MIDIALTERNATIVA FREE PRESS: Deu na Imprensa

Segunda morna de manchetes nos jornalões brasileiros. Na pauta, assuntos vão da disputa eleitoral — em São Paulo e para eleições presidenciais de 2022 —, passando por orçamento que beneficia o ministro do Desenvolvimento Regional, privatizações de aeroportos e edital de 5G. A denúncia do Estadão é forte. Segundo o jornal, Rogério Marinho destina R$ 1,4 milhão para construção de mirante turístico vizinho a terreno onde lançará condomínio privado no RN.

Eis as manchetes: Folha: Alckmin e Haddad lideram disputa para governo de SP. Estadão: Orçamento secreto banca obra que favorece ministro. O Globo: Governo acelera concessão de Santos Dumont e Congonhas. Valor: Votação do edital de 5G deve ocorrer esta semana. El País (Brasil): Terceira via ganha atenção do eleitor, mas ainda bate cabeça atrás de apoio popular.

A notícia política mais relevante é o pessimismo do brasileiro com a economia, sentimento captado pelas pesquisas eleitorais. Para 69% dos brasileiros, situação econômica do país piorou, diz Datafolha. Levantamento também mostra que 39% estão pessimistas com economia nos próximos meses.

Ainda na economia, Estadão destaca que mercado prevê alta de 1 ponto da Selic e cogita estouro da meta de inflação. E o Valor destaca que a dívida pública frustra Paulo Guedes ao retomar viés de alta. Endividamento voltará a crescer como proporção do PIB e limitará margem fiscal de futuro governo.

“Ao derrubar projeções de crescimento da economia e elevar estimativas de alta dos juros para 2022, na semana passada, o mercado praticamente enterrou a expectativa do ministro da Economia, Paulo Guedes, de ver uma relação dívida/PIB abaixo de 80% no ano que vem”, diz o jornal. “A mudança na trajetória de queda do indicador também deixa ainda mais clara”.

São más notícia para o presidente, que desembarcou ontem em Nova York para participar da Assembleia Geral da ONU e teve de entrar pelas portas dos fundos do hotel onde está hospedado com a comitiva, por conta dos protestos na entrada principal. Sem ter sido vacinado, Bolsonaro foi flagrado com ministros comendo uma pizza numa calçada novaiorquina, porque não pode entrar no restaurante. A passagem do presidente pelos EUA recebe atenção da imprensa estrangeira — leia mais em Brasil na Gringa.

LULA

Folha destaca reportagem sobre a pressão exercida por Lula ao PT para retomar debate sobre regulação da mídia. Ex-presidente reabre discussão abortada no governo Dilma e cobra do partido crítica à imprensa. A um ano da eleição presidencial e apontado pelas pesquisas como favorito para vencer a corrida, Lula decidiu reabrir o debate sobre um dos assuntos que mais geraram controvérsia nos 13 anos em que o PT governou o país, a criação de um novo marco regulatório para os meios de comunicação.

Folha destaca em manchete principal que o ex-governador Geraldo Alckmin, que está com a sua saída anunciada do PSDB, encabeça a corrida eleitoral para o governo de São Paulo em 2022, com 26% das intenções de voto, segundo o Datafolha. Fernando Haddad (PT) vem numericamente em segundo, com 17%, e lidera com 23% em um cenário sem Alckmin.

Ainda sobre candidaturas do PT, Painel da Folha informa que o deputado Edegar Pretto é o nome escolhido pelo PT para disputar o governo do Rio Grande do Sul. PSOL também deve ter candidato, e PC do B segue indefinido. Segundo o jornal, o anúncio de candidatura pelo PT ao governo do RS evidencia divisão na esquerda.

Folha ainda destaca que integrantes do PT dizem não ver relevância em retomar a discussão sobre a facada que Bolsonaro recebeu em 2018. Mais ainda, creem que o debate só favorece o presidente. Parlamentares do partido têm repercutido a tese fantasiosa de que o ataque foi encenado, em razão do lançamento do documentário “Bolsonaro e Adélio, Uma Fakeada no Coração do Brasil" pelo site Brasil 247 — segundo o jornal, “alinhado ao PT”.

BRASIL NA GRINGA

Em reportagem no The Guardian, Jan-Werner Müller aponta a sobrevida do populismo em meio à pandemia, citando Jair Bolsonaro como um líder político perigoso. “Quando a pandemia atingiu, as páginas de opinião dos jornais estavam cheias de artigos prevendo o fim do populismo autoritário. Certamente Donald Trump, Narendra Modi e Jair Bolsonaro não sobreviveriam ao manuseio incorreto do Covid-19? Finalmente, as pessoas estavam acordando para a realidade do que esses líderes representavam”, aponta. “Trump pode não ter durado, mas a expectativa de que a pandemia acabe com o populismo está errada”.

Também no Guardian, Andre Pagliarini escreve um artigo questionando: É o começo do fim para Jair Bolsonaro? “O presidente brasileiro queria um levante popular contra a suprema corte, mas a resposta desanimadora foi reveladora”, observa o articulista, que é professor assistente de história no Hampden-Sydney College, na Virgínia. “Ele certamente continuará a alimentar os impulsos mais perigosos do corpo político brasileiro, mas é difícil ver o 7 de Setembro como algo além de uma derrota para o presidente — e um sinal de esperança de que ele tem mais dias no poder do que pela frente”.

