Os principais jornais do Brasil e do mundo colocam no centro da cobertura desta terça-feira, 17, a retirada das tropas americanas do Afeganistão, na maior derrota militar da história dos Estados Unidos. A tônica é o caos deixado pelos Estados Unidos, enquanto Joe Biden aparece defendendo a medida. A operação de saída do Afeganistão e a queda de Cabul nas mãos do Taleban já podem ser colocadas como o maior fiasco militar dos EUA nos últimos 40 anos. A cobertura é amplamente negativa para a Casa Branca. As imagens de afegãos caindo dos aviões cargueiros estão nas capas dos principais diários do planeta e rodam o mundo nos noticiários das emissoras de tevê — leia mais em Internacional. As manchetes dos principais jornais brasileiros também tratam do tema. Folha: Biden se exime de triunfo do Taleban; afegãos vivem caos. Estadão: Afegãos tentam fuga em massa do Taleban; Biden se defende. O Globo: Milhares de afegãos tentam fuga desesperada do Taleban e na edição brasileira do El País: Biden: “Os EUA não poderiam continuar em uma guerra que os afegãos não estão dispostos a travar”. Na política brasileira, a ofensiva de Bolsonaro contra o STF mostra agora um resultado amargo. O Senado está emperrando a sabatina do ministro André Mendonça para o Supremo. O tema é destaque no Estadão e também ganha relevância na cobertura online do Globo. Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco adiou o início da tramitação do nome do ex-advogado-geral da União para a Corte. Folha informa que caminhoneiros admitem paralisar suas atividades em 7 de setembro se protesto incluir demanda da categoria. Para líderes de movimentos, sem essa contrapartida, manifestação não passa da manobra política antidemocrática e tentativa de golpe. Monica Bergamo relata que o envolvimento do presidente da associação dos produtores de soja do Mato Grosso, nas manifestações do dia 7 de setembro, em Brasília, rachou o setor. Antonio Galvan esteve com Bolsonaro e o cantor Sérgio Reis. Blairo Maggio peitou: “Ele pode ter posições pessoais, mas não pode usar a associação para isso”, disse o empresário, um dos maiores produtores de soja do mundo. Segundo Bergamo, Sérgio Reis está deprimido e passando mal com repercussão de áudio. INVESTIDORES Na economia, atenção à notícia da Reuters apontando que o quadro político e a pandemia devem afetar as concessões, de acordo com o ministro da Infraestrutura. Nas próximas semanas, Tarcísio Freitas embarca para encontros nos Estados Unidos, Europa e Oriente Médio, para atrair investidores. Ele avalia que os efeitos da pandemia e o cenário político conturbado no país devem afetar as concessões importantes de infraestrutura previstas para até 2022, como a Ferrogrão, aeroportos de Congonhas (SP) e Santos Dumont (RJ) e a Via Dutra. REFORMA TRIBUTÁRIA Folha relata que o projeto de lei que reestrutura as cobranças do IR (Imposto de Renda) pode ser votado nesta semana pela Câmara dos Deputados, mesmo sob críticas de empresários e pressões contrárias de estados e municípios. Ainda sem um texto definitivo, a reforma deve ir ao plenário nesta terça-feira. O relator, deputado Celso Sabino (PSDB-PA), passou o final de semana em reuniões sobre o tema. Embora diversas alterações tenham sido feitas no último mês no texto proposto pelo governo, ainda há muita resistência contra a medida. No Globo, Everardo Maciel diz que o “conjunto da obra” está errado. “É um projeto inesperado, desnecessário, inoportuno e dispensável”, completa o ex-secretário Marcos Cintra. PRECATÓRIOS No Estadão, Felipe Salto, diretor da IFI, diz que a PEC dos Precatórios é um meteoro e que chance de restaurar a responsabilidade fiscal em curto prazo foi para o espaço. “A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) n.