Nos jornalões brasileiros as manchetes são um balde de água fria nas pretensões do governo Bolsonaro: PIB de 2022 deve ficar abaixo de 1%, de acordo com a maioria dos bancos, economistas e do mercado financeiro. Os enunciados são quase todos na direção de um pessimismo ainda modesto. Folha: Economistas preveem PIB abaixo de 1% em 2022. Estadão: BC levará Selic ‘aonde precisar’; mercado reduz projeção do PIB. O Globo: Previsão do PIB para 2022 já fica abaixo de 1%. Valor: Previsões para PIB em 2022 caem abaixo de 1%. O Itaú reduziu sua expectativa para o crescimento do PIB de 1,5% para 0,5%. O maior banco privado do país também passou a prever aumento do desemprego no próximo ano, com a taxa de desocupação subindo de 12,1% ao fim de 2021, para 12,5% em dezembro de 2022. A BBC Brasil traz matéria didática mostrando seis razões para o pessismo do mercado: 1) Inflação maior e juros em alta; 2) Renda menor; 3) Setor de serviços no limite; 4) Desaceleração global; 5) Piora da crise hídrica e possível racionamento de energia; e, finalmente, 6) Eleições conturbadas. A XP é ainda mais cética ao apontar que o racionamento de energia pode zerar crescimento do PIB em 2022. O colunista Mauro Zafalon, na Folha, escreve sobre o desembarque do agro do governo de Bolsonaro. “Produtores continuam fiéis, mas outros setores do agronegócio já não se alinham com o governo”. Valor noticia que Lula disse a aliados que, se vencer em 2022, vai colocar um político para comandar a economia. “Ex-presidente acumulou mais duas importantes vitórias judiciais, com o arquivamento de investigações contra ele”, pontua o jornal. “Ele acredita que somente um político habilidoso e com amplo trânsito no Congresso seria capaz de conduzir uma agenda complexa de reformas e medidas amargas” — leia a íntegra da reportagem ao final deste briefing. O outro tema relevante está na política, com a derrota do Palácio do Planalto para a pretendida agenda ideológica de Bolsonaro com vistas às eleições presidenciais de 2022. STF e Congresso enterram tentativa de Bolsonaro de facilitar ‘fake news’ nas redes sociais — enfatizando as medidas que derrubam a medida provisória editada pelo governo que tratava de ausência de regulação das redes sociais. O assunto ganhou a manchete principal da versão brasileira do jornal El País. Painel S/A, da Folha, noticia que o vídeo com imagens do jantar em que Michel Temer aparece rindo da imitação de Bolsonaro aborreceu empresários que tinham ficado satisfeitos com a carta do recuo conduzida pelo ex-presidente na semana passada. A avaliação é que Temer deveria ter percebido que a cena pode balançar o frágil clima de pacificação que ele mesmo conseguiu alcançar para relaxar a crise institucional e reduzir a temperatura da instabilidade que prejudica os negócios no país. Globo e Folha informam que Temer ligou para o presidente para tentar reverter o constrangimento e explicar a graça das imitações durante o jantar em São Paulo. Elio Gaspari escreve em sua coluna na Folha e no Globo que o fracasso das manifestações de domingo contra Bolsonaro ensina que brincando de cubo não se elege presidente. “Se elegesse, Geraldo Alckmin estaria no Planalto. Em 2018 ele tinha cinco minutos e meio no horário gratuito de televisão, contra poucos segundos de Bolsonaro. Tinha também os blindados do PSDB contra o estilingue do PSL”, lembra. “Brincando de cubo não se vai conseguir uma alternativa ao dilema Lula-Bolsonaro. Se essa alternativa aparecer, terá que vir montada em ideias e, sobretudo, num clima de tolerância generalizada. A ideia do ‘esse não’ funciona um ano antes da eleição, mas, como diria o general Pazuello, na hora H do Dia D, eleição presidencial não é à la carte. O freguês tem que escolher o que está sobre o bufê”, conclui. No Globo, um dos destaques é o esforço de Ciro Gomes e Luiz Henrique Mandetta, que ensaiam uma aproximação de olho na eleição de 2022. “Sem nome de consenso, João Doria e Eduardo Leite também se movimentam. Kassab reforça aposta em Pacheco, ainda no DEM”, diz a matéria. No Estadão, chama atenção o esforço da rainha das privatizações na era tucana, Elena Landau como um apelo em torno da terceira via. “Queremos achar convergência diante do descalabro”, diz. No Globo, Armínio Fraga apela: “Ainda há tempo para terceira via”. Jornais ainda noticiam que o ministro Ricardo Lewandowski decidiu suspender o andamento de últimas investigações da Lava-Jato contra Lula. “Decisão do ministro do STF diz respeito aos casos envolvendo o Instituto Lula, que estão na Justiça Federal do DF”, destaca O Globo. BOLSA FAMÍLIA Folha noticia que base aliada do Planalto e oposição querem mudanças no novo Bolsa Família que elevam gastos do governo. “Auxílio Brasil ainda precisa passar por votações no Congresso; novo programa é aposta de Bolsonaro para retomar popularidade”, aponta. Há tentativas para que seja criado um valor mínimo a ser repassado para as famílias vulneráveis, além de emendas para que sejam criados mais auxílios do que o pretendido pelo governo. O orçamento do programa previsto para o próximo ano é de R$ 34,7 bilhões. Esse é o mesmo valor reservado para 2021 e, na prática, representa uma queda, pois não haveria reajuste pela inflação. PT Em editorial, Folha parte para cima dos rumos da política econômica em discussão no PT, apontando que a legenda suscita enormes incertezas. “O PT parece apostar mais uma vez na ambiguidade. Acena com moderação e pragmatismo a setores políticos e empresariais, enquanto mantém as velhas promessas às bases ideológicas e corporativistas. Por mais habilidoso que já tenha se mostrado seu líder, esse será um equilibrismo difícil”, aponta. “A situação orçamentária do governo é hoje muito mais grave que a de duas décadas atrás, em grande parte devido à gestão Dilma. A precária estabilidade dos últimos anos depende da confiança em um programa gradual de ajuste dos gastos e controle da dívida pública”. CPI O Globo informa que juristas entregaram parecer à CPI da Covid listando possíveis crimes de Bolsonaro. Grupo é liderado pelo ex-ministro da Justiça Miguel Reale Júnior; outros juristas serão ouvidos nos próximos dias. O documento lista crime de responsabilidade, contra a Saúde Pública, contra a Paz Pública, contra a Administração Pública e contra a Humanidade. Ontem, na comissão, o depoimento do advogado e empresário Marcos Tolentino mostrou vários negócios em comum com o grupo FIB Bank, mas ele alega serem frutos de participações em sociedades que manteve no passado. Ele se calou quando questionado sobre detalhes de sua relação. O advogado e empresário também disse que manteve “encontros meramente casuais” com Bolsonaro e reafirmou sua amizade com o líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR). No Globo, Bernardo Mello Franco elogia a iniciativa da CPI de propor mudanças na lei do impeachment, em vigor desde 1950. “À primeira vista, o assunto parece não ter muito a ver com o objeto da comissão”, aponta. “Na prática, tem tudo. A ideia é impedir que o resultado de meses de investigação termine na lata do lixo”. BRASIL NA GRINGA Reportagem do Financial Times mostra que os homens de negócios do Brasil estão insatisfeitos com Bolsonaro. “Muitos no mundo corporativo e financeiro que antes apoiavam o presidente agora estão perdendo a fé”, destaca o jornal. “As explosões do presidente de direita contra os juízes da Suprema Corte, o sistema de votação e a eleição do próximo ano abalaram a democracia mais populosa da América Latina. Muitos no mundo corporativo e financeiro que antes o apoiaram estão agora perdendo a fé no líder da maior economia do continente”, continua. “O desconforto foi sublinhado em uma carta aberta de grupos empresariais