segunda-feira, 13 de setembro de 2021

Ato anti-Bolsonaro de MBL e VPR fracassa sem PT

 Foram vazias as manifestações convocadas para o domingo em todo o país pelo Movimento Brasil Livre e Vem Pra Rua, pelo impeachment do presidente Jair Bolsonaro. Na Avenida Paulista, segundo os cálculos da Secretaria de Segurança Pública, havia cerca de seis mil pessoas. Na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, não chegou a mil. O MBL chegou a suavizar seu discurso — inicialmente o slogan era Nem Lula, Nem Bolsonaro — e assim atraiu parte da esquerda: PDT e PCdoB estavam presentes, assim como a UNE e a UJS. (Poder 360)

Lideranças políticas não faltaram. “Para fazer o impeachment e proteger a democracia brasileira temos que juntar todo mundo”, disse na Paulista o ex-ministro Ciro Gomes, candidato à presidência pelo PDT. “Ainda há tempo para o PT amadurecer. Quem for democrata tem que entender que o impeachment é a a única saída. Precisamos fazer um acordo com a direita e um centro democrático.” Também foram o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS) e os senadores Simone Tebet (MDB-MS) e Alessandro Vieira (Cidadania-MA). (Globo)

O governador paulista João Doria, pré-candidato tucano ao Planalto, também cobrou a presença do PT. “Temos que estar juntos e formar uma grande frente democrática”, argumentou no carro de som. Mas defendeu a manifestação. “Não é algo feito com ansiedade. Esse é o primeiro movimento a partir da liberação da quarentena.” (Estadão)

Veja: imagens contrastam os atos bolsonaristas do Sete de Setembro com os promovidos no domingo, 12. (Poder 360)

Igor Gielow: “O domínio da entropia parece se consolidar pelo país. Jair Bolsonaro fez sua tentativa malograda de autogolpe no dia 7 de Setembro, um fracasso retumbante em diversos aspectos. Animada, a oposição à direita tentou turbinar seus protestos já programados para este domingo, confiante em que a bizarra tentativa presidencial de emparedar o Poder Judiciário faria a classe média que apoiou em parte a rua de 2013 e a tomou em 2016 voltasse a dar as caras. Fracassou, como qualquer pessoa com visão razoável perceberia ao examinar as imagens da avenida Paulista. A oposição de centro-direita a Bolsonaro não tem musculatura para removê-lo por instrumentos considerados aceitáveis, como o impeachment. A esquerda liderada pelo PT, paradoxalmente, além do raquitismo estrutural, prefere ver o presidente na cadeira — e de joelhos. O que existe mesmo é um impasse, ora incontornável.” (Folha)

Coluna do Estadão: “Bolsonaristas e petistas se uniram nas redes sociais para apontar o suposto fracasso dos protestos contra o presidente, que tiveram pouca gente nas ruas, mas pesos-pesados da política nos carros de som em São Paulo, como havia muito tempo não se observava em um ato. Ficaram evidentes duas lições: 1) o PT, por ora, não aceita alternativa que não seja a união em torno de sua liderança e da campanha de Lula; 2) o ato teve o tamanho do MBL e foi um retrato das dificuldades da terceira via.” (Estadão)




Celso Rocha de Barros: “No final da noite de terça, o Brasil inteiro tinha visto Bolsonaro tentando o golpe. Ninguém na imprensa se referiu ao golpismo como qualquer outra coisa. A esquerda, o centro e a direita, o mercado financeiro e o PSTU, todos reconheceram facilmente o que viam com seus próprios olhos. O golpe deu errado. A ideia da manifestação era convencer militares e PMs de que um golpe seria popular mesmo partindo de um governo com 60% de rejeição. Não convenceram. Nos dias 8 e 9, a discussão sobre impeachment avançou aceleradamente, apesar do colaboracionista Arthur Lira. E, nesse momento, quem entrou em cena para garantir que o referido funcionamento não ameaçasse o supracitado puteiro? Michel Temer, é claro, quem mais? O sujeito que deu início à crise em 2016 e trouxe os militares de volta à política brasileira em 2018, o chefe do PMDB da Câmara em quem os liberais amarraram seu programa em 2016 no auge da Lava Jato, o que lhes rendeu 4% nas eleições de 2018 e a perda da vaga no segundo turno para Jair Bolsonaro. A carta ‘foi mal, tava doidão’ ofereceu a Bolsonaro uma rota de fuga, e, aos esquemas de Arthur Lira, uma chance de sobrevivência. O acordão de Temer não impediu o golpe, que já estava derrotado. Mas pode ter melado o impeachment. Temer interrompeu o jogo quando era a vez da democracia jogar. A turbulência que Temer poupou ao mercado não foi a turbulência do fim da democracia, foi a turbulência da reação da democracia.” (Folha)

Fernando Gabeira: “As pessoas precisam compreender que não basta vestir uma camisa amarela, saudar o mito e comer sua macarronada para alterar o curso da História. As coisas são bem mais complicadas. Também para os que sempre fizeram oposição a Bolsonaro. O fato de tanta gente aceitar bandeiras que derrubam a democracia deve nos levar a uma reflexão. Até que ponto basta apenas defendê-la de seus inimigos, sem examinar suas fraquezas e tentar fortalecê-la no cotidiano? Não é preciso apenas que Bolsonaro passe, mas que passem também as condições político-sociais que deram margem a essa ilusão coletiva. Na euforia do processo de redemocratização, não contávamos com retrocesso.” (Globo)




O ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, aproveitou ontem duas eleições suplementares para prefeito no estado do Rio para demonstrar o processo de auditoria das urnas eletrônicas. Algumas das máquinas foram sorteadas e trazidas para a sede do TRE, onde foi simulada uma eleição com votos impressos para depois fazer a recontagem e demonstrar a lisura do voto digital. “Temos total confiança no sistema, mas estamos aumentando a transparência para desfazer qualquer dúvida que possa existir”, disse o ministro. (Metrópoles)

Pois é… Barroso planeja abrir o código-fonte das urnas aos técnicos que representam partidos políticos em um evento marcado para 4 de outubro. A medida faz parte dos hábitos do TSE em todas as eleições mas, para o pleito de 2022, está sendo antecipada. (Poder 360)

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