segunda-feira, 30 de agosto de 2021

Deu na Imprensa - 30/08

 

As manchetes de jornais nesta segunda-feira, 30, trazem ênfase em assuntos diversos, mas Globo e Estadão convergem para a reação de entidades patronais em busca de uma “harmonia entre poderes”, enquanto a Folha destaca a possibilidade de o STF contrariar os interesses do Planalto e da bancada ruralista sobre o marco temporal para a mudança na demarcação de terras indígenas

Nos EstadãoManifesto que pede pacificação do país teve origem na Febraban, enquanto O Globo coloca que a Fiesp lidera manifesto pró ‘harmonia de Poderes’. Por sua vez, o Valor mantém o foco em interesses do mercado financeiro: Consolidação de petroquímicas atrai estrangeiros. Já a edição brasileira do El País coloca como assunto principal o Furacão Ida, que chega à costa dos EUA com intensidade devastadora e desperta temores do Katrina.

Os onlines dão destaque nesta manhã à ação espetacular de bandidos no interior de São Paulo. Criminosos invadem Araçatuba para assaltar bancos e fazem reféns. Ao menos três pessoas morreram. Eles usaram moradores como escudos humanos para escapar da cidade. Orientação da PM é para que moradores fiquem em casa até que a situação seja controlada. 

Sobre a crise política, Folha noticia que partidos temem Bolsonaro mais autoritário após 7 de Setembro, e aliados tentam moderar discurso. Receio de líderes políticos é que eventuais ruas cheias acabem legitimando declarações golpistas. Interlocutores acreditam que Bolsonaro pode se acalmar ao ver que tem ainda grande apoio da população. A adesão às manifestações, dizem tanto aliados como adversários, será um divisor de águas para testar a força do presidente.

Placar do Estadão mostra que a crise na Praça dos Três Poderes possivelmente já afeta o núcleo duro de apoio à indicação de André Mendonça para o STF. Atualmente, são 23 os senadores que se declaram favoráveis ao nome do ex-chefe da AGU – em julho, eram 26. Para ingressar a Corte máxima do país, o segundo indicado pelo presidente Jair Bolsonaro precisa de pelo menos 41 votos. 

Nenhum jornalão repercutiu o artigo do ministro Ricardo Lewandowski, ontem na Folha, alertando o presidente da República de que o uso de armas nas manifestações no Dia da Independência e qualquer tipo de intervenção armada é crime inafiançável e imprescritível“Pode ser alto o preço a pagar por aqueles que se dispõem a transpassar o Rubicão”, adverte o ministro. Só veículos da mídia alternativa repercutiram o alerta de Lewandowski.

Segundo o Estadão, o manifesto da Fiesp, que pede pacificação entre os Três Poderes, teve origem na Febraban e já havia reúne mais de 200 assinaturas. “Com o cuidado de não assumir um caráter antigoverno, o documento tem por objetivo demonstrar claramente o incômodo nos setores produtivo e financeiro com a crise institucional fomentada pelo presidente. Os signatários são diversas associações, empresários, economistas e outros nomes da sociedade civil. O jornal saúda a iniciativa: O 'PIB' finalmente resolveu se posicionar contra os ataques à democracia. “Chegamos ao terceiro ano do mandato presidencial com muito pouco liberalismo e excesso de intervencionismo, a tônica do que tem sido o país nos últimos anos”, escreve Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, e espécie de “porta-voz do mercado financeiro”. 

Um contraste com a reportagem do El País, na edição de domingo, que trata das falas insensíveis do ministro da Economia, que refletem o pensamento da elite brasileira“Paulo Guedes tem se destacado ultimamente mais por suas frases caricatas, ou passivo agressivas, do que por sua política econômica. Tantas falas desconectadas o transformaram em protagonista de uma intervenção artística na cidade de São Paulo, neste fim de semana. Artistas visuais e ativistas espalharam lambe-lambes e pôsteres com fotos do ministro e trechos de frases ditas por Guedes ― “Todo mundo quer viver” ― e críticas pelas avenidas Faria Lima e Paulista, algumas das vias símbolo do sistema financeiro no Brasil”, aponta.

No Valor, reportagem fala sobre a insatisfação dos bancos com o governo“Humor começou a mudar com a gestão da pandemia e o fato de a agenda liberal não ter avançado”, aponta. A decisão de Banco do Brasil e Caixa de sair da Febraban é fruto do descontentamento crescente dos bancos privados com o governo. “Mas foram as ameaças de ruptura institucional que levaram a Febraban a assinar o manifesto A Praça é dos Três Poderes, liderado pela Fiesp. A adesão incomodou os bancos públicos”, relata.

