A quinta-feira amanhece quente, com noticiário disperso nas manchetes dos jornais, divididos quanto aos principais assuntos. Folha traz entrevista com o procurador-geral da República: Aras refuta crítica de omissão e defende sistema de voto. Estadão destaca a piora da conjuntura: Economia sente efeito do cenário eleitoral e indicadores pioram. Em entrevista ao Estadão, Affonso Celso Pastore diz que o “populismo eleitoral de Bolsonaro já aparece no mercado. A euforia acabou”, diz ex-presidente do Banco Central. Ele diz queo os indicadores já refletem em parte o efeito da agenda populista do governo e que a economia enfraquecida em 2022 aumenta as chances de ruptura institucional. O Globo ressalta na manchete principal o avanço dos planos do Planalto em infraestrutura: Edital avança no TCU, e governo mantém leilão do 5G em outubro. Valor aponta paradoxo vivido por empresas: Bom resultado de empresas destoa das quedas da bolsa. E, por fim, a edição brasileira do El País aborda o desespero das vítimas da tragédia caribenha: A luta para sobreviver no epicentro do terremoto no Haiti: “Não temos nada”. Nos onlines, dois destaques: 1) UOL traz o texto-base do relatório da CPI da Covid, elaborado pelo relator Renan Calheiros (MDB-AL), que já tem mais de mil páginas e pode crescer, a depender dos fatos e dados a serem obtidos pela CPI. Os capítulos do documento estão divididos por fatos e depoimentos coletados ao longo dos trabalhos. O documento também irá sugerir a continuidade da investigação pelo Ministério Público da União por meio de inquéritos específicos para cada assunto trazido em destaque. E, 2) Poder 360 traz nova rodada de pesquisa, mostrando que o apoio ao impeachment de Bolsonaro subiu para 58%. E nada menos que 64% desaprovam governo Bolsonaro. A informação surge em um momento de tensão entre Bolsonaro e outros Poderes, em particular a Justiça Eleitoral. É a primeira pesquisa realizada depois da live em que o presidente ter apresentado o que diz serem indícios de fraude na contagem de votos por urna eletrônica nas eleições. Ainda sobre a CPI, jornais relatam que o líder do governo, Ricardo Barros, e o advogado da Precisa, viram investigados da CPI. Relator da comissão, Renan avalia haver indícios da participação de ambos em negociação da vacina indiana Covaxin, alvo de suspeitas. Folha noticia que senador bolsonarista da CPI fez lobby e intermediou produção da Covaxin por empresas de saúde animal. O senador governista Luis Carlos Heinze (PP-RS) atuou como intermediário de negócios que incluíram a Precisa Medicamentos. O jornal também relata que os senadores Fabiano Contarato (Rede-ES) e Alessandro Vieira (Cidadania-SE) apresentaram ao STF uma notícia-crime contra o procurador-geral da República, Augusto Aras. Eles querem que o STF encaminhe o pedido ao Conselho Superior do Ministério Público Federal para que Aras seja investigado por prevaricação. CRISE INSTITUCIONAL Valor relata que Bolsonaro voltou a fazer novos ataques ontem ao Judiciário, ao dizer que “uma ou outra pessoa” o atrapalha na mais alta Corte do país. E afirmou que, de sua caneta, “tudo pode acontecer”. Bolsonaro discursou em evento em celebração ao centenário da Convenção Interestadual da Assembleia de Deus em Belém, no Pará. Sua fala ocorreu no exato momento em que o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, se reunia com o presidente do STF para tentar aparar arestas entre o Planalto e a cúpula do Judiciário. A tensão ainda é crescente, apesar da tentativa de colocar panos quentes. Fux coloca condições para retomar o diálogo com o Planalto. Em meio à escalada da crise, o ministro ouviu apelos do Legislativo e do Executivo, mas, no entanto, tem sinalizado que não há clima para sentar à mesa com o chefe do Executivo sem que haja uma trégua nos ataques aos ministros da Corte. O jornal registra ainda as declarações duras do General Luiz Eduardo Ramos, secretário-geral da Presidência. Em meio a ataques de Bolsonaro ao Supremo e suas tentativas de deslegitimar as eleições, Ramos afirmou ontem que o presidente age de acordo com a Constituição e espera que os demais Poderes também respeitem esse limite. O general da reserva participou de audiência na Câmara dos Deputados e, a exemplo de seu colega de caserna, o ministro da Defesa, Walter Braga Netto, relativizou a ditadura militar. Nos jornalões, vale a leitura da coluna de Maria Cristina Fernandes, no Valor, abordando como Bolsonaro conseguiu unir o Judiciário contra si — um feito e tanto. “Este embate estende-se ao conjunto da magistratura. No Superior Tribunal de Justiça, por exemplo, há duas vagas que a Corte decidiu não preencher. Uma delas está aberta desde 2019. A confecção de uma lista a basear a indicação passaria por uma solução compromissada com Bolsonaro que, nem mesmo naquela Corte, existe mais. Ninguém está a fim de ser indicado por um presidente que enfia o dedo no olho dos juízes”, observa. A íntegra está ao final deste briefing. Míriam Leitão acusa: generais mentem ao dizer que não houve ditadura no Brasil, em sua coluna no Globo. “Ontem foi a vez de o general Ramos ofender os fatos. O ministro da Defesa disse que se tivesse havido ditadura ‘muitos não estariam aqui’. Ele está querendo dizer que as mortes foram poucas, e isso é odioso. Mas está também usando o mesmo método identificado pela Polícia Federal nos disseminadores de fake news, que é o de dissolver a fronteira entre a mentira e a verdade. Essa técnica de Steve Banon serve para o assalto ao poder, mas tem tido também como consequência trágica a morte de centenas de milhares de brasileiros pela Covid”, ressalta. ELEIÇÕES 2022 Folha noticia que Lula inicia ofensiva sobre PP e diz acreditar em rompimento entre Bolsonaro e Ciro Nogueira. Ex-presidente afirmou em Teresina (PI) que governo atual não terá ‘sustentação no processo eleitoral’. Lula minimizou a aliança entre o PP e o presidente. “Eu não sei por quanto tempo o Ciro [Nogueira] ficará com Bolsonaro. Não tenho nenhuma certeza. Acredito que esse casamento será mais curto do que se imagina”, disse, em Teresina (PI), segunda parada na viagem por seis estados do Nordeste. Monica Bergamo escreve que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso recebeu a visita do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que está em campanha para ser candidato à Presidência da República pelo partido em 2022. Ele vai disputar as prévias da legenda. Fernando Henrique declarou apoio à pré-candidatura dele. E disse que o governador terá seu voto: “Doria representa o Brasil do futuro”, justificou. Ele gravou um vídeo com o apoio. Estadão noticia que Dória terá Rodrigo Maia no governo e na busca por candidatura. Ex-presidente da Câmara vai assumir cargo de secretário e deve ajudar tucano na interlocução com políticos de outros estados. O deputado federal pelo Rio de Janeiro será secretário de Projetos e Ações Estratégicas, responsável pelas iniciativas de desestatização, parcerias público-privadas (PPPs) e concessões em andamento no Estado. REFORMA TRABALHISTA Painel da Folha reporta que centrais sindicais pressionam senadores contra a minirreforma trabalhista. Os presidentes da Força Sindical e da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Miguel Torres e Sérgio Nobre, viajaram a Brasília para uma rodada de reuniões na tentativa de barrar a minirreforma trabalhista embutida na medida provisória 1.045, já aprovada na Câmara e que agora passará pela análise do Senado. A medida provisória cria o novo programa de redução de salário e jornada. O texto cria novas modalidades de contratações e muda normas da CLT, ampliando a precarização das condições de trabalho. A minirreforma prevê a criação de três programas trabalhistas, dois deles sem previsão de 13º pagamento ou FGTS. “Retirar direitos como o fundo de garantia, o 13º salário e as férias é declarar a volta da escravidão”, diz João Carlos Gonçalves, o Juruna, secretário-geral da Força Sindical. IMPOSTO DE RENDA Valor destaca que governo e oposição irão negociar texto de projeto que reforma o IR. O ministro da Economia, Paulo Guedes, convidou os partidos de oposição para reunião na terça-feira para tratar do projeto. O líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), que defendeu o adiamento em plenário após constatar que havia risco de a proposta sair desidratada e com alto custo fiscal, estimou que o tema voltará á pauta em duas semanas. Um dos principais pontos de divergências dentro dos próprios partidos da base do governo é