As manchetes desta terça-feira, 1º de Junho, convergem para a nova manobra diversionista de Bolsonaro: colocar o Brasil como sede da Copa América, após a Argentina se recusar a receber a competição por causa da pandemia. O assunto também ganha repercussão – negativa – na imprensa estrangeira, com jornais influentes, como o Financial Times reportando a conveniência de ceder estádios de futebol numa nação em que o vírus da Covid-19 está acelerando e tornando a pandemia mais letal e perigosa. A outra notícia importante não está nos jornais, mas nos onlines: PIB cresce 1,2% no 1º trimestre e volta ao patamar pré-pandemia. Paulo Guedes vai bater bumbo e reforçar a estratégia de que o Brasil está de volta aos trilhos, tentando esconder a tragédia social que se abateu sobre o país nos últimos anos, desde o Golpe de 2016: a pobreza cresceu e a desigualdade disparou aos níveis de 30 anos atrás. O tom das manchetes dos impressos mostra uma reação negativa da mídia corporativa à iniciativa do governo de garantir a maior competição do futebol latino americano no país. Folha: Com UTIs cheias, Bolsonaro negocia receber Copa América. Estadão: Conmebol anuncia Copa América no País; caso pode ir à Justiça. O Globo: Com alerta de terceira onda, Bolsonaro aceita Copa América. E a edição brasileira do El País: Após repercussão negativa, Governo Bolsonaro agora diz que Copa América no Brasil "não é certa". Reportagem do Valor destacou que a oposição vai ao STF para tentar impedir realização do torneio. PT fez petição a Ricardo Lewandowski. Só o jornal Valor destoa na cobertura, refletindo as expectativas do mercado financeiro na economia: Otimismo domina bolsa apesar de risco elétrico. O descolamento sobre o cenário econômico real – desemprego em massa e aumento da desigualdade – contrasta com o tom ufanista do jornal, com diversas reportagens positivas sobre o desempenho da economia nacional, com queda da dívida bruta. Paulo Guedes surge vendendo crescimento – "bem acima das previsões iniciais". Ministro diz que notícias são "animadoras" nos primeiros meses do ano. O fato, contudo, é que a crise hídrica é de fato uma ameaça real. Para o secretário da Fazenda, Bruno Funchal, impacto do problema na retomada não pode ser ignorado. Funchal disse não haver dúvida de que quanto mais acelerado o país estiver no processo de vacinação, melhor será o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) neste e no próximo ano. A partir de texto da BBC, Folha reforça que seca histórica traz risco de inflação e racionamento de energia. Governo emitiu alerta de emergência hídrica até setembro para cinco estados. Curioso é que, segundo o Valor, o governo vai recorrer a Pedro Parente para resolver crise hídrica. Ex-ministro da Casa Civil, Parente foi o principal gestor da crise no grande apagão enfrentado pelo governo Fernando Henrique. Sobre a política, jornais destacam – Folha à frente – que a esquerda calcula riscos de novos atos contra Bolsonaro na pandemia e faz esforço por unidade no calendário, enquanto o presidente minimiza os atos de sábado contra o seu governo: "faltou maconha para manifestantes". Bolsonaristas preparam novos atos, mas dizem não ser resposta a manifestações da esquerda. O Globo reporta que Lula e Ciro Gomes adotam cautela sobre presença em manifestações durante pandemia. PT e PDT planejam, porém, ajudar na mobilização de novos protestos. Globo e Estadão tentam se reposicionar depois da omissão de domingo, quando minimizaram os atos convocados pelas esquerdas contra o governo – destaque hoje no New York Times. Em editorial, Estadão diz que as manifestações contra Bolsonaro foram muito significativas. "Não é trivial ir às ruas para expressar descontentamento com o governo em meio à pandemia", opina. O Jornal Nacional, da Rede Globo, deu ontem cobertura correta de 4 minutos sobre as manifestações contra Bolsonaro, que tiveram repercussão no Congresso. "Governistas tentaram minimizar o impacto, enquanto senadores de oposição avaliam que as pessoas escolheram se arriscar para mostrar a insatisfação com o governo Bolsonaro na condução da pandemia, principalmente na compra e fornecimento de vacinas", disse o telejornal. No Valor, Maria Cristina Fernandes alerta sobre o risco de Bolsonaro capitalizar os protestos e fala da insubordinação da PM de Pernambuco, que partiu para cima dos manifestantes num estado governado por um partido de esquerda. "A faísca no palheiro da Polícia Militar de Pernambuco é a combustão que o presidente da República precisa para embaralhar as cartas que hoje lhe são