quarta-feira, 8 de setembro de 2021

Bolsonaro respira nas ruas, mas amplia pressão por impeachment

 


O presidente Jair Bolsonaro se refestelou neste Sete de Setembro e tomou um banho de povo em Brasília e em São Paulo, onde encontrou seus apoiadores mais leais. Aproveitando o feriado da Independência, eles rumaram às duas capitais para demonstrar seu apoio irrestrito ao mandatário. Centenas de milhares que ecoaram suas críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF) foram às ruas e carregaram cartazes padronizados para incentivar uma intervenção para “enquadrar” o Judiciário, relata Afonso Benites, que acompanhou a manifestação na Esplanada dos Ministérios. Mas, fora das fotos e vídeos que vão irrigar os canais bolsonaristas, a realidade é outra. O sucesso do discurso junto a sua plateia foi inversamente proporcional ao impacto no mundo político. Partidos começam a se mobilizar pelo impeachment. Assim disseram PSDB, MDB, Podemos e PSD, contam Carla Jiménez e Rodolfo Borges. Juntos, somam mais de 100 votos na Câmara de Deputados, e ampliam o espectro que a esquerda monopolizava na atuação pelo afastamento do presidente.

A razão está nas contradições verbalizadas pelo presidente e reverberadas por seus apoiadores, como registram Regiane Oliveira e Gil Alessi, direto da manifestação na avenida Paulista. Ao mesmo tempo em que diziam "democracy, yes", em inglês mesmo, para serem ouvidos fora do Brasil, os bolsonaristas defendiam o fim do Supremo. "As manifestações tiveram um papel fundamental na continuidade de um processo que é marcado pela produção permanente do medo, da ameaça e na corrosão democrática que se intensifica desde o dia em que Bolsonaro assumiu a presidência", analisa em artigo a antropóloga Rosana Pinheiro-Machado. Para Eliane Brum, o mais importante é o dia seguinte: "se Bolsonaro ameaça o Supremo em plena Paulista e o impeachment não sair da gaveta, ele ganhou o 7 de Setembro e a democracia acabou no Brasil".

Também nesta edição, uma decisão judicial histórica no México. A Suprema Corte anulou a pena de prisão para a interrupção voluntária da gravidez, aplicada em alguns Estados, e estabeleceu um precedente para todo o país, informam Almudena Barragán e Carmen Morán Breña. “A partir de agora não será possível processar nenhuma mulher que faça aborto nos casos considerados por este tribunal”, disse o presidente do tribunal, Arturo Zaldívar. Trata-se de uma “nova via de liberdade, clareza, dignidade e respeito, e um grande passo em frente na sua luta histórica pela igualdade e pelo exercício dos seus direitos”, acrescentou.

Do Afeganistão, uma investigação sobre a ideologia talibã. Os islamistas radicais têm muito em comum, mas não são todos iguais, explica Ángeles Espinosa, enviada especial a Islamabad., no Paquistão. O peso da cultura local diferencia os novos dirigentes afegãos de outros grupos semelhantes, abrindo uma fresta para que possam mostrar certa flexibilidade. Bashir Ahmad, professor de Estudos Islâmicos, explica que “há muitas diferenças entre a ideologia talibã e o wahabismo”, que ele equipara à ideologia do Estado Islâmico, com a qual os novos governantes de Cabul rivalizam. Esse mergulho na cultura local ajuda na compreensão das dinâmicas estabelecidas no país após a retirada das tropas norte-americanas.


Bolsonaro respira nas ruas, mas amplia isolamento e pressão por destituição
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Presidente reúne as maiores manifestações em seu favor, só que às custas de atritos com Judiciário e Legislativo. Partidos analisam possível impeachment

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