MIDIALTERNATIVA FREE PRESS: Deu na Imprensa

Os jornalões nacionais dão amplo destaque ao fiasco do Brasil na Assembleia Geral da ONU, com Jair Bolsonaro jogando para a claque e produzindo a pior passagem de um chefe de Estado brasileiro pelo foro principal da diplomacia internacional. O presidente mentiu, distorceu e provocou reações debochadas de diplomatas, isolando ainda mais o Brasil na comunidade internacional. As manchetes nacionais dão um resumo da atuação do líder extremista, que também ganhou espaço na imprensa internacional, com cobertura sempre em tom negativo — leia mais em Brasil na Gringa.

Seguem os enunciados dos três principais jornais do país. Folha: Tumulto, falácias e descrédito marcam a ida de Bolsonaro à ONU. Estadão: Bolsonaro exalta na ONU remédio ineficaz; Queiroga pega Covid. O Globo: Presidente distorce fatos sobre Covid, economia e Amazônia. Já o Valor trata da costura do acordo no Congresso em torno de uma nova burla do já combalido teto dos gastos — Parte de precatórios pode ser paga por negociação. E a edição nacional do El País coloca foco na crise da incorporadora chinesa: Fundador da Evergrande promete que a imobiliária “sairá logo do momento mais sombrio”.

Para piorar o vexame brasileiro junto às nações, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, está infectado com a Covid-19 e segue em quarentena nos EUA. A Anvisa recomenda isolamento de toda a comitiva de Bolsonaro. No UOL, Leonardo Sakamoto detona: Viagem de Bolsonaro e Queiroga à ONU serviu só para espalhar covid. Na ONU, o presidente deu informações incompletas sobre desmatamento na Amazônia e falsa sobre o 7 de Setembro.

Elio Gaspari espinafra o ministro da Saúde no artigo a ruína do coronel Queiroga. “Queiroga comeu pizza de dia, mostrou o dedo à noite e ontem ouviu um discurso delirante. Está há seis meses na cadeira e tornou-se símbolo do caos da administração de Jair Bolsonaro. Quem achava que depois do general Eduardo Pazuello qualquer substituto seria boa escolha enganou-se”, ataca.

Na política, a passagem do ministro-chefe da Controladoria Geral da União, ontem, pela CPI é um dos assuntos do dia. Ele fez um ataque machista na CPI e passa a ser investigado por omissões da CGU na pandemia. O ministro Wagner Rosário ofendeu senadora diz que Tebet é ‘descontrolada’ e é chamado de 'moleque' por senador.

Na economia, o assunto do dia é o acordo fechado pelo Ministério da Economia e os líderes do Congresso para oficializar o calote do governo federal nas suas dívidas com contribuintes brasileiros e empresas. Guedes, Pacheco e Lira propõem limite para precatórios e brecha para pagamentos fora do teto. Dos R$ 89,1 bilhões programados para 2022, R$ 39,9 bilhões ficariam no teto e até R$ 49,1 bilhões seriam flexibilizados.

ELEIÇÕES 2022

Valor noticia que o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), responsabiliza o PT por clima de divisão no país e faz reunião com Arthur Lira. Para o governador gaúcho, população rejeita tanto Bolsonaro quanto o petista. Não menciona que Lula é o líder nas pesquisas eleitorais, com 56% da preferência do eleitor no segundo turno, segundo o último DataFolha.

Levado à condição de oráculo pela mídia oligopolista, o ex-presidente Michel Temer surge no Valor vaticinando sobre a conjuntura política. Para Temer, fragmentação garante polarização. “Ex-presidente afirma que desarmonia entre os Poderes sempre representa uma inconstitucionalidade”, destaca o jornal.

DILMA

Folha e sites divulgam nota da ex-presidenta Dilma Rousseff apontando que um acordo de Eduardo Cunha com empresas de comunicação — “notadamente a Rede Globo” —, em 2015, inviabilizou debate sobre regulação da mídia. Ex-presidente afirma que adversário obstruiu discussão em meio à crise que levou ao impeachment.

BRASIL NA GRINGA

New York Times traz artigo sobre o discurso do líder extremista brasileiro nas Nações Unidas. Não vacinado e desafiador, Bolsonaro recua contra as críticas em seu discurso na ONU, escreve o correspondente Ernesto Londoño. “Bolsonaro deu início à Assembleia Geral das Nações Unidas na terça-feira, defendendo o uso de drogas ineficazes para tratar o coronavírus e rejeitando as críticas ao desempenho ambiental de seu governo”, relata. “O presidente de extrema direita do Brasil disse que os médicos deveriam ter mais margem de manobra para administrar medicamentos não testados para Covid-19, acrescentando que ele estava entre aqueles que se recuperaram após o tratamento off-label com uma pílula anti-malária que os estudos consideraram ineficazes para tratar o doença”.

O inglês The Guardian espinafra a participação do líder extremista brasileiro nas Nações Unidas. Bolsonaro prometeu mostrar um novo Brasil, mas discurso da ONU "cheio de mentiras" corta pouco gelo. “O presidente da extrema direita vendeu remédios da Covid não comprovados e fez alegações infundadas sobre a política brasileira e o meio ambiente”, relata o correspondente Tom Phillips. “Bolsonaro fez pouco para reparar a reputação internacional de seu país”.