desfavoráveis na apuração, pelo Exército, das transgressões do general Pazuello", lembra. "Baderna não é colocar um general de Exército num palanque de um presidente que nem partido tem, é um governador não ter comando de sua polícia. Mentira? Com certeza, mas a oposição ainda tem que se mostrar capaz de rebatê-la". Leia a íntegra do artigo ao final deste briefing. Jornais noticiam que a Polícia Militar de Goiás prendeu um professor que se recusou a retirar adesivo 'Bolsonaro genocida' de carro. Em gravação, policial lê trecho da Lei de Segurança Nacional; governo de Goiás diz que fato foi 'lamentável' e afastou PM. O professor é um dirigente do PT: Arquidones Bites, que é secretário de movimentos populares. Ainda na política, CPI retoma hoje os depoimentos e quer esclarecer reuniões da médica Nise Yamaguchi com Bolsonaro e o decreto para mudar bula da cloroquina. Defensora do medicamento sem comprovação científica, ela presta depoimento à comissão nesta terça. No Estadão, o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM) diz que já 'há prova suficiente para indiciamento' de Bolsonaro. BRASIL NA GRINGA New York Times noticia a onda de protestos que eclodiu no Brasil no sábado contra o governo. À medida que aumenta o número de vírus, as divisões políticas do Brasil se espalham pelas ruas. "À medida que aumenta o número de vírus, as divisões políticas do Brasil se espalham pelas ruas", escrevem os correspondentes Ernesto Londoño e Flávia Milhorance. "Os oponentes do presidente Jair Bolsonaro montaram os maiores protestos desde o início da pandemia, sugerindo nova volatilidade antes das eleições do próximo ano" . Wall Street Journal relata que a vacina chinesa reduz em 95% as mortes de Covid-19 em cidade brasileira. A experiência do Brasil de vacinar uma cidade inteira com a vacina chinesa CoronaVac reduziu as mortes de Covid-19 em 95%, disse o centro de pesquisa público que organizou o estudo. O experimento foi feito em Serrana, no interior de São Paulo. O alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung também publica reportagem sobre a Pequena cidade vacinada no Brasil. "Ao contrário da maioria dos brasileiros, os moradores de Serrana podem respirar aliviados: a cidade quase nunca é infectada pelo vírus corona. A razão para isso não é um milagre, mas uma vacinação em massa". Financial Times noticia que o Brasil sediará o torneio de futebol da Copa América, mesmo atingido pela Covid. "Decisão de acolher concurso evitado por Argentina e Colômbia atrai escárnio e desprezo", informa o jornal britânico. "O Brasil se apresentou na segunda-feira para sediar o torneio de futebol da Copa América, apesar de sofrer uma das piores crises de coronavírus do mundo e enfrentar uma iminente terceira onda da doença. O anúncio foi feito após a desistência dos co-anfitriões anteriores Argentina e Colômbia. Buenos Aires citou um número crescente de casos Covid-19 e Bogotá apontou os protestos que afetam a Colômbia. A competição – que já foi adiada uma vez no ano passado – deve começar nas próximas semanas". O argentino Clarín dá manchete de primeira página para o assunto, apontando que a polêmica em torno da Copa América em meio à pandemia se mudou para o Brasil, depois do não da Argentina. Forte polêmica e dúvidas no Brasil com a Copa América depois que a Conmebol anunciou aquele país como sede. Um ministro disse que o torneio "não tem seguro". Jair Bolsonaro já teria sido favorável à Confederação Brasileira de Futebol, mas a decisão do governo será conhecida nesta terça-feira. Vários estados se opõem à hospedagem de partidas. O Página 12 destaca Copa América: agora autoridades brasileiras questionam organização. "As autoridades brasileiras levantaram duas condições sine qua non para a realização do torneio: que todos os campi sejam vacinados e que os estádios fiquem sem público. Bolsonaro proibiu estrangeiros de entrar no país por tempo indeterminado", informa o jornal. "Nada está fechado ainda", disse o chefe de gabinete de Jair Bolsonaro. O alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung noticia que a JBS, a maior empresa de carnes do mundo, foi alvo de um ataque de hacker. A JBS USA foi alvo de um "ataque cibernético organizado" que atingiu alguns servidores dos sistemas de TI da América do Norte e Austrália, anunciou a empresa. Clientes e fornecedores devem esperar atrasos. INTERNACIONAL O New York Times destaca em manchete de primeira página que republicanos prometem reviver projeto de lei do Texas que restringe direitos de voto. Democratas mataram um projeto de lei