Nas manchetes dos jornalões, o noticiário converge para o desembarque tímido de parte do PIB do governo Bolsonaro, com as divergências entre entidades patronais. Enquanto a Febraban sinaliza reação à política econômica de Paulo Guedes e à piora do cenário, Fiesp recua na divulgação do manifesto pedindo ‘harmonia entre poderes’ e o agronegócio estrila contra a política ambiental. Diz a Folha: Febraban reage a Guedes e a piora do cenário econômico, enquanto Estadão registra Fies E a edição brasileira do El País é a mais direta: PIB ensaia com relutância seu desembarque do Governo Bolsonaro. É que investidores estão inseguros com arroubos autoritários de presidente, que afugenta dinheiro do país ao estimular crises institucionais e manifestações antidemocráticas. Fiesp adia manifesto por “pacificação”. “De nota em nota, de manifesto em manifesto, o setor produtivo brasileiro vai desembarcando do Governo Jair Bolsonaro (sem partido)”, diz o texto. Vale a leitura da coluna de Míriam Leitão, hoje, no Globo, sobre os riscos que o país enfrenta: “O economista Persio Arida acha que o Brasil precisa agora de uma agenda de reparação e recuperação do Estado. ‘Nosso Estado foi destruído e mal tratado, olha o que aconteceu com o Ibama, o que está acontecendo com a Ciência e Tecnologia’. Alerta para o risco de se deixar a inflação aumentar e chama a atenção para o avanço da pobreza. ‘Paulo Guedes devia andar na rua e não precisa ser em bairros pobres’. Sua grande preocupação no momento é com a defesa da democracia”. Em entrevista ao Brasil de Fato, o dirigente do MST, João Pedro Stédile denuncia que a pobreza voltou com força ao país e que “brasileiros passam fome porque não têm renda, não por falta de produção”. Ele diz que o grupo de empresários contrários a Bolsonaro já é maioria, mas ainda busca uma terceira via para 2022. “O governo Bolsonaro é apenas o espelho da crise, ele é o espelho da burguesia”, afirma. “Antes de tentar tirar Bolsonaro eles precisam criar uma unidade sobre quem é a chapa da chamada terceira via. Assim que eles acertarem a chapa, sabem que a terceira via só tem viabilidade se eles afastarem o Bolsonaro”. Sobre a reação da Febraban, vale ainda a leitura da entrevista de Ladislau Dowbor ao Vi o Mundo, do jornalista Luiz Carlos Azenha: “Com fuzil ou feijão, banqueiros querem seus 288% de juros anuais”, denuncia. Dowbor afirma que, por trás da pantomima diária de Bolsonaro, os capitalistas nunca tiraram tanto proveito do ambiente completamente desregulado, que resulta em juros de 288% anuais no cartão de crédito. O Itaú registrou lucro de 120% em seu mais recente balanço, enquanto o Santander chegou a “apenas” 102%. Isso, com a economia paralisada. No Estadão, Eliane Cantanhede critica o ‘PIB nacional’, chamando-o de covarde. “Não foi preciso nem um cabo e um soldado para cancelar um manifesto cheio de obviedades, articulado pela poderosa Febraban, encampado pela igualmente poderosa Fiesp e com mais de 200 assinaturas”, lamenta. “Realmente, o Brasil não é para amadores. E está se tornando ridículo diante dos brasileiros e do mundo com um presidente da República que ameaça a democracia por palavras e atos e com um PIB nacional covarde”. No Globo, Merval Pereira sintetiza, com sinceridade, os motivos: É difícil para empresários fazer oposição ao governo. Um contraste evidente com a coluna de Maria Cristina Fernandes, no Valor: Sem trégua à vista, ânimos permanecerão acirrados até 7 de Setembro. “Aposta é a de que não há diálogo possível até o dia 7 porque Bolsonaro empenhará todos os seus esforços para colocar o máximo de simpatizantes nas ruas em Brasília e em São Paulo”, destaca. E a Folha repercute a entrevista de Dilma à revista Focus Brasil, destacando a declaração da