| Caro leitor,
Desde a chegada do presidente ultradireitista Jair Bolsonaro ao poder temos visto uma parte mais extremista do país abraçar uma ode violenta ao silenciamento de críticos do presidente. Investigações policiais ou ameaças pelas redes sociais já atingiram acadêmicos, jornalistas, líderes indígenas, pesquisadores e políticos de esquerda como, por exemplo, o ex-deputado federal Jean Wyllys ou a professora Débora Diniz, que precisaram deixar o país. Agora, este Brasil da intolerância política ganhou um novo capítulo, justamente onde mais se prega a tolerância: dentro da Igreja. Padres, freis e bispos de vários Estados contam como passaram a ser chamados de “esquerdopatas”, “satanistas” e “comunistas” ao atuarem em defesa dos pobres, das minorias ou ao criticarem o presidente. Durante semanas, escutei relatos feitos por religiosos sobre as perseguições que vêm sofrendo de fiéis ultraconservadores da igreja, hoje empoderados pelo bolsonarismo. O resultado foi publicado nesta segunda na reportagem especial Em nome do pai. Em Fortaleza, o padre Lino, por exemplo, precisou pedir proteção ao Estado, após ser perseguidoe xingado dentro da própria Igreja depois de, em uma missa, ter responsabilizado o presidente pela desastrosa política de combate à covid-19.
Tentar calar os críticos faz parte das investidas autoritárias postas em marcha pelo Governo Bolsonaro. E, também, silenciar o que deveria ser público, como conta o colega Gil Alessi na reportagem Cem anos de proteção a Bolsonaro, do início deste mês, que explica o sigilo centenário imposto pelo Governo a informações sobre o presidente e seus filhos. É neste cenário que ecoam as palavras do cientista político americano Steven Levitsky: “A erosão da democracia é, para muitos, quase imperceptível”. |
Nenhum comentário:
Postar um comentário