sexta-feira, 20 de agosto de 2021

Bolsonaro vai ao STF contra o STF

 Irritado com investigações contra ele mesmo e auxiliares, o presidente Jair Bolsonaro recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF), por meio da Advocacia-Geral da União (AGU), contra um artigo do regimento da Corte que permite a abertura de ações de ofício, sem o aval da Procuradoria-Geral da República (PGR). É o caso da investigação sobre propagação de notícias falsas, aberta pelo Ministro Alexandre de Moraes contornando o procurador-geral Augusto Aras, tido como omisso em ações do interesse do Executivo. O caso atinge diretamente apoiadores e até mesmo os filhos de Bolsonaro. (Globo)

Aliás... Na mesma reunião em que foi decidida essa ação, a AGU voltou a insistir com o presidente para que desista da ideia de pedir o impeachment dos ministros Moraes e Luís Roberto Barroso, mas Bolsonaro está irredutível. Segundo auxiliares, a insistência é política. Num momento em que as pesquisas lhe são desfavoráveis, o recuo poderia ser visto como um sinal de fraqueza pelos militantes bolsonaristas. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), a quem caberia tocar os processos, já deu todos os sinais, porém, de que o destino deles será a gaveta. (Globo)

Os dois movimentos de Bolsonaro vêm justo num momento em que representantes do Legislativo, do Judiciário e até do Executivo têm trabalhado para restabelecer as pontes. Pacheco e o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, foram ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, pedir que ele retome a iniciativa de uma reunião com os líderes dos Três Poderes para estabelecimento de um diálogo civilizado. O temor é que todo esse trabalho volte à estaca zero. (Folha)




Num sinal de paz para Bolsonaro, Rodrigo Pacheco deu andamento aos processos de recondução de Augusto Aras à Procuradoria-Geral da República e de nomeação de André Mendonça para uma vaga no STF. Em ato de ofício, ele pulou a leitura das indicações no Plenário e as encaminhou diretamente para a Comissão de Constituição e Justiça. Boa notícia para Aras, cuja sabatina foi marcada para o próximo dia 24. Não tão boa para Mendonça. O presidente da CCJ do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), é um dos que mais resistem à nomeação do ex-advogado-geral da União terrivelmente evangélico ao Supremo. A sabatina de Mendonça não tem data para acontecer.  (Folha)

Em sua campanha para permanecer na PGR, Augusto Aras, fez uma visita surpresa e uma proposta ainda mais surpreendente à cúpula da CPI da Pandemia. Segundo Malu Gaspar, ele deu a entender que um relatório indiciando o presidente Jair Bolsonaro teria mais chances de ser analisado “com isenção” e se transformar num inquérito ou denúncia se fosse enviado após sua recondução. Os senadores ficaram ressabiados. Temem que mesmo reconduzido, Aras continue afagando Bolsonaro à espera de uma vaga no STF. (Globo)

Falando nisso... Para muitos na PGR, o curioso parecer da subprocuradora-geral Lindôra Araújo segundo o qual Bolsonaro não cometeu crime ao andar sem máscara porque a eficácia destas não estaria comprovada não foi gratuito. Segundo Bela Megale, Araújo acenou ao Planalto de olho na cadeira de Aras, caso ele venha a ser indicado ao STF. (Globo)




A reprovação do governo de Jair Bolsonaro saltou de 58% há duas semanas para 64%, segundo pesquisa divulgada ontem pelo PoderData. A aprovação caiu de 34% para 31%. A avaliação pessoal do presidente ficou dentro da margem de erro. Para 56% o trabalho de Bolsonaro é ruim ou péssimo, contra 55% da pesquisa anterior. Ele é ótimo ou bom para 28%, ante 29% anteriores. (Poder360)




Meio em vídeo. Tantos generais-ministros ameaçando golpes, sugerindo ditaduras. Esta é uma tática conhecida em política. O governo Bolsonaro está criando a normalização de ditaduras. É hora de chamar de volta o doutor Ulysses. Confira o Ponto de Partida no YouTube.




A CPI da Pandemia voltou a esquentar ontem, com as quebras de sigilos do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), de Frederick Wassef, advogado do presidente Jair Bolsonaro, e do blogueiro bolsonarista Allan do Santos. Barros recorreu imediatamente ao STF, e a ministra Cármen Lúcia deu 24 horas para que a CPI justifique a quebra dos sigilos. (G1)

Outro momento tenso da quinta-feira na comissão foi o depoimento de Francisco Maximiano, diretor da Precisa Medicamentos. Para começar, ele se recusou a jurar dizer a verdade e não respondeu a perguntas sobre a frustrada compra da Covaxin, intermediada pela empresa. Depois, foi flagrado mentindo em pelo menos duas situações. Sua prisão chegou a ser pedida por senadores, mas ele se retratou. (UOL)




O Afeganistão voltou oficialmente ontem a ser um Emirado Islâmico, mesmo nome adotado na primeira vez em que o grupo fundamentalista Talibã ocupou o poder, entre 1996 e 2001. Nesta quinta-feira, aniversário da independência do país, os extremistas reprimiram com violência protestos na capital Cabul e em outras cidades. (UOL)

Lembram-se da imagem horrível de um homem caindo de um avião em voo na tentativa de fugir de Cabul? Ele era o jogador de futebol Zaki Anwari, que chegou a integrar a seleção de base do Afeganistão. (G1)

Aliás... Khalida Popal, ex-capitã da seleção afegã de futebol feminino, pediu ontem que as mulheres que praticam o esporte no país apaguem suas fotos de mídias sociais e queimem seus uniformes e equipamentos. Federações de outros esportes fizeram recomendações parecidas. Sob o Talibã, uma mulher esportista é séria candidata ao apedrejamento. (Guardian)




Já passa de 2.100 o número de mortos no Haiti em decorrência de um terremoto de 7,2 pontos no último fim de semana, seguido de um ciclone tropical que provocou inundações e deslizamentos. Ah, e um novo tremor, agora mais fraco, 4,9, atingiu o país, o mais pobre das Américas, na noite de quarta-feira. Entenda as muitas crises que acontecem ao mesmo tempo no Haiti. (G1)

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