ex-presidenta de que Bolsonaro flerta com 'golpe dentro do golpe', 5 anos após impeachment. Ela diz que atual crise política no país é desdobramento do processo de 2016. “O golpe de 2016 é o ato zero do golpe, é o ato inaugural, mas o processo continua. É o pecado original dessa crise que o país atravessa. É a partir dali que se desenrola todo o processo golpista”, aponta. Painel da Folha noticia o lançamento do livro sobre impeachment de Dilma, em que o PT critica ênfase em ajuste e reformas. Partido diz que Brasil é tomado por ‘profetas do apocalipse fiscal’. O livro será lançado para marcar os cinco anos do impeachment da ex-presidenta. A coluna diz que o PT dá sinais de como seria sua política macroeconômica em um eventual governo de Luiz Inácio Lula da Silva, com críticas ao ajuste fiscal a qualquer custo. Ainda sobre Dilma, Lauro Jardim noticia no Globo que o apartamento que a ex-presidenta mantém em Ipanema, na Zona Sul do Rio de Janeiro, foi arrombado. Moradores do edifício, que fica a 200 metros da praia, notaram no sábado que a porta estava arrombada. Porém, apesar do edifício ter porteiro por todas as 24 horas do dia, não se sabe ainda quando aconteceu a tentativa de furto. Na Folha, a professora Eloísa Machado de Almeida, da FGV Direito, repercute o artigo de Ricardo Lewandowski sobre intervenção armada. “É alerta tardio e recado contra impunidade”, diz. “O argumento reafirma o óbvio: não há nenhum espaço para intervenção armada na atual ordem constitucional. Reafirmar o óbvio é importante porque não faltam vozes a propagar interpretações mais afinadas aos Atos Institucionais da ditadura do que com a Constituição”, aponta. “É, sobretudo, importante porque escrito por um ministro do Supremo Tribunal Federal, que, ao expor sua posição, parece expor também que nem todos do tribunal estão dispostos a compor saídas, negociar privilégios ou chamar golpe de movimento”. LULA Em editorial, Folha critica o ex-presidente Lula por defender regulação da mídia. “Enquanto viaja pelo país a restabelecer pontes com forças até outro dia tratadas como golpistas, achou tempo para retomar a cantilena da regulação da mídia”, aponta. Com fala que soa a tentação autoritária, petista insiste na regulação da mídia, avalia o jornal, no editorial intitulado “A ideia fixa de Lula” PTB Jornais noticiam que a PGR denunciou Roberto Jefferson sob acusação de incitação ao crime. Aliado de Bolsonaro, ex-deputado e presidente do PTB foi preso por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do STF. Na acusação, a Procuradoria cita entrevistas em que o presidente nacional do PTB estimulou a população a invadir o Congresso e a atacar instituições como o Supremo. ÍNDIOS Estadão destaca que, sob Bolsonaro, Funai passa da crítica à defesa de marco temporal. Autora do recurso, de 2017, que questiona o instrumento criticado por comunidades indígenas, fundação mudou de posicionamento. Quando apresentou o recurso, em 2017, a Funai pregava a demarcação da terra do povo Xokleng, em Santa Catarina. Hoje, sob Jair Bolsonaro, já se manifestou a favor da tese defendida por ruralistas. O jornal alerta ainda que a Frente Parlamentar Agropecuária, dona de uma das maiores bancadas de parlamentares no Congresso, acompanha com atenção o julgamento pelo STF da tese do marco temporal em demarcações de terras indígenas. Sua prioridade, no entanto, não está concentrada no será decidido pelos ministros da suprema corte. É por meio do Congresso que os parlamentares se movimentam para tentar impor a tese do marco temporal, com a aprovação de um projeto de lei. COVID Na Folha, Monica Bergamo informa que Ministério da Saúde vê risco de alta de hospitalizações por Covid em setembro. Variante delta, diminuição da proteção das vacinas