MIDIALTERNATIVA FREE PRESS: Deu na Imprensa

Nas manchetes dos jornalões brasileiros nesta quinta-feira, 2 de setembro, dois grandes assuntos: a queda do PIB brasileiro — o novo fracasso de Bolsonaro — manchetes da Folha e do Globo, e o alerta do Estadão sobre o risco de infiltração do bolsonarismo nas hostes da Polícia Militar nos estados.

O ministro da Economia delira em nova onda de alienação da realidade: Guedes critica conversa “derrotista” e vê crescimento em formato de “V”. O otimismo dele contrasta com a opinião de economistas. Recessão em 2022 não está descartada, diz o Simão Silber, para quem as medidas de Guedes viraram uma “espécie de ouro de tolo”. O fato é que o Brasil vai na contramão global e tem o 40º pior desempenho no período. Maior parte das grandes economias registra crescimento do PIB no segundo trimestre.

Eis as manchetes dos principais jornais do país. Folha: PIB estanca, e economia dá sinais de crise prolongada. O Globo: PIB estagnado e crises derrubam previsões para 2022. Estadão: Adesão da PM ao bolsonarismo radical cresce nas redes sociais. Valor: Câmara aprova o novo IR e Senado rejeita minirreforma. E, por fim, a edição brasileira do El País: O assassinato de João Alberto como símbolo da violência racista na América Latina.

Na imprensa internacional, a queda do PIB e a seca no país são os dois temas centrais sobre o Brasil na cobertura da mídia estrangeira, — leia mais em Brasil na Gringa — assim como a repercussão dos cinco anos do golpe contra Dilma.

Outras duas notícias ruins para o governo repercutem na mídia nacional: 1) o Senado rejeita a minirreforma trabalhista — uma derrota do Planalto — e; 2) nova sequência de reveses para a família do presidente na Justiça Federal — a) além da devassa fiscal nas contas de Carlos Bolsonaro, juiz quebra sigilo da ex-mulher do presidente; e b) Folha revela que Jair Renan tem relação próxima com empresário ligado a escândalo de corrupção no governo.

Sobre a estagnação da economia, com impacto direto na política e na conjuntura que se avizinha, Vinicius Torres Freire é sintético na Folha ao fazer um balanço da ação do governo para o estado geral da nação: Na mesma, PIB ainda despiora, volta a 2019 e deixa o povo para trás, sem emprego e renda. E, no Estadão, William Waack arrisca: Elites dirigentes da economia discutem como se livrar de Bolsonaro.

Nos onlines e na blogosfera, atenção à repercussão de duas pesquisas mostrando a vitória de Lula nas eleições presidenciais. Poder 360 destaca que o petista venceria Bolsonaro por 55% a 30% no 2º turno. Vantagem do ex-presidente sobe 5 pontos em um mês. E Brasil 247 destacou a pesquisa Quaest: Lula lidera e pode vencer no primeiro turno. O levantamento mostra o ex-presidente com 47% e Bolsonaro, 26%. Ciro Gomes (PDT) soma 9%, seguido por João Doria (PSDB), com 6%.

E a revista Carta Capital traz reportagem do premiado Glenn Greenwald informando que a PF tenta ligar Palocci – e o PT – aos hackers que capturaram as conversas de Moro e Dallagnol. “Documentos mostram que os métodos de coação e perseguição no inquérito da Operação Spoofing repetem o estilo consagrado pela Lava Jato”, noticia.

Sobre a crise política, Bolsonaro tensiona mais uma vez ao falar que, para se ter paz, é preciso se preparar para a guerra. “Com flores não se ganha a guerra. Se você fala de armamento (…) Se você quer paz, se prepare para a guerra”, disse. A fala de Bolsonaro ocorreu ontem, em evento na Marinha. Em texto analítico, Igor Gielow diz que Bolsonaro finge moderação e insufla atos golpistas no 7 de Setembro. “Com filhos expostos, presidente modula discurso e tenta evitar ação contra bolsonaristas”, observa.

LULA

Ainda sobre Lula, atenção ao artigo dos advogados Marco Aurélio de Carvalho, Celso Antônio Bandeira de Mello e Weida Zancaner, sobre a insistência da Folha em manter o ex-presidente como suspeito.O fardo que a Folha precisa carregar — diz o título. “Apego circunstancial a uma tese parece mais forte que respeito à decisão judicial”, condenam. “A parcialidade criminosa de Moro em relação a Lula nos trouxe aos bicudos dias de hoje”, lembram os articulistas. “O jornal não enfrenta esses fatos, como não enfrenta as consequências da prisão injusta e injustificada de um cidadão sabidamente inocente por inacreditáveis 580 dias. Para tanto, teria de rever sua parcela de responsabilidade histórica”.

