terça-feira, 22 de setembro de 2020

Análise de Mídia 22/09

 



CAPA – Manchete principal: *”Brasileiro é dos que mais sentem a ‘inflação da Covid”

EDITORIAL DA FOLHA - ”Vergonha nacional”: Mesmo antes da crise do coronavírus, o país amargava retrocessos nos mais básicos indicadores sociais. Pesquisa cujos resultados acabam de ser divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostra que a insegurança alimentar atingiu 37% de 58 mil domicílios observados entre junho de 2017 e julho de 2018. É um nível semelhante ao registrado em 2004, quando 35% disseram estar nessa situação, e bem superior aos 23% de 2013, o melhor momento captado pela pesquisa. No grupo que indicou algum grau de insegurança, 24% declararam preocupação com o acesso a alimentos e o risco de perda de qualidade no futuro. Outros 8% enfrentavam escassez temporária, e 5% estavam em situação de fome. A pesquisa também oferece novas evidências das iniquidades do país. A falta grave de alimentos atingia principalmente famílias chefiadas por negros. Crianças e adolescentes também se mostravam desproporcionalmente afetados. A deterioração detectada pela pesquisa resulta da recessão atravessada pela economia entre 2014 e 2016. A lenta retomada que se seguiu foi insuficiente para impulsionar a geração de empregos e reduzir a informalidade do trabalho.
Há indícios de que a situação pode ter se agravado com a pandemia, dada a combinação de uma nova recessão com um salto abrupto nos preços dos alimentos. A queda do Produto Interno Bruto neste ano pode ser de 5%, um pouco menos dramática do que há quatro anos, mas a inflação de itens essenciais da cesta de consumo das famílias pobres é pior. Embora o auxílio emergencial tenha minorado o sofrimento, ao beneficiar cerca de 67 milhões de pessoas, trata-se de um efeito temporário. A redução do valor da ajuda a partir de outubro, de R$ 600 para R$ 300, aumentará a parcela da população no grupo de risco. A inflação de alimentos decorre da combinação explosiva da alta do dólar com a demanda externa crescente, que impulsionam preços de grãos e proteína animal. Se a volta à atividade for lenta, como se prevê, o desemprego permanecerá elevado e a renda voltará a cair. Para um país que se tornou um dos maiores produtores de alimentos do mundo, permitir que parcela da população passe fome serve apenas como sinal embaraçoso de continuada degradação nacional. Não há saída sem consciência do problema e políticas em prol dos mais pobres. Recuperar o dinamismo perdido, a criação de empregos e a capacidade de distribuir renda depende de um amplo redesenho dos impostos e do gasto público —hoje capturados por grupos insensíveis ao fato de que, sem redução da pobreza e da desigualdade, nada de sólido poderá ser construído.

”Auxílio emergencial: nenhum real a menos” - Há no Brasil um impasse entre preservar a proteção econômica à população afetada pela pandemia do coronavírus, por um lado, ou o arrocho da proteção social que levará ao aumento da fome, da miséria e da violência, por outro. Agora esse impasse se manifesta na preservação do auxílio emergencial de R$ 600 ou no corte à metade, como propõe o governo por meio de medida provisória. O que está em disputa são R$ 300 a mais ou a menos nas mãos da população mais vulnerável. A escolha entre um caminho e outro marcará os rumos da nossa história. E essa escolha depende da decisão do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), em colocar em votação a MP e dos parlamentares em aprovar a manutenção do auxílio emergencial de R$ 600 até dezembro. Seremos um país de miseráveis ou um país que conseguiu atravessar a pandemia de forma responsável e construtiva? Novamente, as centrais sindicais, que defenderam em abril um auxílio de R$ 500 quando o governo falava em apenas R$ 200, se unem na luta para que o Brasil siga um caminho que mantenha a proteção econômica de quase 70 milhões de brasileiros e brasileiras. Nossa luta está expressa na campanha, lançada em 17 de setembro último, pela manutenção do auxílio emergencial no valor de R$ 600 até dezembro e de R$ 1.200 para as mães chefes de família. Estamos cientes do impacto fiscal que tal medida terá e passamos ao largo de manifestações imaturas e irresponsáveis que visam tão somente desgastar o governo. Mas teses que sustentam que o Brasil não tem recursos para estender o auxílio em seu valor integral não nos enganam. Ao contrário disso, consideramos que a melhor proteção para o problema fiscal é a retomada da atividade econômica, que começa protegendo a renda que garante o consumo da população e sustenta a demanda das famílias.
Vamos além, afirmando que cabe ao governo investir em um desenvolvimento produtivo ambientalmente sustentável, justo e cooperado, e viabilizar financiamentos de curto prazo com a implantação imediata de impostos progressivos sobre renda e riqueza. Deve estar claro para todos que R$ 300 não atendem às necessidades básicas de uma pessoa em um mês, ainda mais para uma família! O aumento do custo de vida tem corroído mais os rendimentos menores, especialmente pelo aumento dos preços dos alimentos. Segundo o Dieese, o valor da cesta básica no Brasil varia entre R$ 398, em Aracaju, e R$ 540, em São Paulo, o que mostra que R$ 300 mensais não são suficientes nem para a alimentação. E ainda é preciso colocar nessa conta moradia, saúde, transporte e educação, além de todas as outras necessidades. O horizonte, nessa perspectiva de redução do auxílio emergencial, é o aumento de pessoas vivendo nas ruas, saques, revoltas e criminalidade, entre outras mazelas. A continuidade do auxílio emergencial de R$ 600, por outro lado, tem o potencial de conter esse cenário trágico. Estudos estimam que ele representa 2,5% do PIB (lembremos que o Brasil vem crescendo 1% ao ano), com mais de R$ 320 bilhões injetados na economia através do sustento das famílias beneficiadas. Ou seja, além de garantir a subsistência e o consumo da população carente, ele fomenta a atividade de micro, pequenas e grandes empresas. Por isso defendemos e convidamos todas as organizações, entidades e movimentos sociais para se unirem a esse grande esforço de articulação e garantir ao povo o que lhe é de direito: um auxílio emergencial decente, de R$ 600, no mínimo até dezembro. Nenhum real a menos!
* Miguel Torres - Presidente da Força Sindical
Sérgio Nobre - Presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores)
Adilson Araújo - Presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil)
Ricardo Patah - Presidente da UGT (União Geral dos Trabalhadores)
José Calixto Ramos - Presidente da NCST (Nova Central Sindical de Trabalhadores)
Alvaro Egea - Secretário-geral da CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros)

PAINEL - ”PSDB tenta evitar que desgaste de Doria prejudique Covas”

PAINEL - ”Gilberto Carvalho se junta à campanha de Tatto e marca entrada de Lula na disputa eleitoral em SP”: O ex-ministro Gilberto Carvalho, um dos petistas mais próximos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, passou a integrar nesta segunda-feira (21) a coordenação da campanha de Jilmar Tatto à Prefeitura de São Paulo. Além dele, que foi ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República durante os governos Lula e Dilma Rousseff, Vagner Freitas, ex-presidente da Central Única dos Trabalhadores, também se juntou à campanha. Carvalho e Freitas são figuras historicamente ligadas a Lula que, por meio da participação de seus indicados na campanha, passa a acompanhar e a apoiar mais de perto a candidatura de Tatto em São Paulo. Cobrada por membros do partido há meses, a participação do presidente é um dos trunfos do PT na disputa eleitoral em São Paulo. Pesquisa Ibope divulgada neste domingo (20) mostrou que Lula aparece como cabo eleitoral mais forte em comparação com Jair Bolsonaro (sem partido), João Doria (PSDB) e Geraldo Alckmin (PSDB). Um terço dos entrevistados da pesquisa (32%) se declararam muito ou pouco inclinados a votar em um candidato a prefeito impulsionado pelo ex-presidente petista.

PAINEL - ”Tatto vai ato em defesa de padre Júlio, e Boulos recusa citando agenda”: Jilmar Tatto deve ir a ato em apoio ao padre Julio Lancellotti na sexta, na Mooca. Lula mandará um vídeo. O padre participou do lançamento de programa do partido nesta segunda (21). Guilherme Boulos (PSOL) também foi convidado, mas não vai. Diz ter compromisso pré-agendado.

PAINEL - ”Impeachment em SC gera guerra entre aliados de Bolsonaro”

PAINEL - ”Huck encontra veteranos da política e diz não ter barriga tanquinho”: Luciano Huck teve um dia dedicado a veteranos da política nesta segunda (20), em evento na Associação Comercial de SP. Heráclito Fortes, José Carlos Aleluia, Benito Gama, Paulo Delgado e Roberto Brant foram alguns dos que participaram. Jorge Bornhausen, também presente, conversa muito com ele. O apresentador e presidenciável disse que não é showman. “Não tenho barriga tanquinho, não sei tocar um instrumento, nunca fui galã da Malhação e não sou bom com humor. Mas tenho real interesse na vida das pessoas”.

PAINEL - ”Partidos recorrem a aplicativo para evitar candidatos laranjas”: PSL, MDB e Republicanos recorreram a aplicativo criado pela Essent Jus, rede de escritórios de contabilidade, para repartir a cota feminina do Fundo Eleitoral e tentar evitar candidaturas laranjas.

PAINEL - ”Prefeitura de SP fará exame sorológico em professores da rede municipal”
PAINEL - ”CNJ pede apuração sobre bônus para desembargadores do TJ-SP”
PAINEL - ”Aliados de Alcolumbre avaliam que emenda é inevitável para garantir reeleição”

”Indefinição da Justiça amplia risco de prescrição de ações do mensalão tucano” - Cada vez mais próximas da prescrição, as ações do chamado mensalão tucano têm um futuro indefinido após uma série de decisões judiciais terem dado rumos diferentes para casos similares. Em novembro, completam-se 13 anos que a Procuradoria-Geral da República apresentou uma denúncia relativa ao caso, que ocorreu em 1998 e foi considerado o embrião do mensalão petista. Dos 12 réus iniciais, apenas 2 deles tiveram julgamento do mérito na primeira e segunda instâncias no Tribunal de Justiça de Minas Gerais: o ex-governador Eduardo Azeredo (ex-PSDB), que foi condenado e chegou a ficar preso por 18 meses, e o ex-diretor da estatal mineira Comig Renato Caporali, absolvido. Cinco deles atingiram a idade de prescrição, 70 anos, e um morreu antes de ser julgado. Agora, os casos se concentram nas ações contra o ex-vice-governador de Minas Gerais Clésio Andrade e o ex-secretário da gestão Azeredo Eduardo Guedes. Ambos foram condenados em primeira instância, mas suas defesas entraram com habeas corpus e conseguiram anular os processos de seus clientes antes do julgamento do mérito em segunda instância. O argumento, acatado pelo TJ-MG no fim do ano passado, era o de que os casos têm conexão com supostos crimes eleitorais e deveriam ser julgados pelo TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de Minas, conforme entendimento firmado pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
Acontece que, se os casos forem enviados para o TRE, é praticamente certo que eles prescrevam, na visão do Ministério Público de Minas Gerais. Para tentar evitar isso, o MP-MG tem apresentado uma série de recursos, sob o argumento de que as acusações não envolvem questões eleitorais, que devem continuar a tramitar na Justiça comum e que as anulações devem ser invalidadas. Por causa desses recursos, o envio do processo de Clésio ao TRE foi suspenso até posterior análise. Não foi o caso da ação sobre Eduardo Guedes. O TJ-MG inicialmente suspendeu o envio, mas um desembargador modificou a decisão e autorizou o envio para o TRE. No último mês, além de recursos ao Supremo e ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) no caso de Guedes, o Ministério Público também recorreu ao próprio TJ-MG para que a suspensão voltasse a vigorar e o caso não fosse imediatamente para a Justiça Eleitoral. Impedir que os casos sejam enviados ao TRE, disse o Ministério Público, é “a medida que melhor atende a celeridade processual” e permitiria retomar o curso da ação penal originária. Uma decisão condenatória de um colegiado de desembargadores, diz a Promotoria, “constituirá marco interruptivo da prescrição, circunstância cediça na ambiência jurídica”. O processo relativo ao núcleo publicitário do esquema, que envolve Marcos Valério e Cristiano Paz, também foi anulado e também devem sair do âmbito da Justiça estadual. Eles também foram condenados em primeira instância. O Ministério Público não chegou a apresentar recurso aos tribunais superiores neste caso, segundo Castellar Neto, advogado de Paz.
O mensalão tucano é narrado pela PGR como um esquema de desvio de recursos públicos com o objetivo de irrigar a fracassada campanha de reeleição de Eduardo Azeredo (à época no PSDB) ao Governo de Minas Gerais em 1998. Assim como no mensalão petista, quem operava esse dinheiro era a SMP&B, empresa de publicidade de Marcos Valério. Clésio era candidato a vice-governador de Minas e foi sócio da SMP&B. Anos mais tarde, ele foi vice-governador na chapa de Aécio Neves (PSDB) e, depois, se elegeu senador. Já Eduardo Guedes era secretário-adjunto de Comunicação Social e, segundo a Procuradoria-Geral da República, autorizou repasses de estatais para a empresa. Inicialmente foram 15 denunciados, dos quais 12 viraram réus. O processo se iniciou no âmbito do STF porque à época Azeredo era deputado federal pelo PSDB e Clésio Andrade era senador pelo PMDB. Ambos renunciaram aos seus mandatos, perderam foro especial, e o processo foi enviado à primeira instância. A ação, que era uma só, foi dividida em várias na Justiça Estadual de Minas Gerais. Em 2018, Azeredo foi condenado em segunda instância e preso. Foi solto em novembro de 2019, após mudança de entendimento do STF a respeito da execução de pena antes do fim do processo. Atualmente, sua defesa aguarda no STF que o processo do ex-governador também seja encaminhado à Justiça Eleitoral. O pedido está sob relatoria do ministro Gilmar Mendes.
DEFESA AFIRMA QUE DECISÃO CORRETA É ENVIO À JUSTIÇA ELEITORAL
Procurada, a defesa de Eduardo Guedes afirma que é correta a decisão do TJ-MG de reformar a decisão que suspendia o envio do processo do seu cliente à Justiça Eleitoral. “É muito raro que o Ministério Público recorra de um habeas corpus concessivo. É como se, por exemplo, se [o órgão] recorresse da decisão da libertação de um preso que foi beneficiado com a concessão de habeas corpus”, afirma o advogado Renato Machado. Por isso, ele entende que não há razão para manter essa suspensão. Ele questionou a legitimidade dos recursos do MP que pedem o retorno da suspensão e tem pedido para que o processo seja enviado à Justiça Eleitoral. A respeito da possibilidade de o processo prescrever, o advogado Thiago Carneiro, que também defende Guedes, afirma que “do ponto de vista da defesa, a prescrição é uma punição correta ao Estado pela delonga do processo”. Ele diz que desde o início do processo tem se apontado que o local correto de sua tramitação seria a Justiça Eleitoral, mas o entendimento diferente foi mantido por Ministério Público e pela Justiça na primeira instância. A reportagem não conseguiu localizar a atual defesa de Clésio Andrade. Ele tem pedido no STJ para que a suspensão sobre o seu processo também seja revertida. Quando foi condenado em primeira instância por lavagem de dinheiro, Clésio afirmou em nota que a acusação era injusta e absurda e que a própria sentença reconhece que ele havia deixado as empresas que foram acusadas de lavagem de dinheiro “antes da ocorrência dos fatos”.

