As surpreendentes e inacreditáveis revelações da advogada Bruna Morato à CPI da Covid, apontando que a Prevent Senior tinha um pacto com o governo Bolsonaro para manter a prescrição de remédios ineficazes e “autorização para matar” são a notícia estarrecedora do dia. A advogada afirmou à comissão que a empresa sugeria reduzir o nível de oxigênio de pacientes internados nas UTIs para liberar leitos. A orientação era que “óbito também é alta”. As revelações tiveram repercussão na imprensa estrangeira, com a Reuters destacando que a rede de hospitais brasileira escondeu as mortes de Covid. Segundo despacho da agência, a Prevent testou medicamentos não comprovados em pacientes idosos com Covid sem conhecimento deles, como parte de um esforço para validar a ‘cura milagrosa’ preferida do presidente Jair Bolsonaro. A Associated Press também faz alarde: Médicos brasileiros acusam empresa de saúde de forçar cloroquina. O texto foi replicado em 4,9 mil sites de notícias ao redor do mundo. Apesar disso, os jornais brasileiros fazem pouco alarde para as graves acusações lançadas contra o Palácio do Planalto. De todos os jornalões, somente o El País expõe a criminosa situação: Abismo da Prevent Senior se amplia com fala de advogada à CPI e ameaça tragar Governo Bolsonaro. No Globo, Vera Magalhães mostra-se estarrecida com as revelações: É inominável a natureza do que se descortina no caso Prevent Senior. E cobra: “É urgente que, além do Ministério Público e da CPI, o CFM, os CRMs e a Agência Nacional de Saúde Suplementar se manifestem sobre o conjunto de acusações gravíssimas feitas até aqui”. Eis as outras manchetes do dia — Folha: CPI vê elo de gabinete paralelo, Prevent e conselhos médicos. O Globo: Prevent Senior fez pacto com governo para frear lockdown, diz advogada. Estadão: Prazo de vacinas e testes vence e prejuízo chega a R$ 80 milhões. E Valor: Temor de crise energética global preocupa mercados. A denúncia do Estadão de que o governo Bolsonaro deixou vencer testes de covid, remédios e vacinas, queimando um estoque no valor de R$ 80 milhões mostra o nível da gestão do Ministério da Saúde. A pasta foi alertada ao menos duas vezes sobre proximidade da data de validade de 32 tipos de insumos. Documentos do próprio governo relatam o desperdício. Em meio à crise sanitária e financeira, o desperdício de dinheiro é um escândalo. Na política, Folha abre espaço para mostrar que a derrubada de vetos e votações fatiadas pelo Congresso expõem falhas na articulação de Bolsonaro. “Em situação atípica, 12 vetos caíram em um só dia; governo agiu para adiar e evitar derrota na análise de outros”, informa. Na economia, outra notícia ruim para os brasileiros, que deve afetar a popularidade do presidente: Petrobras sobe preço do diesel em 8,9%. Segundo os jornais, a alta dos combustíveis leva receita com ICMS a superar nível pré-pandemia. Nesta quarta-feira, a CPI ouve o empresário Luciano Hang — acusado de integrar o gabinete paralelo e financiar sites de fake news, como o Terça Livre. Coluna do Estadão informa que integrantes da comissão temem que Hang transforme o depoimento em mais uma sessão espetaculosa, fazendo da CPI um palco para o seu show no circo. Atenção à coluna de Elio Gaspari apontando para a bomba armada no TSE pronta para explodir nos próximos dias, quando a corte julgará o processo de cassação da chapa de Jair Bolsonaro e Hamilton Mourão. “Parece falta de assunto, mas é bom que se diga: trata-se de uma iniciativa retardatária e inoportuna, caso clássico de tapetão”, escreve o colunista. “É retardatária porque não faz sentido cassar uma chapa três anos depois da campanha durante a qual teriam ocorrido flagrantes transgressões da lei”. BIDEN Jornais brasileiros repercutem a reação de senadores dos EUA ao comportamento de Bolsonaro e o temor de que ele parta para uma ruptura democrática. Quatro parlamentares democratas enviaram carta instando o governo de Joe Biden a deixar claro para Bolsonaro que ação “terá sérias consequências” se optar por um golpe. Na carta enviada ao secretário de Estado, Antony Blinken, os senadores advertem que Bolsonaro vem fazendo ameaças de rompimento da ordem constitucional no Brasil, usa linguagem “irresponsável” e gestos de intimidação contra ministros do STF. “Dado que o Brasil é uma das maiores democracias e economias do mundo e um dos principais aliados dos EUA na região, a deterioração da democracia brasileira tem implicações no hemisfério e além”, dizem. ELEIÇÕES 2022 Os movimentos de políticos com vistas à sucessão presidencial continuam a ser replicados na grande mídia, ainda em busca de uma luz que possa fazer da terceira via mais do que uma ilusão dos rentistas. Jornalões