
O Brasil é o segundo país com mais mortes e terceiro com mais casos da doença. (Johns Hopkins University)
A notícia repercutiu muito mal também entre os governadores, especialmente por conta do agravamento da Covid-19, com ocupação crescente de UTIs. Pernambuco, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul já avisaram que não sediarão jogos, enquanto São Paulo e Bahia disseram que podem receber partidas desde que em estádios vazios. E o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) avisou que vai ao STF contra o evento. (Estadão)
Aliados estão pressionando o governador João Doria (PSDB) para que rejeite os jogos em São Paulo, mesmo sem torcida. Eles alertam para a possível repercussão negativa do torneio no Brasil e para o número crescente de casos de Covid. O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, é um dos críticos. (Folha)
Já o governador do Rio, Cláudio Castro (PL), que não perde uma oportunidade de se alinhar ao Planalto, disse ser “futebolisticamente favorável” à realização da final da na capital, mas vai discutir com o prefeito Eduardo Paes (DEM). (CNN Brasil)
Enquanto isso... O vice-presidente da CPI da Pandemia, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), quer convocar o presidente da CBF, Rogério Caboclo, para explicar os motivos de a entidade ter se oferecido para sediar o torneio. (Poder360)
Igor Gielow: “Jair Bolsonaro se mostra pouco supersticioso com sua intempestiva e populista decisão de abraçar a Copa América deixada na sarjeta pela crise política colombiana e pela pandemia na Argentina. Afinal de contas, mal se passaram 48 horas desde que dezenas de milhares de manifestantes contrários ao governo enfim decidiram ir à rua contra Bolsonaro, mesmo arriscando aglomerações e perder a superioridade moral ao falar sobre estímulo a contágio. Do ponto de vista político, Bolsonaro dobra a aposta na provocação contra seus opositores.” (Folha)
Só para lembrar... Na última sexta-feira o boletim semanal da Fundação Oswaldo Cruz alertou para o agravamento da pandemia no Brasil “nas próximas semanas”. A Copa América começa em 13 dias. (Estadão)
Da Cepa América ao mascote Cloroquito, os memes não poderiam faltar. (Globo)
A Procuradoria-Geral da República (PGR) enviou ontem ao Supremo Tribunal Federal (STF) um pedido de investigação do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, por suspeita de favorecer o comércio ilegal de madeira. O pedido foi baseado na denúncia do ex-superintendente da PF no Amazonas, Alexandre Saraiva, afastado após fazer acusações contra o ministro. (Estadão)
O comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira, tem até o dia 7 para decidir o que fazer com o também general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, que violou as regras da corporação ao participar de um ato político com Jair Bolsonaro. Integrantes do Alto Comando acham que Nogueira vai chamar o ex-ministro a se explicar pessoalmente, o que já é desabonador e poderia aplicar uma punição em caráter reservado. Bolsonaro não aceita qualquer castigo ao ex-ministro. (Estadão)
Então... Segundo Lauro Jardim, não há general de quatro estrelas que veja chance de Pazuello passar incólume. (Globo)
O presidente, aliás, anunciou que vai fazer outro passeio de moto, desta vez em São Paulo, no próximo dia 12. Falando a apoiadores, ironizou as manifestações em mais de 200 cidades no sábado. “Tinha uma pelada, outras mulheres cabeludas pintando, não tinha ninguém.” (UOL)
A convenção nacional do Patriota, realizada ontem, teve bate-boca e pode acabar no TSE. Tudo porque o presidente do partido, Adilson Barroso, anunciou de surpresa a filiação do senador Flávio Bolsonaro (RJ), sinalizando que o presidente da República também deve se filiar para concorrer à reeleição. Segundo integrantes da legenda, Barroso impôs mudanças no estatuto à revelia dos demais filiados. Eles negam serem contra a entrada do clã Bolsonaro, mas querem que o TSE anule a convenção e as mudanças. (Globo)
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