e afrouxamento das regras sanitárias estão entre as explicações para a preocupação. A esperança é que, com o avanço da vacinação, ao menos o número de óbitos não cresça no mesmo período. Os imunizantes muitas vezes não impedem a infecção pelo novo coronavírus, mas diminuem seus efeitos e impedem o agravamento da doença. REFORMA TRABALHISTA Estadão relata que o procurador-geral do Trabalho condena o pacotão do emprego aprovado na Câmara, apontando que as medidas ferem a Constituição. José de Lima Ramos aponta diversas irregularidades no texto, que prevê a contratação de trabalhadores sem vínculo formal e a redução no pagamento de horas extras. Senado tem até o próximo dia 7 para analisar as modificações. BRASIL NA GRINGA Em reportagem, Reuters informa que Bolsonaro declarou que o governo de Biden é esquerdista, “obcecado pelo meio ambiente”. Bolsonaro afirmou que o governo brasileiro teve recentemente contatos com o governo dos EUA em relação à América Latina e disse que os EUA apóiam as democracias na região. O despacho foi replicado em mais de 3 mil sites e veículos de imprensa ao redor do mundo. Reuters destaca em texto com distribuição global que quase 30% das exportações de ouro do Brasil são ilegais. Aproximadamente 28% das exportações brasileiras de ouro em 2019 e 2020 provavelmente vieram de minas ilegais, apurou um relatório do Ministério Público e da Universidade Federal de Minas Gerais, apontando para falsificação generalizada de documentos e falta de legislação efetiva aplicação. O argentino Página 12 informa que Bolsonaro diz que o Supremo Tribunal Federal prepara o terreno para detê-lo, enquanto a oposição denuncia tentativa de “autogolpe” por parte do presidente. Ele exortou a população a defender a "liberdade de expressão" e a se manifestar contra a suprema corte no dia 7 de setembro (Dia da Independência). “O que eles procuram (com os processos) é esperar o momento de me aplicar uma sanção restritiva, talvez quando eu deixar o governo, mais tarde”, disse Bolsonaro à rádio oficial Fonte FM, de Goiás. INTERNACIONAL O New York Times destaca em letras garrafais no alto da primeira página que as Forças dos EUA deixam Cabul; pondo fim à evacuação. Depois de 20 anos, a guerra dos EUA no Afeganistão termina com partida final de voos de evacuação. O último avião militar dos EUA deixou Cabul na noite de segunda, encerrando uma presença que durou duas décadas, mas não conseguiu derrotar o Taliban e deixou para trás dezenas de milhares de afegãos. O jornal ainda destaca que foi um fim sem cerimônia e um começo encoberto. O último vôo americano do Afeganistão deixou para trás uma série de promessas não cumpridas e questões ansiosas sobre o destino do país. Washington Post também dá manchete: América sai do Afeganistão. A guerra de 20 anos dos Estados Unidos no Afeganistão termina quando o último avião de carga militar dos EUA voa pesadamente no céu sobre Cabul, reporta. “Estou aqui para anunciar a conclusão de nossa retirada do Afeganistão”, disse o chefe do Comando Central dos EUA, general Kenneth F. McKenzie Jr. Os últimos a partir foram o major-general Christopher Donahue, comandante da 82ª Divisão Aerotransportada, e o embaixador Ross Wilson. O Post também relata que ataque de drones dos Estados Unidos em Cabul matou 10 civis, segundo familiares. Wall Street Journal também anuncia em alto de página: A guerra mais longa da América termina. As últimas tropas dos EUA deixam o Afeganistão depois de quase 20 anos. Mais de 100 americanos e dezenas de milhares de aliados afegãos deixados para trás enfrentam um futuro de incertezas e perigos. O inglês The Guardian dá manchete dura: Caos e derramamento de sangue quando o último vôo dos EUA sai de Cabul. E informa que será preciso