Um dia depois de tomar o poder no Afeganistão, sob cenas de desespero de civis tentando deixar o país, o Talibã veio a público pela primeira vez para tentar contornar a comoção local e o ceticismo da comunidade internacional. O grupo extremista prometeu moderação ao afirmar não querer "inimigos dentro ou fora do país" e anunciou uma suposta anistia geral, em que não haveria retaliações contra soldados afegãos ou membros do Governo —que desmoronou nos últimos dias, após a fuga do presidente. Além das promessas de maior liberdade para a imprensa, afirmou ainda que as mulheres, historicamente reprimidas pelo regime fundamentalista, poderão trabalhar e estudar, se quiserem, mas "dentro da lei islâmica". As promessas de moderação, no entanto, não convenceram a população. As mulheres quase desapareceram das ruas de Cabul nesta terça-feira. E as poucas que se aventuraram estavam cobertas por burcas e acompanhadas por um homem, como foi obrigatório nos cinco anos em que o Talibã governou a maior parte do país nos anos noventa. A jornalista e defensora dos direitos da mulher Humira Saqib, de 41 anos, conta que já há perseguição. "Eles começaram a ir de casa em casa à procura das mulheres ativistas", afirma. De Cabul, o correspondente Charlie Faulkner relata como a geração atual agora deve sentir na pele o mesmo que seus pais. "Os jovens queriam mudar este país, tínhamos muitos sonhos e planos de futuro, para nós e para o Afeganistão", afirma Marzia Panahi, dona de uma galeria de arte em Cabul. O medo, agora, é de que tudo tenha sido em vão. No Brasil, o ministro da Defesa, general Braga Netto, prestou depoimento nesta terça-feira na Câmara dos Deputados, após ter sido convocado para se explicar sobre uma suposta ameaça velada às eleições. Ele negou que a tenha feito e disse que as Forças Armadas trabalham dentro da Constituição. Mas mentiu ao dizer que não houve ditadura no país. Segundo ele, se tivesse havido, "muitas pessoas não estariam aqui". Em entrevista a Carla Jiménez e a Afonso Benites, o senador Alessandro Vieira, que faz oposição ao Governo na CPI da Pandemia, explica o motivo de a comissão ainda não ter conseguido chamar o ministro da Defesa para depor: "Os senadores têm receio de uma reação armada com a convocação de Braga Netto". | |||||
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