Cabul segue em clima de pânico depois de o Talibã tomar o poder da capital afegã, sem qualquer resistência do Governo do presidente Ashraf Ghani, que fugiu do país para, segundo ele, "evitar um banho de sangue". No início da manhã desta segunda-feira, milhares de pessoas desesperadas e com alguma esperança de escapar do grupo extremista invadiram o aeroporto, que se converteu na única área do Afeganistão protegida por tropas internacionais. Vídeos mostravam homens tentando se agarrar à fuselagem das aeronaves norte-americanas que partiam às pressas. Ao menos cinco pessoas morreram —ainda não está claro se por conta de disparos de armas de fogo ou pisoteadas, relata a correspondente Ángeles Espinosa. Imagens de pessoas caindo dos aviões que decolavam percorreram e chocaram o mundo. O horizonte político do país agora dominado pelos fundamentalistas é incerto. Pere Vilanova, professor de ciência política da Universidade de Barcelona, percorre o caminho histórico que criou um Afeganistão dividido após o fim da luta contra a invasão soviética nos anos 1980 e explica que, provavelmente, o que virá pela frente é um regime político totalitário, mas que buscará relações estáveis e pragmáticas com os vizinhos. No campo social, entretanto, a volta dos extremistas provocou o temor de um ataque frontal aos direitos humanos, especialmente aos das mulheres, ainda que porta-vozes do grupo tenham se esforçado em negar as informações que chegam de todas as partes do país, de casamentos forçados a prisões de intelectuais e ativistas. Pelas ruas, publicidades com imagens femininas já estão sendo cobertas de branco e em Herat, cidade próxima à fronteira com o Irã, a entrada de alunas da universidade foi vetada. A rápida tomada do Afeganistão pelo Talibã acontece depois da retirada das tropas norte-americanas do país, após 20 anos de ocupação. O presidente dos EUA, Joe Biden, interrompeu suas férias e fez um pronunciamento à nação nesta segunda-feira, em que tentou eximir os Estados Unidos da responsabilidade pelo caos que se apoderou no Afeganistão. Ele atribuiu a derrocada do país às próprias forças afegãs, em uma tentativa de diminuir o papel da saída dos soldados dos EUA na atual crise, sem qualquer autocrítica. Para Biden, objetivo da ocupação de seu país em terras afegãs "nunca foi construir uma nação democrática e, sim, lutar contra o terrorismo". | |||||
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terça-feira, 17 de agosto de 2021
OI medo toma conta de um Afeganistão dominado pelo Talibã
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