proeminentes pedindo ‘harmonia’ entre os três poderes constitucionais do Brasil, após os confrontos de Bolsonaro com os principais juízes sobre suas alegações não comprovadas de fraude eleitoral”. Artigo de Vanessa Barbara, publicada no New York Times, aponta que Bolsonaro está ficando desesperado e está claro o que ele deseja. “As travessuras do presidente, lutando nas urnas e ameaçado pela perspectiva de impeachment, são um sinal de desespero”, pondera. “Mas isso não significa que ele não possa ter sucesso”. Ela alerta: “As manifestações da semana passada não foram simplesmente exibicionismo político. Eles foram mais um movimento para fortalecer a posição de Bolsonaro para uma eventual tomada de poder antes das eleições do próximo ano. Ele não conseguiu exatamente o que queria - os números, embora substanciais, foram bem menores do que os organizadores esperavam - mas ele continuará tentando”. Washington Post reproduz despacho da Associated Press destacando que quase todas as nações do mundo estão aquém — a maioria delas muito aquém — em seus esforços para combater a mudança climática. “É improvável que o mundo mantenha o aquecimento até o limite acordado internacionalmente, de acordo com um novo relatório científico”, diz o texto. “Apenas uma nação — a minúscula Gâmbia, na África — está no caminho certo para reduzir as emissões e empreender sua cota de ações para evitar que o mundo ultrapasse a meta do acordo de Paris de limitar o aquecimento a 1,5 graus Celsius (2,7 graus Fahrenheit) de aquecimento desde o período pré-industrial vezes”. O relatório informa que “Brasil e México ‘retrocederam’ em sua luta para conter o aquecimento”. Reuters informa que o governo do líder da extrema-direita Jair Bolsonaro sofreu dura derrota ontem. O presidente no Senado matou decreto de Bolsonaro criticado por empresas de tecnologia que estimulava o avanço das fake news. “Rodrigo Pacheco, disse na terça-feira que não consideraria o decreto do presidente Jair Bolsonaro que limita o poder das redes sociais de remover conteúdo, matando uma medida que encontrou ampla oposição de gigantes da tecnologia”, diz. O francês Le Monde também repercute a decisão: Senado brasileiro revoga decreto de Jair Bolsonaro sobre moderação das redes sociais. “O decreto presidencial pretendia combater ‘o apagamento arbitrário e injustificado de contas, perfis e conteúdos’. Ele poderia ter, segundo seus detratores, dificultado a luta contra a desinformação”, resume. O jornal inglês The Guardian traz reportagem do correspondente Tom Phillips sobre o garimpo na Amazônia brasileira. “Todo mundo está fugindo”: Brasil reprime mineração ilegal na Amazônia — por enquanto. Ele reporta a partir de Jardim do Ouro, que pertence ao município de Itaituba, no Pará. “Sinais da devastação causada por décadas de exploração desenfreada estão por toda parte”, descreve. Segundo Phillips, “o governo determinado a mostrar ao mundo uma face nova e mais verde, mas os ativistas estão céticos de que a repressão terá um impacto duradouro”. Ainda no Guardian outro destaque é que o fotógrafo Sebastião Salgado venceu o prêmio Praemium Imperiale 2021. Ele foi eleito um dos quatro vencedores de um prêmio de £ 400 mil concedido pela Japan Art Association. A exposição Amazonia, de Salgado (acima, uma das fotos), será aberta no Science Museum de Londres a partir de 13 de outubro. INTERNACIONAL New York Times destaca em manchete que a pobreza nos EUA caiu no ano passado em níveis recordes graças à ajuda governamental, que compensou os milhões de empregos perdidos. “Quando os benefícios do governo são levados em consideração, uma parcela menor da população vivia na pobreza em 2020, mesmo com a pandemia eliminando milhões de empregos”, informa. Wall Street Journal mantém foco nas revelações sobre os abusos cometidos pelo Facebook. O jornal revela que a