a criação do imposto sobre os lucros e dividendos distribuídos das empresas aos seus acionistas, que hoje são isentos e passariam a pagar 20%. Esse ponto é justamente um em que a visão dos partidos de esquerda e a de Guedes converge e que levou ao convite para a reunião. “O lado de lá [governistas] está pressionando para tirar a tributação de lucro e dividendos e nós estamos querendo reduzir a tributação do assalariado, voltar com a tributação para paraísos fiscais que o relator tirou”, diz Afonso Florence (PT-BA), responsável por coordenar os debates sobre o tema pela oposição. Ele vai elaborar um documento reunindo os pontos que a esquerda defende para entregar a Guedes. CRISE ENERGÉTICA Valor informa que o Brasil bate recorde de importação de GNL, mas pode faltar gás para usinas. Com o aumento do despacho termelétrico devido à crise hídrica, o balanço entre a oferta e a demanda de gás natural deve viver sob forte estresse nos próximos meses. Devido a fatores tanto conjunturais quanto estruturais, pode não haver gás para todas as usinas, mesmo ante os recordes de importação de gás natural liquefeito (GNL), dizem especialistas. A Petrobras informou que, ante o aumento da demanda, está negociando novo contrato interruptível com a Bolívia e “providenciando alternativas” para disponibilizar um terceiro navio de regaseificação. BRASIL NA GRINGA O alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung destaca a resistência dos povos indígenas aos ataques à natureza. Por que os povos indígenas também lutam por nossa sobrevivência? — destaca o título da reportagem. “Em toda a América Latina, os nativos americanos e os afro-latino-americanos agora resistem à discriminação e à destruição da natureza. Sua resistência está ficando mais forte e mais visível”, reporta. “O que os indígenas vão fazer agora?”. Ailton Krenak, um dos mais importantes pensadores indígenas do Brasil, foi questionado quando Jair Bolsonaro foi eleito presidente em 2018. O político e ex-militar havia repetidamente proferido palavras de desprezo sobre os povos nativos — e muitos temiam que essas palavras pudessem agora ser seguidas de atos. Bolsonaro disse, por exemplo, que os indígenas vivem ‘como animais em um zoológico’ e são ‘um obstáculo à economia’, por isso não tem planos de proteger suas reservas. Ou ainda: ‘Pena que a cavalaria brasileira não foi tão competente quanto a norte-americana que destruiu todos os povos indígenas’. Como Krenak em seu livro “Ideias para Adiar o Fim do Mundo”, recentemente publicado em alemão, relatou, sua resposta à pergunta feita no início foi a seguinte: ‘Os indígenas estão na resistência há quinhentos anos, estou preocupado com os brancos’”. O espanhol El País destaca que o Supremo Tribunal Federal tira oxigênio da escalada autoritária de Jair Bolsonaro. Ministro da Suprema Corte, Alexandre de Moraes investiga presidente em processo de divulgação de notícias falsas. “Nos últimos dois meses, Bolsonaro tem multiplicado suas provocações, ofendendo ministros da Corte que refutam sua campanha contra as urnas eletrônicas, ou sugerindo que pode haver uma intervenção ‘fora das quatro linhas da Constituição’”, diz o jornal. “No dia 10 de agosto, Bolsonaro incentivou um desfile improvisado de viaturas militares em Brasília , algo que não se via desde a ditadura”. INTERNACIONAL Nos jornais estrangeiros, a crise no Afeganistão continua no centro das atenções. O New York Times destaca em manchete que a primeira resistência ao governo do Taleban testa futuro incerto do Afeganistão. “Enquanto os militantes parecem firmemente no controle, algumas figuras proeminentes prometeram continuar a resistência enquanto os protestos irrompiam em duas cidades e milhões de afegãos analisavam pistas sobre as intenções do Taleban”, resume. Washington Post alardeia a resistência contra o Taleban, em manchete de capa. Taleban muda o foco para governar, mas protestos, cofres vazios e isolamento representam desafios. “Rumores de resistência ao controle do Taleban no Afeganistão surgiram na quarta-feira com os protestos estourando em pelo menos duas cidades, atraindo uma resposta violenta dos militantes que revelaram os desafios que o aguardam enquanto o grupo tenta se transformar de uma insurgência em um