O Brasil passou a França em número de mortes causadas pela covid-19 —com 29.314 óbitos confirmados —e agora ocupa a quarta posição do triste ranking de vítimas da doença no mundo. Nas ruas do país, entretanto, a vida segue quase normal. Enquanto municípios e Estados começam a anunciar suas reaberturas, com a curva de casos ainda em ascensão, novos protestos da ultradireita tomaram as ruas neste final de semana. Em São Paulo, houve a contraposição de outra marcha, a de torcidas organizadas antifascistas, que convocaram um ato pró-democracia. Houve desentendimento entre os dois grupos e a Polícia Militar jogou bombas de gás lacrimogêneo contra os manifestantes anti-Bolsonaro, que revidaram com pedras e paus os policiais. Enquanto a avenida Paulista era transformada em um campo de batalha em plena quarentena contra o novo coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro sobrevoava com um helicóptero oficial os atos a seu favor e contra o STF e o Congresso, em Brasília. Depois, desceu e andou pela multidão, mais uma vez sem usar máscaras. Não comentou as manifestações contrárias a ele —que também ocorreram no Rio de Janeiro, onde o ato teve como foco o fim dos assassinatos de pessoas negras no país.
Os Estados Unidos, que ainda têm o maior número de casos e mortes pelo novo coronavírus, também viram suas ruas ocupadas por uma onda de manifestações pelo fim da violência policial. Os protestos contra o assassinato de George Floyd, um homem negro, pelo policial Derek Chauvin, um homem branco, se espalharam como um rastro de pólvora pelo país (que também está majoritariamente em quarentena) e chegaram às portas da Casa Branca neste domingo. Assim como no Brasil, o presidente norte-americano adotou um discurso de polarização. Donald Trump disse que "entendia" o movimento vidas negras importam, mas criticou o incêndio de imóveis e veículos nos atos, o que atribuiu à "extrema esquerda". “Entendo a dor que as pessoas sentem”, disse Trump. “Apoiamos o direito dos manifestantes pacíficos e ouvimos seus apelos. Mas o que estamos vendo agora nas ruas de nossas cidades não tem nada a ver com justiça ou paz. A memória de George Floyd está sendo desonrada por desordeiros, saqueadores e anarquistas”, afirmou. “[Os culpados] são os antifascistas e a extrema esquerda. Não joguem a culpa nos outros!”, tuitou antes.
E ainda nesta edição, a repórter Beatriz Jucá relata o cotidiano sob pressão dos atendentes de ambulância diante da doença que já deixou mais de meio milhão de infectados no país. "São duas horas da tarde de terça-feira, 26 de maio. A tranquilidade que tomava a base central do Samu de Santo André ―a quarta maior cidade de São Paulo― é quebrada por um chamado no rádio. “É covid”, grita um profissional do Samu que conversava com os companheiros na garagem. O enfermeiro Haroldo Guireli e o condutor Ricardo Vieira Lopes correm para se paramentar e seguem em uma ambulância básica para encontrar uma paciente de 37 anos. Acostumados a acompanhar principalmente casos de traumas, os dois viram o perfil de seus pacientes mudar desde março. “Está morrendo mais gente. O paciente com a doença não volta [da parada respiratória]. A gravidade aumentou”, conta o coordenador do Samu de Santo André, Renan Tomas.
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