alardeiam que o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) abandonou prévias nacionais tucanas para apoiar o governador Eduardo Leite (RS) contra João Doria (SP). Ele chegou a se inscrever na disputa interna, mas saída a favor do gaúcho era certa. “Agora, buscará FHC, que declarou apoio a paulista”, aponta a Folha. No Estadão, Eliane Cantanhede — célebre por proferir que o PSDB é o partido da massa cheirosa e diferenciada — derrete-se em elogios ao governador gaúcho. Desvantagem de Eduardo Leite pode se tornar virtude para 2022. “O fato de ser jovem para um empreendimento tão audacioso pode ser vantajoso para viabilizar sua candidatura à Presidência em 2022”, escreve. E elogia: “Tem uma característica curiosa: não é belicoso, briguento”. E, na Folha, outro destaque é que o PSOL reforça tendência de apoiar Lula e diz esperar 'generosidade' de partidos por Guilherme Boulos, candidato ao governo de São Paulo pela legenda. Após reeleição de presidente do partido, Juliano Medeiros, aliança com PT ganha força, mas será reavaliada em 2022; plano B de candidatura própria é mantido. No Globo, Bela Megale fala sobre “a disposição que Moro mostra para enfrentar Lula e Bolsonaro em 2022”, mas que o ex-ministro da Justiça tem problemas. “Os entusiastas da candidatura ex-juiz estão cientes que a fala não é o melhor ativo de Moro”, pondera. “Outro conselho dado ao ex-ministro é que é importante ter um bom plano para a vitória, mas também projetos caso perca as eleições”. ECONOMIA Jornais refletem a apreensão internacional pela crise de energia na Europa e seu impacto no país. Temor de crise energética global preocupa mercados — destaca o Valor na manchete. “Seguindo o exemplo de Wall Street e de outras praças, o Ibovespa caiu pouco mais de 3% e dólar comercial subiu a patamares não vistos desde o início de maio”, relata. Folha vai na mesma linha: Bolsas caem com incertezas sobre inflação pelo mundo e recuperação global. Em outra reportagem, Folha diz que expectativas de juros e inflação aumentam pelo mundo, e mercado teme estagflação. E, claro, Paulo Guedes continua vendendo terreno na lua: Bolsa volta a subir se aprovarmos reforma do IR e limitação de precatórios, diz o ministro. E o Valor alardeia o sinal do Copom: Ata dá força a cenário de Selic acima de 9%. BC indicou que pretende seguir com aumentos de 1 ponto percentual a cada reunião, levando a taxa a um nível “significativamente contracionista”, que desacelera a economia. Comentando a nova etapa da crise econômica, Vinícius Torres Freire vai direto ao ponto na Folha: Crise mundial de energia no horizonte vai encarecer ainda mais a gasolina e piorar inflação. “Motivo mais imediato da crise é a falta de gás na Europa, que contagia outros mercados”, explica. BRASIL NA GRINGA Financial Times traz na seção Big Read na edição impressa de hoje longo texto analítico — matéria de página inteira — sobre a ameaça do presidente brasileiro às instituições e ao sistema político nacional. Bolsonaro testa a democracia brasileira: 'Só Deus pode me tirar da presidência'. “O líder populista está jogando um jogo perigoso ao fazer com que seus apoiadores questionem as instituições do país, dizem os críticos”, informa. “Os comentários foram uma clara advertência do crescente radicalismo do presidente e do risco de que ele possa tentar minar, ou mesmo abandonar, as eleições marcadas para outubro de 2022”. O FT diz que 65% dos eleitores brasileiros desaprovam Bolsonaro — no poder desde janeiro de 2019. INTERNACIONAL O americano The New York Times dá manchete principal na edição desta quarta-feira, 29, para a revelação de que o presidente Joe Biden foi aconselhado por militares a estender a presença dos EUA no Afeganistão. Durante acalorada audiência no Senado, o general Mark Milley também defendeu suas ações nos meses finais do governo de Donald Trump. Washington Post é direto: Líderes militares chamam a saída do Afeganistão de ‘fracasso estratégico’. Outro destaque na capa do NYT — e manchete do Financial Times — é o alerta da secretária do Tesouro, Janet L. Yellen, sobre as consequências ‘catastróficas’ da violação do limite de dívida. Ao lado de Jerome H. Powell, presidente do Federal Reserve, ela implorou ao Congresso que aumente ou suspenda o limite de endividamento do país antes do prazo fatal de 18 de outubro. Yellen alertou que os efeitos da inação seriam sentidos em toda a economia: os adultos mais velhos poderiam ver seus pagamentos da Previdência atrasados, os soldados não saberiam quando seus cheques de pagamento estaão chegando e as taxas de juros sobre cartões de crédito, empréstimos de carro e hipotecas subiriam. Wall Street Journal informa