º 23, de autoria do governo federal, propõe o calote dos precatórios. Sem a manobra, o governo argumenta que o teto de gastos seria rompido. Na verdade, a PEC é o verdadeiro “meteoro” a explodir o teto e, com ele, a credibilidade que ainda restasse da política fiscal”, aponta. FAKE NEWS Outro assunto relevante na cobertura do dia é que o TSE ordenou que as redes sociais bloqueiem verba de canais bolsonaristas. O corregedor-geral da Justiça Eleitoral, ministro Luís Felipe Salomão, identificou uma lista de canais envolvidos com a divulgação de notícias falsas, que têm como único objetivo ganhar dinheiro a partir de repasses feitos pelas redes sociais. Entre os perfis ligados à propagação de desinformação estão o do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), de seus filhos Carlos (Republicanos-RJ), Flávio (Patriota-RJ) e Eduardo (PSL-SP), assim como os de outros quatro deputados federais e influenciadores bolsonaristas. Folha noticia que um site campeão de compartilhamentos no WhatsApp e no Telegram lidera comunicação bolsonarista. A UFRJ aponta avanço do TerraBrasil Notícias, tocado por casal que recebeu auxílio emergencial e crédito federal para habitação. BOLSONARO O procurador-geral da República, Augusto Aras, abriu investigação preliminar sobre ataques de Bolsonaro às urnas. A ministra Cármen Lúcia havia dado 24 horas para a PGR se manifestar após ficar 13 dias sem resposta. A notícia-crime foi oferecida pelo líder do PT na Câmara, deputado Bohn Gass (RS) e outros petistas, imputando crime ao presidente por ataques ao sistema eleitoral. Vale ainda a leitura de reportagem da Folha apontando que o documento com informações falsas sobre mortes por Covid-19, divulgado por Bolsonaro como se fosse oficial do TCU, foi manipulado após ter sido recebido pelo presidente. É o que afirmou o auditor do TCU Alexandre Figueiredo Costa Marques, autor do documento original. Marques prestou depoimento no último dia 28 à comissão constituída no tribunal para investigar sua conduta por meio de um processo disciplinar aberto pelo TCU. A Folha abre a cobertura de política com reportagem apontando que o entorno de Bolsonaro tenta convencê-lo a amenizar embate com STF e evitar conflito com Senado. “Gesto contra Moraes e Barroso, dizem assessores, terminaria de dinamitar interlocução do Planalto com Judiciário, mas presidente tem histórico de ignorar apelos”, informa o diário. A velha lenga-lenga que não aponta, contudo, que o morde-e-assopra do Palácio do Planalto é parte da estratégia de Bolsonaro. Os jornais vivem na fantasia de que uma influência moderadora vai amenizar o tom agressivo do presidente. Os jornais relatam que, ontem, Bolsonaro aproveitou para tentar dar novas demonstrações de uso da força, disparando tiros de artilharia junto com o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira. Ele foi a Formosa (GO) para acompanhar operação de exercícios militares da Marinha. Estava acompanhado dos ministros Braga Netto (Defesa), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Marcelo Queiroga (Saúde) e Gilson Machado (Turismo). Os comandantes da Marinha, almirante Almir Garnier, e do Exército, general Paulo Sérgio, também compareceram. A ação dos militares ocorreu ao som da música tema do filme de ação “Missão: Impossível”. Foi patético. Estadão reporta que o ministro Braga Netto foi aconselhado a adotar tom moderado em audiência na Câmara. Ele participará, nesta terça-feira, de audiência pública de três comissões da Câmara para explicar recado enviado através de um interlocutor político para Arthur Lira. “Mesmo que aceite a sugestão, o general passará por um teste difícil, já que vai encontrar um clima bastante adverso dentro da Câmara”, escreve o jornalista Marcelo de Moraes. DUDA MENDONÇA A imprensa brasileira noticia a morte do publicitário Duda