resgatar mais de 7.000 pessoas presas no Afeganistão. The Times diz que o secretário de Relações Exteriores aponta o dedo para a inteligência 'claramente errada' do Ministerio da Defesa. Raab rejeita críticas enquanto se prepara para enfrentar parlamentares no Afeganistão. Ele culpou os fracassos da inteligência militar pela humilhação do Ocidente em Cabul, intensificando um jogo de culpa do governo. E afirmou que as previsões do Ministério da Defesa sobre a velocidade da aquisição do Taleban estavam “claramente erradas”. O espanhol El Mundo destaca em manchete Biden sai correndo de Cabul e deixa para trás centenas de americanos. “A guerra mais longa da história dos Estados Unidos termina com o mesmo grupo — o Taleban — no poder e sem admitir que seu anfitrião, Osama bin Laden, planejou os ataques de 11 de setembro”, resume. |
AS MANCHETES DO DIA |
Folha: Febraban reage a Guedes e a piora do cenário econômico Estadão: Fiesp recua, mas agronegócio faz manifesto pela democracia O Globo: Após recuo da Fiesp, agronegócio alerta em nota para risco de retrocesso Valor: Exportador mantém dólar no exterior mesmo com juro alto El País (Brasil): PIB ensaia com relutância seu desembarque do Governo Bolsonaro BBC Brasil: Flavio Bolsonaro tenta adiar revisão de foro privilegiado por STF UOL: Ministério da Saúde vê risco de alta de internações por covid em setembro G1: Exército americano destruiu aviões e blindados antes de deixar Cabul R7: Receita Federal paga R$ 5,1 bilhões do quarto lote de restituição do Imposto de Renda Luis Nassif: Crise sanitária, energética e política podem abreviar fim de Bolsonaro Tijolaço: ‘Telefone no rio’ de Jefferson só com polícia cúmplice Brasil 247: Bolsonaro flerta com golpe dentro do golpe, diz Dilma 5 anos após golpe de Estado de 2016 DCM: Ameaçado e perseguido, Alexandre de Moraes vira o “kinder ovo” no Planalto Rede Brasil Atual: Cinco anos do golpe contra Dilma. Um crime continuado Brasil de Fato: “Brasileiros passam fome porque não têm renda, não por falta de produção”, diz Stedile Ópera Mundi: EUA finalizam retirada de tropas do Afeganistão Fórum: Senadores recorrem de arquivamento de ação contra Aras Vi o Mundo: Com fuzil ou feijão, banqueiros querem seus 288% de juros anuais — sustenta Ladislau Dowbor Poder 360: Indicadores econômicos têm altos e baixos 5 anos após impeachment New York Times: Forças dos EUA deixam Cabul; evacuação termina Washington Post: América sai do Afeganistão WSJ: A guerra mais longa da América termina Financial Times: Aumento da Covid nos Estados Unidos gera ameaça da UE de reimpor restrições de viagens The Guardian: Caos e derramamento de sangue quando o último vôo dos EUA sai de Cabul The Times: Vazamentos do Pentágono culpam Reino Unido por mortes em bombardeios Le Monde: Covid: aposta ganha para 50 milhões de vacinados Libération: Afeganistão. O jugo depois El País: Os preços disparam por conta da luz e atrasam a recuperação El Mundo: Biden sai correndo de Cabul e deixa para trás centenas de americanos Clarín: Justiça reabre o caso do escândalo da vacinação VIP Página 12: Um drama sem teto Granma: Omara de ouro, pela sexta vez Diário de Notícias: Há 5 mil famílias à espera do apoio extraordinário a desempregados Público: Ministério Público trava há um ano acesso da justiça francesa a Rui Pinto Frankfurter Allgemeine Zeitung: Contra a tempestade The Moscow Times: Tribunal de Direitos Humanos da Europa decide que a Rússia não investigou adequadamente o assassinato da ativista Estemirova Global Times: Retirada dos EUA não é fim da responsabilidade, mas início da reflexão e correção, diz representante chinês na ONU Diário do Povo: O vínculo estreito de Xi com áreas étnicas |
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