Le Monde também coloca foco sobre Bolsonaro, ao publicar reportagem do correspondente Bruno Meyerfeld questionando se o presidente é um “golpista dominical ou ameaça à democracia brasileira?” “Como a eleição presidencial será em outubro de 2022, todos se perguntam sobre as reais intenções do intrigante líder do gigante sul-americano”, pondera. Mas lembra o passado: “Na superfície, Jair Bolsonaro tem todas as características do caudilho golpista latino-americano. Entrando na Academia Militar em plena ditadura, o futuro presidente foi treinado, na década de 1970, para ‘caçar comunistas’ pelos agentes da repressão. Ele saiu com um diploma de artilharia e uma admiração desesperada pelo regime que governou o país por duas décadas”.

New York Times destaca que clima, Covid e Biden são os grandes destaques na ONU esta semana. A sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, a maior convocação diplomática do mundo, vai atrair a atenção com uma série de discursos de líderes a partir de terça-feira. “Os líderes mais proeminentes falando pessoalmente — apenas no primeiro dia — incluem o presidente Jair Bolsonaro do Brasil, um cético declarado de Covid cuja própria má gestão da pandemia ameaça seu futuro político. Ele será o primeiro chefe de Estado a falar na reunião e criou um rebuliço ao prometer desafiar a exigência de vacinação”, informa.

Washington Post reproduz despacho da Associated Press informando que a regra da ONU pode ser um obstáculo para Bolsonaro, o cético da vacina no Brasil. A matéria diz que o líder da assembléia-geral da ONU, Abdulla Shahid, anunciou que todos os participantes devem ser vacinados para falar na reunião, citando uma política da cidade de Nova York. “Isso poderia impedir Bolsonaro, um líder de direita sitiado que busca reabilitar sua imagem no exterior”, destaca.

O argentino Página 12 também aborda a ida do presidente brasileiro aos EUA para abrir a assembleia geral das Nações Unidas: Jair Bolsonaro, presidente do Brasil: um negador em série aterrissa na ONU. “Em Nova York, ele buscará se projetar como uma estrela do rock da extrema direita global”, informa o correspondente Dario Pignotti.

Diário de Notícias, de Portugal, repercute o documentário dirigido por Joaquim de Carvalho, do Brasil 247, sobre a fraude na facada contra Bolsonaro em 2018. Fakeada? Alexandre Frota quer investigar "farsa" do atentado a Bolsonaro. “Documentário que levanta a possibilidade do ataque de 6 de setembro de 2018 ter sido forjado encaixa nas suspeitas do deputado que já pediu uma CPI. Carlos Bolsonaro é figura central do caso, segundo o filme”.

INTERNACIONAL

Na manchete do New York Times, a denúncia sobre a rotatividade de executivos no vai-e-vem entre mercado e governo. Como os gigantes da contabilidade elaboram regras fiscais favoráveis a partir do governo — aponta o jornal. “Advogados das principais firmas de contabilidade fazem breves passagens no Departamento do Tesouro, com a expectativa de grandes aumentos quando retornarem”, destaca.

Também na primeira página, o NYT relata que um senador democrata — “poderoso” e “ligado aos combustíveis fósseis” — é quem vai elaborar o plano climático dos EUA. “O senador Joe Manchin já é um voto decisivo crucial no amplo projeto de lei orçamentário dos democratas. Mas ele também escreverá os detalhes de seu programa de mudança climática”, informa.

Washington Post destaca na manchete de capa que urgência para agir sobre o clima é o tema central da ONU. Diz o jornal: Enquanto se reúnem na ONU, os líderes mundiais enfrentam um impulso furioso para agir rapidamente sobre a mudança climática. “Estamos realmente sem tempo”, adverte o secretário-geral António Guterres, implorando aos países que deixem de lado as diferenças políticas.

Na manchete do Wall Street Journal, um alerta: Aumento dos preços da gasolina agita temores de oferta. Segundo o jornal, os preços do gás natural sobem e o inverno ainda está longe. “O salto nos preços está gerando preocupações sobre a escassez no inverno e as previsões para o combustível mais caro desde que os inundaram o mercado.

A crise de energia também ganha destaque no Financial Times: Grupos de energia do Reino Unido pedem 'banco ruim' estatal para enfrentar a crise do gás. “Os maiores fornecedores de energia do Reino Unido estão solicitando um pacote de apoio emergencial de vários bilhões de libras do governo para ajudá-los a sobreviver à crise deflagrada pelos altos preços do gás, incluindo a criação de um ‘banco ruim’ para absorver clientes potencialmente não lucrativos de rivais falidos”, reporta. Há risco de quebradeira geral. The Guardian e The Times também dão manchete para a crise.

AS MANCHETES DO DIA

JORNAIS

Folha: Alckmin e Haddad lideram disputa para governo de SP

Estadão: Orçamento secreto banca obra que favorece ministro

O Globo: Governo acelera concessão de Santos Dumont e Congonhas

Valor: Votação do edital de 5G deve ocorrer esta semana

El País (Brasil): Terceira via ganha atenção do eleitor, mas ainda bate cabeça atrás de apoio popular

PORTAIS

BBC Brasil: Os fatores que fazem disparar risco de apagão no Brasil

UOL: Para 69% dos brasileiros, economia do país está pior, diz Datafolha

G1: Emissão de licenças para caçadores mais que triplica no governo Bolsonar

R7: Aumento do IOF começa a valer a partir de hoje