Olá,
Por favor, antes de responder a este e-mail nos chamando de loucos por conta do título, peço que você leia esta mensagem até o final. Aposto que vai concordar com a gente.
A expressão fake news começou a ser amplamente utilizada nas eleições americanas de 2016, especialmente por conta das muitas mentiras espalhadas pela campanha e pelos apoiadores de Donald Trump. Você conhece essa história, não vou me alongar nela.
A questão é que a sociedade se viu obrigada a criar mecanismos para desmentir informações que, saindo diretamente do esgoto no qual habita a extrema direita, se popularizaram e ganharam o status de verdade. Você também sabe como isso funciona, afinal cada país tem a mamadeira de piroca que lhe cabe.
O importante nisso tudo é que hoje já sabemos que não se trata só de notícias falsas. Primeiro, porque não são notícias. São conteúdos pensados, planejados e cuidadosamente publicados com objetivos políticos bem definidos. Segundo, porque fazem parte de um plano mais amplo de formação de base, cooptação de apoio e sequestro do debate público.
É por isso que não podemos apenas classificar as tais histórias de "fraudes nas urnas" que vêm correndo soltas pelo WhatsApp como fake news. Não basta apenas dizer para as pessoas: isso é falso, não há comprovação. Isso eles também dizem de nós.
Veja por exemplo como se deu o debate sobre o tal "tratamento precoce". Não é suficiente explicar que não existe.
Nós precisamos, e com urgência, porque 2022 está aí, mostrar para as pessoas como isso é parte de uma estratégia política. "Fragilidade nas urnas"? Não é fake news: é caminho para pavimentar um autogolpe. "Cloroquina e remédio para verme funcionam contra a Covid-19"? Não é notícia falsa: é parte de uma estratégia deliberada para deixar brasileiros morrerem com vistas a alcançar uma fantasiosa imunidade de rebanho. Isso está comprovado e documentado pelo trabalho da CPI.
É inócuo apenas carimbar o selo de "mentira" nos absurdos que Jair Bolsonaro e seus asseclas despejam diariamente no debate público. Porque aí a coisa parece ser questão de "opinião". É fake ou é fato? Podemos demonstrar que é fake, mas é muito mais importante descortinar o que há por trás disso. É também urgente pressionar para que as instituições funcionem de fato e punam o presidente por seus crimes de responsabilidade, sua campanha antecipada e sua clara tendência golpista.
Vivemos a era da desinformação. E é por isso que o jornalismo nunca foi tão importante. Mas não qualquer jornalismo, porque está mais do que comprovado que a mídia tradicional não tem vergonha de abraçar o bolsonarismo se for para aprovar reformas que tirem direitos e dificultem a vida daqueles que vivem do próprio trabalho. Estou falando de jornalismo independente, que não tem amarras, que não presta conta para banqueiro, que não se vende para anúncio de farmacêutica que lucra com "tratamento precoce".
Esse tipo de jornalismo, quando feito de maneira profissional e corajosa, não fecha a conta. Ele custa caro, porque depende de uma estrutura robusta de produção e segurança, e não gera lucro. Afinal, qual governo ou empresa topará bancar uma redação que vive de investigar o poder?
O Intercept quer se preparar para investir em mais reportagens que revelem os podres daqueles que tomaram o Palácio do Planalto. Não fazemos jornalismo declaratório, aquele que reproduz, de forma acrítica, aspas do presidente atrás de clique, não fazemos jornalismo que apenas carimba fake news nas mentiras desse mesmo presidente. Nós fazemos jornalismo que transforma, que informa, que mostra ao público o que há por trás dos fatos aparentes. E fazemos isso de maneira gratuita. Absolutamente gratuita. Porque vivemos um momento em que a informação não pode sob nenhuma hipótese ser restrita a quem pode pagar. Isso é o óbvio! A informação de qualidade precisa estar disponível para todos e se espalhar na mesma velocidade que as fake news deles.
Esse jornalismo que é custoso e que não conta com apoio dos donos do dinheiro depende diretamente da ajuda de milhares de pessoas. É o único jeito de não pararmos e, ao mesmo tempo, nos mantermos independentes e fortes. Não tem outra saída.
Por isso, por favor, pense no trabalho do Intercept e no que ele representa hoje nessa batalha contra a desinformação. Você concorda com a gente que é hora de ir pra cima deles com ainda mais reportagens que expõem tudo que está por trás das mentiras que os sustentam no poder? Então, lembre-se: sem o apoio de mais leitores não vamos conseguir manter nosso jornalismo no mesmo patamar nos próximos meses. Precisamos da sua ajuda hoje. FAÇA PARTE DO TIB →
Um abraço, |
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