MIDIALTERNATIVA FREE PRESS: Deu na Imprensa

Um cardápio variado de assuntos nas manchetes dos principais jornais brasileiros nesta terça-feira, 14 de setembro. Folha: Investimento em saúde em SP cai 23% na gestão Doria. Estadão destaca na primeira página que o governo suspende ‘tratoraço’ após CGU apontar sobrepreço. O Globo: Aras pede que STF suspenda MP das fake news. Valor: Mercado para IPOs fica mais seletivo com ruídos políticos. E na edição brasileira do El País: As próximas derrotas de Bolsonaro no Supremo já estão desenhadas.

Assunto que ganha importância é a alta da inflação, que coloca em risco o plano de Bolsonaro para turbinar o Bolsa Família. Folha diz que a ampliação do programa pode ser inviabilizada mesmo se governo resolver problema do excesso de precatórios. O isolamento do presidente o faz jogar para o seu público. Jornais destacam que Bolsonaro abriu o pacote de bondades para sua base social. Policiais com salário de até R$ 7.000 ganham do Planalto subsídio para compra de imóvel.

Na Folha, vale a leitura do artigo de Aloizio Mercadante e Guilherme Mello rebatendo Edmar Bacha, que disse no sábado que o bolsonarismo é um risco à democracia no Brasil, enquanto Lula seria um risco para a economia. “O único risco que Lula representa para a economia brasileira é de o país voltar a crescer e distribuir renda, colocando os pobres no Orçamento e os ricos para pagarem imposto de renda, com inflação baixa e estabilidade macroeconômica”, rebatem. “É o risco de reconstruir a democracia e o país, devolver a esperança e a autoestima ao povo do Brasil. O resto não passa de superado e obtuso macartismo econômico”. Leia a íntegra ao final deste briefing.

Na política, jornais continuam a centrar a maior parte da cobertura às novas iniciativas da oposição para pressionar Bolsonaro. Folha exagera ao dizer que racha escancarado após protesto contra Bolsonaro reforça entraves para atos unitários e que Planalto quer usar baixa adesão a atos do MBL contra Bolsonaro para reanimar base radical. O jornal ainda noticia que o presidente vê sua popularidade nas redes sociais derreter após a nota sobre o 7 de Setembro.

Estadão relata que partidos tentam acordo para unir esquerda e direita em atos contra Bolsonaro. Depois do pouco público nos atos de domingo, legendas buscam união da esquerda e da direita; mas MBL e Vem Pra Rua resistem ao PT. Valor destaca que PT e PSOL buscam centro e direita para atos. Dirigentes de PT e PSOL afirmam que boicote ao ato de domingo se deu por diferenças específicas com o MBL. Ainda no Valor, Gilberto Kassab diz que recuo de Bolsonaro foi “ducha de água fria” na oposição. Ele endossa declaração de Gilmar Mendes de que é preciso apostar na boa-fé da carta de Bolsonaro.

No Estadão, Eliane Cantanhede ainda está furiosa com o fato de o PT não ter aderido aos atos de domingo: Oposições deram vexame e ainda têm de engolir a ironia de Jair Bolsonaro. “O grande troféu do presidente circula freneticamente nas redes sociais: as imagens comparando as manifestações a favor, gigantescas, e os atos contrários, minguados, desenxabidos”, lamenta. O Globo informa que a maioria presente no ato da Paulista, no domingo, quer frente ampla contra Bolsonaro, mas 38% rejeitam Lula, diz pesquisa.

Guilherme Boulos rebate na Folha as críticas à esquerda por não participar dos atos no dia 12. A esquerda e a unidade democrática contra Bolsonaro — é o título do artigo. “Os atos de 2 de outubro serão o próximo capítulo”, avisa o pré-candidato ao governo de São Paulo pelo PSOL. “Qual o significado do fiasco da mobilização liderada por MBL e Vem pra Rua? Primeiro, a demonstração cabal de que esses movimentos tiveram sua base social fagocitada pelo bolsonarismo”, avalia. “Ao romperem com Bolsonaro, ficaram sozinhos; vieram os líderes e a máquina digital, mas a força de mobilização ficou com o capitão. Segundo, a constatação evidente de que a chamada terceira via não tem empolgado muita gente”.