plataforma sabia que o Instagram é tóxico para meninas adolescentes, conforme documentos da própria empresa. “A pesquisa aprofundada mostra um problema significativo de saúde mental de adolescentes que o Facebook minimiza em público”, denuncia o jornal. É a segunda parte de uma série que oferece visão incomparável das falhas do gigante da mídia social — e sua falta de vontade ou incapacidade de lidar com elas. O francês Le Monde traz uma reportagem mostrando o nível de abandono da população afegã. “Não temos mais o que comer, vamos acabar morrendo de fome”. Nas ruas de Cabul, desespero e miséria. “Bancos sem liquidez, famílias obrigadas a vender seus bens, sistema de saúde à beira da implosão... No Afeganistão, o novo governo do Taleban enfrenta uma crise econômica e humanitária”, informa. |
AS MANCHETES DO DIA |
Folha: Economistas preveem PIB abaixo de 1% em 2022 Estadão: BC levará Selic ‘ainde precisar’; mercado reduz projeção do PIB O Globo: Previsão do PIB para 2022 já fica abaixo de 1% Valor: Previsões para PIB em 2022 caem abaixo de 1% El País (Brasil): STF e Congresso enterram tentativa de Bolsonaro de facilitar ‘fake news’ nas redes sociais BBC Brasil: Por que expectativas para economia do Brasil em 2022 estão piorando rapidamente UOL: Congresso ignora pauta de Bolsonaro e deixa de lado agenda ideológica G1: Com crise hídrica, Brasil bate recorde na geração de energia por termelétricas em julho R7: Para tentar conter avanço da inflação, taxa básica de juros pode ter maior alta em 21 anos Luis Nassif: Setor de Serviços está 6,4% abaixo de julho de 2014 Tijolaço: O barulho da passeata dos preços Brasil 247: Noblat abre autocrítica da mídia sobre Lula e Lava Jato DCM: Juristas da CPI listam 7 crimes de Bolsonaro na pandemia Rede Brasil Atual: Cai MP das fake news de Jair Bolsonaro Brasil de Fato: Mulheres indígenas ocupam Brasília em marcha histórica; STF retoma julgamento do marco temporal Ópera Mundi: Procurador do Haiti pede que premiê seja investigado pela morte de Moïse Fórum: Mais uma derrota de Bolsonaro: Pacheco devolve MP pró-fake news Poder 360: Rio passa a exigir certificado de vacinação a partir desta 4ª New York Times: A taxa de pobreza dos EUA cai para um nível recorde à medida que a ajuda compensa perda de empregos Washington Post: Projeção aponta que governador Newson vence na Califórnia WSJ: Facebook sabe que o Instagram é tóxico para meninas adolescentes, diz pesquisa interna Financial Times: Reino Unido adia a imposição de verificações sobre produtos da UE até 2022 The Guardian: Aja urgentemente para enfrentar até 7.000 internações por dia no hospital, disseram cientistas ao primeiro-ministro The Times: Vamos trabalhar duro e cedo para conter a crise de inverno, disse Johnson Le Monde: Vacinação obrigatória ou onde fica o hospital? Libération: Escândalo de chumbo. Solos poluídos, crianças contaminadas El País: Aragonès exclui Junts para salvar a mesa de diálogo El Mundo: Sánchez e Aranonès afiançam seu pacto depois de separarem Pigdemont Clarín: Fernández se aproxima de prefeitos e La Cámpora reclama que faça mudanças Página 12: Muito barulho Granma: Díaz-Canel recebe Gail Walker Diário de Notícias: Ventura e Chega condenados por "segregação social" Público: Mais de 80% dos presidentes se recandidam nestas autárquicas Frankfurter Allgemeine Zeitung: Por que o aviso foi tão tarde? Moskovskij Komsomolets: A causa da explosão em Noginsk foi estabelecida: gás acumulado em outro apartamento The Moscow Times: ‘Há fadiga depois de 20 anos’: uma jovem candidata à Duma russa pressiona por mudança Global Times: Universal Beijing tem bom começo em meio a laços frios, desafiando o estereótipo ‘anti-EUA’ pintado pela mídia ocidental Diário do Povo: Xi enfatiza o desenvolvimento de alta qualidade da província de Shaanxi |
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