”Só 1% das decisões do STF dos últimos 30 anos foi tomada em discussão presencial e aprofundada”
JOEL PINHEIRO DA FONSECA - ”Magazine Luiza não está segregando, e sim misturando”
”Campanhas mantêm corpo a corpo e preparam até bolha de proteção para panfleteiros”

”Com pandemia, Globo cancela entrevistas e impõe limite de 4 candidatos em debate no 1º turno” - A Globo informou que limitará para quatro o número de candidatos que participarão dos debates organizados pela emissora na eleição municipal de 2020. Em comunicado interno, a TV líder de audiência no país diz que o critério para a escolha dos convidados será a posição na pesquisa eleitoral mais recente (Ibope ou Datafolha). A medida foi tomada devido a pandemia do novo coronavírus, segunda a empresa. Pelo mesmo motivo, entrevistas no estúdio com candidados foram canceladas. "No planejamento para cobrir as eleições municipais, acreditou-se que o país chegaria a outubro com taxas de contágio sob controle, o que, infelizmente, não ocorrerá", diz a nota da emissora . A Globo cita o exemplo de cidades como Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte, onde há dez ou mais candidatos. Com isso, no formato usado até a última eleição, haveria mais de 200 pessoas no estúdio, incluindo políticos, seus assessores e funcionários da televisão. "Não há protocolo sanitário que garanta a saúde aos profissionais da Globo e aos candidatos", diz a nota. Os debates, com os quatro primeiros colocados, só serão realizados se houver acordo entre os partidos. "A Globo vai lutar por esse acordo. O debate de segundo turno permanece com a data prevista", afirma. Historicamente, o debate da Globo é o último realizado antes da eleição, na semana anterior à votação. O primeiro turno deste ano será no dia 15 de novembro.

”Tribunal forma maioria para tornar Crivella inelegível já nesta eleição” - O TRE-RJ (Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro) formou maioria nesta segunda-feira (21) para tornar inelegível o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) por suposto abuso de poder na convocação de funcionários da companhia municipal de limpeza urbana para participação de ato político na eleição de 2018. Se condenado, Crivella ficaria inelegível por oito anos a partir do fato, ou seja, até 2026. Ele é candidato à reeleição e poderia manter a candidatura até esgotar todos os recursos. Dos 7 integrantes da corte, 6 votaram pela condenação do prefeito. A sessão foi interrompida a pedido de Vitor Marcelo, que integra a corte como advogado e pediu vista. Isso deve deixar a conclusão do julgamento para esta quinta-feira (24). Até o momento, prosperou a tese do relator Cláudio Dell’Orto de que “não se pode fechar os olhos” para o envolvimento de Crivella na convocação de servidores públicos para um ato que culminou com o pedido de votos para seu filho e então candidato a deputado federal, Marcelo Hodge Crivella. Em seu voto, o relator afirma haver “um extenso e contundente acervo probatório" tornando clara a postura de ”apoio do prefeito à candidatura dos investigados". Segundo o relator, “é evidente o envolvimento do prefeito na dinâmica dos acontecimentos”. “O desvirtuamento na utilização dos bens públicos levado a efeito pelo chefe do Executivo municipal afetou de forma irreparável e inexorável a higidez do processo eleitoral e a paridade de armas entre os concorrentes." Além da inelegibilidade, a sanção prevê cobrança de multa no valor de R$ 106 mil. Em nota, a prefeitura afirmou que o julgamento não acabou. "Após concluído e publicada a decisão, no prazo legal, a defesa do prefeito Marcelo Crivella entrará com recurso. O prefeito poderá participar do pleito." Em setembro de 2018, funcionários da Comlurb (companhia municipal de limpeza urbana) foram transportados em carros oficiais para uma reunião na quadra da escola de samba Estácio de Sá. No encontro, Marcelo Hodge Crivella foi apresentado pelo pai como pré-candidato. "Eu não podia deixar de vir aqui pedir a vocês, humildemente. Não é o prefeito que tá pedindo, nem é o pai do Marcelinho. É um carioca", disse o prefeito.
Apesar dos esforços do pai, Marcelo Hodge Crivella não conseguiu se eleger deputado federal. Além do pedido no caso da Comlurb, o Ministério Público Eleitoral pediu a condenação de Crivella por sua participação em outro evento realizado em 2018. Na reunião com cerca de 250 líderes evangélicos, ocorrida no Palácio da Cidade e apelidado de "Fala com a Márcia”, Crivella recomendou que dois funcionários da prefeitura fossem procurados caso os fiéis necessitassem de cirurgias nos olhos. “Nós estamos fazendo o mutirão da catarata. Eu contratei 15 mil cirurgias até o final do ano. Então, se os irmãos tiverem alguém na igreja, e se os irmãos conhecerem alguém, por favor, falem com a Márcia. Ou com o Marquinhos”, disse Crivella, em julho de 2018. Nesse caso, os integrantes do tribunal acompanharam o relator pela improcedência do pedido. Além do prefeito, o TRE fluminense formou maioria para condenar Marcelo Hodge Crivella e o então candidato a deputado estadual pelo Republicanos Alessandro Costa, que também não se elegeu em 2018. Para o relator do caso na corte, o fato do filho de Crivella e Costa não terem sido eleitos não descaracteriza o abuso de poder político ou conduta vedada (ceder ou usar bens da administração pública em benefício de candidatura política).

”Flávio Bolsonaro falta à acareação com empresário sobre vazamento de dados de operação contra Queiroz” - O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) faltou à acareação marcada nesta segunda-feira (21) com o empresário Paulo Marinho marcada pelo Ministério Público Federal como parte da investigação sobre vazamento de dados sigilosos sobre Fabrício Queiroz antes das eleições de 2018. A marcação de uma nova data para a acareação pode sofrer um impasse. O senador quer usar a prerrogativa do cargo para marcar o encontro no dia 5 de outubro em seu gabinete, em Brasília. O procurador Eduardo Benones, responsável pela investigação, diz que a prerrogativa de Flávio não se encaixa em casos de acareação e que ainda definirá nova data e local. Marinho, por sua vez, recusa-se ir a Brasília em razão da necessidade de entrar num avião durante a pandemia. Flávio alegou ao MPF que esteve em agenda no Amazonas. Benones afirmou que ainda não recebeu a petição da defesa do senador. Disse que, caso não haja justificativa legal condizente para a ausência, representará contra o senador pelo crime de desobediência. "Fora de uma justificativa médica ou uma ordem judicial, não vejo embasamento legal [para não comparecer]. Se isso de fato aconteceu, tenho por dever de ofício representar ao procurador-geral da República para que ele tome as providências", disse Benones. No Amazonas, o senador Flávio Bolsonaro participou do programa policial Alerta Amazonas, da TV A Crítica. Nele, dançou com o apresentador Sikêra Jr. músicas ironizando o uso da maconha e exibiu um cartão com a expressão "CPF cancelado", usada pelo apresentador para se referir a suspeitos mortos pela polícia.
A investigação foi aberta após entrevista de Paulo Marinho à Folha, em que o empresário disse que, segundo ouviu do próprio filho do presidente Jair Bolsonaro, um delegado da Polícia Federal antecipou a Flávio em outubro de 2018 que a Operação Furna da Onça, então sigilosa, seria realizada. (...)

ENTREVISTA - ”Acordo entre WhatsApp e TSE vai prever chat de denúncias e figurinhas sobre voto consciente”: Em 2018, durante as eleições, o WhatsApp teve papel central na forma de se comunicar das candidaturas. Políticos contaram com o disparo de mensagens para turbinar suas campanhas. Candidatos com menos recursos apostaram no aplicativo para se tornarem conhecidos. As eleições daquele ano, porém, terminaram com a constatação de que o WhatsApp foi campo fértil para a disseminação de notícias falsas e propagandas irregulares. Ainda hoje há ações judiciais e até uma CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) das Fake News apurando a atuação irregular de grupos políticos e empresas no âmbito do aplicativo de mensagens. O WhatsApp tenta, agora, coibir com mais força a atuação irregular dentro da sua plataforma no país. Em janeiro, criou o cargo de diretor de políticas públicas para o Brasil, assumido pelo advogado Dario Durigan, 36. Nos próximos dias, o aplicativo vai assinar em parceria com o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) um memorando de entendimento que criará dois canais oficiais do tribunal: um para informações aos eleitores e outro para denúncia de irregularidades. “O WhatsApp vem oferecer o que há de mais robusto que é possível oferecer à autoridade eleitoral. Aqui há um caráter de ineditismo, no mundo, dessa parceria do WhatsApp com uma autoridade eleitoral de cúpula”, diz Durigan em entrevista à Folha. Haverá também a produção de stickers, popularmente conhecidos como figurinhas, com informações sobre as eleições e estimulando causas como a participação de jovens e mulheres. O aplicativo de mensagens, segundo Durigan, investiu em ações contra disparos em massa e disseminação de fake news. “[Estamos] fortalecendo as parcerias com checadores de fato, com órgãos de imprensa”, diz. “Também com incentivo para os usuários checarem informações antes de compartilhar.” O WhatsApp, empresa que pertence ao Facebook, tem 120 milhões de usuários no Brasil e 2 bilhões no mundo todo. Está presente em 180 países.
- Em 2018, o disparo de mensagens em massa via WhatsApp, incluindo a disseminação de fake news, foi considerado um problema das eleições. O que o WhatsApp tem feito para tentar amenizar isso?
- O WhatsApp, desde 2018, fez várias melhorias na plataforma. Hoje é preciso olhar para o WhatsApp com essas melhorias incorporadas. As várias limitações de encaminhamento trouxeram, em 2019, uma redução de 25% [no mundo] de viralização na plataforma e 30% de redução no Brasil. Agora, no começo de 2020, quando a pandemia chegou com mais força no Ocidente, um novo limite de encaminhamento traz uma redução do impacto de 70% [redução de viralização] dentro da plataforma. O que é isso? Uma mensagem que já foi encaminhada mais de cinco vezes pela mesma instância, dado que não fazemos moderação de conteúdo, quando encaminhada pela sexta vez recebe a marca de “frequentemente encaminhada”. Aí, o aplicativo no aparelho do usuário faz com que essa mensagem só possa ser encaminhada para um contato por vez.

- Há alguma medida específica para estas eleições?
- Algumas frentes com o TSE são superimportantes. A primeira é: o TSE vai ter dois canais de WhatsApp agora, dentro do período eleitoral. O WhatsApp vem oferecer o que há de mais robusto que é possível oferecer à autoridade eleitoral. Aqui há um caráter de ineditismo, no mundo, dessa parceria do WhatsApp com uma autoridade eleitoral de cúpula. Um dos canais de WhatsApp vai permitir que o TSE ofereça orientação nesse momento difícil que a gente vive na pandemia, quando é superimportante orientações de como proceder no momento da votação. Pensando nos mesários e nos eleitores em geral. E traz também serviços. Se o eleitor tem dúvidas sobre o local de votação, sobre quais são os candidatos da sua cidade, ele vai poder buscar a informação dentro do canal oficial do TSE.

- Mas em relação aos disparos em massa e fake news, há algo?
- Há também uma segunda parceria [com o TSE] que é um canal para denúncia de contas suspeitas para disparo em massa. O compromisso com [o combate ao] disparo em massa vem sendo consistente. Inúmeras notificações extrajudiciais foram feitas, derrubando anúncios nas plataformas que oferecem esse serviço. No primeiro semestre deste ano, mais de 7.500 anúncios foram derrubados dessas plataformas para que terceiros de boa-fé não sejam prejudicados acessando anúncios de marketing digital no WhatsApp. Derrubamos esses conteúdos, entramos com ações judiciais contra essas empresas. Então agora tem um canal organizado para a Justiça Eleitoral de segunda instância, para as zonas eleitorais de primeira instância para apontarem para o TSE suspeita de contas que estão usando o disparo em massa. E o TSE vai compartilhar isso com o WhatsApp, que vai fazer a verificação dessas contas de maneira imediata e pronta.