patrocinado pelo Partido Republicano que tornaria mais difícil votar. O presidente Biden chamou a proposta de "um ataque à democracia". Espera-se agora que os legisladores republicanos reformulem o projeto em uma sessão legislativa especial, onde seria favorável à sua aprovação. O Washington Post também traz o assunto no destaque principal do dia: Depois de derrotar o projeto de votação restritiva, os democratas do Texas enviam mensagem em voz alta: 'Precisamos que o Congresso faça a sua parte'. Jornais europeus continuam a repercutir o escândalo de espionagem envolvendo a NSA dos Estados Unidos e o governo da Dinamarca. O português Diário de Notícias destaca que Snowden liga escândalo da espionagem na Europa a Biden. "Emmanuel Macron e Angela Merkel em sintonia com o denunciante: querem saber todas as informações sobre a cooperação entre dinamarqueses e norte-americanos na escuta aos aliados. Snowden responsabiliza presidente norte-americano", informa. Em editorial, o chinês Global Times diz que o escândalo de espionagem dos EUA na Europa não deve ser minimizado. O texto é duro: "Não há igualdade e respeito mútuo no Ocidente. A liderança dos EUA em seus aliados não é conduzida de acordo com as regras, mas é cheia de coerção e compulsão. Não é fácil ser um aliado dos EUA. Não apenas sua soberania é infiltrada, mas eles são monitorados por Washington a qualquer momento. Esta é a fria realidade sob a aparência enganosa de unidade entre os Estados Unidos e a Europa", aponta. |
AS MANCHETES DO DIA |
Folha: Com UTIs cheias, Bolsonaro negocia receber Copa América Estadão: Conmebol anuncia Copa América no País; caso pode ir à Justiça O Globo: Com alerta de terceira onda, Bolsonaro aceita Copa América Valor: Otimismo domina bolsa apesar de risco elétrico El País (Brasil): Após repercussão negativa, Governo Bolsonaro agora diz que Copa América no Brasil "não é certa" BBC Brasil: 'Insanidade': Copa América no Brasil pode agravar terceira onda e 'caldeirão' de variantes UOL: Copa América é risco de transformar Brasil em bomba-relógio para 3ª onda G1: Alternativas à carne bovina, frango, porco e ovo também ficam mais caros R7: Governo libera saque do auxílio emergencial para 2,1 milhões de beneficiários nascidos em fevereiro Luis Nassif: Xadrez do início do fim da direita no Brasil Tijolaço: Acordos internacionais – armadilhas para o futuro governo brasileiro Brasil 247: "Tenho certeza de que Fux vai pautar a suspeição de Moro. Ele não vai me frustrar", diz Marco Aurélio DCM: Marco Aurélio quer votar suspeição de Moro antes da aposentadoria Rede Brasil Atual: Para Boaventura, será preciso se manter nas ruas para garantir 'eleições livres' em 2022 Brasil de Fato: Copa América: estados reagem e ministro diz que evento não está confirmado no Brasil Ópera Mundi: França e Alemanha pedem explicações aos EUA sobre espionagem da NSA Poder 360: Grupo de 30 a 59 anos passa a ser maioria nas internações em UTI por covid Vi o Mundo: Dirigente do PT é preso em Goiás por se recusar a retirar do carro adesivo 'Fora Bolsonaro genocida'; vídeos New York Times: Uma nova mostra sobre limites de votação emerge no Texas Washington Post: Após a paralisação, apelos à ação WSJ: Política de Três Crianças da China visa rejuvenescer a população idosa Financial Times: A reformulação do Ey Europe desperta temores sobre a divisão dos danos do Wirecard The Guardian: Cientistas exigem repensar em 21 de junho para bloqueio The Times: Dias letivos mais longos para ajudar as crianças a se recuperar Le Monde: Mali: o golpe que muda a situação da França Libération: Mein Kampf relançado. Palavras para o pior El País: Marrocos alimenta a crise ao igualar a Catalunha ao Saara El Mundo: Sánchez se nega a discutir os indultos com o PSOE e com os barões Clarín: A polêmica pela Copa América na pandemia se mudou para o Brasil Página 12: O pecado da carne Granma: Exigem o fim do bloqueio a Cuba em todas as línguas Diário de Notícias: Santos populares. Porto já tem regras, Lisboa à espera de Medina Público: Advogados vão processar o MAI por causa do sistema de vistos do SEF The Moscow Times: Sete em cada 10 russos apóiam a revivificação do trabalho prisional 'Gulag' Frankfurter Allgemeine Zeitung: China anuncia política de três filhos Süddeutsche Zeitung: O apoio à Ucrânia está muito atrasado Global Times: China permite que casais tenham 3 filhos, passo para levar a uma fertilidade-amigável Diário do Povo: Xi enfatiza a melhoria da capacidade de comunicação internacional da China |
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