New York Times e Washington Post replicam despacho da Associated Press destacando a declaração estapafúrdia de Bolsonaro sobre não ter tomado nenhuma dose de imunizante contra a Covid. Presidente brasileiro afirma que não é vacinado. “Durante uma reunião com o primeiro-ministro Boris Johnson, da Grã-Bretanha, que saudou a vacina da AstraZeneca, o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, disse que não havia sido vacinado contra a Covid-19”, relata.

Clarín ainda destaca o ataque de Bolsonaro a Lula no discurso na ONU: “O Brasil estava à beira do socialismo”. Antes da Assembleia Geral, afirmou que pretendia oferecer “uma imagem do seu país que os meios de comunicação não veiculam”.

O NYTimes ainda noticia que o ministro da Saúde do Brasil testa positivo para o vírus na Assembleia Geral da ONU. “O ministro acompanhava o presidente Jair Bolsonaro, que se recusou a ser vacinado”, lembra. O argentino Clarín vai na mesma linha: O ministro da Saúde do Brasil deu positivo para coronavírus, após discurso de Jair Bolsonaro nas Nações Unidas. Página 12 ironiza: terão que colocar o ministro em quarentena nos Estados Unidos.

O espanhol El País também informa sobre a infecção do ministro na cidade americana. Em artigo publicado na edição de hoje do jornal, o correspondente Juan Arias diz que não é só culpa do Bolsonaro que o mundo zombe do Brasil. “As desculpas políticas para não abrir um processo contra o presidente são ridículas, além de perigosas”, resume.

O francês Libération destaca a passagem do brasileiro na Big Apple. Em Nova York, Bolsonaro sem teto por falta de passe sanitário. “Ainda não vacinado contra a Covid-19, o presidente brasileiro não pode entrar em restaurantes da cidade e teve que comer fora no domingo”, reporta. “No entanto, ele pôde fazer um discurso na terça-feira, na abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas”.

O português Diário de Notícias destaca na capa da edição desta quarta-feira uma foto de Bolsonaro ao lado de Joe Biden e do secretário geral das Nações Unidas, Antonio Guterres. Diz o título na capa: Assembleia Geral da ONU. Do alarme de Guterres à guerra fria de Biden com Bolsonaro pelo meio. E a reportagem: "Estávamos à beira do socialismo", diz Bolsonaro em discurso radical.

O Financial Times noticia que o Brasil se prepara para mais um grande aumento da taxa de juros na tentativa de domar a inflação. Banco Central busca estratégia agressiva de aperto para combater preços descontrolados de tudo, de alimentos a combustíveis. “O banco deve aumentar as taxas de juros pela quinta vez consecutiva este ano, em uma batalha para conter a inflação que quase atingiu os dois dígitos. Uma recuperação global das commodities, a pior seca em quase um século e uma moeda enfraquecida contribuíram para aumentos bruscos de preços de tudo, de alimentos a combustíveis, atingindo milhões de pessoas na maior economia da América Latina”, resume Michael Pooler. “Enquanto os formuladores de política monetária em todo o mundo consideram a melhor forma de administrar a inflação mais alta estimulada pela retirada das restrições da Covid-19, o Banco Central do Brasil, ou BCB, está entre os mais agressivos nos mercados emergentes quando se trata de aperto monetário”.

INTERNACIONAL

A manchete do New York Times destaca o pronunciamento do presidente Joe Biden na Assembleia Geral da ONU. Biden pede diplomacia, não conflito, mas alguns são céticos. “O presidente disse que deseja cooperação global para enfrentar os desafios, mas alguns aliados e adversários dizem que suas ações apontam para o confronto com a China e uma ação unilateral, desmentindo suas palavras”, reporta.

Washington Post é mais positivo: Biden pede unidade global. Ele defendeu o fim confuso da guerra no Afeganistão e disse que o mundo precisa se unir para enfrentar ameaças globais como as mudanças climáticas e o coronavírus. Ainda assim, diz o Post — há “crescentes dúvidas dos aliados sobre a liderança americana”.

Já o Wall Street Journal mantém alerta para a crise da gigante incorporadora chinesa, as decisões adotadas por Xi Jinping e os efeitos sobre a economia. Riscos regulatórios de tempestade na China estão causando danos econômicos mais amplos — diz o jornal. “Repressões em propriedades, tecnologia e outros setores estão começando a pesar sobre a atividade empresarial e aumentar os riscos financeiros no país, aumentando o potencial de que as campanhas de Pequim possam prejudicar a economia em geral”, informa.

AS MANCHETES DO DIA

Folha: Tumulto, falácias e descrédito marcam a ida de Bolsonaro à ONU

Estadão: Bolsonaro exalta na ONU remédio ineficaz; Queiroga pega Covid

O Globo: Presidente distorce fatos sobre Covid, economia e Amazônia

Valor: Parte de precatórios pode ser paga por negociação

El País (Brasil): Fundador da Evergrande promete que a imobiliária “sairá logo do momento mais sombrio”

BBC Brasil: Falhamos na comunicação e precisamos ajustar expectativa com vacinas, diz ex-diretor do Butantan

UOL: Médico que denunciou 'kit covid' relata ameaça de diretor da Prevent Senior

G1: CPI ouve hoje diretor da Prevent Senior, acusada de ocultar mortes em estudo

R7: Caixa deposita 6ª parcela do auxílio emergencial; veja quem recebe nesta quarta-feira

Luís Nassif: O problema está fora da China, nas bolhas de outros mercados

Tijolaço: O dedo de Queiroga é a espícula do ridículo