- As eleições são municipais, de caráter mais local. Como se dará isso nos tribunais locais?
- Nós terminamos uma sessão de diálogos, de conversas e treinamentos com todos os 27 tribunais regionais eleitorais, com coordenação do TSE. O tribunal faz o convite e a gente explica o que é o WhatsApp, coloca as premissas do serviço, como foi feito e como o WhatsApp vai colaborar com a Justiça Eleitoral nas várias instâncias. O retorno foi super positivo.

- E como isso funciona para o eleitor?
- O WhatsApp e o TSE vão divulgar esse canal, vai ter um número de WhatsApp, um link de acesso e as pessoas entrando no ambiente do WhatsApp. Elas podem se comunicar com o TSE. Tem uma área de respostas e serviços rápidos a serem acessados e já com essa interface buscando as informações. Já o canal de denúncia é diferente. É um canal de denúncia que o TSE está fazendo junto com o WhatsApp. A Justiça Eleitoral informa o TSE [sobre as ocorrências] e o TSE repassa ao WhatsApp, que verifica prontamente e derruba as contas que estiverem infligindo a sua política de uso.

- As conversas pelos aplicativos de mensagens não acontecem só por textos, mas muitas das informações se disseminam com força a partir de memes, figurinhas, montagens. Há algo sendo feito em relação a isso?
- Haverá um pacote de stickers [figurinhas] com informações sobre votação, voto consciente, sobre coisas da pandemia. Os stickers são produzidos para ser um material ilustrativo, colorido, interessante, e eles vão tratar aqui de informações básicas sobre a eleição, a importância das mulheres e dos jovens na eleição, o voto consciente, medidas sanitárias, algumas informações importantes que o TSE quer levar aos eleitores, como o uso obrigatório de máscara no dia da votação, respeito da distância entre as pessoas que devem votar.

- Como detectar comportamentos como disparo em massa e disseminação de fake news sem invadir a privacidade do usuário?
- Tem um sistema que detecta contas com comportamento abusivo. Esse sistema bane, para você ter uma ideia, mais de 2 milhões de contas por mês no mundo todo. No Brasil, no último período eleitoral, foram banidas mais de 400 mil contas por detecção da plataforma. Essa plataforma identifica coisas como redes suspeitas criando contas de WhatsApp de maneira automatizada. Esse sistema deve ser visto como um sistema imunológico de proteção do WhatsApp. Ele aprende com as experiências. No WhatsApp, 9 entre 10 mensagens são entre duas pessoas. Quando se olha para o cenário de grupos, no Brasil, a maioria tem até sete pessoas. O que revela esse caráter privado, pessoal, familiar e do trabalho. Então, a criação de grupo de maneira automatizada, uma conta que vira administradora e vai criando grupos, inserindo pessoas de maneira automatizada, é banida do WhatsApp. Uma conta que só envia mensagens e não recebe mensagens é banida. Uma conta que manda mensagem para contato que não tem esse número reciprocamente na agenda de contato é banida. Tudo isso vai sendo aprendido pelo sistema e gerando banimento de conta. O WhatsApp incentiva os usuários a fazer feedback negativo de contatos indesejados, contas que compartilham fake news. Com algumas denúncias essas contas também caem. De maneira nenhuma há risco para a privacidade do usuário. Uma característica central do WhatsApp é a criptografia de ponta a ponta. Somente quem manda e somente quem recebe uma mensagem é quem tem acesso ao conteúdo criptografado. O WhatsApp não faz moderação de conteúdo.
+++ Além do treinamento para os tribunais eleitorais, o WhatsApp deve ter oferecido treinamento para o repórter que fez a entrevista. A conversa faz parecer que não há riscos para a democracia brasileira em função da operação do WhatsApp.

”Proposta da Câmara pune com até 5 anos de prisão disseminação de fake news”

ESTADO ALTERADO - ”Penas duras para tráfico lotam prisões na Indonésia”
”Nomeação de Trump à Suprema Corte testa apoio de republicanos para redesenhar campanha”

”Senado aprova convite para Ernesto Araújo prestar esclarecimentos sobre visita de secretário dos EUA” - Os senadores aprovaram na manhã desta segunda-feira (21) requerimento para que o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, preste esclarecimentos sobre a visita do secretário de Estado americano, Mike Pompeo, ao Brasil. Na sexta (18), Pompeo esteve nas instalações da Operação Acolhida em Boa Vista (RR) na companhia do chanceler brasileiro. O projeto recebe refugiados venezuelanos da ditadura de Nicolás Maduro. O convite a Ernesto foi aprovado em sessão da Comissão de Relações Exteriores do Senado (CRE), evitando assim uma convocação (quando a presença é obrigatória), ideia inicial dos parlamentares da oposição. Às 20h45 desta segunda, o Itamaraty confirmou, em nota, que Ernesto irá à comissão na quinta-feira (24), às 10h. A autoria do pedido foi do senador Telmário Mota (Pros-RR), que inicialmente queria uma convocação do ministro. O requerimento foi transformado em convite após o presidente do colegiado, o senador Nelson Trad (PSD-MS), garantir a presença de Ernesto na Casa, o que se confirmou cinco minutos antes do fim dos trabalhos da comissão nesta segunda à noite.
“O ministro atendeu o convite e vem na quinta-feira. Queremos saber o que aconteceu. Os governistas dizem que não aconteceu nada, e os oposicionistas dizem que ele ofendeu a Venezuela em território brasileiro”, afirmou Trad pela manhã. A visita de Pompeo causou reação até mesmo em aliados do governo. O senador Mecias de Jesus (Republicanos-RR) disse que o povo de Roraima não concorda com as palavras do secretário americano. “Parece um recado claro ao mundo e à Venezuela. Eles querem um palanque. O povo de Roraima não concorda com Pompeo", afirmou. O senador Jaques Wagner (PT-BA), autor de um pedido de “moção de censura” à visita de Pompeo, alega que o governo dos EUA usou solo brasileiro para ameaçar um país vizinho. “Ele fez questão de ir bem pertinho, na fronteira do Brasil com a Venezuela, e usar o solo nacional para bravatas. Não somos concessão nem base militar dos Estados Unidos no Brasil.” Trad afirma que o ministro precisa esclarecer aos parlamentares o motivo de Pompeo ter ido a Roraima. “Enquanto a gente não tem um juízo real do que aconteceu, pairam dúvidas. De fato, não dá para negar que é estranho, sair um ministro dos Estados Unidos para Roraima sem que ninguém soubesse da visita”, disse o presidente da comissão.
A visita do secretário americano causou uma série de manifestações entre parlamentares. A primeira reação foi do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que classificou a visita como uma "afronta". Ernesto e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) defenderam a relação com os EUA. Em seguida, senadores iniciaram um movimento para impor uma derrota a Ernesto. A ideia era adiar a apreciação de nomes indicados para ocupar o cargo de embaixador em diversos países, como Argentina, Israel, Chile, Canadá, África do Sul, Irlanda, Guiné, Suriname e Nepal. A votação, no entanto, foi mantida após o convite ao ministro ser aprovado. Os trabalhos foram realizados em três sessões, ao longo da manhã, tarde e noite. Os nomes dos indicados foram aprovados pelos integrantes da CRE em votação secreta, feita por um sistema de drive-thru, em que os senadores votaram em totens de dentro de seus carros. Para que sejam confirmados, os indicados ainda precisam ter os nomes aprovados em plenário, o que deve ocorrer até quinta. Dos 32 diplomatas sugeridos aos cargos, apenas 6 compareceram presencialmente ao Senado para as sabatinas. Os demais participaram de forma remota. Eles fizeram uma apresentação e responderam a perguntas dos parlamentares. Na madrugada deste domingo (20), Bolsonaro saiu em defesa da visita de Pompeo a Roraima, ocorrida na reta final da eleição americana. Nas redes sociais, escreveu que a passagem representa o quanto Brasil e EUA "estão alinhados na busca do bem comum". "Parabenizo o presidente Donald Trump pela determinação de seguir trabalhando, junto com o Brasil e outros países, para restaurar a democracia na Venezuela", escreveu. Ao lado de Ernesto, Pompeo criticou o regime de Maduro. "Nossa missão é garantir que a Venezuela tenha uma democracia", disse. O ditador venezuelano é um dos principais focos de ataque da campanha do republicano, que defende e aplica sanções contra o regime.

”Secretário de Estado americano não falou em tirar Maduro do poder na Venezuela” - Um profissional contratado pela embaixada dos EUA no Brasil cometeu um erro durante a tradução simultânea da entrevista coletiva concedida pelo secretário de Estado americano, Mike Pompeo, na última sexta-feira (18), em Boa Vista, em Roraima. Pompeo se reuniu com Ernesto Araújo, ministro das Relações Exteriores do Brasil, como parte de uma agenda de visitas a quatro países da América do Sul. A Folha, assim como outros veículos, reproduziu o erro a partir da tradução feita pelo profissional, segundo o qual o secretário teria dito que tiraria do poder o ditador Nicolás Maduro. Pompeo fez duras críticas ao líder venezuelano, mas não disse a frase "Vamos tirá-lo [Maduro] de lá". Textos da Folha que citavam a suposta afirmação foram corrigidos. Durante a entrevista coletiva, Pompeo foi questionado por um jornalista se Maduro cairia "em algum momento no futuro próximo".
Um trecho da resposta foi então incorretamente traduzido para o português como "o nosso mundo está consistente. E a gente vai tirar essa pessoa e vai colocar no lugar certo". A tradução correta, a partir da transcrição publicada no site do Departamento de Estado americano e do áudio gravado pelo repórter do jornal que acompanhou a entrevista coletiva, é: "Nossa vontade é coerente, nosso trabalho será incansável e chegaremos ao lugar certo". No original, em inglês, a frase de Pompeo foi: "Our will is consistent, our work will be tireless, and we will get to the right place". A Folha também checou o áudio com a tradução feita pelo profissional contratado pela embaixada americana e confirmou o erro na adaptação da fala do secretário para o português.
Durante a entrevista, Pompeo e Ernesto anunciaram ainda que Brasil e EUA não vão mudar de estratégia e continuam apoiando o autodeclarado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, líder que tem perdido relevância na oposição ao regime socialista. Para o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), a visita de Pompeo é um sinal de que seu governo está alinhado com o de Donald Trump "em busca de um bem comum". A presença do americano, entretanto, despertou reações contrárias de outros políticos brasileiros. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), classificou a visita como uma "afronta às tradições de autonomia e altivez" da política externa brasileira. O ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva também expressou indignação com a visita. Para Lula, a atitude do chanceler brasileiro "foi um desrespeito frontal à soberania do Brasil" por "dar palco a descabidas declarações belicistas sobre a Venezuela". Nesta segunda-feira (21), a Comissão de Relações Exteriores do Senado (CRE) aprovou um convite a Ernesto para que ele preste esclarecimentos aos senadores sobre a visita de Pompeo. Até a tarde desta segunda, o Itamaraty não respondeu à Folha se o ministro irá ou não ao colegiado.
+++ Que história mais estranha essa.

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”Brasileiro é dos que mais sentem a 'inflação da Covid', aponta estudo” - O Brasil é um dos países nos quais as mudanças nos hábitos de consumo durante a pandemia do coronavírus mais pressionaram o custo de vida das famílias. É isso o que mostra estudo do economista argentino Alberto Cavallo, professor da escola de negócios da Universidade Harvard, que comparou a inflação causada especificamente pelas consequências da crise sanitária com a variação capturada pelos índices de preços ao consumidor existentes. Entre 18 nações emergentes e desenvolvidas analisadas pelo pesquisador, o Brasil registrou a maior disparidade entre o que ele batizou de "inflação da Covid" e o indicador oficial (o IPCA), em maio. A diferença, no caso brasileiro, foi de 0,88 ponto percentual entre os dois índices acumulados em 12 meses, ante 0,82 ponto percentual nos Estados Unidos e no Uruguai. Em terceiro lugar, aparece a Coreia do Sul, com 0,49 ponto percentual. Segundo Cavallo, o Brasil aparece no topo da lista porque apresentou uma combinação entre alta forte nos preços de alimentos (9% anuais em maio) e queda no custo de transporte (de 2,5%).
"Como as pessoas estão consumindo mais comida (com inflação) e menos transporte (com deflação), o índice da Covid ajustado tem mais inflação", disse Cavallo à Folha. Ele ressalta que, embora 12 dos 18 países analisados tenham apresentado padrões similares, a divergência entre as taxas de inflação setoriais brasileiras na pandemia tem sido maior e mais persistente. De acordo com Cavallo, em julho, o índice de preços ajustado pelos efeitos da Covid ainda se mantinha 0,88 ponto percentual acima da inflação oficial no Brasil. Para construir o índice de inflação relacionado à pandemia, o pesquisador registrou as mudanças nas tendências de consumo dos norte-americanos entre janeiro e abril, com base em dados de gastos com cartões que são disponibilizados em alta frequência por um projeto das universidades Harvard e Brown. Cavallo, que é filho do ex-ministro da Economia da Argentina Domingo Cavallo, notou que os novos hábitos em decorrência da crise sanitária --como o maior distanciamento social-- causaram significativa mudança no peso de diferentes grupos de bens e serviços na cesta de consumo. O item "comida em casa" que representa 7,58% do índice de preços ao consumidor americano saltou para 11,28% no contexto da pandemia. A fatia do custo com o segmento imobiliário –já extremamente alta nos Estados Unidos– aumentou ainda mais, de 42,11% para 55,8%.
Na contramão desses movimentos, houve quedas de 15,74% para 6,25% no caso de transportes e de 8,83% para 5,6% em gastos com cuidados médicos. Usando os novos pesos do contexto da pandemia, o economista construiu o índice de inflação da Covid-19 para os EUA e o comparou com o indicador oficial. Assumindo que alterações similares nas tendências de consumo ocorreram em outros países, ele calculou as mudanças nos pesos dos diferentes itens que compõem a inflação nas demais 17 nações. No Brasil, ele estimou um aumento no peso de alimentação em casa de 14,8% para 23,9%. Já a fatia representada por transporte caiu de 19,8% para 8,5%. O pesquisador concluiu que, com as mudanças de pesos, os índices de inflação oficial têm subestimado o aumento real no custo de vida durante a pandemia na maior parte dos países. O estudo foi publicado pelo NBER (National Bureau of Economic Research), prestigiado centro de pesquisa americano. No caso dos Estados Unidos, ele mostra que a inflação da pandemia tem pesado mais no bolso da população mais pobre, que destina uma parcela maior de sua renda a itens como alimentação.
HERANÇA DEFLACIONÁRIA NO PÓS-PANDEMIA
No Brasil, o arroz se tornou o vilão mais conhecido da inflação da Covid identificada por Cavallo. Em decorrência de uma combinação de fatores, entre eles um aumento da demanda, o preço do cereal disparou. A alta motivou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) a pedir patriotismo aos donos de redes de varejo, o que, segundo ele, significaria não repassar o maior custo com o arroz para os preços do produto nas prateleiras até que a situação se normalizasse. "Não existe tabelamento. Mas [estamos] pedindo para eles que o lucro desses produtos essenciais para a população seja próximo de zero", afirmou o presidente recentemente. Além da reação de Bolsonaro, a Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor), do Ministério da Justiça, cobrou dos varejistas explicações sobre o aumento dos preços de itens da cesta básica. Essas reações com ares de intervencionismo contrastaram com a decisão efetivamente tomada pelo Ministério da Economia de zerar temporariamente a tarifa de importação do arroz. Ao baratear o custo para a compra do produto no exterior, a medida busca aumentar a competição no mercado interno, o que tende a reduzir os preços, sem causar distorções na economia. "Essa foi uma boa solução para permitir que a oferta se ajuste ao aumento da demanda", afirma Carlos Kawall, diretor do Asa Bank e ex-secretário do Tesouro Nacional. Para o economista, muito do aumento nos preços de alimentos se deve ao pagamento do auxílio emergencial aos mais vulneráveis, como trabalhadores informais, nos últimos meses. Mas esse efeito tende a ser transitório e deve perder força quando o benefício for interrompido, levando a economia a se acomodar em um novo patamar. O economista diz não estar tão otimista com os sinais recentes de retomada da atividade no Brasil. "O desemprego não disparou nesta crise porque muitas pessoas deixaram de procurar trabalho. Mas a ocupação despencou e pode demorar a voltar ao nível anterior à crise."
Dados divulgados na semana passada mostram que parte do represamento na procura por emprego começou a se desfazer. Mais de 1 milhão de brasileiros que tinham saído temporariamente da força de trabalho voltaram a buscar uma vaga, levando a taxa de desocupação a subir de 13,2% para 14,3% em uma semana. Essa tendência deve estar associada ao menor receio de contágio pelo coronavírus, mas também à proximidade do fim do auxílio. A combinação entre a suspensão da transferência emergencial e o desemprego alto deve a reduzir a demanda, diminuindo a pressão sobre os preços que vinham em alta. Além disso, para Kawall, muitas das mudanças de hábitos que devem perdurar após a pandemia --como o trabalho remoto, a redução de viagens de negócios e a realização de grandes eventos online-- também terão efeito deflacionário. Alberto Cavallo também acredita que as mudanças que, hoje, fazem com que os índices oficiais de preços não sejam um bom espelho do aumento de custo de vida nos últimos meses serão, em parte, revertidas, após a pandemia. "Eu espero que todas as categorias [de preços de bens e serviços] voltem ao normal, com a exceção talvez do transporte, que pode permanecer mais baixo se as pessoas decidirem trabalhar mais de casa do que anteriormente", diz. A provável transitoriedade nas distorções de preços, somada à reação do Ministério da Economia de reduzir tarifas de importação, amenizou o impacto negativo da cobrança de Bolsonaro por patriotismo aos varejistas. "Acho que foi da boca para fora, embora seja mais um episódio lamentável que leva ao receio de uma guinada populista", afirma Kawall.

”Livro aponta efeito deletério de controlar preço desde 2.000 a.C.”
PAINEL S.A. - ”Ministro da Infraestrutura manda acelerar cronograma do leilão de Congonhas”
PAINEL S.A. - ”Hotelaria teme impacto das queimadas no Pantanal”
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”Turismo despenca na Bolsa com avanço da Covid-19 na Europa”
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ENTREVISTA - ”Não vamos desistir, diz Luiza Trajano após ataques a trainee para negros no Magalu”
”Publicitários negros criam agências com foco em diversidade”

VAIVÉM DAS COMMODITIES - ”Trigo pode ser a nova soja da Embrapa e já chama a atenção até da Coreia do Norte” - A Embrapa deu início à escalada da soja há cinco décadas no Brasil. Hoje, o país é líder mundial na produção e na exportação desse produto. Variedades e adaptabilidade aos diferentes microclimas e solos levaram a oleaginosa para todo o território nacional. É o que os pesquisadores querem agora com o trigo. Há 14 anos na Embrapa Trigo e buscando, por meio de mudanças genéticas e adaptações, levar o plantio do cereal para todo o país, Osvaldo Vasconcellos Vieira, chefe da entidade, acredita que isso será possível. Um dos pontos básicos para que isso se efetive, segundo ele, é seguir o milho. Dependente desse cereal até o início dos anos 2000, o Brasil passou a ser importante participante no cenário internacional. O país ganhou o mercado externo com boa oferta de produto e com qualidade. Em 2019, o Brasil liderou as exportações mundiais do cereal. O desenvolvimento do mercado externo para o trigo brasileiro abriria portas e necessidades de diversificação do produto. Ao seguir exigências internacionais, o padrão de produção melhora também no mercado interno. O Brasil está apenas começando a trilhar esse caminho. Além da tradicional região de trigo no Sul, o plantio do cereal já se adapta bem na região do Distrito Federal e começa a ganhar espaço na Bahia e no Ceará. As pesquisas avançam também para as áreas de altitude do Piauí, do Maranhão, de Pernambuco e de Alagoas. Ao dominar a tecnologia do trigo no cerrado, a Embrapa dá horizonte também para outros países com necessidades semelhantes.
O avanço do trigo está começando, mas já atrai a atenção de produtores e consumidores mundiais. Países africanos, como a Nigéria, já estão em contato com a empresa em busca dessa nova tecnologia. O interesse pelo trigo e pela tecnologia brasileiros atinge países até pouco tempo inimagináveis nessa lista. Entre eles, a Coreia do Norte. O país quer experimentar a tecnologia brasileira com o trigo em seus campos de cultivo. Vieira destaca também a qualidade que o produto brasileiro já atinge. Ela pode ser verificada, segundo ele, pelas compras dos Emirados Árabes, um importador extremamente exigente. O Brasil é bastante dependente do trigo. Em geral, o volume importado supera o produzido. Neste ano, o consumo será de 12,5 milhões de toneladas, e a produção, de 6,8 milhões, segundo a Conab. Vieira dá várias razões para que o país saia da dependência externa, atinja a autonomia e seja exportador líquido. Área para o cultivo não falta. Ela pode chegar a 10 milhões de hectares. Os estados do Sul têm pelo menos mais 7 milhões que poderiam ser destinados à produção do cereal no inverno. No cerrado, segundo ele, são mais 2,2 milhões de hectares disponíveis, com a possibilidade da ampliação dessa área com o avanço do melhoramento genético do produto.
Para Vieira, o país precisa seguir as diversas exigências do mercado, tanto as internas como as externas. Essas necessidades vão do trigo para pão e biscoitos até o para ração. Surge uma nova demanda de ração para aves e suínos no Sul, onde se encaixa bem o triticale. Dependente cada vez mais do milho do Centro-Oeste, os estados do Sul podem substituir esse cereal pelo triticale na ração. O trigo tem de ser produtivo, ter qualidade e gerar renda, segundo o pesquisador da Embrapa. Por isso, as pesquisas buscam cada vez mais dominar a brusone, uma doença típica nas culturas brasileiras, provocada por fungos que deixam os grãos chochos. Uma das vantagens da lavoura brasileira, em relação à de outros produtores, é que o trigo brasileiro se desenvolve em um período próximo a 90 dias. Em outros países, são até 180 dias. No Nordeste, a duração das lavouras é de 75 dias. Esse período reduzido faz com que produtores já façam experimentos para a obtenção de uma segunda safra no ano. O clima do cerrado e do Nordeste pode reduzir também a micotoxina no trigo, provocada pelo fungos na fase de floração. Esses fungos aparecem no período de chuvas prolongadas e temperaturas altas. A produtividade média brasileira é de 2.928 kg por hectare, de acordo com a Conab. No Paraná e no Rio Grande do Sul, maiores produtores nacionais, essa produtividade ficará em 2.950 kg nesta safra. No Nordeste, atingiu 5.700 kg, e, no Distrito Federal, 4.235 kg. Algumas lavouras irrigadas já chegam a 8.500 kg no cerrado.

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”Bolsonaro anuncia como vitória cota extra de açúcar prevista desde abril pelos EUA” - Anunciada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nesta segunda-feira (21) como resultado das negociações de parceria estratégica com o governo Donald Trump, a ampliação da cota de açúcar que o Brasil poderá exportar a mais para os Estados Unidos já era esperada desde abril. Bolsonaro divulgou hoje em mensagem nas redes sociais que o Brasil poderá exportar 80 mil toneladas a mais de açúcar ao mercado dos Estados Unidos. “A quota para o açúcar brasileiro nos EUA passa de 230 para 310 mil toneladas e, por lei, beneficiará exclusivamente os produtores do Nordeste”, escreveu o presidente. “Trata-se já do primeiro resultado das recém-abertas negociações Brasil-EUA para o setor de açúcar e álcool, conduzidas no Brasil pelo MRE e nos EUA pelo USTR [autoridade comercial americana]”, continuou. Apesar de Bolsonaro ter propagado a ampliação como uma vitória, ainda em abril, a USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) divulgou publicamente que haveria aumento das quotas tarifárias até 30 de setembro. Consequentemente, coube ao representante comercial dos Estados Unidos alocar a cota extra para diversos países. Em junho, o Brasil recebeu uma quota adicional de 13 mil toneladas. Nesta terça, houve anúncio da possibilidade de exportação de mais 80 mil toneladas de açúcar, como divulgado por Bolsonaro. A razão alegada para a ampliação foi a quebra da safra de açúcar nos EUA aliada a incertezas no nível de fornecimento de certos países, como México e os efeitos da pandemia do novo coronavírus. O anúncio da medida como resultado da negociação com os EUA nesta segunda irritou representantes do setor. O motivo do incômodo é que esse tipo de notícia divulgada com teor político e como se fosse uma novidade afeta os mercados.
A UNICA (União da Indústria de Cana-de-Açúcar) e o FNS (Fórum Nacional Sucroenergético) divulgaram nota na qual esclarecem que a concessão de cota adicional de 80 mil toneladas "se trata de um procedimento normal adotado pelos EUA nos últimos anos". O anúncio, dizem, ocorre "sem representar qualquer avanço estrutural para um maior acesso do açúcar brasileiro àquele país." "Além da cota tradicional que o Brasil possui, de 152 mil ton/ano, tem sido praxe a abertura de novas cotas para suprir os volumes dos países que não conseguem vender a quantidade prevista ou para complementar a demanda anual dos Estados Unidos” diz a nota das entidades. "Nesses casos, o Brasil acaba sendo beneficiado não por concessão americana, mas por ser o país com o maior volume de açúcar para exportação no mundo." O texto ainda reforça que a cota extra de açúcar representa 0,3% das média das exportações brasileiras de açúcar e é "consideravelmente inferior à cota mensal de etanol que o Brasil ofereceu novamente aos EUA em setembro". "É fundamental, portanto, que as discussões entre os dois países avancem em direção à ampliação significativa das nossas exportações de açúcar, a partir de resultados permanentes e concretos, condizentes com a concessão feita pelo Brasil nos últimos anos para o etanol americano”, conclui a nota.
Neste mês, o governo Bolsonaro estendeu uma medida que zera o imposto de importação sobre o etanol americano. Em decisão tomada no último dia 11, foi cortada a taxa de 20% sobre 187,5 milhões de litros originados dos Estados Unidos por 90 dias. Antes disso, o governo já havia liberado a importação de uma cota de 750 milhões de litros de etanol americano sem o imposto de importação regular de 20% para o produto. Nesse caso, a medida venceu no último dia 31. A decisão foi tomada pelo comitê executivo da Camex (Câmara de Comércio Exterior), órgão responsável por definir alíquotas de importação e exportação, fixar medidas de defesa comercial, analisar regras de acordos comerciais e outras atribuições. O comitê é integrado pela Presidência da República e pelos ministérios da Economia, das Relações Exteriores e da Agricultura. Conforme mostrou a Folha, a nova medida teve participação do ministro Ernesto Araújo (Relações Exteriores). Ele convenceu o presidente Jair Bolsonaro a adotar mais um gesto para agradar o governo do presidente Donald Trump, que disputa as eleições naquele país em menos de dois meses. Os americanos não queriam apenas a prorrogação da cota: eles trabalhavam para que o Brasil aceitasse o livre comércio do produto, o que beneficiaria produtores de milho daquele país —o etanol americano é feito a partir do cereal, e não da cana-de-açúcar, como ocorre no caso brasileiro.

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”Damares contesta reportagem da Folha sobre intervenção em caso de criança que abortou e contradiz afirmações de seu ministério” - O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos publicou nesta segunda (21) nota em que contesta reportagem da Folha sobre as ações da ministra Damares Alves para impedir que uma menina de dez anos estuprada realizasse aborto legal no Espírito Santo. A reportagem, publicada no mesmo dia, relata que a ministra enviou representantes e aliados políticos à cidade de São Mateus (ES), e estes mantiveram encontros com representantes da Polícia Civil responsáveis pelo caso, com o conselho tutelar e com diversas autoridades locais na sede da prefeitura, incluindo a secretária de Assistência Social, Marinalva Broedel. Nessas reuniões, os emissários de Damares tentaram persuadir e pressionar as autoridades locais para evitar a interrupção da gravidez. O intuito era transferir a criança de São Mateus para um hospital em Jacareí (SP), onde aguardaria a evolução da gestação e teria o bebê. O jornal obteve fotos que mostram momento em que a própria Damares participou de uma dessas reuniões por meio de videochamada. Em nota publicada em seu site, o ministério afirma que a ministra participou de uma única chamada de vídeo com pessoas de São Mateus, "ao final dos trabalhos, quando teve uma rápida conversa motivacional com membros do conselho tutelar". A afirmação não contesta a reportagem, que cita a participação em uma das reuniões. Ao contrário do que declara a nota do ministério, porém, o jornal não afirmou que a ministra citou a caso da menina ou a possibilidade de interrupção da gravidez durante essa comunicação específica, embora seus emissários, segundo relatos, o tenham feito. O ministério confirma que dois servidores integraram a missão do ministério. Estes foram identificados na reportagem como Alinne Duarte de Andrade Santana, coordenadora geral de proteção à criança e ao adolescente da Secretaria Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, e Wendel Benevides Matos, coordenador geral da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos. Porém, outras duas pessoas foram identificadas por à Folha por participantes dos encontros como sendo assessores do ministério. Uma delas gravou e filmou todas as reuniões realizadas.
Além disso, em um vídeo postado no Twitter a ministra confirma que seus dois enviados foram "sempre acompanhados" pelo deputado estadual Lorenzo Pazolini (Republicanos), seu aliado político, citando como credenciais o fato de ele ser delegado de polícia e ter sido titular por vários anos da delegacia de proteção à criança e ao adolescente da Grande Vitória. O ministério afirma, na nota desta segunda (21), que em nenhuma das reuniões mantidas pela equipe "foi debatida a realização ou não de interrupção provocada de gravidez". "Ninguém do ministério teve ou pretendia ter acesso a dados da criança ou de seus familiares. Não era discutido o caso específico da criança, mas algo mais amplo: a melhoria do sistema de proteção", diz o texto. No entanto, nota enviada pelo mesmo ministério em resposta aos questionamentos da Folha na sexta-feira (18) informou que, em reunião com a secretaria de Assistência Social, foram discutidos detalhes como os tipos de exames médicos realizados pela criança (com a informação, por exemplo, de que ela teve resultado negativo para Covid-19) e o acompanhamento psicológico que ela estava recebendo "muitas vezes ao dia". A mesma nota afirma que, na Polícia Civil, os emissários de Damares foram informados pelo delegado titular sobre o encerramento do inquérito e seu envio para a Justiça e sobre a expedição do mandado de prisão do suspeito do crime, o tio não consanguíneo da criança. Em vídeo publicado no Twitter em 26 de agosto, a ministra afirmou: "Nossos técnicos foram a São Mateus para conhecer detalhes desse e de outros casos que aconteceram e que estão em fase de investigação" Essas comunicações do ministério contradizem a alegação de que os detalhes do caso não foram debatidos nas reuniões. Além disso, a afirmação do ministério de que as reuniões tiveram a participação de "diversos servidores públicos" contraria o sigilo mantido a respeito do caso na Justiça por se tratar de menor de idade em situação vulnerável.
A nota do ministério nesta segunda também contesta a informação de que mulheres que se identificaram como médicas do Hospital São Francisco de Assis, em Jacareí (SP), foram recebidas por Alinne e apresentadas como pessoas de confiança da ministra foi obtida pela reportagem a partir de relatos de pessoas próximas à situação. No entanto, essas mesmas médicas aparecem nas fotos da reunião publicadas por Alinne em seu perfil no Instagram, das quais a Folha mantém cópias. A certo ponto de uma das reuniões, a equipe de médicas de São Paulo solicitou à secretária Broedel um computador para redigir um ofício que seria anexado aos autos. A Folha teve acesso a esse ofício, datado de 13 de agosto e escrito em papel timbrado do Hospital São Francisco de Assis de Jacareí. No documento, assinado por uma pessoa que se identifica como presidente da entidade, elas formalizam a sugestão de que a menina seja transferida para a instituição para acompanhamento da gravidez e realização do parto. Sobre a doação de kits com carros e equipamentos a conselhos tutelares ao redor do país, a reportagem informou que houve 672 doações de kits similares desde janeiro de 2019, configurando praxe do ministério. Neste caso, contudo, a oferta ocorreu durante as deliberações sobre um caso delicado no qual a ministra, como afirmaria depois em entrevista ao Programa do Bial, era favorável a manutenção da gestação, ainda que o direito ao aborto se amparasse nas duas condições garantidas pelo Código Penal brasileiro: gestação resultante de estupro e risco de vida para a gestante.
Esta é a íntegra da nota do ministério:
O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) esclarece que não procedem as informações divulgadas nesta segunda-feira (21) pelo jornal Folha de S. Paulo, em reportagem intitulada "Ministra Damares Alves agiu para impedir aborto de criança de 10 anos".
1. A única chamada de vídeo da ministra Damares Alves com pessoas da cidade de São Mateus (ES) ocorreu ao final dos trabalhos, quando teve uma rápida conversa motivacional com membros do conselho tutelar. Em nenhum momento foi mencionado em reunião com a ministra o caso da menina de 10 anos, tampouco o trabalho específico dos conselheiros nesse caso ou em qualquer outro acontecimento, muito menos sobre a possibilidade de interrupção provocada da gravidez da menina, assunto que sequer estava em discussão naquele momento. As afirmações da reportagem, portanto, são levianas.
2. A missão do Ministério foi integrada somente por dois servidores, que participaram de três reuniões para entender como funcionava e se havia falhas na rede de proteção local, com o objetivo de oferecer suporte e melhorias estruturais. Esta é uma missão Institucional deste Ministério e que foi cumprida em inúmeras outras ocasiões, sempre que solicitado este apoio.
3. Todos os eventos nos quais a equipe do MMFDH esteve presente foram acompanhados por diversos servidores públicos. Em nenhuma dessas reuniões foi debatida a realização ou não de interrupção provocada da gravidez. Ninguém do Ministério teve ou pretendia ter acesso a dados da criança ou de seus familiares. Não era discutido o caso específico da criança, mas algo mais amplo: a melhoria do sistema de proteção.
4. Também é falsa a afirmação de que representantes do Hospital São Francisco de Assis tenham sido recebidas por servidora do Ministério ou que tenham sido apresentadas como pessoas de confiança de Damares Alves. O nome da ministra sequer foi citado na reunião. Nem a equipe do MMFDH, nem os servidores da Secretaria de Assistência Social do município, conheciam as supostas representantes do hospital.
5. A reportagem menciona um tal "kit Renegade" sem a devida apuração do que se trata. A doação de automóveis e outros bens para conselhos tutelares é uma política nacional consolidada e criada pelo fortalecimento do Sistema de Garantia de Direitos. A entrega de carro e outros equipamentos, portanto, é missão institucional do Ministério. Outros 672 já receberam o mesmo kit em todo o país, desde janeiro de 2019. O benefício é para as crianças atendidas pelo conselho, e não para os conselheiros. A insinuação feita pelo jornal de que este teria sido oferecido como moeda de troca é caluniosa e nitidamente infundada.
6. Reiteramos: em nenhum momento durante a visita dos servidores do Ministério à cidade foi discutida a possibilidade de interrupção da gravidez por parte da menina de 10 anos. O assunto tornou-se público, inclusive, somente após a saída dos servidores do município.
7. O Ministério já protocolou pedido de investigação para que sejam identificados os responsáveis pelo vazamento do nome da menina e de seus familiares. E isto foi feito na certeza de que nenhum colaborador deste Ministério teve participação no episódio.
8. Diante disso, o Ministério informa que estuda quais medidas administrativas ou judiciais poderão ser tomadas contra o jornal para restabelecer a verdade dos fatos. A reportagem foi desonesta.
9. Lamentamos novamente que o triste caso de um estupro de vulnerável e o esforço do Ministério para combater a pedofilia tenham se transformado em objeto de oposição política, inclusive por este veículo de imprensa. O criminoso é o estuprador. A menina inocente ficará marcada pelo resto da vida por este episódio. Este é somente um dos casos. Vários outros são acompanhamos pelo Ministério.
10. O Ministério continuará trabalhando pela melhoria do sistema de proteção da cidade. A reportagem não informa, mas já temos registrados mais de 157 casos de estupro de vulnerável seguido de gravidez de menores de 10 a 14 anos grávidas no Espírito Santo somente este ano. Quebrar este ciclo de violência é missão deste Ministério, é missão de toda a rede de proteção e também de toda a sociedade.

”Ministério Público pede a TCU que investigue Damares por ação para impedir aborto de criança estuprada”
”Senador acionará PGR contra Damares por suposta interferência em aborto de criança no ES”

”Ao STF Heleno diz que governos e personalidades estrangeiras mentem sobre Amazônia para derrubar Bolsonaro”
”Em meio à crise ambiental, Ministério cria oficialmente Secretaria para a Amazônia”
”Senadores de comissão de queimadas no Pantanal querem estatuto jurídico diferenciado para bioma”

MÔNICA BERGAMO - ”Bolsonaro diz que novo ministro do STF tem que 'tomar cerveja' com ele”

MÔNICA BERGAMO - ”Celso Amorim afirma que carta de ex-chanceleres é 'ampla frente' por soberania brasileira”: O ex-chanceler Celso Amorim, que assinou carta contra a visita do secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, à Roraima, diz que o documento é simbólico por reunir ex-chanceleres dos governos de Fernando Collor, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso e Lula. “Não é ainda a frente ampla [da oposição Bolsonaro], mas é uma ‘ampla frente’ em defesa da soberania, cobrindo todas as forças do que antigamente se designava como ‘arco democrático’”, diz ele.

MÔNICA BERGAMO – ”São Silvestre pode ser adiada e ocorrer com apenas 55 corredores em dezembro”
MÔNICA BERGAMO – ”Penitenciária decide manter homem preso mesmo após identificação de erro”

CAPA – Manchete principal: ”Presidente do CNPq vê risco de apagão na pesquisa”

”Máquina a favor do filho – Maioria do TRE vota para tornar Crivella inelegível”

”Inimigos, mas nem tanto: a aliança entre PT e PSL”
+++ A reportagem se refere a situação do município de Itapirapuã Paulista (SP) em que a candidata petista, Sirlene Almeida Camargo, compõe chapa com o policial militar Aguinaldo Domingues da Cruz, do PSL. A aliança teria sido desfeita por determinação do PSL. A notícia informa ainda que a aliança entre PT e PSL se repete nas cidades de Belford Roxo (RJ), Francisco Morato (SP), Ilha Solteira (SP), Palmeira dos Índios (AL), São Cristovão (SE) e Trindade (PE).

”Eleição em Fortaleza é teste para grupo de Ciro Gomes”

”Empresários bolsonaristas queriam rádio pró-govenro”
+++ A reportagem toma como base mensagens encontradas no celular do empresário Otávio Fakhoury. O empresário conversou sobre o assunto com Fábio Wajgarten. A ideia era que empresários bolsonaristas se articulassem para adquirir uma estação de rádio. Fakhoury é investigado no inquérito que investiga a organização de atos antidemocráticos. Na conversa, o empresário disse que já tinha um grupo para financiar a aquisição. Ele cita como um dos participantes o proprietário da rede de restaurantes Madero. O dono dos restaurantes negou fazer parte do grupo. No mesmo inquérito, o pastor RR Soares afirmou aos policiais que foi procurado por Eduardo Bolsonaro que queria saber informações sobre uma rádio em São Paulo que pudesse ser locada.

”Aras: reeleição de Maia e Davi é assunto do Legislativo”
”Senado inaugura votação secreta por drive-thru”
”Empreiteira do Pará vive salto de contratações”

 

CAPA – Manchete principal: ”Pantanal tem maior número de incêndios em duas décadas”

EDITORIAL DO ESTADÃO - ”Retomada segue sem plano”: Se o governo tem um plano para sustentar a recuperação sem o auxílio emergencial, deve estar empenhado em mantê-lo em segredo. A mera redução do auxílio de R$ 600 para R$ 300, a partir de setembro, já provoca insegurança entre economistas. A reação econômica iniciada em maio, depois do tombo em março e abril, tem sido puxada principalmente pelo consumo. Até julho, a retomada na indústria havia sido insuficiente para levar a produção de volta ao nível de fevereiro, já muito baixo. Sem auxílio especial e com o desemprego alto, e de fato ainda em alta, é difícil dizer como será alimentado o motor da reativação. As condições da economia em 2021 permanecem obscuras, mas previsões são difíceis até para os meses finais de 2020, como ontem indicou reportagem do Estado. O cenário de alta incerteza se mantém, com o patamar de atividade muito baixo e a recuperação muito lenta, disse o economista Claudio Considera, coordenador do Monitor do PIBFGV, ao apresentar o quadro geral de julho. Nesse mês o Produto Interno Bruto (PIB) foi 2,4% maior que em junho e 6,1% menor que um ano antes, segundo as últimas estimativas. O consumo foi o principal motor, embora tenha havido alguma reação no investimento produtivo, isto é, no valor das aplicações em máquinas, equipamentos, obras e outros bens de produção.
Mas é muito difícil, por mais de uma razão, indicar o investimento como importante motor da atividade, se o consumo perder vigor. Tem aumentado o uso da capacidade na indústria, mas a ociosidade continua ampla. Em julho, segundo o Monitor da FGV, o investimento aumentou e correspondeu a 17,1% do PIB, mas continuou abaixo da média mensal a partir de 2000 (18%). Além disso, o valor foi 7,8% menor que o de um ano antes, descontada a inflação. Em tempos de crise, o setor público pode estimular a atividade investindo em obras, mas isso parece muito improvável, no Brasil, por causa das condições muito precárias das finanças oficiais. O déficit primário do governo deve aproximar-se de 12% do PIB, neste ano, e será preciso reduzi-lo a 3% em 2021, de acordo com o projeto de Orçamento federal em exame no Congresso. Os Estados também terão muita dificuldade para aplicar dinheiro em obras. Algum investimento em infraestrutura poderá surgir, em 2021, se o governo avançar nas privatizações e na atração de recursos privados para construções. Mas a administração federal teve pouco sucesso, desde o ano passado, em qualquer dessas tarefas. Falta consenso, mesmo no Executivo, para um programa de privatizações. Quanto a obras, só têm entrado na agenda presidencial quando envolvem a possibilidade de alguma inauguração – ou, talvez, até de mero lançamento diante de um público de apoiadores.
Capital externo poderia reforçar investimentos públicos e privados, mas falta um cenário mais claro e mais seguro para as decisões. No Executivo há um conflito entre a equipe econômica, ainda empenhada na defesa do ajuste, e ministros favoráveis a maiores despesas. Esses ministros nem sequer apresentam algo parecido com um plano. Tampouco dizem de onde sairá o dinheiro. O presidente oscila, em suas manifestações, entre os dois grupos, mas sempre exibindo, mesmo involuntariamente, a prioridade atribuída à reeleição. Diante da insegurança até em relação à política fiscal, estrangeiros tiram recursos ou deixam de aplicar no País. Desde 2015 a participação estrangeira em títulos da dívida pública diminuiu de 20,8% para 9%. A fuga do Brasil intensificou-se neste ano e a saída de capitais é claramente refletida na instabilidade cambial. Ninguém pode dizer com segurança, agora, como o governo cuidará de suas finanças em 2021 e como evoluirá a dívida pública. Incapaz de fixar um roteiro até para a gestão das contas federais, a equipe econômica deve ainda – e nada sugere alteração desse quadro – um plano de sustentação da retomada econômica e de consolidação do crescimento nos próximos anos. Mesmo assim, empresários mostram alguma confiança. Ainda bem. Pessimismo seria pior.

”’Estou aqui’, diz Huck ao falar sobre candidatura” - Após se negar a entrar na disputa presidencial de 2018, o empresário e apresentador de TV Luciano Huck tem intensificado conversas com diferentes setores e se colocado à disposição para debater uma agenda para o País. Ontem, ao participar de um evento da Associação Comercial de São Paulo, Huck disse querer “mobilizar, liderar e fomentar uma geração” e não evitou responder a uma pergunta sobre a possibilidade de concorrer nas eleições daqui a dois anos. Questionado se “tem coragem” de ser candidato a presidente, respondeu: “Estou aqui”. As declarações dadas ontem, durante evento do Conselho Político e Social (Cops) da Associação Comercial de São Paulo, destoam de comentários recentes, em que Huck evitava dar sinais de que pretende mesmo ser candidato. Para aliados, isso mostra que o apresentador se aprofundou no debate das questões públicas. “Quero mobilizar, liderar, fomentar uma geração para que a gente participe ativamente das transformações de que o Brasil precisa. Ninguém vai entregar isso de graça para a gente”, disse Huck, ao falar de desigualdades sociais no País. “Sobre a questão da coragem (de me candidatar a presidente), estou aqui, não é? Estou aqui conversando sobre temas que não são óbvios para mim, como energia, reformas. Tenho estômago para ouvir opiniões diversas, para estar em cena num momento tão delicado do País. Neste momento, estou sentado aqui como cidadão ativo, que está no debate público.” Durante a pandemia, a movimentação de Huck entre diferentes setores aumentou – mesmo que virtualmente. Nos últimos dias, o apresentador esteve com líderes do Centro de Debates de Políticas Públicas (CDPP) discutindo desigualdade social; no sábado passado, participou da Global Retail Show 2020, um evento sobre varejo; antes disso, se encontrou com pesquisadores de áreas ligadas a pautas de sustentabilidade e do agronegócio. “Desde a eleição passada, ele decidiu ter uma participação cívica no debate nacional. Mais pessoas deveriam sair da zona de conforto”, disse Paulo Hartung, ex-governador do Espírito Santo e amigo de Huck.
Orientação. Após o debate na Associação Comercial, o apresentador almoçou com o ex-senador Heráclito Fortes (DEMPI), que coordena o Cops, e o ex-ministro Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD. “Ele me surpreendeu (no evento). Não é bobo. Tem boas pessoas o orientando. Ele gosta de política. Vale a pena ter alguém como ele disposto a ir para o debate”, disse Heráclito. Pessoas próximas ao apresentador não veem motivo para ele antecipar qualquer passo considerado definitivo para o pleito de 2022, como uma filiação partidária ou o anúncio oficial de uma pré-candidatura. Aliados temem que, uma vez que a pré-candidatura seja oficializada, Huck perca espaço tanto na TV quanto entre grupos que não queiram se associar a partidos políticos. “Agora é a hora em que ele está reivindicando protagonismo, debatendo e propondo situações para o País. É o momento de fazer isto”, afirmou o ex-deputado Roberto Freire, presidente nacional do Cidadania – que tem publicamente deixado abertas as portas da legenda para o apresentador. Logo após as eleições de 2018, Huck disse, em entrevista ao Estadão, não enxergar nas propostas do presidente Jair Bolsonaro “um projeto de País”. No evento de ontem, ele pediu foco aos temas municipais. “(Não quero) personificar ou fulanizar, em mim ou outra pessoa, um debate eleitoral majoritário que não está em voga neste momento. Isso mais atrapalha que ajuda, e Brasil afora tem gente mais preocupado com a eleição (de 2022) do que em atender às necessidades das pessoas. Temos neste ano um ciclo eleitoral nas cidades e a política começa nas cidades.” Entusiasta de movimentos como o Renovabr e o Agora!, Huck afirmou ontem que o caminho para melhorar o País está na política. “Só o Estado, que é gerido pela política, tem o poder exponencial de transformação. E a política é gerida pelos políticos. Acho importante esta convocação geracional, atrair o que tem de melhor na sociedade civil para chegar perto da política.”

”PT lança plano e defende unidade contra Bolsonaro” - O PT lançou ontem o Plano de Reconstrução e Transformação do Brasil, parte de um movimento iniciado no dia 7 de setembro, quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se colocou “à disposição” para enfrentar o bolsonarismo. No evento, convidados de outros partidos como o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCDOB), e o deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ) pediram a unidade da esquerda ainda nas eleições deste ano como forma de pavimentar a criação de uma frente em 2022. “Nós devemos desde logo abrir debates sobre pactos progressistas para que não fiquemos apenas na última hora debatendo nas 96 cidades (onde há segundo turno)”, disse Dino, que é visto como opção para 2022. “Precisamos estender nossa palavra para além dos convertidos. Não basta que falemos para nós mesmos”, afirmou.
Segundo ele, o documento apresentado pelo PT, com colaborações de siglas como PSOL, PCDOB, PSB e PDT, pode ser um “referencial” de unidade da esquerda, hoje dividida em interesses divergentes nas eleições municipais e em dois grandes projetos para 2022: o do PT e o de Ciro Gomes (PDT). Freixo, que desistiu de disputar a prefeitura do Rio sob alegação de falta de unidade na esquerda, disse que a estratégia para vencer o presidente Jair Bolsonaro em 2022 passa pelas eleições deste ano. “Bolsonaro não venceu as eleições apenas pelos seus acertos, mas também pelos nossos erros. De todos nós. Não tem como separar 2022 de 2020.” A introdução ao plano também fala em unidade. “É um caminho que já começamos a trilhar juntos, com a indicação de que urge avançar na construção da mais ampla frente em defesa da vida, da democracia e do emprego, conforme recente manifesto das fundações partidárias do PSOL, PSB, PDT, PCDOB, PT e PROS”, diz o texto. “Não é um plano de um partido político. É o plano de uma nação e pode ser feito por muito mais do que um partido político”, disse Lula. Ele é apontado por ex-aliados como um dos responsáveis pela falta de unidade da esquerda por ter dado a ordem para que o PT lance candidatos próprios no maior número de cidades possível.

”Reeleição é assunto do Congresso, afirma Aras”

”Ministro rejeita ‘herdar’ inquérito de Bolsonaro” - Responsável pela decisão que paralisou a investigação sobre suposta interferência do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello não pretende “herdar” o inquérito sobre o caso. Vice-decano da Corte, Marco Aurélio suspendeu na quintafeira passada o processo – aberto com base nas acusações feitas pelo ex-ministro Sérgio Moro – por causa da licença médica do ministro Celso de Mello, que se recupera de uma cirurgia. A decisão vale até o plenário do STF analisar como deve ser o depoimento de Bolsonaro, se presencial ou por escrito. A proximidade da aposentadoria compulsória de Celso de Mello, em novembro, reacendeu na Corte a discussão sobre quem deve assumir a relatoria do caso. Até agora, integrantes do STF se dividem sobre o tema. “Ante a urgência de todo e qualquer inquérito, há de ser distribuído (a outro ministro ). Não aceito simplesmente herdar”, disse Marco Aurélio ao Estadão, ao defender um sorteio eletrônico para definir o novo relator, após a saída de Celso. “Sou substituto do ministro Celso de Mello, não pelo patronímico Mello, mas por antiguidade. E não aceito designação a dedo. Mas, como os tempos são estranhos, tudo é possível.” O regimento interno do STF Prevê que o relator seja substituído pelo ministro imediato em antiguidade em caso de licença “quando se tratar de deliberação sobre medida urgente”.
Coube a Marco Aurélio decidir sobre o recurso de Bolsonaro para suspender o depoimento presencial. A licença médica de Celso vai até o dia 26. Por ser o segundo magistrado com mais tempo de atuação na Corte, Marco Aurélio analisou a solicitação feita pela Advocacia-geral da União (AGU) em defesa do chefe do Executivo por causa da urgência do pedido. No tribunal, a discussão sobre como deve ser o depoimento de Bolsonaro é considerada politicamente delicada, por opor não apenas Celso (decano) a Marco Aurélio (vice-decano), mas também por colocar o Supremo em confronto com o Palácio do Planalto. O presidente do STF, ministro Luiz Fux, deve consultar os colegas sobre o tema antes de definir a data do julgamento. Há o risco de a decisão ser pautada apenas depois que o decano já tiver saído do tribunal. Ao completar 75 anos, em 1.º de novembro, Celso de Mello vai se aposentar compulsoriamente, abrindo a primeira vaga na Corte para indicação de Bolsonaro. Pelo regimento do STF, em caso de aposentadoria do relator, o processo é herdado pelo ministro que assume a vaga. Dessa forma, o nome que vier a ser escolhido por Bolsonaro deve assumir o acervo de processos do decano – o que abre margem para a insólita situação de um ministro indicado pelo chefe do Executivo assumir a relatoria de um inquérito que investiga o próprio presidente da República. A equipe de Fux avalia que essa regra deve ser mantida nesse caso, mas ao menos três ministros ouvidos pela reportagem defendem a redistribuição para um novo relator. Outro magistrado acredita que Marco Aurélio poderia cuidar do inquérito.

”TRE tem maioria para tornar Crivella inelegível até 2026”

”Trump promete nomear uma mulher para a Suprema Corte até o fim de semana”
”Italianos votam por redução do Parlamento”

”Porque a derrota de Trump seria um desastre para Bolsonaro” - Um animado debate teve início no Brasil a respeito de como uma vitória de Joe Biden nas próximas eleições presidenciais dos Estados Unidos afetaria as relações entre os dois países. Para alguns, o forte alinhamento ideológico do presidente Jair Bolsonaro com o presidente Donald Trump levaria inevitavelmente a um recuo significativo nas relações bilaterais, enquanto outros creem que o pragmatismo de ambos os lados e uma preocupação dos EUA com a crescente influência da China impediriam uma ruptura. Além de afetar as relações bilaterais em si, uma vitória de Biden poderia ameaçar o ambiente global que a presidência de Trump ajudou a criar para o projeto político de Bolsonaro. Com o presidente brasileiro abertamente fazendo campanha pela reeleição em 2022, outra pergunta se insinua: como o resultado da eleição americana afetaria a sorte política de Bolsonaro?
Uma possível derrota de Trump em novembro traria três desafios domésticos para o presidente brasileiro. Em primeiro lugar, Trump é muito popular entre os defensores de Bolsonaro e, entre seus principais fãs, a ideia de que o presidente brasileiro goza de acesso privilegiado à Casa Branca tem sido um trunfo político essencial para o ex-capitão do Exército. Ainda assim, numerosos analistas políticos apontaram que a parceria Trump-bolsonaro produziu poucos benefícios concretos para qualquer um dos envolvidos – Bolsonaro não fez jus às promessas de ajudar a derrubar Maduro ou a reduzir a influência chinesa na América Latina, enquanto os setores agrícola e siderúrgico ficaram sem obter um acesso privilegiado ao mercado americano. Mas, para a maioria dos apoiadores de Bolsonaro, o mais importante eram a narrativa e as fotografias lado a lado. Para eles, Trump e Bolsonaro romperam com a tradição política e tiveram a coragem de enfrentar os globalistas e as elites esquerdistas de todo o mundo. Uma vitória de Biden eliminaria assim um dos trunfos políticos de Bolsonaro e dividiria seus apoiadores entre aqueles que defenderiam uma radicalização e ruptura com o novo governo americano e aqueles que optariam pelo pragmatismo, protegendo os elos entre brasileiros e americanos.
Essa decisão não seria facilitada pelo fato de o filho de Bolsonaro, o congressista Eduardo, um político poderoso com ambições presidenciais, quase certamente preservar seus elos existentes com Steve Bannon, de quem se espera que volte a trabalhar imediatamente para injetar nova energia na direita populista para atacar o governo de Biden. Além disso, uma vitória de Biden pode servir como modelo de como vencer um governante populista nas urnas, energizando uma série de candidatos centristas que desafiarão Bolsonaro em 2022. Pode parecer uma questão menor, mas a política externa radical de Bolsonaro foi fundamental para satisfazer uma parte importante do seu eleitorado, que votou no político que cumpriu sete mandatos como deputado na expectativa de uma ruptura completa com o passado. Não é coincidência o fato de o filho do presidente, Eduardo, ter sido voluntário para chefiar uma comissão do congresso para questões de relações internacionais e segurança nacional. É na política externa que Bolsonaro pode implementar uma pauta caótica e revolucionária, sem enfrentar tantos limites constitucionais quanto ao mexer na política doméstica, onde o congresso e a Suprema Corte representam obstáculos formidáveis à radicalização. Demonizar a ONU e o globalismo, orgulhar-se de não conversar com o presidente da Argentina ou duvidar da mudança climática ainda seriam atitudes muito populares entre os bolsonaristas, mas, com Biden na presidência dos EUA, o custo disso será muito mais alto no exterior. Com o recuo das preocupações globais com Trump, ao menos inicialmente, um Ocidente muito mais unido tentaria restaurar as relações transatlânticas e a cooperação multilateral.
Finalmente, uma vitória de Biden complicaria um terceiro trunfo político que ajudou Bolsonaro a conservar o apoio de seus seguidores radicais: uma recusa obstinada em ceder à pressão internacional e doméstica diante da mudança climática. A estratégia do presidente de manter o controverso ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, em meio a incêndios descontrolados e aumento do desmatamento levou muitos a descreverem Bolsonaro como um estrategista imprevisível e incoerente. Mas uma análise cuidadosa de sua estratégia política indica que o ex-capitão do Exército segue um conjunto de princípios bastante claro, acreditando que é preferível pagar o custo econômico da não ratificação de acordos comerciais ou mesmo de boicotes contra produtos brasileiros do que perder o apoio político do pequeno produtor rural, do garimpeiro, dos grileiros e madeireiros, parte da base de apoio mais leal a Bolsonaro, todos beneficiados pela desregulamentação ambiental. Com os EUA de Biden mudando de lado e, possivelmente, alinhando-se à Europa no que tange ao desmatamento na Amazônia, o cálculo político de Bolsonaro provavelmente se tornaria insustentável. Ignorar os apelos dos europeus pelo combate ao desmatamento na Amazônia é uma coisa; enfrentar uma aliança entre EUA e Europa que ameaçaria isolar o Brasil economicamente em decorrência do seu fracasso em proteger a maior floresta tropical do mundo já é outra bem diferente. Tanto Salles quanto o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, são muito populares entre a base eleitoral de Bolsonaro, mas podem ter os cargos ameaçados.
À espera de novembro. Se eleições em outros países raramente afetam diretamente a dinâmica política no Brasil, as eleições americanas de 2020 têm um significado especial para a maior democracia da América Latina. Nunca antes um líder brasileiro fez de sua semelhança e amizade com seu equivalente americano um elemento tão central de sua personalidade política. Apesar de suas muitas diferenças – Trump tem um relacionamento problemático com as forças armadas, enquanto Bolsonaro venera os militares – o presidente brasileiro estimulou ativamente a ideia segundo a qual ele seria um “Trump dos trópicos”. Em um gesto talvez simbólico dessa estratégia, Bolsonaro certa vez transmitiu um vídeo ao vivo pelo Facebook no qual assistia a uma hora de discurso de Trump. Assim, não surpreende que poucos líderes no mundo torçam tanto pelo presidente americano nas próximas eleições quanto o brasileiro Jair Bolsonaro.

”Com 60 focos por dia, Pantanal tem o maior número de incêndios desde 1998” - Somados todos os incêndios ocorridos no Pantanal desde 1.º de janeiro, 2020 já é o ano com mais queimadas da série histórica, medida pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) desde 1998. Em menos de nove meses, o bioma chega a 16 mil focos (60 em média por dia) – 5,9 mil este mês. Antes, o ano com mais registros foi 2002, com 12,5 mil. A maior planície inundável do planeta, com cerca de 150 mil quilômetros quadrados espalhados entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, onde o fogo já destruiu 1,7 milhão de hectares. Os efeitos das queimadas no Pantanal e também em parte da Amazônia têm avançado para pelo menos outros cinco países vizinhos ao Brasil. A grande nuvem de fumaça já tem quase 5 mil km² e, segundo especialistas, pode chegar a 8 mil km².
No sábado, imagens de satélite divulgadas pelo Inpe mostraram a intensidade das queimadas no Pantanal, com a chegada de grandes nuvens de fumaça a Argentina, Bolívia, Paraguai, Peru e Uruguai. Nas grandes cidades de Sul e Sudeste, as queimadas da Amazônia e Pantanal deixaram de ser uma preocupação com o ambiente para se transformarem em riscos à saúde. Não bastasse a preocupação das pessoas com os riscos de contaminação pela covid-19, especialistas passaram a alertar que, caso a fuligem desça para as camadas mais baixas da atmosfera, é preciso tomar cuidado para que não seja respirada, porque pode se instalar no pulmão e ser distribuída no sangue. Em cenários mais graves, essa mesma fumaça pode até causar complicações cardiovasculares, como enfarte e AVC. “Os contaminantes das queimadas estão circulando na atmosfera com as massas de ar. Então, ao chover, com certeza a água da chuva virá contaminada. Não tem muito o que discutir sobre isso”, explica o pesquisador do Programa de Queimadas do Inpe, Alberto Setzer. Diante do incêndio que avança pelo Pantanal, que já teve 15% da área atingida pelas queimadas, entidades e personalidades se uniram para subscrever uma carta aberta em defesa do bioma. No documento, lançado neste domingo, os signatários acusam de omissão a gestão do presidente Jair Bolsonaro e cobram responsabilização. Entidades e associações de juristas e de defesa do meio ambiente também endossaram a manifestação, incluindo Associação Juízes para a Democracia, Instituto Brasileiro de Advocacia Pública, Comissão do Meio Ambiente da OAB-SP e Instituto de Proteção Ambiental (Proam).
Como fez em 2019, o governo enfrenta o fogo e a devastação do meio ambiente com as mesmas ferramentas: nega qualquer anormalidade no cenário e atribui a situação aos meses de seca. Além de culpar os indígenas pelos incêndios, entra em confronto com os dados científicos, faz demissões de chefes do setor, critica a publicidade dos dados, culpa a imprensa por divulgar as informações, e até incrimina as organizações não governamentais. Por fim, afirma que é vítima de conluio de países europeus interessados em minar o agronegócio. O governo brasileiro conseguiu se isolar completamente até de seus vizinhos na América Latina. No ano passado, quando as queimadas da Amazônia ganharam repercussão internacional, o presidente chileno, Sebastián Piñera, chegou a visitar o Brasil e anunciou o apoio ao País em ações de combate. Neste ano, porém, não há registro de contatos internacionais. Para a assessora política do Instituto de Estudos Socioambientais (Inesc), Alessandra Cardoso, a redução das forças de fiscalização de órgãos como Ibama e Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBIO) contribuiu para o problema e é reflexo da incapacidade de controlar a situação. “A disputa dos militares pelo protagonismo da ação contra o desmatamento na Amazônia e a forte orientação de recursos orçamentários para a pasta da Defesa, em detrimento dos órgãos ambientais, configura não uma inação, mas uma ação de desmonte da política de clima e proteção da floresta”, diz.
Amazônia. A situação não é diferente no Norte. Se em setembro de 2019 a Amazônia teve 19,9 mil focos de incêndios, neste mês ainda inacabado já caminha para superar a marca de 30 mil pontos identificados. O volume consolidado em 2020 já ultrapassou os 70 mil focos de queimadas na região, ante os 89 mil registrados nos 12 meses do ano passado.

”Queimadas são naturais, afirma ministro Heleno”

”Defesa destinará verba da Lava Jato para novo satélite” - O Ministério da Defesa decidiu levar adiante um projeto de sistemas de satélite com preço estimado pelos próprios militares em R$ 577,9 milhões e previsão de ficar pronto só em 2026. Grande parte dos recursos está atrelada a dinheiro da Operação Lava Jato, retirado de indenizações pagas pela Petrobrás. Os militares ficaram com R$ 530 milhões repassados pela estatal em seu acordo, verba que, por decisão do Supremo Tribunal Federal, deveria ser usada exclusivamente para proteção da Amazônia. O custo do projeto é cinco vezes o orçamento de R$ 118 milhões deste ano do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), do Ministério da Ciência e Tecnologia, há décadas responsável por monitorar o País via satélites, mas que tem tido seu trabalho questionado pelo presidente Jair Bolsonaro e por seu vice, Hamilton Mourão. A nova ação não prevê aprimorar a estrutura tecnológica do Inpe, mas sim do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), controlado pela Defesa. Em agosto, a Defesa informou que pretende investir R$ 145 milhões em um projeto de satélite para monitorar a Amazônia. Trata-se da fase inicial de um programa que, segundo informações da própria pasta, só fica pronto no próximo governo, em seis anos. O projeto Lessônia-1 é o único em andamento no ministério. Esse uso da verba da Lava Jato tem sido criticado por especialistas, uma vez que o Inpe está estrangulado por cortes de recursos. Indagada, a Defesa informou que o aporte de R$ 145 milhões é “uma estimativa inicial para aquisição de satélite” e, em virtude das atualizações tecnológicas, “o valor final do processo de aquisição será conhecido ao término da fase contratual”.
Soberania espacial. Em julho de 2019, o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, afirmou, em ofício sobre o Programa Estratégico de Sistemas Espaciais, que o Lessônia vai custar mais de R$ 577 milhões e o investimento deve ser feito ao longo de cinco anos, para que o satélite seja lançado em 2026. Ao descrever a necessidade da tecnologia, ele citou não só monitorar a Amazônia, mas também fiscalizar fronteiras, agricultura, controle de tráfego marítimo e oceanografia. Ao Estadão, a Defesa disse que a aquisição do satélite representa, para o País, “importantíssima ferramenta tecnológica, permitindo uma significativa ampliação da capacidade de proteger a Amazônia, além de contribuir diretamente para a soberania nacional, especialmente no campo espacial”. Segundo a Defesa, o que se busca é um sistema capaz de enxergar o terreno, mesmo que este esteja sob nuvens. Assim, “o radar consegue um melhor monitoramento”. Portanto, “não haverá sobreposição de funções do Inpe, mas sim uma complementaridade”.
Reações. O ex-presidente do Inpe, Ricardo Galvão, hoje professor de Física na USP, entende que não se trata só de esvaziamento do Inpe, mas também de uso de recursos que tinham outra finalidade. “Todos sabemos que (esses recursos) deveriam ser aplicados na proteção da floresta. Isso não é correto.” Para Gilberto Câmara, especialista em monitoramento por satélites e diretor do Grupo de Observações da Terra (GEO), a única explicação, aparentemente, é que os militares querem substituir o monitoramento feito pelo Inpe pelo do Censipam.

”Pandemia reduz poluição e Rio Tietê tem melhora histórica”
”Moprtes têm alta em SP após cinco semanas”

”Com tensão no exterior, Bolsa volta ao patamar de julho e dólar vai a R$ 5,40”

 

CAPA – Manchete principal: ”Petrobras adia a oferta de ações da BR Distribuidora”

”Para quase 40% dos setores da indústria, confiança já e maior que no pré-pandemia” - Otimismo cresceu entre fabricantes de produtos básicos muito demandados por causa do isolamento, como alimentos e limpeza, e também nos ligados de alguma forma à construção

”Média móvel de mortes no país por covid vai a 748” - Em São Paulo, Doria promete que toda a população será vacinada até fevereiro de 2021

”Na ONU, Bolsonaro busca tirar imagem de ‘vilão’” - Alvo de críticas, presidente vai defender política ambiental e atuação do governo da pandemia

”Heleno aponta ação de ‘interesses ocultos’ para ‘derrubar o governo’” - Ministro foi responsável ontem por vocalizar a posição da gestão Bolsonaro em audiência pública no STF

”Salles muda pasta, mas não consegue pôr secretaria da Amazônia em Manaus” - Ministro renomeou secretaria e trocou titulares, em alteração vista como “cosmética” por críticos

”País diz à UE que está pronto para ter cooperação na área” - O Brasil já enviou mensagem à União Europeia (UE) de que está “mais do que disposto” a explorar iniciativas e ações concretas na área ambiental para dar um “conforto” aos Estados-membros e à opinião pública europeia que resistem ao acordo de associação UE-Mercosul, segundo fontes de Brasília. “Estamos prontos a deixar claro o compromisso do Brasil com todos os acordos internacionais, com o Acordo de Paris, com agenda ambiental de desenvolvimento sustentável no combate a queimadas, proteção da floresta etc.”, afirmou uma alta fonte brasileira ao Valor. “Já dissemos a negociadores europeus que estamos dispostos a trabalhar juntos nesses temas que preocupam a opinião publica europeia, sem mexer no acordo.” Para fontes de Brasília, nada impede a realização de projetos entre a UE e o Brasil, entre a UE e o Mercosul e entre países europeus separadamente com o Brasil para proteger a Amazônia e ajudar na meta de zero desmatamento ilegal, por exemplo. Ao mesmo tempo, porém, o discurso do presidente Jair Bolsonaro hoje, na abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas, que deve ser sem entusiasmo para o ambiente, pode embaralhar a mensagem que chega ao exterior. A sinalização de fontes familiarizadas com as discussões com a UE veio logo depois de reunião dos ministros de Comércio dos 27 Estados-membros, em Berlim, sob a presidência alemã, no qual o Mercosul foi tema de uma rápida discussão.
O novo comissário de Comércio europeu, Valdis Dombrovski, confirmou que “alguns Estados-membros e stakeholders levantaram preocupações sobre sustentabilidade no Mercosul, com relação ao Acordo de Paris, desmatamento especialmente no Brasil, e é claro que precisamos abordar essas questões seriamente”. Ele destacou que a comissão está procurando claro engajamento dos países do Mercosul também sobre a parte de sustentabilidade do acordo. O comissário de Mercado Interno da UE, o francês Thierry Breton, que participou do encontro em Berlim, disse que “nem todo mundo está alinhado sobre o tema [aprovação do acordo com Mercosul]. E precisaremos definitivamente ter mais discussões entre nós”. Ou seja, a UE continua dividida sobre assinar o acordo com o bloco de Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. A Irlanda, que teme por sua produção de carne bovina, nunca escondeu sua resistência. Em Berlim, também o pequeno Luxemburgo reclamou. “Precisamos de compromisso tangível para proteger o meio ambiente e lutar contra o desmatamento”, afirmou o ministro de Relações Exteriores do país europeu, Jean Asselborn. Para o ministro alemão da Economia, Peter Altmaier, que presidiu o encontro, “mesmo sem reabrir o pacote [o texto negociado], algumas questões precisam ser esclarecidas e isso talvez nos ajude a encontrar soluções sustentáveis”.
Altmaier notou que a negociação UE-Mercosul, se fosse fácil, não teria demorado tanto para sua conclusão (20 anos). Sua interpretação é de que os países-membros da UE querem evitar divisão sobre o acordo e discutir o que podem fazer. O Valor publicou ontem que a inclusão de uma “declaração anexa e interpretativa” no acordo de livre-comércio UE-Mercosul para acomodar preocupações europeias na área ambiental e outras questões polêmicas, entrou no radar, segundo fontes familiarizadas com o tema. Foi basicamente o que ocorreu no acordo comercial UE-Canadá.

”Proposta tenta harmonização dos projetos de reforma” - Texto-base de lei complementar a ser discutido visa acoplar iniciativa do governo à PEC 45

”Depósito remunerado não entra no cálculo da dívida, diz BC” - Depósitos remunerados voluntários não vão entrar na conta se projeto do Senado for aprovado, segundo autoridade monetária

”Firjan enxerga recuperação em 2021 do PIB do Estado após quedas recordes”
”Rio tem adesão de 47 municípios a licitação de concessões de saneamento” 
- Adesões representam mais de 90% da população à qual a companhia de saneamento controlada pelo governo fluminense presta serviços
”Governo e MPF ainda discutem destino de dinheiro da leniência” - Cerca de R$ 870 milhões já ressarcidos por grandes empreiteiras estão parados em conta judicial

”Filas do INSS e do auxílio somam cerca de 2 milhões de pedidos” - Em relação aos benefícios do INSS, Leonardo Rolim explicou que os pedidos em primeira análise já estão dentro do fluxo normal
”Volta total de peritos é questão de pouco tempo, diz governo”

”MDB é contra fim do piso de saúde e educação e alerta relator” - Cúpula do partido vê bolsonarismo exacerbado em Bittar e diz também se opor à desindexação do salário mínimo

”Aumento de 25% para policiais de Brasília passa na Câmara” - Aumento aprovado pela Câmara terá impacto de R$ 1 bi por ano; texto segue para o Senado
”Comissão do Senado aprova diplomatas e convida chanceler” - Senadores se irritaram com visita de Mike Pompeo a Roraima
”Planalto quer relançar ideia da CPMF nesta semana”
”STF não deve estabelecer regra de reeleição, diz Aras”

”Petistas simpatizam com permanência de Alcolumbre no comando do Senado” - Além do apoio do governo à sua reeleição, explicitado pelas posições da AGU e da PGR, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), também terá respaldo de uma parcela importante da oposição, mais notadamente do PT. O respaldo a Alcolumbre é praticamente um consenso na bancada do partido. Nas palavras de um interlocutor, não há nenhuma resistência dentro da legenda à permanência do presidente do Senado no cargo. A razão do apoio é o erro estratégico do último pleito. Na ocasião, o PT apoiou o senador Renan Calheiros (MDB-AL) contra Alcolumbre, mas o emedebista acabou desistindo da disputa ainda durante a apuração dos votos no plenário. “A aventura de apoiar Renan Calheiros foi um desastre. Ele desistiu e deixou o PT com a brocha na mão”, explica uma fonte da sigla. Na tumultuada eleição realizada em fevereiro de 2009, Renan foi alvo de pressão intensa dos senadores novatos no Senado, que prometeram abrir o voto como forma de constrangê-lo, além do próprio governo federal, interessado na vitória de Alcolumbre. Os integrantes do PT admitem certo incômodo com o fato de Alcolumbre ser um quadro do DEM e, ao mesmo tempo, ter o apoio do governo Jair Bolsonaro, mas, por outro lado, veem seu nome como o “menos pior” no cenário atual. O cálculo da sigla seria o mesmo do Supremo Tribunal Federal: melhor Alcolumbre do que um aventureiro qualquer do “Muda Senado”, grupo de senadores eleitos recentemente que costuma militar por pautas consideradas moralistas pelo PT.
Os petistas também não escondem que passaram a ter um certo apreço pelo presidente do Senado durante seu mandato. Isso porque, mesmo sem o apoio do PT, Alcolumbre deu lugar para a legenda na Mesa Diretora da Casa. O senador Jaques Wagner (PT-BA), por exemplo, é o terceiro suplente da Mesa, um cargo que não existia antes da gestão de Davi Alcolumbre. Por fim, a sigla reconhece como positivo o perfil de “vereador bonachão” do presidente do Senado. A alcunha vem do fato de ele atender todo mundo, independentemente da corrente partidária, e gostar da política de conchavo. Para um integrante do partido, o PT não irá tomar posição aberta sobre o tema por motivos óbvios: Alcolumbre é do DEM. “Mas, se ele conseguir viabilizar o direito à reeleição, o PT vai com o Davi”, conclui o petista.
O “Muda Senado”, por sua vez, ainda avalia qual a melhor estratégia diante do cenário favorável ao presidente da Casa. “Ele tem muita gente na mão”, disse um opositor sob condição de anonimato. Nos bastidores, integrantes dessa corrente discutem, inclusive, desistir da disputa em nome de uma eleição que permita a alternância de poder. A ideia cogitada seria emitir uma nota pública abrindo mão de uma candidatura própria para que MDB e outros partidos de centro se sentissem mais à vontade para pleitear o cargo. O aceno seria uma forma de desmobilizar alguns dos apoios conquistados por Alcolumbre, como o do PT. Na prática, o principal objetivo dos senadores dessa corrente é garantir a saída de Alcolumbre do cargo. A avaliação dos parlamentares do “Muda Senado” é que o presidente sinalizava que iria comandar a Casa legislativa de uma maneira diferente, mas acabou repetindo práticas antigas do Congresso.

”Ausências de Iris e Marconi são a principal marca da eleição em Goiânia”

”Freixo e Dino cobram ação do PT em 2020” - Isolado nas eleições municipais e sem rumo definido para enfrentar o governo Jair Bolsonaro, o PT apresentou ontem uma espécie de programa de governo para 2022, o “Plano Nacional de Reconstrução e Transformação do Brasil”. O partido pretende usar o documento para se reaproximar de aliados como o PCdoB, Psol, PSB e PDT, e articular uma frente contra Bolsonaro, mas já enfrenta resistência. Lideranças da oposição afirmaram que a unidade para a disputa presidencial deve ser construída nestas eleições, e disseram que o PT precisa rever suas posturas, ceder nas negociações e apoiar os aliados. A apresentação do plano, com 210 páginas, reuniu lideranças nacionais petistas, como os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, o ex-prefeito Fernando Haddad e a presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR). A dirigente petista reconheceu que dificilmente o presidente Jair Bolsonaro adotará alguma das medidas defendidas pelo partido, mas afirmou são propostas para se “contrapor frontalmente” ao governo e “fazer um debate com a sociedade”. Lula também demonstrou ceticismo e disse que o país “só vai mudar” quando mudar “a pessoa que governa”. No entanto, afirmou que é preciso ajudar a resgatar a esperança. Apesar do grande evento para lançar o plano, poucos haviam lido o documento. Lula afirmou que não tinha conseguido ler e não sabia nem de quem tinha sido a ideia de criar o programa, apesar de apoiá-lo. “Confesso que não li nem um pouquinho”, disse, sobre o texto organizado pela Fundação Perseu Abramo.
O PT chamou líderes do PCdoB (governador do Maranhão, Flávio Dino), do Psol (deputado federal Marcelo Freixo), do PSB (ex-governador candidato à Prefeitura de João Pessoa Ricardo Coutinho), do PDT (ex-ministro Manoel Dias) e do MDB (ex-governador Roberto Requião). Todos eles relataram que também não tinham conseguido ler o texto, recebido na véspera. Marcelo Freixo, do Psol, disse que os desafios para a oposição são grandes e afirmou que antes de pensar na disputa presidencial, é preciso cuidar das eleições deste ano, para que a esquerda evite grandes derrotas. “Não tem como separar 2020 de 2022”, disse. “E que a gente não saia derrotado de 2020, que tenha sabedoria de nos comportar no primeiro e no segundo turno e entender que 2022 começa agora”, afirmou. Dino disse que é preciso sair da teoria, apostar em ações práticas e defendeu alianças entre os partidos desde já. “Devemos desde logo abrir debates sobre pacto progressistas, em primeiro e segundo turnos” Dino afirmou também que a oposição não deve “pregar para convertidos” apenas. Ricardo Coutinho, do PSB, também defendeu a unidade da esquerda desde já. “Não podemos ficar numa discussão pouco produtiva, que nos dilacere e nos afaste. Temos que convergir na nossa diferença.” A presidente nacional do PT disse que o plano não tem caráter eleitoral, mas disse que as propostas “podem servir, sim” para aglutinar partidos de esquerda. Gleisi negou que o partido esteja isolado nestas eleições, apesar da falta de acordos com aliados históricos.
Nas propostas apresentadas, o PT defende o aumento dos gastos públicos para retomar o crescimento econômico e a geração de emprego. O partido prega a ampliação dos investimentos públicos em infraestrutura e obras do antigo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e do Minha Casa, Minha Vida; a prorrogação do auxílio emergencial de R$ 600 até o fim da pandemia; a criação de cinco milhões de empregos com contratação por seis meses para desempregados que não recebam o seguro-desemprego, e a retomada da valorização do salário mínimo. Na área econômica, defende também derrubar o teto de gastos e rever limites de gastos determinados pela Lei de Responsabilidade Fiscal e pela chamada Regra de Ouro. O plano propõe reforma tributária com impostos sobre a renda e o patrimônio, como a taxação de grandes fortunas, grandes heranças e dos rendimentos financeiros. Na área social, o PT propõe aumentar o valor do Bolsa Família e ampliar os beneficiários, incorporando a base das pessoas que recebem o auxílio emergencial, com a previsão de beneficiar até 30 milhões de famílias. O partido defende revogar a Lei de Segurança Nacional e criar a “Lei de Proteção do Estado Democrático”, que fiscalize e puna apologias contra a democracia e em favor da intolerância e da tortura, “incluindo revisionismos históricos”. Na área de política externa, propõe voltar a investir no Mercosul, na Unasul e seu Conselho de Defesa e na Celac, e nas relações Sul-Sul, em particular com a África. O PT defende ainda a retomada dos direitos políticos de Lula.

”’Bolsonarista explícito não ganhará eleições e PT tem pouca chance’” - Ciro Gomes prevê desgaste dos extremos nas disputas municipais

”Disputa por Suprema Corte ameaça estímulo nos EUA” - A tentativa do presidente Donald Trump de preencher rapidamente a vaga deixada na Suprema Corte dos EUA com a morte da juíza Ruth Bader Ginsburg, poderá acabar com as chances já remotas de um pacote de ajuda ao combate dos efeitos da pandemia antes das eleições de 3 de novembro

”Aprovação rápida de novo juiz é possível, mas incomum” - Se Trump anunciar seu indicado para a vaga na Suprema Corte nesta sexta-feira ou sábado, o Senado terá menos de 40 dias para votar a nomeação antes da eleição de 3 de novembro. Isso aconteceu apenas duas vezes desde 1975

”China avalia retaliar empresas americanas” - Nas últimas semanas, grupo liderado pelo vice-premiê Hu Chunhua, que supervisiona investimentos estrangeiros e comércio, acelerou a finalização da lista de “entidades não confiáveis” - a resposta à lista americana de entidades que poderão sofrer sanções

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