CPI

Jornais noticiam que a CPI da Covid quebra sigilo após motoboy admitir que frequentava ministério da Saúde. Ivanildo Gonçalves da Silva afirma que chegou a entregar pen-drive no 4º andar da Saúde, onde atuava Roberto Dias. Em depoimento à CPI, o motoboy da VTCLog e da Voetur confirmou que esteve nas dependências do Ministério da Saúde, mas afirmou que se tratava da sua atividade de entregar boletos de pagamentos.

DILMA

O jornal argentino Página 12 e o site americano BrasilWire repercutem a entrevista da ex-presidenta à revista Focus Brasil, editada pela Perseu Abramo. Cinco anos após o impeachment, Dilma Rousseff alerta que Bolsonaro está tentando dar um “golpe dentro do golpe” — diz o título da reportagem. Ela descreve sua saída do poder como uma “guerra híbrida” para implementar um modelo neoliberal e alertou que as manifestações convocadas para o próximo dia 7 de setembro, em apoio ao Bolsonaro, são financiadas por associações de soja, polícia e grupos evangélicos. “O golpe já aconteceu (em 2016). O que estamos vivenciando são as etapas do possível endurecimento do regime político no Brasil. O governo está flertando com a possibilidade de um golpe dentro do golpe”, diz. O Brasil Wire publicou a versão em inglês da entrevista.

O jornal Guancha, de Xangai, na China, reproduz a aula magna de Dilma sobre geopolítica a partir de texto publicado no argentino Página 12. Dilma Rousseff: Nossa posição não é do lado americano, mas com a China. “A ex-presidenta brasileira acredita que, ao contrário dos Estados Unidos, a China sabe respeitar a soberania de outros países e entender o benefício mútuo e os resultados ganha-ganha”, diz o jornal. “Para sair da situação difícil, os países latino-americanos não devem obedecer cegamente aos Estados Unidos, mas devem melhorar sua capacidade de negociação. Não se curvando aos Estados Unidos, mas mantendo a independência e posição ao lado da China”.

Ainda sobre Dilma, o chileno La Tercera traz análise sobre a queda da ex-presidenta, denunciando a misoginia no seu processo de impeachment. “Os pesquisadores Farida Jalalzai e Pedro AG dos Santos destacam os elementos sexistas que marcaram o processo de afastamento da primeira mulher presidente do Brasil”, informa.

A Associated Press distribuiu texto na terça-feira, 31, informando sobre o lançamento de livro que examina o impeachment de Dilma. “Um novo livro da Associated Press explora e dá vida ao dramático e divisivo impeachment de Dilma Rousseff, a primeira mulher presidente do Brasil”, destaca. “A queda de Dilma: o impeachment da primeira mulher presidente do Brasil e o caminho para o poder da extrema-direita de Jair Bolsonaro, narra a destituição da ex-presidente, que muitos observadores do Brasil citam como a causa raiz de alguns dos maiores problemas que assolam hoje a maior nação da América Latina”.

BRASIL NA GRINGA

Reportagem de página no francês Le Monde destaca: Em Manaus: A Covid é um castigo divino. “Em um ano, a metrópole amazônica, duramente atingida pela SarsCov2, enterrou cerca de 9.500 vítimas”. O jornal destaca que nos bairros de Manaus atingidos pelo Covid-19, “as pessoas estão acostumadas com a morte, não têm medo de nada”. “Em pouco mais de um ano, a metrópole amazônica enterrou cerca de 9.500 habitantes mortos pelo coronavírus”, reporta o correspondente Bruno Meyerfeld. “Uma tragédia que se explica em particular pelo descuido do poder central, pelos erros do governador do Estado e pela pobreza que assola as cidades das periferias”.

O espanhol El País informa que a seca levou o governo brasileiro a recomendar redução de ar-condicionado e chuveiros quentes. “A histórica falta de chuvas reduziu a produção de energia hidrelétrica, obrigou a importar insumos e aumentou a conta de luz”, resume. Reuters distribuiu despacho global informando que o vice-presidente Hamilton Mourão disse que a forte seca pode levar ao racionamento de energia no Brasil, contradizendo outras autoridades que disseram que tal medida não seria necessária.

“O Brasil, uma das superpotências agrícolas do mundo, está sofrendo uma das piores secas em um século”, diz a matéria da Reuters. “A falta de chuvas esvaziou os reservatórios das hidrelétricas, aumentou a inflação e prejudicou os agricultores. O governo deu incentivos para usar menos energia, mas diz que o racionamento não é esperado”. O despacho foi replicado em 1.450 sites e veículos noticiosos ao redor do mundo.

O argentino Clarín também dá amplo destaque à falta de chuvas no país. Brasil sofre pior seca em quase um século e aprofunda crise energética. “A situação ficou palpável para os consumidores na conta de luz, que ficou mais cara nesta terça-feira em quase 7%”, reporta. O ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque, apelou a um “esforço urgente” dos setores público e privado para mitigar o risco de falta de energia.

Diário de Notícias, de Portugal, destaca que o Rio Paraná, o segundo maior da América do Sul, está em níveis mínimos históricos. “Colosso da América do Sul e décima bacia hidrográfica do mundo, o rio Paraná sofre a sua pior seca em mais de meio século e é um enigma se a causa se deve a um ciclo natural, ou à mudança climática, com efeitos incertos no longo prazo”, relata.

Outro destaque do dia nos jornais estrangeiros, como o El País, é a queda da economia nacional. Indústria e agricultura reduzem o PIB do Brasil. “Maior economia da América Latina contrai 0,1% no segundo trimestre do ano e investimento cai”, informa. A Bloomberg é alarmista: Economia do Brasil cresce menos após trimestre decepcionante. “A economia contraiu inesperadamente no segundo trimestre, levando os economistas a revisar para baixo suas estimativas de crescimento para 2021, à medida que ameaças fiscais e uma crise hídrica se aproximam”, diz o texto.

Reuters alerta que o Ministério da Agricultura do Brasil investiga caso suspeito de doença da vaca louca. Uma fonte do setor disse, sob condição de anonimato, que o caso suspeito ocorreu no estado de Minas Gerais. O governo brasileiro diz que tais investigações são comuns e se comprometeu a anunciar suas descobertas assim que a investigação em andamento for concluída.

Com fotos de queimadas na floresta amazônica, o alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung destaca que um terço das espécies de árvores estão ameaçadas de extinção. “O desmatamento de áreas florestais e a extração industrial de madeira ameaçam a continuidade da existência de muitas espécies de árvores. O Brasil e as regiões tropicais da África estão particularmente em risco”, alerta.

INTERNACIONAL

Manchete do New York Times destaca a decisão da Suprema Corte de não bloquear a lei de aborto do Texas. A lei, que proíbe a maioria dos abortos após seis semanas e entrou em vigor na quarta-feira, foi redigida por legisladores do Texas com o objetivo de frustrar os esforços de contestá-la em um tribunal federal. Pouco antes da meia-noite desta quarta-feira, a Suprema Corte se recusou a bloquear a lei do Texas que proíbe a maioria dos abortos, menos de um dia depois dela entrar em vigor e tornar-se a medida de aborto mais restritiva do país. A votação foi por 5 a 4, com John G. Roberts Jr. juntando-se aos três membros liberais do tribunal em dissidência. O Supremo decidiu os provedores de aborto que desafiaram a lei em um requerimento de emergência ao tribunal não apresentaram seu caso diante de questões processuais “novas e complexas”.

Washington Post destacou como fato do dia a aprovação da lei: Texas impõe proibição do aborto em seis semanas. “Uma Suprema Corte dividida se recusou a bloquear uma das leis de aborto mais restritivas do país, um estatuto único do Texas que proíbe o procedimento já com seis semanas de gravidez”, informa. “Como o tribunal não agiu no início do dia, a lei já havia entrado em vigor e as clínicas no Texas disseram que pararam de oferecer abortos a partir de seis semanas após a última menstruação da mulher”.

AS MANCHETES DO DIA

Folha: PIB estanca, e economia dá sinais de crise prolongada

Estadão: Adesão da PM ao bolsonarismo radical cresce nas redes sociais

O Globo: PIB estagnado e crises derrubam previsões para 2022

Valor: Câmara aprova o novo IR e Senado rejeita minirreforma

El País (Brasil): O assassinato de João Alberto como símbolo da violência racista na América Latina

BBC Brasil: Novo adiamento no STF mantém queda-de-braço sobre marco temporal de terras indígenas

UOL: Câmara dos Deputados aprova texto principal do novo Imposto de Renda

G1: Câmara aprova texto-base da reforma do Imposto de Renda

R7: Número de municípios brasileiros sem registro de mortes por covid-19 cresce 48% em agosto

Luis Nassif: Terceira via? Pesquisa joga balde de água fria em Ciro Gomes, Mandetta e Doria

Tijolaço: Lobista da Precisa ajudou Jair Renan a montar ‘empresa’