HABITAÇÃO

Estadão informa que, um ano depois, Casa Verde e Amarela não decola e entrega menos moradias. “Apesar da queda na taxa de juros, política habitacional do governo Bolsonaro esbarrou na falta de verbas do Orçamento”, sublinha o jornal. Embora a redução na taxa de juros tenha contribuído para impulsionar financiamentos, sobretudo no Nordeste, a entrega de novas casas está abaixo da média dos últimos anos, e até agora zero moradias foram regularizadas ou alvo de reformas. A insegurança financeira que cerca o programa desperta críticas num momento em que famílias perdem renda e sofrem com despejos em plena pandemia de covid-19.

CORRUPÇÃO

Folha traz nova denúncia sobre suspeita de corrupção no Ministério da Saúde. O governo Bolsonaro ocultou do MPF compra de máscaras por metade do preço de modelo impróprio. Existência do contrato mais barato foi omitida ao menos 3 vezes; governo não comenta. O governo pagou R$ 3,59 por máscara do tipo PFF2, considerado um dos melhores modelos para proteção contra o coronavírus, e R$ 8,65 por unidade de uma máscara que acabou escanteada por ser imprópria a profissionais de saúde. A diferença a mais do custo do segundo produto foi de 141%.

ÍNDIOS

Valor noticia que área ocupada pelo garimpo em terras indígenas cresceu 495% de 2010 a 2020. A taxa de expansão do garimpo quadriplicou a partir de 2010 e coincide com o avanço sobre territórios indígenas e unidades de conservação. As maiores áreas de garimpo em terras indígenas estão em território Kayapó (7.602 hectares) e Munduruku (1.592 hectares), ambos no Pará. No território Yanomami são 414 hectares no Amazonas e em Roraima.

Jornais ainda informam que a área de mineração no Brasil cresceu 564% entre 1985 e 2020, saltando de 31 mil hectares para 206 mil. Boa parte desse crescimento está relacionado ao garimpo, que já ocupa área maior que a mineração industrial e avança por unidades de proteção. Os dados, que resultam da análise de imagens de satélite com o auxílio de inteligência artificial, foram divulgados pelo MapBiomas, iniciativa que envolve universidades, ONGs e empresas de tecnologia.

Estadão noticia que após 18 dias de incêndio no território indígena Kadiwéu, no interior do Mato Grosso do Sul, os brigadistas do Ibama esperam finalizar somente nesta segunda-feira, o trabalho de combate ao fogo. Cinquenta homens do Prevfogo, ligado ao órgão ambiental federal, se revezaram durante 24 horas na região. As chamas consumiram 48% da área protegida. 


BRASIL NA GRINGA

A declaração de Bolsonaro de que será preso, morto ou declarado vencedor nas eleições de 2022 ganha repercussão global, por conta de texto da Reuters, com o material sendo reproduzido em mais de 19,8 mil publicações no exterior, com destaque no inglês The GuardianOs comentários vêm enquanto o presidente questiona o sistema de votação eletrônica do Brasil e ameaça não aceitar os resultados da eleição do próximo ano. Bolsonaro vem pedindo a adoção de votos impressos, dizendo que as cédulas eletrônicas são vulneráveis a fraudes. Bolsonaro está atrás do ex-presidente de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva na maioria das pesquisas.  As bravatas de Bolsonaro também repercutiram no português Diário de Notícias.

O francês Libération traz texto analítico apontando que Bolsonaro é o retrato do culto à negação da fé. “Hoje, no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro está sob comissão de inquérito, acusado de charlatanismo por ter promovido tratamento desnecessário (mas o adjetivo ‘charlatão’ está reservado pela imprensa a um grande cientista francês de reputação internacional bem estabelecida). Ele também é acusado de atrasar a campanha de vacinação e de corrupção”, escreve Christian Lehmann, médico e escritor.

Os protestos indígenas em Brasília contra as mudanças na política de demarcação de terras tem repercussão na imprensa internacional. Despacho da Reuters noticia que índios queimaram caixão gigante em protesto à decisão de terras vitais. Cerca de 150 indígenas protestaram em frente ao palácio presidencial na sexta-feira, colocando fogo em um caixão gigante que havia sido carregado em uma manifestação antes de uma decisão da Suprema Corte sobre suas terras ancestrais. O grupo era uma pequena parte dos cerca de 6.000 indígenas de 176 tribos que desceram à capital para denunciar uma proposta que estabelece a data de 1988 para reivindicações de terras. O material foi replicado em mais de 3 mil sites e veículos de notícias ao redor do mundo.

No alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung, reportagem noticia que veneno da cobra jararacuçu retarda o coronavírus“Não é incomum que as moléculas dos venenos animais ajam como drogas”, escreve o correspondente Tjerk Brühwiller“Pesquisadores brasileiros já encontraram no veneno da cobra Jararacuçu um que inibe a multiplicação do coronavírus”. Em estudos de laboratório, cientistas do Instituto de Química da Universidade do Estado de São Paulo (Unesp) colocaram um componente da proteína do veneno, um peptídeo, em contato com células infectadas de macacos e descobriram que a capacidade reprodutiva do vírus diminuiu em 75%. Os resultados, publicados na revista Molecules, são promissores para novas pesquisas e até mesmo para a fabricação de medicamentos para o tratamento de pessoas infectadas. 