na manchete que republicanos bloqueiam esforço mais recente dos democratas para antecipar projeto de lei de teto da dívida. Líder da minoria no Senado, Mitch McConnell citou os planos de gastos dos democratas e levantou objeções ao esforço do líder da maioria no Senado, Chuck Schumer, de permitir a aprovação por maioria simples. O jornal Moscow Times destaca em manchete principal que o governo russo condenou a decisão do YouTube de excluir os canais em alemão da emissora Russia Today financiados pelo Estado como “guerra de informação” e disse que irá bloquear a mídia alemã na Rússia em retaliação. O site de streaming de vídeo na terça-feira excluiu os canais DE e DFP da RT alegadamente por violar a política de desinformação do coronavírus. No Global Times, a manchete é para o esforço da China em alcançar prosperidade moderada (xiaokang). A prosperidade comum requer a base sólida de xiaokang, dizem analistas, observando que alcançar tal patamar de desenvolvimento reflete como o sistema da China mobiliza recursos em todo o país para atingir grandes objetivos. Isso pode dar ao gigante asiático um melhor desempenho para enfrentar os desafios futuros em um mundo de grande incerteza. O “Livro Branco” de 32.000 palavras, intitulado “A jornada épica da China da pobreza à prosperidade”, publicado pelo Gabinete de Informação do Conselho de Estado, aponta que a experiência do país oferece uma nova opção para países e povos em busca de crescimento e independência, e seu sucesso proporciona com consideráveis oportunidades de desenvolvimento. |
AS MANCHETES DO DIA |
Folha: Petrobrás contradiz Bolsonaro e afirma que preço deve subir Estadão: Passaporte da vacina já é exigido em pelo menos 249 cidades O Globo: “Sejá lá quem ganhe, vai pegar o país em frangalhos” Valor: Setor de saneamento vive expansão inédita no país El País (Brasil): Uma semana vertiginosa do peronismo argentino para recuperar votos BBC Brasil: Prevent Senior: como plano de saúde investigado cresceu como 'única alternativa' para idosos UOL: Apenas 16 entidades religiosas somam 80% das dívidas das igrejas G1: CPI ouve advogada que ajudou a produzir dossiê sobre a Prevent Senior R7: Um em cada dois brasileiros usa mais da metade da renda para pagar dívida no primeiro semestre Luís Nassif: Xadrez da abertura de inscrições para o BBB da Terceira Via Tijolaço: Palco para um palhaço? Brasil 247: Dono da holding do Itaú ataca volta de Lula e pede terceira via em 2022 DCM: Itaú quer terceira via, mas com pauta bolsonarista Rede Brasil Atual: Unidade pelo Fora Bolsonaro reunirá lideranças de diversos partidos no dia 2 Brasil de Fato: Após 7 anos, famílias de desaparecidos de Ayotzinapa cobram governo e investigação de militares Ópera Mundi: 6 em cada 10 alemães querem social-democrata como premiê, diz pesquisa Fórum: Congresso derruba veto de Bolsonaro contra federação partidária Poder 360: Estudo estima 37.163 mortes de covid subnotificadas no Brasil em 2020 New York Times: Republicanos bloqueiam novo escalonamento fiscal na conta de gastos. Governo será “desligado” em dias Washington Post: FBI diz que assassinatos dispararam em 2020 WSJ: Dois líderes do Fed renunciarão após polêmica comercial Financial Times: Crise de combustível no Reino Unido ameaça atingir os serviços de saúde e a indústria The Guardian: Brexit é o culpado pela crise de combustível do Reino Unido, diz o líder na sucessão de Merkel The Times: Deixe os trabalhadores-chave da Grã-Bretanha preencherem primeiro, pediu o primeiro-ministro Le Monde: Alemanha: tempos incertos para negociações Libération: Mulheres francesas forçadas a abortar no exterior El País: Scholz oferece um tripartite aos verdes e liberais El Mundo: O acidente do partido de Merkel abre uma crise que ofusca seu legado político Clarín: Por temor uma um rebote da inflação, querem que os supermercados freiem os preços Página 12: Registrado Granma: O que não varia para os CDRs é a missão de defender a Revolução Diário de Notícias: Lisboetas dizem que “se fartaram de Medina” Público: Belém admite que Moedas criou “ciclo próprio”, que só agora está a começar Frankfurter Allgemeine Zeitung: Os Verdes e o FDP estão explorando em pares Süddeutsche Zeitung: Seria justo nomear Habeck vice-chanceler? Moskovskij Komsomolets: O Conselho da Federação relatou um aumento na pensão média para 20 mil rublos The Moscow Times: Polícia busca escritórios do Partido Comunista enquanto a polêmica sobre votação online continua Global Times: State Grid promete garantir a demanda de energia para as necessidades de subsistência Diário do Povo: China busca "corcéis alados" para o rejuvenescimento nacional |
Nenhum comentário:
Postar um comentário