governo”, informa. Wall Street Journal e Financial Times informam que o Taleban reprime protestos com violência e impede as evacuações de Cabul. “O grupo usou tiros para dispersar as manifestações de rua contra o governo do Taleban e continuou a impedir as pessoas de chegar ao aeroporto internacional de Cabul para fugir do país”, reporta. O alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung é direto: Talibã abre fogo contra manifestantes. No Reino Unido, a maior parte das primeiras páginas dos jornais trata da reação de políticos à crise no Afeganistão. Ministros, parlamentares e chefes das Forças Armadas uniram-se em suas críticas ao governo Biden, de acordo com o Times. O jornal diz que políticos de todo o espectro político descreveram a retirada dos EUA como “vergonhosa” durante um debate de emergência na Câmara dos Comuns sobre a situação. O Guardian destaca na manchete que parlamentares criticaram Boris Johnson pela ‘humilhação’ do Afeganistão. O jornal bretão ressalta que Johnson diz ter enfrentado um “muro de fúria de todas as alas do partido conservador” sobre a conduta do Reino Unido no Afeganistão. Ele acrescenta que 11 ex-ministros estavam entre as dezenas de membros do parlamento e pares expressando raiva e frustração pelas falhas da Grã-Bretanha em inteligência e preparação, durante o que chama de “uma sessão tórrida na Câmara dos Comuns”. |
AS MANCHETES DO DIA |
Folha: Aras refuta crítica de omissão e defende sistema de voto Estadão: Economia sente efeito do cenário eleitoral e indicadores pioram O Globo: Edital avança no TCU, e governo mantém leilão do 5G em outubro Valor: Bom resultado de empresas destoa das quedas da bolsa El País (Brasil): A luta para sobreviver no epicentro do terremoto no Haiti: “Não temos nada” BBC Brasil: Covid longa: brasileiros investigam alterações cardíacas em crianças e adolescentes UOL: Texto-base do relatório da CPI está pronto e já passa de mil páginas G1: Bolsonaro bloqueou 176 perfis que o criticaram nas redes, diz ONG de direitos humanos R7: Caixa paga hoje a quinta parcela do auxílio para beneficiários do Bolsa Família Luis Nassif: CPI junta as peças finais sobre a quadrilha das vacinas Tijolaço: Juros e inflação, aqui e lá fora, atrapalham plano do “Jair Noel” Brasil 247: PoderData: 58% apoiam impeachment e 64% desaprovam governo Bolsonaro DCM: Sob cerco da Justiça, bolsonaristas apagam 263 vídeos nas redes Rede Brasil Atual: Em dia de protestos, servidores questionam: ‘reforma’ administrativa é boa para quem? Brasil de Fato: Apenas 20% das universidades públicas têm cotas para quilombolas Ópera Mundi: CIA alertou os EUA sobre 'rápido' avanço do Talibã no Afeganistão, diz ex-funcionário da agência Fórum: Bolsonaro bloqueia 176 perfis nas redes: “Apenas aplausos são permitidos” Poder 360: PoderData: apoio ao impeachment de Bolsonaro sobe para 58% New York Times: Protestos emergem enquanto Taleban se esforça para cimentar o seu poder Washington Post: Talibã encontra resistência inicial WSJ: Taleban reprime protestos com violência Financial Times: CME fomenta a troca de comando com oferta de US$ 16 bilhões pela rival Cboe The Guardian: Parlamentares criticaram Boris Johnson pela ‘humilhação’ do Afeganistão The Times: Parlamentares condenam Biden pela retirada 'vergonhosa' dos EUA Le Monde: Os talibãs procuram quebrar o seu isolamento Libération: Verdes na escola primária El País: Os talibans reprimem com violência os primeiros protestos Clarín: Para conter danos, o governo filtro vídeos da festa em Olivos Página 12: Há razões que a razão não entende Granma: Vamos apoiar os bairros, não intervir neles Diário de Notícias: Efeito Covid. Ansiedade, solidão e depressão atingem mais as universitárias Público: Livros escolares contam para IVAuxher sem perder dedução de despesa no IR Frankfurter Allgemeine Zeitung: Talibã abre fogo contra manifestantes The Moscow Times: A incerteza se aproxima para o crítico vocal do Taleban, embaixador veterano do Afeganistão em Moscou Global Times: A vitória do Talibã é um grande fracasso da expansão da civilização ocidental Diário do Povo: Xi: China disposta a promover a cooperação de alta qualidade em Belt and Road com os países árabes |
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