Mendonça, que comandou a campanha de Lula em 2002, aos 77 anos, vítima de um câncer no cérebro. Baiano, símbolo de época de protagonismo dos marqueteiros políticos, viveu auge nos anos 1990 e 2000 e saiu de cena com envolvimento em casos de corrupção. Folha diz que Duda trincou imagem de honestidade do PT com depoimento-bomba a CPI em 2005. Lula lamentou: “Duda Mendonça foi um gênio da comunicação política. O seu trabalho na campanha de 2002 já está na história como uma das campanhas mais bonitas e sensíveis da nossa história", disse, em nota. BRASIL NA GRINGA Washington Post destaca na edição desta terça-feira, 17, que apesar da posição negacionista de Bolsonaro, seus apoiadores estão sendo vacinados. Bolsonaro trabalhou para abalar a fé do Brasil nas vacinas. Mas até mesmo seus apoiadores estão correndo para conseguir suas tacadas — diz o título da reportagem. O retrato pintado pelo Post mostra um presidente perigoso. “Todas as peças estavam prontas para o Brasil seguir os Estados Unidos no caminho da resistência à vacina. O país está politicamente polarizado e cheio de desinformação. Os brasileiros, que viram político após político serem mandados para a prisão, estão predispostos à desconfiança”, diz o texto. “E são liderados por um homem que trabalhou repetidamente para minar a fé na pesquisa científica, nas instituições do país - e na própria vacina”. O alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung noticia que 94% dos brasileiros querem ser imunizados contra o vírus corona, mas o presidente Jair Bolsonaro está fazendo todo o possível para minar a confiança na vacinação. Wall Street Journal vê uma melhora no enfrentamento da pandemia pela América Latina. Na campanha de vacinação da Covid-19, as nações latino-americanas estão se aproximando dos EUA — diz a manchete de página. “Há menos hesitação vacinal na região, que foi duramente atingida durante a pandemia”, informa. INTERNACIONAL New York Times destaca em manchete que Biden defendeu a decisão de retirar as tropas dos EUA do Afeganistão, mergulhado no caos. O jornal diz que o presidente dos Estados Unidos está por trás da retirada do Afeganistão, apesar dos últimos dias “difíceis e confusos”. Biden disse que as tropas americanas não deveriam travar uma guerra que as forças afegãs não estão dispostas a travar. Os líderes e militares do Afeganistão tiveram todas as chances de determinar seu futuro, disse. Washington Post destaca na capa as tentativas desesperadas de fuga de afegãos. “Tensão sinistra se instala em Cabul enquanto o Taleban patrulha as ruas e os EUA reassumem o controle do aeroporto após cenas caóticas”, resume. O caos anula os votos do presidente de mão firme — destaca o Post, observando ainda que, nos últimos dias, o mundo assistiu no Afeganistão instantâneos de um fracasso que vem ocorrendo há décadas. Wall Street Journal sintetiza manchete: Caos envolve a retirada afegã. E o Financial Times: Caos envolve o aeroporto de Cabul em pânico para fugir do domínio do Talibã. No inglês The Guardian: Caos em Cabul com centenas lutando para fugir do Taliban. O diário relata “cenas caóticas” enquanto os civis convergiam para o aeroporto de Cabul, descrito como a única rota de saída da cidade para pessoas que temiam por suas vidas. O jornal informa que o aeroporto estava perto de ser invadido, com voos parados e várias pessoas morrendo. O sóbrio The Times também destaca: Corrida para escapar da carnificina em Cabul. O New York Times aponta que o caos ocorre no aeroporto de Cabul enquanto os americanos abandonam o Afeganistão. “Imagens de afegãos desesperados agarrados a aviões militares que partiam enfatizaram os erros cometidos pela América após 20 anos no país”, aponta o NYT. O diário ainda relata que uma ponte icônica vê os aliados dos EUA fugirem do