Assustado com o tombo em sua popularidade após a “carta de recuo” retórica redigida por Michel Temer e a desmobilização da greve de caminhoneiros, o presidente Jair Bolsonaro ganhou uma ferramenta para reaglutinar sua base: o fracasso de público dos atos pelo impeachment convocados por MBL e Vem Pra Rua. “Dignos de dó”, foi como Bolsonaro definiu os manifestantes, enquanto seus ministros e aliados mais próximos iam fundo na ironia. “Mandetta, pode ir para a manifestação que o distanciamento social está sendo ‘totalmente respeitado’ em todas as manifestações”, escreveu Fábio Faria, ministro das Comunicações. Igualmente importante, na avaliação dos palacianos, é que o fiasco mostrou que uma terceira via eleitoral é artificial e fortaleceu o duelo entre Bolsonaro e Lula. (Folha)
Em reação, dez partidos de esquerda e centro-esquerda e até direita (PT, PDT, PSB, PSOL, Solidariedade, PCdoB, PV, Rede, Novo, Cidadania) se reúnem amanhã para planejar protestos no dia 2 de outubro. Apesar de ter se declarado oposição, o PSDB não participa. Já o MBL e o Vem Pra Rua, que têm na conta o fiasco no dia 12, resistem a entrar em qualquer iniciativa com o PT. (Estadão)
Vera Magalhães: “As ruas do Brasil neste dia 12 mostram o maior paradoxo da construção de uma ou mais candidaturas viáveis à dianteira de Lula e Bolsonaro em 2022: não faltam nomes a listar ou até mesmo a reunir; o que falta é convencer o eleitor da sua viabilidade.” (Globo)
Meio em vídeo. Ruas vazias não fazem impeachment. Sozinhos, MBL e Vem Pra Rua não vão trazer multidões pelo impeachment. Precisam do PT. Mas o PT precisa dessa direita que hoje tem repulsa por Bolsonaro? Se deseja sepultar o bolsonarismo, sim. Confira o Ponto de Partida no YouTube.
No Twitter, Guilherme amado reclama da agressividade petista contra pessoas identificadas com a esquerda que subiram no carro de som do MBL. O cantor Tico Santa Cruz fez um vídeo no Instagram denunciando a perseguição.
Enquanto isso... Bolsonaro fez mais um movimento para cortejar sua base armada ao criar, via medida provisória, o Habite Seguro, um programa habitacional subsidiado para policiais, bombeiros, agentes penitenciários, peritos e guardas municipais. A União vai entrar com R$ 100 milhões. (G1)
O procurador-geral da República, Augusto Aras, recomendou ontem ao STF que suspenda liminarmente a validade da MP que alterou o Marco Civil da Internet até que o mérito das ações contra ela seja julgado. Editada por Jair Bolsonaro no dia 6 e apelidada de MP das Fake News, a medida impede que provedores e redes sociais retirem do ar conteúdo que viole suas regras, como discurso de ódio e propagação de notícias falsas. Paralelamente, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), disse que o Legislativo deve se manifestar ainda nesta semana sobre a constitucionalidade da MP. (CNN Brasil)
O movimento de Aras não tem nada de rebelião contra Bolsonaro, pelo contrário, e deve ser entendida no pacote da “carta de recuo” que Michel Temer escreveu para o presidente, como explica Carolina Brígido. A MP foi editada na véspera dos atos pró-governo para agradar a militância bolsonarista, de onde vem a maioria dos blogueiros e youtubers atingidos por bloqueios. Já perdeu sua utilidade, e é certo que o Supremo vai derrubá-la. Ao se antecipar, Aras posa de independente dentro da PGR. Até porque continua namorando a vaga no STF que parece escorregar dos dedos de André Mendonça. (UOL)
Então... Aras acredita que o Senado vai rejeitar Mendonça ou embromá-lo até que Bolsonaro desista da indicação, abrindo caminho para ele. Nos bastidores, explica Bela Megale, o PGR estaria vendendo a tese de que, no Supremo, poderia funcionar melhor como um aparador de arestas com o Executivo. (Globo)
O ministro Kássio Nunes Marques, presidente da Segunda Turma do STF, retirou da pauta a ação do MPRJ contra a decisão do TJ fluminense que concedeu ao hoje senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) foro privilegiado na investigação da racahadinha na Alerj. O MP quer que o caso vá para a primeira instância. Marcado para do último dia 31, o julgamento havia sido adiado para amanhã, mas a pedido da defesa, foi suspenso. (UOL)
Enquanto isso... A Justiça Federal de São Paulo arquivou a investigação sobre o ex-presidente Lula por tráfico de influência em favor da OAS em obras na Costa Rica. Além de os supostos crimes já estarem prescritos, a juíza federal Maria Carolina Ayoub, da 9ª Vara Federal de São Paulo, avaliou que não há elementos para continuar a investigação. (G1)
A ministra do STF, Cármen Lúcia negou o pedido para que o advogado Mário Tolentino não comparecesse à CPI da Pandemia e ainda manteve a sua condução coercitiva. Ele é apontado como “sócio oculto”" do FIB Bank, empresa que ofereceu fiança para a negociação suspeita entre a Precisa Medicamentos e o Ministério da Saúde para compra da vacina indiana Covaxin. Quem também será forçado pela Justiça a depor é o lobista Marconny Albernaz de Faria, tido como intermediário da Precisa. (G1)
A investigação de Faria preocupa particularmente o Planalto. Vídeos e fotos apreendidos na casa dos lobistas mostram uma relação estreita com a família Bolsonaro, com direito a churrascos e passeios de lancha. (Folha)
E o TCU suspendeu o auditor Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques, acusado de ser o autor de um documento paralelo que colocava em dúvida o número de mortes por Covid-19 no Brasil. Rejeitado pelos técnicos do tribunal, o documento informal reapareceu, num papel timbrado da Corte, nas mãos de Jair Bolsonaro, que o utilizou para atacar governadores. (Globo)
Após um relatório da Controladora Geral da União apontar sobrepreço na compra de tratores outros equipamentos agrícolas, o governo federal suspendeu os contratos de até R$ 3 bilhões que seriam movimentados por emendas parlamentares do “orçamento secreto”. (Estadão)
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