Capitaneado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), um manifesto a ser divulgado amanhã e assinado por 200 entidades empresariais pela harmonia entre os Poderes e o respeito à democracia provocou reação radical do Banco do Brasil e da Caixa, bancos do governo federal. Com o aval do presidente Jair Bolsonaro e do ministro da Economia, Paulo Guedes, duas das instituições ameaçam se desligar da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), que participa do manifesto, e devem fazer o mesmo em relação à Ambima, que reúne também corretoras de valores. Embora não mencione o presidente, o entendimento do governo é de que o manifesto é uma crítica ao discurso cada vez mais radical de Bolsonaro — motivo pelo qual a Federação das Indústrias do Rio (Firjan) ficou de fora. (Globo)
A Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara deve convocar Guedes e os presidentes dos dois bancos estatais para explicarem o rompimento com as entidades. “Eles estão politizando tudo no Brasil. Existe um Brasil real e existe um Brasil do Paulo Guedes”, disse o presidente da comissão, Aureo Ribeiro (Solidariedade-RJ). (Folha)
E o manifesto vai além de indústrias e bancos. O presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Marcello Brito, confirmou a participação da entidade. “A democracia é o melhor sistema que temos, permitindo ajustes e negociações. Precisamos de harmonia entre os Poderes, liberdade para trabalhar e segurança jurídica no país”, disse. (Estadão)
Sondadas pela Fiesp, as centrais sindicais decidiram não assinar o manifesto por achá-lo brando demais, “distribuindo a culpa” entre os Três Poderes, em vez de centrar as críticas em Bolsonaro. As entidades de trabalhadores pretendem soltar seu próprio documento. (Folha)
Aliás... Paulo Guedes foi tema de cartazes na Avenida Faria Lima, epicentro do mercado de capitais em São Paulo. A foto do ministro aparecia entre as palavras “Faria” e “Loser”. (Folha)
Enquanto praticamente todo o PIB pede harmonia entre os Poderes, Jair Bolsonaro bota lenha na fogueira. Na manhã de sábado, durante um encontro com evangélicos em Goiânia — sem máscara e com aglomeração —, ele disse que tem três alternativas para o futuro: ser preso ou morto ou “obter a vitória”. Lembrando que ele é alvo de cinco inquéritos no STF e no TSE. (G1)
Na noite de ontem, a conta de Bolsonaro no Twitter apresentou um vídeo em tom ufanista, com trechos de discursos dele, música épica e imagens de arquivo e gravadas dizendo que no dia 7 ele estará “onde o povo está”, “lutando por liberdade”. (Twitter)
Por essas e outras, partidos temem que Bolsonaro se torne ainda mais agressivo e autoritário caso consiga grande adesão às manifestações que convocou para o Sete de Setembro em Brasília e São Paulo. (Folha)
A despeito dos regulamentos da corporação, o governo do Distrito Federal anunciou que não vai punir PMs que participarem de atos pró-governo no Sete de Setembro, desde que estejam à paisana. (Poder360)
Devido a esse clima, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), cancelou uma viagem oficial à Europa e vem mantendo contato com militares. “Nós não admitiremos qualquer retrocesso e tenho certeza de que também esse será o papel das Forças Armadas”, diz Pacheco. (Globo)
Ricardo Lewandowski, ministro do Supremo: “No Brasil, como reação ao regime autoritário instalado no passado ainda próximo, a Constituição de 1988 estabeleceu, no capítulo relativo aos direitos e garantias fundamentais, que ‘constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis e militares, contra a ordem constitucional e o Estado democrático’.” (Folha)
Uma nova explosão aconteceu ontem perto do aeroporto de Cabul, no Afeganistão, palco de um sangrento atentado na quinta-feira. Usando um drone, os EUA destruíram o que, segundo o Pentágono, era um carro bomba que seria usado pelo grupo terrorista Estado Islâmico-Khorasan em um novo ataque. Embora seja inimigo do ISIS-K, a milícia Talibã, que controla quase todo o país, condenou o ataque americano. (CNN Brasil)
E num movimento inesperado, o Talibã anunciou que as mulheres no Afeganistão poderão frequentar universidades, ao contrário do que aconteceu entre 1996 e 2001, quando o grupo esteve no poder pela primeira vez. As turmas mistas, porém, estão proibidas. (G1)
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