Os Jogos Olímpicos de Tóquio, que chegaram ao fim neste domingo, coroaram o melhor desempenho do Brasil em sua história. Foram 21 medalhas conquistadas, sendo sete ouros, seis pratas e oito bronze —duas a mais que o recorde anterior, obtido na Olimpíada Rio 2016, quando a delegação brasileira era bem maior, competia em casa e tinha o apoio da torcida. O Japão também nos reservou várias conquistas inéditas: a primeira vez em que o Brasil conquistou três ouros olímpicos em um mesmo dia, a primeira prata no boxe feminino, as primeiras medalhas no tênis e na ginástica artística feminina… Mas o desempenho dos atletas brasileiros, que garantiu um inédito 12º lugar no ranking de medalhas entre países, não condiz com os investimentos públicos feitos sobre o esporte. Embora o resultado venha sendo celebrado pelo Governo Bolsonaro e enaltecido em perfis oficiais de comunicação do Planalto, os cortes de verba do esporte e o sucateamento do Bolsa Atleta nos últimos anos mostram que os brasileiros tiveram um desempenho histórico em Tóquio apesar do Governo, e não por causa dele, como mostra reportagem de Diogo Magri que abre esta edição. “O Brasil é muito rico em material humano”, afirma Mônica Barroso dos Anjos, de 49 anos, técnica da equipe de ginástica de Guarulhos e árbitra internacional. Ela foi a primeira treinadora da campeã olímpica Rebeca Andrade, que começou no esporte ainda criança, incentivada pela família, no programa de Iniciação Esportiva da Prefeitura. O repórter Felipe Betim visitou o ginásio municipal Bonifácio Cardoso, onde a atleta olímpica deu os primeiros passos rumo ao pódio. O local é um dos mais bem equipados do país e celeiro de ginastas, professores e árbitros da ginástica artística — fruto de um projeto idealizado em 1979 pela professora Rose Cerqueira e foi ganhando músculo nos anos seguintes, em várias gestões de vários partidos políticos, culminando na construção do ginásio em 1992. É um dos exemplos de como políticas públicas para o esporte dão frutos quando levadas a sério. “Com o potencial do Brasil, imagina se o país inteiro conseguisse fazer esse trabalho. Seríamos uma potência, brigaríamos com os Estados Unidos, a Rússia e a China tranquilamente”, afirma a treinadora. E ainda nesta edição, contamos que chefa nesta segunda-feira ao Tribunal Penal Internacional mais uma denúncia por genocídio e crimes contra a humanidade contra o presidente Jair Bolsonaro. É a terceira tentativa de fazer com que o mandatário brasileiro preste contas à justiça internacional. A acusação baseia-se, segundo a denúncia, no fato de que desde sua posse como presidente há quase três anos adotou “uma política anti-indígena explícita, sistemática e intencional” que transformou “os órgãos e as políticas públicas, antes dedicados à proteção dos povos indígenas, em ferramentas de perseguição” dessa minoria com a intenção de “criar uma nação sem indígenas”. O que a diferencia esta das outras denúncias é que foi elaborada por uma equipe de advogados indígenas. À frente do grupo, Luiz Henrique Eloy Terena, nascido há 33 anos em uma aldeia do povo Terena chamada Ipegue, perto da fronteira com o Paraguai, como mostra reportagem de Naiara Galarraga Gortázar. E para começar a semana bem, destacamos uma reflexão sobre a importância dos momentos de pausa —algo que nos foi em grande parte roubado pela pandemia— e os benefícios que eles trazem para o cérebro e a saúde humana. “O pensamento criativo, quando nosso cérebro não está ocupado com algo específico, é um fenômeno que em neurociência é chamado de incubação. Ele é ativado pela participação em tarefas pouco exigentes —um banho, um passeio— que dão espaço para a mente errante, com a qual nos vem uma ideia, aparentemente do nada”, explica David Dorenbaum. Se possível, comece a semana dando uma pausa. Sua criatividade e saúde mental agradecem. | |||||
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