quarta-feira, 18 de agosto de 2021

CPI pode indiciar Bolsonaro por falsificação e Senado se afasta do Planalto

 A CPI da Pandemia estuda incluir adulteração de documentos entre os possíveis crimes cometidos pelo presidente Jair Bolsonaro no gerenciamento da crise da Covid-19. Em junho ele anunciou um “relatório” atribuído ao Tribunal de Contas da União (TCU) apontando possível supernotificação de mortes por Covid-19 nos estados. O documento então começou a circular nas redes com os timbres oficiais da Corte. Ontem, o autor do levantamento, o auditor do TCU Alexandre Marques, disse à CPI que seu estudo não era oficial e foi considerado inconclusivo. Mais ainda, que a versão entregue por seu pai, o militar da reserva Ricardo Silva Marques, a Bolsonaro não tinha qualquer marca oficial do TCU. (Estadão)

Pois é… Há um afastamento entre Bolsonaro e o Senado. O presidente insiste em apresentar o pedido de impeachment contra ministros do STF, a Casa não vai avaliá-los. Voltou a esfriar a possibilidade de se votar logo a indicação de André Mendonça para o Supremo. E as pautas do governo estão parando. (Globo)

Vera Magalhães: “É chave para os desdobramentos da grave crise institucional o comportamento do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. Seu estilo mineiro, avesso a conflitos, torna sua missão ainda mais espinhosa. A visita que deverá fazer nesta quarta ao presidente do Supremo, Luiz Fux, é mais uma sinalização a Bolsonaro de que não conte com ele para chancelar uma investida contra dois integrantes do Supremo. O que a falta de discernimento de Bolsonaro não lhe permite enxergar é que ele testa os limites da democracia no momento em que lhe escapam os apoios que conservava espantosamente até aqui. Por todas essas circunstâncias, não é trivial a responsabilidade colocada sobre o presidente do Senado. Cabe a ele deixar de lado, por ora, a ênfase num diálogo que Bolsonaro já deixou claro que não respeita, e fazer ver ao presidente que existem não só juízes, mas também congressistas.” (Globo)

Enquanto isso... A Procuradoria Geral da República (PGR) enviou ontem ao Supremo Tribunal Federal (STF) parecer dizendo não ver crime nas aglomerações sem máscara de Bolsonaro. Para isso, o órgão contrariou o consenso científico e questionou a eficácia desse tipo de proteção. (Folha)




Meio em vídeo. O Conversas com o Meio desta semana traz Conrado Hubner Mendes, professor de Direito Constitucional da USP, que avalia com Pedro Doria os posicionamentos do Supremo Tribunal Federal contra os ataques recebidos publicamente e as ameaças à democracia brasileira. Confira no YouTube.




O percentual de brasileiros que avalia o governo Bolsonaro como ruim ou péssimo chega a 54%, segundo Pesquisa XP/Ipespe divulgada ontem. O número apresenta uma variação de 2 pontos a mais, dentro da margem de erro, em relação ao levantamento anterior, em julho. Para 23% (2 pontos a menos), o governo é bom ou ótimo. A pesquisa também apurou as intenções de votos para 2022. No primeiro turno, o ex-presidente Lula (PT) tem 40% das intenções de voto, seguido de Bolsonaro (sem partido), com 24%, Ciro Gomes (PDT) (10%), Sergio Moro (sem partido) (9%), Luiz Henrique Mandetta (DEM) e Eduardo Leite (PSDB) (4%). Num segundo turno, Lula venceria Bolsonaro por 51% a 32%. (Poder360)

A cientista política Carolina Botelho analisou os números. “A desaprovação do governo está altíssima. Para uma possível reeleição, a aprovação deveria beirar os 40%, 45%. Está bem longe disso e a reversão é difícil. Um dos pontos mais interessantes é a percepção das pessoas sobre prefeitos, governadores e congresso. Melhorou para todos. Efeito da CPI da Pandemia e das respostas dessas instituições. As pautas do bolsonarismo parecem que não se resolveram com o governo Bolsonaro. Percepção sobre corrupção e crime piorou. A maioria acha que vai aumentar nos próximos meses.” (Twitter)




A Câmara aprovou na noite de ontem, em segundo turno, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que, entre outras mudanças na legislação eleitoral, traz de volta as coligações proporcionais e limita o poder de fiscalização do TSE. O texto vai agora ao Senado, onde enfrenta grande resistência. (G1)




Aparentemente consolidada a tomada de poder no Afeganistão, o grupo islâmico Talibã tenta mostrar ao mundo uma face mais moderada. Em sua primeira entrevista após a entrada em Cabul, Zabihullah Mujahid, porta-voz do grupo, prometeu que o país não voltará a servir de base para grupos terroristas como a al-Qaeda. Ele também afirmou que as mulheres no país poderão trabalhar e estudar dentro das regras da sharia, a lei islâmica. (UOL)

Nos EUA, após a retirada às pressas do Afeganistão, a popularidade do presidente Joe Biden caiu sete pontos e atingiu seu nível mais baixo, 46%. Embora apoiassem o fim da ocupação, os americanos não gostaram da forma como ela aconteceu. (Globo)

E para completar o mosaico de horror em que se transformou a fuga de Cabul, a Força Aérea dos EUA está investigando restos mortais encontrados em trens de pouso de um avião que deixou a capital afegã. (G1)

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