INTERNACIONAL

Na manchete do New York Times, o furacão Ida, uma poderosa tempestade de categoria 4, atinge a Louisiana. Ondas de picos brancos apareceram no rio Mississippi enquanto os ventos arrancavam árvores, telhados de prédios e cortavam a energia de centenas de milhares em todo o estado. Em Nova Orleans, as pessoas observam ansiosamente os diques enquanto o furacão chega. A perspectiva de “outro Katrina” tem assombrado a cidade e o resto da nação. Washington Post também destaca a chegada do furacão ao estado da Lousiana.

Wall Street Journal coloca na manchete a notícia de que EUA visam suspeitos de suicídio em bombardeiros com ataque de drones em Cabul. O governo Biden disse que continua comprometido com o Afeganistão, já que a presença dos EUA diminuiu rapidamente em meio a crescentes preocupações com a segurança.

 

AS MANCHETES DO DIA

Folha: Terra indígena pode opor STF a ruralistas e Planalto

Estadão: Manifesto que pede pacificação do país teve origem na Febraban

O Globo: Fiesp lidera manifesto pró ‘harmonia de Poderes’

Valor: Consolidação de petroquímicas atrai estrangeiros

El País (Brasil): Furacão Ida chega à costa dos EUA com intensidade devastadora e desperta temores do Katrina

BBC Brasil: EUA veem com preocupação democracia brasileira mas consideram que Forças Armadas não participariam de golpe

UOL: Com ataques ao sistema eleitoral, Bolsonaro repete 'manual' de Trump

G1: Quadrilha faz moradores reféns durante ataque a banco no interior de SP; uma pessoa morre

R7: Mercado de trabalho deve registrar crescimento de 225 mil vagas temporárias em setembro

Luis Nassif: Só agora o mercado acorda para a crise energética

Tijolaço: Bolsonaro, o ‘malandro-agulha’ da conta de luz

Brasil 247: Fiesp, que liderou campanha pelo golpe contra Dilma, articula manifesto por "harmonia entre os poderes"

DCM: Com dívida de R$ 1,8 bi, Brasil pode perder direito de voto na ONU em 2022

Rede Brasil Atual: Lewandowski alerta Bolsonaro a recuar de golpe em 7 de setembro. ‘Crime inafiançável e imprescritível’

Brasil de Fato: Em novo dia de tensão, EUA explodem carro-bomba do Estado Islâmico em Cabul

Ópera Mundi: Afeganistão: em novo ataque contra Estado Islâmico, EUA atingem carro suspeito de carregar 'homens-bombas'

Fórum: Lewandowski lembra imperador romano morto a facada por filho e alerta: não ultrapasse o Rubicão

Vi o Mundo: Governo Bolsonaro nos envergonha ao entregar os Correios, quando empresas da França e Alemanha se tornam potências globais da logística

Poder 360: Legislação limita programa de enfrentamento da crise energética

New York Times: Os diques são testados com o furacão ida golpeando a costa do golfo

Washington Post: Poderosa Ida atinge a Lousiana

WSJ: EUA atingem supostos homens-bomba em Cabul

Financial Times: EUA afirmam que ataque de drones frustrou novo ataque a transporte aéreo com a aproximação do prazo final

The Guardian: Taliban afirma que permitirá mais partidas com o ataque dos EUA a Cabul

The Times: Ameaça de terror é ‘pior em anos’

Le Monde: Poder do Taliban posto à prova de terrorismo

Libération: Retorno político. O grande engarrafamento

El País: “Nunca pensamos que tantas vidas dependeriam de nós”

El Mundo: Casado lança desde Galícia sua “alternativa” ao “governo mais radical”

Clarín: O radical Gustavo Valdés arrasou em Corrientes e foi reeleito governador

Página 12: “Você continua fazendo as pessoas desaparecerem” 

Granma: “Depois do furacão, agora temos que dar a volta por cima, com esforço e vontade”

Diário de Notícias: 51%. Medina tem quase o dobro de votos que Moedas

Público: Portugueses duplicam poupanças na pandemia e reforçam depósitos

Frankfurter Allgemeine Zeitung: Ataques americanos contra suspeitos de terrorismo do EI

The Moscow Times: Rede russa de sushi pede desculpas por anúncio de homem negro

Global Times: EUA dão um tiro no próprio pé quando o relatório de origens do COVID-19 'inconclusivo' prejudica a sua reputação

Diário do Povo: Xi fala sobre as abordagens da China para lidar com assuntos étnicos

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