A direita está dividida e uma ala dos tucanos quer ficar atrelada a Bolsonaro. Painel informa que o presidente de instituto do PSDB diz que o partido não deve fazer oposição a Bolsonaro. Executiva da legenda decidiu se colocar formalmente contra o presidente após falas antidemocráticas. O deputado tucano Pedro Cunha Lima (PB) disse não concordar.

Ainda no Painel, outra nota revela que o PT discute incluir no plano de Lula ações contra 'oligopólio' dos bancos. “Economistas do partido debatem formas de promover concorrência e aumentar regulação do setor”, diz o texto. Em uma terceira nota, a coluna da Folha informa que PT lembra 11 de Setembro chileno e ignora ataque aos EUA em documento. Texto do diretório nacional faz referência apenas ao golpe dado por Pinochet em 1973.

CPI

No Senado, a CPI ouve nesta terça-feira empresário suspeito de ser sócio-oculto do Fib Bank. Marcos Tolentino, amigo do líder do Governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), é suspeito de ser o verdadeiro dono da empresa que concedeu garantia de R$ 80,7 milhões da vacina Covaxin.

QUESTÃO INDÍGENA

Jornalões relatam que a alta comissária para direitos humanos das Nações Unidas, Michelle Bachelet, expressou “séria preocupação” com o cenário de ameaças às populações indígenas e aos ativistas no Brasil durante sua fala na abertura da sessão do Conselho de Direitos Humanos. “No Brasil, estou alarmada com os recentes ataques contra membros dos povos yanomami e munduruku por mineradores ilegais na Amazônia. As tentativas de legalizar a entrada de empresas em territórios indígenas e limitar a demarcação de terras indígenas —notadamente por meio de um projeto de lei que está em análise na Câmara dos Deputados— também são motivo de séria preocupação”, disse a ex-presidente chilena.

Valor reporta que Biden descarta acordo comercial com Bolsonaro. Ações ambientais do governo brasileiro são alguns dos entraves destacados por Washington. O desejo do governo de de fazer um acordo de livre-comércio abrangente com os EUA é muito improvável no atual cenário. O aviso foi dado por um representante do governo Biden, mencionando o histórico de ações nas áreas ambiental e social de Bolsonaro, em seminário virtual sobre as relações bilaterais ocorrido na sexta-feira.

No Globo, Míriam Leitão alerta para os muitos riscos que os indígenas estão enfrentando no país: “Na Funai estão vencendo portarias que protegem áreas onde estão índios isolados. O tempo corre para populações que nem têm entendimento do que se passa neste Brasil conflagrado”, aponta. “Sábado que vem expira a portaria que protegeu uma área em Mato Grosso, onde estão remanescentes dos Piripkura. Há outras. Renová-las é questão de vida ou morte”.

ELETROBRÁS

Jornais relatam que o governo editou decreto de criação de uma nova empresa pública, responsável por Eletronuclear e Itaipu Binacional. A medida, prevista na lei que viabiliza a privatização da Eletrobras, foi publicada no Diário Oficial da União da segunda-feira. A Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional (ENBpar), vinculada ao Ministério de Minas e Energia, tem o objetivo de garantir sob o controle da União a operação de usinas nucleares, além de Itaipu. A legislação impede a privatização desse tipo de atividade.

PETROBRÁS

Folha noticia que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), questionou a alta de combustíveis e diz que Petrobrás precisa lembrar que brasileiros são acionistas. Câmara debaterá com general Silva e Luna os reajustes promovidos pela estatal. Lira questionou o peso dos preços dos combustíveis da Petrobras no bolso dos consumidores e afirmou que a estatal deve ser lembrada de que seus acionistas são os brasileiros. Em uma rede social, Lira escreveu: “Tudo caro: gasolina, diesel, gás de cozinha. O que a Petrobras tem a ver com isso? Amanhã, a partir das 9h, o plenário vira Comissão Geral para questionar o peso dos preços da empresa no bolso de todos nós”. “A Petrobras deve ser lembrada: os brasileiros são seus acionistas”, complementou.

ARGENTINA

Jornais informam que o governo peronista de Alberto Fernández sofreu dura derrota no domingo, nas primárias argentinas para as eleições legislativas. Embora a votação na prática defina apenas quais candidatos poderão concorrer no pleito, a ser disputado em 14 de novembro, o resultado é considerado um termômetro da gestão federal. A principal força de oposição, a coalizão de centro-direita Juntos, obteve 40,02% dos votos em nível nacional —confirmando a dianteira que se desenhava no domingo—, enquanto o peronismo obteve 31,03%. Se o resultado for confirmado na eleição de novembro, a Juntos se tornará a principal força na Câmara de Deputados, embora com maioria simples. Os peronistas, por sua vez, manteriam a maioria simples no Senado.

BRASIL NA GRINGA

O argentino Página 12 noticia que a Justiça brasileira arquivou outro processo contra Lula por falta de provas. O ex-presidente do Brasil foi acusado injustamente de influenciar dirigentes da Costa Rica a fechar negócios com a construtora OAS, empresa envolvida no desvio de recursos públicos da Petrobras. “A decisão da magistrada Maria Carolina Ayoub, de São Paulo, representa uma nova vitória na Justiça do ex-chefe de Estado e também abre seu caminho para a candidatura ainda mais antes das eleições presidenciais de outubro de 2022, para as quais apontam as pesquisas de opinião ele como o principal favorito à frente do presidente Jair Bolsonaro”, reporta.

O português Diário de Notícias destaca que Bolsonaro põe ataques na gaveta ao sentir cheiro do impeachment. “Com a direita a juntar-se à esquerda nos pedidos de destituição, o Supremo a mostrar firmeza e o mercado, nervosismo, o presidente recuou. Mas, entretanto, partiu o coração dos apoiadores”, informa o correspondente João Almeida Moreira.

Reportagem especial no espanhol El País aborda as queimadas na maior floresta tropical do mundo. A Amazônia em chamas: um raio-X de fogo e violência. “Povos indígenas e ribeirinhos convivem com uma rotina de ameaças, invasões e incêndios no Estado de Rondônia, que se tornou o posto avançado do bolonarismo no norte do Brasil”, informa.

INTERNACIONAL

New York Times destaca em manchete principal — em tom crítico — o plano dos democratas da Câmara de tributar os ricos, mas sem tocar nas grandes fortunas, que saem ilesas. A proposta do Comitê de Modos e Meios da Câmara de pagar por trilhões em gastos sociais deixa os ganhos de riqueza e as heranças em grande parte isolados. Em vez disso, concentra-se em um alvo mais tradicional: a renda.

O assunto também é manchete principal do Washington Post — Com grande pressão tributária, os democratas pretendem enfrentar enormes ganhos de 1% do topo — e Wall Street Journal — Democratas liberam detalhes do aumento de imposto proposto. O primeiro adota um tom de apoio e o segundo, meramente informativo. Segundo o Journal, os democratas da Câmara estão pedindo o aumento da alíquota do imposto sobre as empresas de 21% para 26,5%, uma sobretaxa de 3 pontos percentuais sobre os que ganham mais e um aumento do imposto sobre ganhos de capital.

Uma reportagem impactante do Wall Street Journal — com ampla chamada na primeira página — revela que o documentos do Facebook mostram uma elite secreta isenta de regras gerais. “Relatórios, debates on-line com funcionários e rascunhos de apresentações para a alta administração, revisados pelo jornal, oferecem uma visão incomparável das falhas do gigante da mídia social — e sua relutância ou incapacidade de abordá-las”, diz o WSJ.

Na imprensa inglesa, a corrida pela vacinação em massa continua. The Guardian diz que Boris Johnson confirmará nesta terça-feira o início das doses de reforço para maiores de 50 anos. O jornal diz que o primeiro-ministro estabelecerá uma ampla aceleração do programa de vacinas, bem como sinalizará oposição a quaisquer novos bloqueios neste ano.

AS MANCHETES DO DIA

Folha: Investimento em saúde em SP cai 23% na gestão Doria

Estadão: Governo suspende ‘tratoraço’ após CGU apontar sobrepreço

O Globo: Aras pede que STF suspenda MP das fake news

Valor: Mercado para IPOs fica mais seletivo com ruídos políticos

El País (Brasil): As próximas derrotas de Bolsonaro no Supremo já estão desenhadas

BBC Brasil: Como o governo Bolsonaro quer convencer o mundo que problema ambiental do Brasil é 'de imagem'

UOL: Brasil foi polo para mutações do novo coronavírus no mundo, diz estudo

G1: Queimadas mataram 17 milhões de animais no Pantanal em 2020, indica estudo

R7: Renda das famílias brasileiras mais pobres desaba mais de 21% durante a pandemia de covid-19

Luis Nassif: Indústria Automobilística: a liderança da Fiat

Tijolaço: Bolsonaro ‘tira onda’ de ato ‘coxinha’