Afeganistão como os soviéticos. “Soldados do governo afegão em retirada se amontoaram em uma ponte sobre o rio Amu Darya que foi o pano de fundo do fracasso soviético no Afeganistão décadas atrás”, ressalta. A imprensa alemã também destaca o caos na tentativa de fuga em massa no Aeroporto de Cabul. A chanceler federal Angela Merkel (CDU) e o ministro das Relações Exteriores Heiko Maas (SPD) admitiram que o governo cometeu erros ao avaliar a situação no Afeganistão. “Todos nós — o governo federal, os serviços de inteligência, a comunidade internacional — avaliamos mal a situação”, disse Maas em Berlim. Merkel: “O exército afegão não ofereceu nenhuma resistência, tivemos uma avaliação errada”. Merkel apontou sucessos na luta contra o terrorismo por meio do posicionamento no Afeganistão. “Mas tudo o que se seguiu não foi tão bem-sucedido e não foi alcançado como pretendíamos”, admitiu. |
AS MANCHETES DO DIA |
JORNAIS Folha: Biden se exime de triunfo do Taleban; afegãos vivem caos Estadão: Afegãos tentam fuga em massa do Taleban; Biden se defende O Globo: Milhares de afegãos tentam fuga desesperada do Taleban Valor: Ofertas de ações turbinam a temporada de aquisições El País (Brasil): Biden: “Os EUA não poderiam continuar em uma guerra que os afegãos não estão dispostos a travar” PORTAIS BBC Brasil: Refugiada afegã no Brasil diz que filha está escondida em casa com medo do Talebã UOL: Avanço do Taleban foi marcado por crimes contra a humanidade, diz ONU G1: A volta do Talibã ao poder e os riscos para afegãos e para os EUA BLOGOSFERA Luis Nassif: Sobre o caráter do jornalismo e das instituições brasileiras Tijolaço: Uma operação que nem de longe é “Formosa” Brasil 247: Lula consolida aliança com o PSB para 2022, em sua viagem ao Nordeste DCM: PGR vai investigar ataques de Bolsonaro às urnas eletrônicas Rede Brasil Atual: Governadores, STF e Congresso reagem a abusos do bolsonarismo Brasil de Fato: “Não vai haver uma quartelada, o golpe já aconteceu em 2016”, diz José Genoino Ópera Mundi: Avanço do Talibã ocorreu mais rápido do que prevíamos, admite Biden Fórum: Ministro do TSE bloqueia financiamento de canais de fake news Poder 360: Reforma do IR: o que diz o projeto que deve ser votado hoje pela Câmara Vi o Mundo: Jeferson Miola: O rastro devastador das guerras que os EUA perderam INTERNACIONAL New York Times: Enfrentando o caos afegão, Biden defende saída Washington Post: Afegãos desesperados tentam fugir WSJ: Caos envolve a retirada afegã Financial Times: Caos envolve o aeroporto de Cabul em pânico para fugir do domínio do Talibã The Guardian: Caos em Cabul com centenas lutando para fugir do Taliban The Times: Corrida para escapar da carnificina em Cabul Le Monde: O Talibã, mais uma vez, senhor do Afeganistão Libération: Afeganistão. Salve-se quem puder El País: A ascensão do Taliban desata o caos e o desespero por fugir El Mundo: Biden: “Não combateremos mais no Afeganistão, eles não querem lutar” Clarín: Encurralado, o presidente adverte: “Não vão me fazer cair pelo erro que cometi” Página 12: “Nunca terei que me descupar por me ajoelhar diante do FMI” Granma: Díaz-Canel visitou instituições decisivas na produção de oxigênio medicinal Diário de Notícias: Ensino. Universitários pedem mais tempo para entregar dissertações em contexto pândemico Público: “IVAucher” vai ser alargado às lojas de discos e editoras de livros Frankfurter Allgemeine Zeitung: Caos no aeroporto de Cabul impede evacuação The Moscow Times: Protótipo de avião de transporte militar russo bate perto de Moscou Global Times: A rápida vitória do Taleban embaraça os EUA, destrói a imagem, a arrogância Diário do Povo: Discursos de Xi sobre novo estágio de desenvolvimento, filosofia e paradigma são publicados |
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