quinta-feira, 12 de agosto de 2021

Câmara aborta Distritão na última hora

 


Menos de 24 horas após a rejeição do voto impresso, a Câmara dos Deputados voltou à carga em ritmo de “passar boiada”. Os deputados aprovaram, em uma sessão açodada e muito tumultuada, a proposta de emenda à Constituição da reforma política, que incluía o chamado Distritão, um novo modelo de votação que alteraria radicalmente a forma como os brasileiros votam nas eleições. Um acordo de última hora derrubou a proposta, sob a condição de manter no texto a volta das coligações partidárias, como relatam Gil Alessi e Rodolfo Borges. Nem essa mudança é garantida, contudo, porque a proposta aprovada na Câmara, que ainda votará outros destaques apresentados ao texto, ainda será analisada pelo Senado.

Tumultos políticos como o desta quarta-feira não vêm sem custo para o país. Enquanto tenta levantar a cabeça da areia movediça formada pela pandemia, o Brasil vai pagando o preço pela crise, sobretudo pelo papel de Jair Bolsonaro à frente de um discurso de ruptura democrática. Para o economista Pérsio Arida, ex-sócio do banco de investimentos BTG, e um dos pais do plano Real, “a incerteza institucional fomentada pelo presidente é um fator chave que afeta o investimento”, contam Carla Jiménez e Regiane Oliveira.

O custo Bolsonaro tem efeitos no presente, para o futuro e até para o passado. Desde o início do Governo do ultradireitista, em 2018, o patrimônio cultural brasileiro vem sendo ameaçado pela falta de apoio. “À crônica falta de recursos, se juntam aos efeitos nefastos de um Governo que despreza a cultura como poucos e de um presidente que a equipara ao comunismo mais perigoso”, contam as repórteres Naiara Gortázar e Joana Oliveira, que se escoram no recente incêndio na Cinemateca Brasileira para traçar esse quadro.

O que fazer quando o vírus da covid-19 já entrou em nosso corpo? Essa é a pergunta que a Organização Mundial da Saúde (OMS) busca responder, apesar das propriedades preventivas das vacinas contra o coronavírus. Após o fracasso de uma série de medicamentos, a autoridade máxima da saúde mundial anunciou que vai testar três fármacos por meio de um macroensaio global, relata Miguel Ángel Criado. A falta de avanço nessa área se explica: segundo o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, o programa de agora será “o primeiro ensaio verdadeiramente mundial”.


Câmara força votação do Distritão, mas derruba proposta na última hora
Câmara força votação do Distritão, mas derruba proposta na última hora
Projeto implementaria modelo que facilita eleição de político tradicional, mas, em sessão tumultuada, relatora concordou em retirá-lo da reforma eleitoral

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