Mais um ouro pra o Brasil, mais uma mulher no pódio, com a baiana Ana Marcela Cunha na maratona aquática. Merecido, muito merecido, depois de estrear com 16 anos na Olimpíada em Pequim (2008), ficar de fora de Londres (2012), e em décimo lugar no Rio 2016. Foram 10 quilômetros em direção ao ouro, e Ana Marcela mostrou como as mulheres brilharam nestes Jogos. Nem só as que estão nos primeiros lugares, como mostrou a estrela da ginástica olímpica, Simone Biles. Se em sua volta às competições a norte-americana ficou apenas com o bronze na trave, o título de campeã moral deve perdurar por muito mais tempo pela coragem de dizer “não” à pressão de ser a melhor do mundo outra vez, conta Carlos Arribas. Nesta edição, a colunista Eliane Brum chama a atenção para as expectativas e leituras que fazemos da vitória de atletas como a ginasta Rebeca Andrade, a menina negra da periferia, que desperta a narrativa da “superação” e da “glória” que encobre as tripas da sociedade brasileira. Ou esconde que o Brasil ainda é muito mais de Borba Gato do que de Rebeca. “Enquanto Rebeca voava como exceção, a violência corria solta na senzala que o Brasil nunca deixou de ser e, com Jair Messias Bolsonaro, ampliou o sangue no chão”, escreve Brum. Em Brasília, os trabalhos da CPI da Pandemia voltaram nesta terça-feira, e o primeiro depoimento após o recesso parlamentar foi o do reverendo Amilton Gomes de Paula, um consultor que não sabe explicar como atua sua própria consultoria —ou mesmo o número de telefone da empresa. Gomes de Paula chorou, admitiu que mentiu e disse estar arrependido de ter atuado na negociação para a compra de vacinas contra a covid-19 que causou um dos maiores escândalos analisados pela comissão do Senado, conta Afonso Benites. Leia também nesta edição a reportagem de Mauricio Vicent, de Havana, que conta como jovens como Carlos, detido durante os protestos de 11 de julho, vivem a nova revolução de uma juventude que não tem as raízes na revolução castrista. “Nossos pais nos ensinaram a falar baixinho, mas isso acabou”, diz uma jovem de 20 anos, garçonete num restaurante. Ela integra uma geração “descrente, frustrada, golpeada pela crise, que sente que não deve nada à Revolução”. Em uma análise imperdível, Enric González explica o paradoxo argentino na economia, um país rico, e o único país americano mais pobre do que um século atrás, comparado a si mesmo em dólares constantes. Foi de décimo país mais rico do mundo em renda per capita, em 1913, para o 75º lugar, agora.
| |||||
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário