quarta-feira, 23 de setembro de 2020

Análise de Mídia 23/09

 



 

DOS JORNAIS DE HOJE: A principal notícia em todos os jornais é o discurso de Jair Bolsonaro na ONU. No entanto, a cobertura sobre o caso de “vergonha internacional” foi diferente nos quatro veículos. A Folha foi muito suave na manchete e apresentou a reação de ONGs, políticos, jornais estrangeiros e empresários. O Estadão foi o mais crítico na manchete e fez cobertura complementar a da Folha. O Valor Econômico, por sua vez, buscou as opiniões de especialistas de peso. Portanto, a leitura dos três jornais é complementar com relação ao discurso de Bolsonaro.
Para além do discurso, a Folha tem os Bolsonaro como alvo e publica reportagem investigativa sobre o uso de dinheiro vivo em campanhas eleitorais do clã. Os próprios Bolsonaros investiam dinheiro vivo em suas campanhas. Já o Estadão informa que Carlos Bolsonaro comprou um imóvel em dinheiro vivo. Além disso, todos os jornais noticiaram que o procurador que marcou a acareação entre Flávio Bolsonaro e Roberto Marinho solicitou que Aras se pronuncie sobre a falta do senador na data marcada.
O desmatamento e outras questões ambientais continuam a aparecer nos cadernos de economia dos jornais, algo que começou a acontecer após o início da pandemia e do posicionamento negacionista do governo federal. No entanto, entre os jornais analisados a Folha apresenta hoje a melhor cobertura sobre o tema. O jornal publica reportagens sobre o que parece ser um recuso do Ministério da Defesa com relação à aquisição de um satélite para monitorar o desmatamento e sobre a qualidade do sistema de monitoramento oferecido pelo INPE. Além disso, o jornal continua fazendo o acompanhamento da situação no Pantanal. O Estadão, por sua vez, informa que a Agência Nacional de Mineração está sem verba para fiscalizar barragens em 2021.

 

CAPA – Manchete principal: *”Bolsonaro se defende na ONU sobre pandemia e queimadas”*
+++ A manchete é bem suave perto do que foi o discurso.

EDITORIAL DA FOLHA - *”Fantasia de presidente”*: Com o Brasil cada vez mais pressionado na esfera internacional em razão do retrocesso na área ambiental, seria de imaginar que Jair Bolsonaro aproveitasse a tribuna privilegiada da Assembleia Geral das Nações Unidas para oferecer um diagnóstico honesto dos problemas que afligem o país e defender medidas para o seu enfrentamento. O que se viu nesta terça (22), porém, foi um presidente que se nega a reconhecer a realidade à vista de todos, atitude que só contribui para alimentar desconfianças de investidores e parceiros comerciais. Como se não existissem dados de satélites a comprovar praticamente mês a mês o aumento do desmatamento e das queimadas, Bolsonaro optou por uma narrativa persecutória ao atribuir as notícias sobre o assunto a uma campanha internacional de desinformação. Na ficção presidencial, o fogo que grassa na Amazônia seria causado pela agricultura de subsistência de índios e caboclos em áreas desflorestadas no passado, quando os dados apontam regiões de desmatamento mais recente, com a função precípua de limpá-las para a formação de pastos para a pecuária. Bolsonaro não se saiu melhor ao falar do enfrentamento da pandemia de Covid-19. Incapaz de coordenar esforços na linha de frente do combate ao coronavírus, que já ceifou a vida de quase 140 mil brasileiros, tratou de inculpar outros.
Reafirmou críticas às medidas de isolamento social preconizadas pela Organização Mundial de Saúde, apontou o dedo para o Judiciário e para os governadores, e acusou mais uma vez a imprensa de disseminar o pânico na população. O tom do pronunciamento gravado, lido em seu estilo claudicante, pareceu até comedido se comparado com a exibição na reunião da ONU no ano passado, quando o mandatário recém-empossado aproveitou a chance para defender a ditadura militar e investir contra o socialismo e outros fantasmas. Como se tivesse optado por vestir fantasia de estadista desta vez, Bolsonaro fez profissão de fé no liberalismo econômico, celebrou a reforma da Previdência Social e se declarou comprometido com mudanças nos impostos e nos gastos com o funcionalismo público. Mas o verdadeiro Bolsonaro estava ali também, indisfarçável, na adulação ao presidente americano, Donald Trump, cuja política externa foi enaltecida, e no apelo contra o preconceito religioso, que classificou como cristofobia. Acima de tudo, a apresentação foi marcada pela insistência de Bolsonaro em se refugiar numa realidade paralela, cuja falsidade é facilmente demonstrável, e que só encontra eco entre os apoiadores mais fanáticos —uma retórica flácida que, em vez de convencer, só atesta sua inaptidão para governar.

BRUNO BOGHOSSIAN - *”Faltou coragem a Bolsonaro para assumir o fracasso de suas escolhas”*

PAINEL - *”Em resposta a Bolsonaro, China diz esperar respeito a regras sobre 5G”*: A estocada de Jair Bolsonaro ao falar sobre o 5G no discurso à ONU, em que citou liberdade, soberania e proteção de dados como critérios, não foi ignorada pela China. “Esperamos que as regras [de definição do sistema] sejam objetivas, transparentes, não discriminatórias e respeitem as normas básicas do sistema econômico mundial”, disse Qu Yuhui, ministro-conselheiro da embaixada chinesa. A ordem, no entanto, é não elevar a temperatura e insistir no diálogo com o Brasil. Os EUA têm trabalhado contra a chinesa Huawei no 5G em contatos com parlamentares e executivos. Não é pouco. Todd Chapman, embaixador no Brasil, já emplacou duas vitórias: ampliação da cota do etanol e uso da Base de Alcântara (MA). Para as operadoras de telefonia, a consequência da retirada dos chineses do 5G seria a redução da cobertura da tecnologia. Como os equipamentos americanos são 30% mais caros, 30% menos localidades do país seriam atendidas. A previsão é que os militares agirão para restringir a compra de equipamentos chineses. A área técnica do governo não vai se mexer. O ministro das Comunicações, Fábio Faria, tem dito que a decisão será de Jair Bolsonaro.

PAINEL - *”Rompida com Bolsonaro, índia levada por ele à ONU em 2019 diz que não viu discurso”*
PAINEL - *”Projeto da nova CPMF não tem acordo no Executivo”*
PAINEL - *”Em carta, secretários de SC atacam presidente da Assembleia”*
PAINEL - *”Servidora de gestão Covas foi alvo de Doria em 2018”*

PAINEL - *”Governo da BA vai processar servidor da Câmara por 'fake news'”*: O governo da Bahia, comandado por Rui Costa (PT), vai processar Cláudio Lessa, funcionário da Câmara dos Deputados, por “disseminar fake news”. No vídeo "O Brasil em 16 Setembro", publicado no YouTube, Lessa diz mostrar imagens da superlotação de pacientes em hospital na Bahia, quando, na verdade, elas são de hospital em Alagoas. Costa é chamado de "desgovernador corrupto", "Ruim Bosta", "burro" e "mal-intencionado". O prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), é chamado de "perfeito baiano burro". Os processos serão nas áreas cível e criminal. Lessa publica vídeos quase todos os dias, geralmente com ofensas a políticos diversos e exaltação a Jair Bolsonaro. Lessa tem o cargo de analista legislativo em Comunicação Social na Câmara, com salário de R$ 34 mil. Em nota, a Câmara diz que "não tem conhecimento nem se responsabiliza por atividades de natureza pessoal desempenhadas por integrantes do seu quadro de servidores."

PAINEL - *”Juíza manda PT estadual de SP dar 40% de seu fundo eleitoral para pagar ex-publicitário”*: Com dificuldades financeiras e eleitorais em São Paulo, o PT ganhou mais uma dor de cabeça. Uma decisão judicial de sexta (18) repassa 40% do fundo eleitoral deste ano do diretório estadual para o ex-dirigente petista e publicitário Valdemir Garreta. Garreta processou o partido por dívidas da campanha de 2014, em que cuidou da comunicação de Alexandre Padilha para governador de SP e de candidatos a deputado no estado. Em 2017, ele fez um acordo com o PT e recebe parcelas mensais de R$ 102 mil do fundo partidário. Agora, a decisão da juíza Mariana de Souza Neves Salinas, do Tribunal de Justiça de SP, deve lhe garantir cerca de R$ 9 milhões do fundo eleitoral, que seriam abatidos da dívida, calculada em R$ 26 milhões. Garreta diz temer que o PT nacional repasse o fundo diretamente às cidades, contornando o diretório estadual. “Me preocupa que o PT tente fazer alguma manobra para burlar essa decisão”, afirma. Procurado, o PT de São Paulo disse que dirigentes e advogados estão avaliando a decisão e só depois tomarão decisão sobre possíveis recursos.

*”Uso de dinheiro vivo sustentou campanhas eleitorais da família Bolsonaro”* - O presidente Jair Bolsonaro e seus filhos fizeram sucessivas doações em dinheiro vivo para irrigar suas campanhas eleitorais de 2008 a 2014. No total, foram injetados R$ 100 mil em espécie nesse período —corrigidos pela inflação, os valores chegam a R$ 163 mil. A prática funcionou por meio de autodoações em dinheiro vivo e de depósitos em espécie feitos por um membro da família em favor de outro. Em duas candidaturas, a utilização de cédulas foi responsável por cerca de 60% da arrecadação da campanha. O uso frequente de dinheiro vivo no financiamento eleitoral repete hábito da família de pagar contas pessoais e até a quitação de imóveis em espécie, costume atualmente investigado no chamado caso das "rachadinhas" na Assembleia Legislativa do Rio. Transações em espécie não configuram crime, mas podem ter como objetivo dificultar o rastreamento da origem de valores obtidos ilegalmente. Hoje em dia, esse tipo de movimentação é comunicada automaticamente ao Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) quando ultrapassa R$ 10 mil. Os depósitos em dinheiro vivo para o financiamento de campanha foram identificados pela Folha nos processos físicos das prestações de contas entregues à Justiça Eleitoral.
A reportagem analisou os recursos recebidos desde 2000 pelas campanhas de Jair Bolsonaro (sem partido) e seus filhos, Flávio (Republicanos-RJ), Carlos (Republicanos-RJ) e Eduardo (PSL-SP). Nas 5 campanhas em que a reportagem identificou pagamentos em espécie, o percentual de financiamento desse tipo em relação ao total de recursos arrecadados variou de 1% a 58%. Das 13 candidaturas analisadas, em 4 não houve depósitos em dinheiro vivo. Em outras 4, não foi possível confirmar pelas prestações se houve injeções em espécie. O elevado uso de dinheiro vivo nas campanhas destoa da prática de outras candidaturas bem-sucedidas naqueles anos. Reportagens e dados obtidos por órgãos de investigação mostraram que a família Bolsonaro, especialmente na figura do senador Flávio Bolsonaro, já movimentou mais de R$ 3 milhões em dinheiro vivo nos últimos 25 anos. Entre as operações em espécie, segundo as apurações, estão a compra de imóveis, a quitação de boletos de planos de saúde e da escola das filhas de Flávio, o pagamento de dívidas com uma corretora e depósitos nas contas da loja da Kopenhagen da qual o senador é dono. O Ministério Público do Rio de Janeiro suspeita que o filho mais velho do presidente tenha utilizado recursos obtidos com o suposto esquema de devolução de salários em seu antigo gabinete na Assembleia Legislativa para permitir essas operações em benefício pessoal.
O presidente Jair Bolsonaro e seus filhos fizeram sucessivas doações em dinheiro vivo para irrigar suas campanhas eleitorais de 2008 a 2014. No total, foram injetados R$ 100 mil em espécie nesse período —corrigidos pela inflação, os valores chegam a R$ 163 mil. A prática funcionou por meio de autodoações em dinheiro vivo e de depósitos em espécie feitos por um membro da família em favor de outro. Em duas candidaturas, a utilização de cédulas foi responsável por cerca de 60% da arrecadação da campanha. O uso frequente de dinheiro vivo no financiamento eleitoral repete hábito da família de pagar contas pessoais e até a quitação de imóveis em espécie, costume atualmente investigado no chamado caso das "rachadinhas" na Assembleia Legislativa do Rio. Transações em espécie não configuram crime, mas podem ter como objetivo dificultar o rastreamento da origem de valores obtidos ilegalmente. Hoje em dia, esse tipo de movimentação é comunicada automaticamente ao Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) quando ultrapassa R$ 10 mil.
Os depósitos em dinheiro vivo para o financiamento de campanha foram identificados pela Folha nos processos físicos das prestações de contas entregues à Justiça Eleitoral. A reportagem analisou os recursos recebidos desde 2000 pelas campanhas de Jair Bolsonaro (sem partido) e seus filhos, Flávio (Republicanos-RJ), Carlos (Republicanos-RJ) e Eduardo (PSL-SP). Nas 5 campanhas em que a reportagem identificou pagamentos em espécie, o percentual de financiamento desse tipo em relação ao total de recursos arrecadados variou de 1% a 58%. Das 13 candidaturas analisadas, em 4 não houve depósitos em dinheiro vivo. Em outras 4, não foi possível confirmar pelas prestações se houve injeções em espécie. O elevado uso de dinheiro vivo nas campanhas destoa da prática de outras candidaturas bem-sucedidas naqueles anos. Reportagens e dados obtidos por órgãos de investigação mostraram que a família Bolsonaro, especialmente na figura do senador Flávio Bolsonaro, já movimentou mais de R$ 3 milhões em dinheiro vivo nos últimos 25 anos. Entre as operações em espécie, segundo as apurações, estão a compra de imóveis, a quitação de boletos de planos de saúde e da escola das filhas de Flávio, o pagamento de dívidas com uma corretora e depósitos nas contas da loja da Kopenhagen da qual o senador é dono. O Ministério Público do Rio de Janeiro suspeita que o filho mais velho do presidente tenha utilizado recursos obtidos com o suposto esquema de devolução de salários em seu antigo gabinete na Assembleia Legislativa para permitir essas operações em benefício pessoal.
A reportagem também identificou outras doações recebidas pela família entre 2000 e 2014, no total de R$ 73.584, cujo meio da transação não foi possível confirmar nos processos físicos. É o caso de R$ 15 mil doados por Carlos à sua própria campanha em 2000, e R$ 6.584 injetados por Jair em sua campanha a deputado federal em 2002. Também é a situação da campanha de Jair quatro anos depois, quando ele e Jorge Francisco colocaram R$ 10 mil cada. Ainda em 2006, Jorge Francisco também doou R$ 4.000 a Flávio. O ex-assessor Telmo Broetto repassou R$ 9.000. O site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) indica que em 2012 Carlos recebeu R$ 10 mil em espécie do Comitê Financeiro Municipal para Vereador do PP, mas na prestação física não consta o recibo para confirmação. Em 2014, Eduardo repassou R$ 9.000 para sua campanha a deputado federal. Segundo o registro online do tribunal, o valor foi depositado em espécie. Não foi possível confirmar no processo físico, no entanto, como a transação foi realizada. O site do TSE também aponta, erroneamente, que Carlos depositou R$ 10 mil em dinheiro vivo para a campanha de Flávio em 2010. A prestação física mostra que, na verdade, o valor foi transferido entre as contas correntes dos irmãos. Segundo o Ministério Público do Rio, o senador Flávio Bolsonaro movimentou R$ 2,89 milhões em dinheiro vivo, que teriam como origem o esquema de devolução de salários no seu antigo gabinete na Assembleia do Rio. A “rachadinha”, de acordo com os investigadores, foi operada pelo ex-assessor Fabrício Queiroz, que recebeu mais de R$ 2 milhões de 13 assessores de Flávio, de 2007 a 2018, por meio de transferências bancárias e de depósitos em espécie. A apuração abrange os crimes de peculato, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
Segundo a investigação, os valores do esquema foram lavados pelo senador, em sua maior parte, por meio de sua franquia da Kopenhagen (R$ 1,71 milhão), compra de imóvel (R$ 638,4 mil), boletos de plano de saúde e escola (R$ 261,6 mil) e depósitos em conta (R$ 133 mil). Reportagens da Folha e do jornal O Globo revelaram outros possíveis usos de dinheiro vivo pela família Bolsonaro. Foi o caso da compra de imóveis pela segunda mulher de Bolsonaro, Ana Cristina Valle, no valor de R$ 243,3 mil; da compra de imóvel pela primeira mulher, Rogéria Bolsonaro, no valor de R$ 95 mil; e dos pagamentos feitos por Carlos e Flávio a uma corretora, no valor de R$ 15,5 mil cada. Assim, os R$ 100 mil em espécie injetados nas campanhas eleitorais representam mais uma frente do costumeiro uso de dinheiro vivo pela família. Há indícios de que a “rachadinha” possa ter chegado ao gabinete de Jair Bolsonaro, embora o presidente não seja alvo de investigação no caso. Nove assessores de Flávio que tiveram o sigilo quebrado pela Justiça foram lotados, antes, no gabinete do pai na Câmara dos Deputados. Nathalia Queiroz, filha de Queiroz, também teve passagens pelos dois gabinetes. Como a Folha revelou, Nathalia era funcionária fantasma de Jair Bolsonaro e atuava como personal trainer no Rio. Segundo o MP-RJ, ela repassou pelo menos R$ 633 mil ao pai. A Folha mostrou que os repasses continuaram mesmo quando Nathalia esteve no gabinete de Jair. A Folha também revelou que durante os 28 anos em que foi deputado federal, de 1991 a 2008, Jair Bolsonaro manteve uma intensa e incomum rotatividade salarial de seus assessores. De um dia para o outro, assessores chegavam a ter os salários dobrados, triplicados, quadruplicados, o que não impedia que pouco tempo depois tivessem as remunerações reduzidas a menos de metade.
Além disso, dados da quebra de sigilo de Queiroz mostram que o ex-assessor e sua mulher repassaram 27 cheques para a primeira-dama Michelle Bolsonaro, de 2011 a 2016, no total de R$ 89 mil. Os valores foram revelados pela revista Crusoé. A apuração do suposto esquema de Flávio Bolsonaro também pode ter desdobramentos no gabinete de Carlos Bolsonaro na Câmara Municipal do Rio. Após reportagens da Folha e da revista Época, Carlos passou a ser investigado pelo suposto emprego de funcionários fantasmas. A investigação pode ter seu escopo ampliado, pois o vereador já teve quatro ex-assessores com os sigilos bancário e fiscal quebrados na investigação sobre a suposta “rachadinha”. Eles trabalharam tanto no gabinete de Carlos como no de Flávio.​ A assessoria da Presidência da República informou que não comentaria a utilização de dinheiro em espécie em campanhas de Jair Bolsonaro e dos filhos. A reportagem procurou outros os três filhos do presidente, mas não obteve resposta até a conclusão deste texto. Em relação às movimentações de dinheiro em espécie, em ocasiões anteriores a família Bolsonaro negou que elas representassem indícios de ilegalidades. A defesa de Flávio Bolsonaro, por exemplo, disse em julho, ao comentar depósito de R$ 25 mil feito por Queiroz na conta da mulher do senador, que não houve nenhuma irregularidade. No mês anterior, os irmãos Carlos e Flávio disseram em nota, ao falar sobre depósitos em dinheiro vivo que fizeram para uma corretora de valores, que era um erro misturar esse assunto com a investigação em andamento no Rio. "Apenas alimenta ilações fantasiosas e incentiva a campanha de perseguição."
+++ Para além das doações, ter somas como R$ 15 mil em dinheiro já não é algo comum.

*”Conselho abre processo contra procurador por outdoor em homenagem à Lava Jato”* - O CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) abriu nesta terça-feira (22) um processo administrativo disciplinar (PAD) contra o procurador Diogo Castor de Mattos, ex-integrante da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, por causa da contratação de um outdoor em homenagem à operação. De acordo com o corregedor nacional do Ministério Público, Rinaldo Reis Lima, Castor de Mattos cometeu falta funcional, violando o princípio da impessoalidade no serviço público. A decisão de abertura do PAD foi unânime, com os votos dos 11 conselheiros presentes. O corregedor nacional propôs ainda uma pena de 90 dias de suspensão ao final do PAD, caso o procurador da República seja considerado culpado. Nesta terça-feira, o CNMP começou a analisar um outro processo contra o ex-integrante da Lava Jato, motivado por declarações críticas que ele fez ao STF (Supremo Tribunal Federal), mas o julgamento foi interrompido. (...)

*”Damares exonera secretária de Igualdade Racial, mulher de youtuber bolsonarista”* - A ministra Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos) exonerou a secretária de Igualdade Racial, Sandra Eustáquio. A decisão foi publicada na edição desta terça-feira (22) do "Diário Oficial da União". O ministro da Casa Civil, Braga Netto, assinou a exoneração. A secretária é mulher do youtuber bolsonarista Oswaldo Eustáquio, investigado no inquérito dos atos antidemocráticos e que chegou a ser preso neste ano por ordem do STF (Supremo Tribunal Federal). Segundo assessores da ministra, a mudança foi motivada por uma tentativa de evitar o envolvimento da pasta na investigação conduzida pela Polícia Federal no âmbito do Supremo. (...)

*”Procurador pede providências à PGR após ver crime de desobediência de Flávio Bolsonaro”* - O procurador Eduardo Benones encaminhou nesta terça-feira (22) um ofício à PGR (Procuradoria-Geral da República) na qual acusou o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) de faltar injustificadamente à acareação com o empresário Paulo Marinho e que, por esta razão, entende que o filho do presidente Jair Bolsonaro cometeu crime de desobediência. Na representação ao procurador-geral da República, Augusto Aras, Benones pede ao chefe do MPF (Ministério Público Federal) que avalie o caso e adote as medidas cabíveis. "Além do específico cometimento, em tese, do tipo penal suso mencionado [desobediência], compreende-se também estar havendo imposição de óbices e condições legalmente injustificadas para realização de ato investigatório de acareação", afirmou o procurador. O procurador Eduardo Benones encaminhou nesta terça-feira (22) um ofício à PGR (Procuradoria-Geral da República) na qual acusou o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) de faltar injustificadamente à acareação com o empresário Paulo Marinho e que, por esta razão, entende que o filho do presidente Jair Bolsonaro cometeu crime de desobediência. Na representação ao procurador-geral da República, Augusto Aras, Benones pede ao chefe do MPF (Ministério Público Federal) que avalie o caso e adote as medidas cabíveis. "Além do específico cometimento, em tese, do tipo penal suso mencionado [desobediência], compreende-se também estar havendo imposição de óbices e condições legalmente injustificadas para realização de ato investigatório de acareação", afirmou o procurador. (...)
O procurador Eduardo Benones encaminhou nesta terça-feira (22) um ofício à PGR (Procuradoria-Geral da República) na qual acusou o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) de faltar injustificadamente à acareação com o empresário Paulo Marinho e que, por esta razão, entende que o filho do presidente Jair Bolsonaro cometeu crime de desobediência. Na representação ao procurador-geral da República, Augusto Aras, Benones pede ao chefe do MPF (Ministério Público Federal) que avalie o caso e adote as medidas cabíveis. "Além do específico cometimento, em tese, do tipo penal suso mencionado [desobediência], compreende-se também estar havendo imposição de óbices e condições legalmente injustificadas para realização de ato investigatório de acareação", afirmou o procurador.

*”Caça Gripen é rebocado para aeroporto em SC com escolta militar; veja vídeo”*

*”Exceções, partidos buscam homens para cumprir cota de gênero na eleição municipal”* - Só depois de fazer a convenção que definiu seus candidatos à eleição municipal deste ano, o PSOL de Itaperuna (RJ) percebeu que pretendia lançar um percentual maior de mulheres à Câmara Municipal do que o permitido pela legislação eleitoral. Seriam quatro candidatos pela legenda e um só deles era homem. A proporção de gênero, de 75% contra 25%, vai em um caminho contrário à regra que obriga os partidos a indicarem no mínimo 30% de candidaturas masculinas ou femininas para cargos no Legislatfivo (com exceção do Senado). Muitas vezes chamada de “cota feminina”, a reserva no percentual de candidaturas e de recursos do fundo eleitoral é, na verdade, de no mínimo de 30% e no máximo de 70% “para candidaturas de cada sexo”. A confusão acontece porque um partido lançar mais mulheres do que homens ainda é raro na política brasileira, dominada por caciques e candidatos homens. Na eleição de 2020 há casos pontuais de predominância de indicações femininas, como no exemplo de Itaperuna. Tanto que o partido teve que localizar homens dispostos a se candidatarem. "A gente submeteu a ata da convenção partidária e depois fomos procurados pela Justiça, que nos informou que a nossa porcentagem era de 75% de mulheres", diz Saulo Azevedo, candidato a prefeito e presidente do PSOL na cidade fluminense. "Acabamos acrescentando dois homens, e ficou 50% a 50%", diz ele, ressaltando que ainda assim a participação feminina é maior, porque uma das candidaturas do partido à Câmara de Itaperuna é coletiva, formada por quatro mulheres. "A gente até brincou que era o único diretório do país que precisou criar cota para homem", diz Saulo. Mas não foi. No município de São Luís de Montes Belos (GO), o PTB teve o mesmo problema. Na cidade de 34 mil habitantes, a ex-prefeita e atual candidata Mércia Tatico teve que buscar homens que saíssem candidatos pela sua chapa. "Mércia é uma figura feminina bem forte. Quando ela começou a fazer as tratativas iniciais de procurar quem ia apoiá-la nas proporcionais, como candidato a vereador, só tinha mulheres", diz a advogada Marina Morais, que representa a legenda no município. "Depois disso, ela teve que sair fazendo reuniões e visitas e afins para conseguir arrumar homens." Ainda assim, até o dia da convenção a porcentagem de indicados ultrapassava os 70% de mulheres. O partido teve que procurar mais homens filiados que estivessem interessados em concorrer antes de encerrar a convenção e de enviar ata à Justiça Eleitoral. A proporção acabou sendo de cinco candidaturas femininas e três masculinas —mesma quantia de outros partidos que também irão disputar as eleições ao Legislativo com mais mulheres do que homens em cidades de Goiás, como o PDT de Estrela do Norte e o PSD de Alto Horizonte. No Rio Grande do Sul, a Rede Sustentabilidade de Canoas também terá um percentual de candidatas a vereadoras que fica no limite da cota de gêneros. São 26 candidatos no total, sendo que oito desses são homens: o que corresponde a 30,7% dos concorrentes pela legenda no município gaúcho.
A ideia já era proposta pelo partido desde o primeiro semestre. Em maio, a vice-prefeita de Canoas, Gisele Uequed, dizia em nota no site da Rede que a medida foi tomada porque partidos tradicionalmente "não cumprem a cota mínima porque não têm interesse de dar igualdade de disputa às mulheres". Apesar dessas situações de exceção, a realidade do restante do país é bem diferente para candidatas mulheres. Nas eleições de 2018, diversos partidos tiveram problemas na Justiça por terem destinado oficialmente recursos a candidaturas femininas que eram usados, na prática, em prol de candidatos homens. Esse é o caso do laranjal do PSL, que resultou em denúncia do Ministério Público de Minas Gerais contra o ministro Marcelo Álvaro Antônio (Turismo). Em São Paulo, também houve ações contra partidos como o Podemos e o Solidariedade por terem lançado candidaturas femininas não competitivas, apenas para preencher a cota de gênero. Segundo a advogada Gabriela Rollemberg, vice-coordenadora da Abradep (Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político), “ainda há uma resistência dos partidos políticos em dar espaço real para as mulheres”. “Há uma disputa de poder por espaço. A gente percebe isso dentro das relações intrapartidárias. Eu ouvi de vereadoras que são muito competitivas, que já têm mandato, que os partidos não queriam lançar elas dentro das suas legenda para não querer ‘perder’ uma vaga [que poderia ser de um homem]", completa. Além de cota financeira e de vagas no lançamento de candidaturas, o TSE definiu que a reserva de 30% incida sobre órgãos partidários, como comissões executivas e diretórios nacionais, estaduais e municipais. Gabriela é defensora da medida. “Quem define aonde vão os recursos são os dirigentes. Se a gente tiver mulheres no corpo dirigente dos partidos, com certeza muda muito a forma de distribuição dos recursos”, afirma. Nas eleições municipais deste ano, os partidos devem registrar os candidatos até a sexta-feira (26). O primeiro turno acontecerá no dia 15 de novembro e o segundo no dia 29.

ELIO GASPARI - *”Na ONU, Bolsonaro fez discurso de vereador em caçamba de caminhão”*
*”Candidatura de Crivella à reeleição será teste de popularidade de Bolsonaro no Rio”*
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JABOTICABAL BRASILEIRA - *”Sem TV, candidatos de Jaboticabal apostam em lives e horário eleitoral no rádio”*

OS NÓS DE SÃO PAULO - *”Consultas e exames represados na saúde desafiarão próximo prefeito de SP após pandemia”*
CONRADO HÜBNER MENDES - *”O Febejapá não entra em quarentena”*
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*”Na ONU, Bolsonaro defende gestão na pandemia e se diz vítima de campanhas de desinformação”* - O presidente Jair Bolsonaro usou seu discurso de abertura na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, nesta terça-feira (22), para reprisar a tese de que é vítima de uma campanha de desinformação e defender as políticas de seu governo diante da pandemia de coronavírus e das queimadas que devastam a Amazônia e o Pantanal. Em vídeo gravado, com duração de menos de 15 minutos, tempo máximo estabelecido pela organização do evento a todos os líderes, Bolsonaro afirmou que, desde o início da crise, destacou que tanto o vírus quanto o desemprego "precisavam ser tratados igualmente" e acusou parcela da imprensa brasileira de disseminar o pânico em relação à pandemia da Covid-19. O presidente elencou medidas de seu governo, como o auxílio emergencial, e jogou a responsabilidade das regras de isolamento aos governadores —a pandemia já matou mais de 136 mil pessoas no país— como estratégia para se eximir das consequências da crise. "Como aconteceu em grande parte do mundo, parcela da imprensa brasileira também politizou o vírus, disseminando o pânico entre a população. Sob o lema 'fique em casa' e 'a economia a gente vê depois', quase trouxeram o caos social ao país", disse Bolsonaro. O presidente Jair Bolsonaro usou seu discurso de abertura na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, nesta terça-feira (22), para reprisar a tese de que é vítima de uma campanha de desinformação e defender as políticas de seu governo diante da pandemia de coronavírus e das queimadas que devastam a Amazônia e o Pantanal. Em vídeo gravado, com duração de menos de 15 minutos, tempo máximo estabelecido pela organização do evento a todos os líderes, Bolsonaro afirmou que, desde o início da crise, destacou que tanto o vírus quanto o desemprego "precisavam ser tratados igualmente" e acusou parcela da imprensa brasileira de disseminar o pânico em relação à pandemia da Covid-19. O presidente elencou medidas de seu governo, como o auxílio emergencial, e jogou a responsabilidade das regras de isolamento aos governadores —a pandemia já matou mais de 136 mil pessoas no país— como estratégia para se eximir das consequências da crise. "Como aconteceu em grande parte do mundo, parcela da imprensa brasileira também politizou o vírus, disseminando o pânico entre a população. Sob o lema 'fique em casa' e 'a economia a gente vê depois', quase trouxeram o caos social ao país", disse Bolsonaro. "O Brasil desponta como o maior produtor mundial de alimentos. E, por isso, há tanto interesse em propagar desinformações sobre o nosso meio ambiente."
Segundo Bolsonaro, as queimadas se dão por condições naturais inevitáveis ou pela atuação de índios e caboclos. Na Amazônia, argumenta, só acontecem nas partes periféricas da floresta, visto que a região é úmida, e, no Pantanal, que bateu recordes de incêndio neste ano, devido às "altas temperaturas somadas ao acúmulo de massa orgânica em decomposição". "Nossa floresta é úmida e não permite a propagação do fogo em seu interior. Os incêndios acontecem praticamente nos mesmos lugares, no entorno leste da floresta, onde o caboclo e o índio queimam seus roçados em busca de sua sobrevivência, em áreas já desmatadas." O presidente disse ainda que os focos de incêndio criminosos "são combatidos com rigor e determinação" e que tem "tolerância zero com o crime ambiental". O governo Bolsonaro, no entanto, enfraqueceu a gestão ambiental do país, perseguiu fiscais, protegeu madereiros e tentou maquiar números de desmatamento —os incêndios na Amazônia e no Pantanal bateram diversos recordes nos últimos meses e, recentemente, o presidente chegou a atribuir o fogo nas florestas à população indígena e à geração espontânea, o que repetiu nesta terça. As políticas têm impactado a relação do país com importantes autoridades internacionais. Deputados do Partido Democrata, de oposição a Donald Trump, por exemplo, dizem que são contrários a um acordo comercial amplo entre Brasil e EUA justamente devido ao comportamento brasileiro diante da questão ambiental e de direitos humanos. Nos últimos dias, países europeus disseram que a postura do governo Bolsonaro em relação ao meio ambiente pode inviabilizar a confirmação do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia.
Após dedicar grande parte do discurso à defesa de suas políticas internas, Bolsonaro tentou ampliar sua narrativa com habituais acenos a Trump e ataques à Venezuela —citando uma tese não comprovada de que o derramamento de óleo no litoral brasileiro foi causado de forma criminosa pelo país vizinho. Sobre o aliado americano, Bolsonaro fez referência ao acordo histórico, mediado por Trump, entre Israel, Emirados Árabes Unidos e Bahrein, que normalizou as relações diplomáticas entre os três países. Bolsonaro propagandeou a tese de que o Brasil abandonou uma "tradição protecionista" e cumpriu reformas como a da Previdência, colocando o país no caminho da entrada na OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Ainda na tentativa de mostrar que o Brasil está aberto a investimentos e maior inserção no cenário mundial, Bolsonaro argumentou que a pandemia "deixou a lição" de que não é possível depender de poucas nações para a produção de insumos, citando a hidroxicloroquina, remédio sem eficácia comprovada contra a Covid-19, e a capacidade brasileira na exportação de alimentos. "Somente o insumo da produção de hidroxicloroquina sofreu um reajuste de 500% no início da pandemia", declarou o presidente. A FDA, agência americana reguladora de medicamentos, revogou a autorização emergencial para o uso do remédio e enviou diversas doses que estavam encalhadas nos EUA ao Brasil.
Bolsonaro citou ainda a tecnologia 5G —pauta bastante sensível para o governo americano— e disse que o Brasil está aberto a investimentos desde que os parceiros "respeitem nossa soberania, prezem pela liberdade e pela proteção de dados". O governo americano pressiona para que a chinesa Huawei, fornecedora de tecnologia 5G, não atue no Brasil e em diversos outros países, sob argumento de que a empresa traz ameaças à propriedade intelectual. O vice-presidente brasileiro, Hamilton Mourão, por sua vez, já disse que acha difícil banir a companhia chinesa, que já atua há anos no país com operações de 4G. Já no fim do discurso, considerado repetitivo e sem novidades por diplomatas brasileiros e americanos, Bolsonaro reforçou a imagem do Brasil como um país cristão e conservador e fez um apelo à comunidade internacional ao que classificou como defesa da "liberdade religiosa e do combate à cristofobia". ​ ​Essa é a segunda vez que Bolsonaro abre os debates da Assembleia Geral da ONU —é tradição que o presidente brasileiro faça o discurso de abertura. Desta vez, em razão da pandemia, a convenção é em parte virtual, e um vídeo foi enviado na semana passada pelo Planalto à ONU com o pronunciamento. No plenário, no lugar da habitual comitiva presidencial, com ministros e convidados, quem introduziu o Brasil nesta terça foi o embaixador Ronaldo Costa Filho, representante permanente do Brasil junto à ONU. No ano passado, Bolsonaro estreou no plenário da ONU com um discurso agressivo, que reproduziu o repertório ideológico de seu grupo político, com ataques a outros países e enfrentamento em relação às críticas sofridas por seu governo. O tom foi considerado inédito para líderes brasileiros na assembleia.
O presidente já havia insistido na ideia de que a crise da Amazônia era contaminada por interesses estrangeiros e que qualquer interferência externa na crise da floresta era um ataque à soberania brasileira. "É uma falácia dizer que a Amazônia é patrimônio da humanidade e um equívoco, como atestam os cientistas, afirmar que a floresta é o pulmão do mundo. Valendo-se dessas falácias, um ou outro país, em vez de ajudar, embarcou nas mentiras da mídia e se portou de forma desrespeitosa, com espírito colonialista. Questionaram aquilo que nos é mais sagrado, a nossa soberania", disse Bolsonaro em 2019. À época, o presidente francês, Emmanuel Macron, e a chanceler alemã, Angela Merkel, apontaram publicamente o risco de retrocessos na agenda ambiental do governo brasileiro. Na Assembleia Geral, os representantes dos 193 países-membros da organização se reúnem para discutir assuntos que afetam a comunidade internacional, e todos têm direito a voto. Além de Bolsonaro, discursam nesta terça outros 30 chefes de Estado. O presidente americano, Donald Trump, foi o segundo a fazer seu pronunciamento. Os discursos continuarão ainda na quarta (23). Entre as falas mais esperadas também estão a do dirigente chinês, Xi Jinping, e do líder iraniano, Hassan Rowhani, devido à escalada das tensões entre os dois países e os Estados Unidos.

ANÁLISE - *”Discurso de defesa de Bolsonaro na ONU tem mais Trump e menos Olavo”*
TODA MÍDIA - *”Divididos na ONU, EUA e China aguardam juntos a próxima onda”*
*”Leia a íntegra do discurso de Bolsonaro na ONU com checagens e contextualização”*

*”De 'delirante' a 'impactante', veja reações ao discurso de Bolsonaro”* - O discurso do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na 75ª Assembleia Geral da ONU, nesta terça-feira (22) recebeu reações ainda mais polarizadas que no ano passado. Os adjetivos usados por políticos e ONGs para comentar a fala do brasileiro foram de “delirante” a “impactante”. A repercussão do pronunciamento, no entanto, foi consideravelmente menor. Poucos aliados do presidente —e nenhum político de centro— se posicionaram a respeito das opiniões de Bolsonaro, que fez uma defesa das políticas de combate ao coronavírus e às queimadas na Amazônia e no Pantanal. Na cobertura ao vivo do evento da ONU, o jornal britânico The Guardian ressaltou o ataque de Bolsonaro à mídia e o fato de o presidente ter “trivializado repetidamente” o impacto da pandemia. Já a agência Bloomberg contrastou as opiniões do presidente com o número de casos e mortes da Covid-19 no Brasil. O veículo também publicou um gráfico que mostrava como as queimadas na Amazônia explodiram desde a posse do brasileiro. Ambos classificaram Bolsonaro como sendo de extrema direita. A ONG Oxfam divulgou uma nota de repúdio ao discurso, dizendo que o presidente descreveu um país imaginário, “que não condiz com os fatos e com o sofrimento de milhões de brasileiros e brasileiras”. A organização Conectas disse que a fala “minimiza a crise ambiental e fere o princípio da laicidade” ao apontar o Brasil como um país “cristão e conservador”. Camila Asano, diretora de programas da entidade, afirmou que o presidente “destrói a credibilidade do país diante da comunidade internacional”. Com ênfase nas queimadas no Pantanal e na Amazônia, o Greenpeace afirmou que o presidente envergonha o país, reforçando que “a política antiambiental do atual governo está derretendo a imagem do Brasil lá fora e prejudicando a economia nacional”
O Observatório do Clima disse que a fala de Bolsonaro foi “calculadamente delirante”, com a intenção de “combater a realidade e inventar inimigos imaginários”. “O discurso na ONU não foi voltado à comunidade internacional, mas sim à claque bolsonarista em casa”, escreveu a coordenação da entidade. A ONG Justiça Global também repudiou o pronunciamento, dizendo que ele seria “uma tentativa de criminalização daqueles que defendem direitos humanos e ambientais”. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, disse que as alegações do presidente são “total falta de caráter” e que ele “voltou a lamber as botas de Trump”. “O Brasil não merece mais este vexame internacional.” O ex-candidato à presidência pelo partido Novo, João Amoêdo, acusou Bolsonaro de mentir, não reconhecer erros, culpar a imprensa e se colocar como vítima. “Em resumo: desinforma e prejudica a imagem do país”, publicou ele em sua conta no Twitter. O deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ), conhecido por quebrar uma placa de rua que homenageava a vereadora carioca Marielle Franco, reproduziu o discurso, que caracterizou como “impactante”. Já a deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) comparou a fala do presidente a uma live “daqueles portais de fake news”. “Negou que proteja desmatadores, culpou ‘indígenas e caboclos’ pelos incêndios na Amazônia. Disse que pagou US$ 1.000 de auxílio emergencial”, enumerou. “Uma vergonha.” Marcelo Freixo (RJ), deputado federal pelo mesmo partido, chamou o discurso de “uma sucessão vergonhosa de mentiras”. Ele publicou um cálculo que demonstra que a alegação do presidente de que o auxílio emergencial seria de US$ 1.000 (R$ 5.480) é falsa.
A deputada federal Carla Zambelli, apoiadora do presidente, tentou desmentir uma mensagem do presidente do PSOL, Juliano Medeiros, no Twitter. Ela afirmou que a soma das parcelas do auxílio emergencial totalizaria, aproximadamente, US$ 1.000, o que não é verdade. Filipe Martins, assessor da Presidência para assuntos internacionais, celebrou o trecho do discurso de Bolsonaro que pedia à comunidade internacional atenção à liberdade religiosa e ao combate ao que chamou de "cristofobia". "Presidente Jair Bolsonaro, em seu discurso na Assembléia Geral da ONU, denunciando a perseguição aos cristãos ao redor do mundo e chamando todas as nações à consciência."

*”Cristofobia citada por Bolsonaro em discurso na ONU contradiz dados brasileiros”*
*”Em discurso na Assembleia Geral, Trump diz que ONU deve responsabilizar China pela pandemia”*
*”Na ONU, Xi Jinping critica politização da pandemia e diz não querer 'guerra fria ou quente'”*
*”Polêmica fez Stálin voltar à moda; conheça fatos sobre o ditador”*

*”Fatura de dívidas adiadas na pandemia começa a chegar para empresas”*
*”Com ocupação de 3%, Maksoud pede recuperação judicial”*
*”Com reposição de estoques, ociosidade da indústria atinge mínima em 5 anos”*
*”Sindicatos acatam decisão do TST e greve dos Correios chega ao fim”*

PAINEL S.A. - *”Meio empresarial lamentou discurso de Bolsonaro na ONU”*: Empresários e altos executivos de grandes companhias no Brasil lamentaram o discurso de Bolsonaro na ONU nesta terça (22), que foi visto como mais uma chance perdida de aproveitar um palco internacional para tentar melhorar a imagem do Brasil e elevar a confiança do investidor estrangeiro. A impressão que ficou, segundo o dirigente da filial brasileira de uma multinacional americana, foi de amadorismo, o que eleva o ceticismo das matrizes em relação ao país. O desempenho de Bolsonaro em sua segunda passagem pela Assembleia Geral já era esperado, mas o que ainda surpreende é que o entorno dele endosse o comportamento, segundo executivos. Na opinião de um deles, é triste ver que Paulo Guedes não imprime sua digital no discurso, o que deixa nítido o enfraquecimento do ministro. O momento em que o presidente mencionou as reformas tributária, administrativa e da Previdência foi visto mais como um esforço de Bolsonaro em jogar para sua torcida doméstica do que uma tentativa de falar à plateia internacional.​

PAINEL S.A. - *”Bolsonaro mentiu, se vitimizou e transferiu responsabilidade na ONU, diz Amoêdo”*
PAINEL S.A. - *”Com medo do fogo, turistas cancelam reserva em hotel no Pantanal”*
PAINEL S.A. - *”Trainee para negros do Magazine Luiza é tendência, dizem especialistas”*
PAINEL S.A. - *”Órgão antitruste barra tentativa de criar gigante da carne no Paraguai”*
PAINEL S.A. - *”Jacques Janine vai dar corte de graça para doador de cabelo em campanha contra câncer”*

VINICIUS TORRES FREIRE - *”Colegas de Guedes não confiam nele”*
*”Governo busca apoio de centrão para enviar proposta de criação de novo imposto”*
*”Governo estima rombo de R$ 861 bilhões nas contas públicas em 2020”*
*”Paraísos fiscais estão entre países que mais recebem recursos de brasileiros”*

*”Coronavírus reduz negócios na cidade das noivas da China”*
*”Governo diz que fracasso do acordo UE-Mercosul vai aumentar devastação da Amazônia”*

*”Carrefour, Nestlé e outras gigantes lançam iniciativa contra desmatamento”* - Um grupo de 17 gigantes multinacionais de bens de consumo, entre varejistas e fabricantes, lançou nesta terça-feira (22) uma iniciativa global contra o desmatamento, a Forest Positive Coalition of Action (Coalizão de Ação Positiva da Floresta, em tradução livre). Participam da iniciativa Carrefour, Colgate-Palmolive, Danone, Essity, General Mills, Grupo Bimbo, Jerónimo Martins, Mars, Metro AG, Mondelēz, Nestlé, P&G, PepsiCo, Sainsbury’s, Tesco, Unilever e Walmart. As empresas somam valor de mercado de US$ 1,8 trilhão (R$ 9,85 trilhões). Segundo as companhias, a iniciativa tem como objetivo acabar com o desmatamento e a degradação florestal nas cadeias de suprimentos de commodities como óleo de palma, soja e embalagens de papel e papelão. O Brasil deve retomar esse ano o posto de maior produtor de soja do mundo, superando os Estados Unidos, com uma safra recorde de 121 milhões de toneladas do grão, segundo a projeção revisada divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no início de setembro. O país também é o segundo do mundo na produção de celulose, atrás apenas dos Estados Unidos. A ação da coalizão será coordenada com produtores, fornecedores, governos locais e a sociedade civil. A iniciativa foi lançada durante a Cúpula do Impacto do Desenvolvimento Sustentável do Fórum Econômico Mundial, que está sendo realizado online nesta semana. “Acreditamos que a proteção das florestas é um fator de estímulo ao crescimento econômico, não um sacrifício ao crescimento”, afirmou em comunicado Grant Reid, presidente da Mars, dona de marcas como M&M’s, Snickers, Twix e Uncle Ben’s. A iniciativa das empresas surge num momento em que cresce a pressão de consumidores para que companhias de bens de consumo assumam a responsabilidade pelo impacto ambiental de suas cadeias de valor. Em agosto, a Tesco, maior rede de supermercados do Reino Unido, passou a pressionar o governo britânico para que ele obrigue empresas a rastrear suas cadeias de suprimentos, para garantir que elas não provocam danos ambientais, em meio à pressão para que a varejista deixe de vender produtos ligados ao desmatamento da Amazônia e do Cerrado. "Fazer queimadas para limpar a terra para plantio ou pastagem está destruindo habitats preciosos como a floresta tropical brasileira. É por isso que não compramos carne do Brasil”, afirmou à época Dave Lewis, principal executivo da Tesco.
Na semana passada, em carta aberta ao vice-presidente Hamilton Mourão, oito países da Europa –Alemanha, Dinamarca, França, Itália, Noruega, Holanda, Reino Unido e Bélgica– cobraram o governo brasileiro que tome iniciativas para conter o avanço do desmatamento na Amazônia. “Enquanto os esforços europeus buscam cadeias de suprimento não vinculadas ao desflorestamento, a atual tendência crescente de desflorestamento no Brasil está tornando cada vez mais difícil para empresas e investidores atender a seus critérios ambientais, sociais e de governança”, escreveram os países. No Brasil, em julho, um grupo formado por 36 empresas e quatro organizações empresariais também endereçou carta a Mourão pedindo o combate “inflexível e abrangente” ao desmatamento ilegal na Amazônia e demais biomas brasileiros. Também os três maiores bancos privados do país –Santander, Bradesco e Itaú– estiveram reunidos com o vice-presidente naquele mês, com o objetivo de discutir uma agenda conjunta para a Amazônia. Na segunda-feira (21), em audiência pública no STF (Supremo Tribunal Federal) o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, afirmou que nações, entidades e personalidades estrangeiras mentem sobre a atuação do Executivo na proteção da Amazônia com o objetivo de “prejudicar o Brasil e derrubar o governo de Jair Bolsonaro”. Nesta terça, o presidente Jair Bolsonaro disse em seu discurso de abertura na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas que as queimadas florestais se dão por condições naturais inevitáveis ou pela atuação de índios e caboclos.

*”Arminio Fraga diz que desmatamento afeta agronegócio brasileiro e investimentos estrangeiros”*
*”XP anuncia reorganização societária”*
*”Trainee para negros é mais que constitucional, diz juíza”*
HELIO BELTRÃO - *”A volta do socialismo empresarial”*

#HASHTAG - *”Relatório inédito do Google no Brasil mostra tendências de usuários de Android no país”*: O Google divulgou nesta segunda-feira (21) seu primeiro relatório no Brasil sobre Impacto Econômico e Social do Android, o sistema operacional da empresa lançado há 12 anos. O estudo foi feito pela consultoria americana Bain&Company, que possui 59 escritórios em 37 países, incluindo o Brasil, em parceria com o Google. Os dados são de 2019, ou seja, pré-pandemia, portanto algumas tendências podem ter sofrido alterações nos últimos meses. Foram entrevistadas 4.653 pessoas por meio de um questionário online. O relatório mostra que o Android é o sistema operacional mais usado no país: 9 em cada 10 pessoas com smartphones possuem um aparelho com esse sistema operacional, o que faz do Brasil um dos cinco maiores mercados no mundo. O estudo mostrou que o mobile first é uma realidade. Atualmente, 97% dos usuários acessam a internet no Brasil por meio de um smartphone. A porcentagem dos que navegam exclusivamente por celulares é de 51%, sendo que nas classes D e E esse índice é ainda mais significativo, de 83%. Neste estudo, para definir as classes sociais, foi usado o Critério Brasil, que mede o poder de compra das pessoas com base em diversas perguntas sobre o domicílio (número de banheiros, TV, etc). Quanto mais novos os participantes do estudo mais mobile first eles são. Dentre os usuários menores de 18 anos, 63% acessam a internet exclusivamente por meio de smartphone, enquanto nas pessoas acima de 40 anos essa taxa cai para 45%. No entanto, a tendência é que mesmo os mais velhos usem cada vez mais smartphones, fenômeno que ganhou impulso na última metade da década de 2010. Com a pandemia e o aumento do home office e do homeschooling, é possível, porém, que esse número não cresça no mesmo ritmo, pois o acesso via desktop ainda é mais eficiente para essas duas tarefas realizadas a distância.
Os smartphones influenciam os hábitos de consumo dos brasileiros. O relatório mostra que cerca de 36% dos usuários de smartphone contratam serviços de assinatura como Netflix, Amazon Prime, Spotify, Deezer e Globoplay, dentre outros. Em relação à compra online de produtos por meio de smartphones, usuários digitalmente mais experientes compram com mais frequência e gastam um valor cerca de 5,5 vezes maior nessas transações quando comparados a usuários recentes. Quando se faz o recorte por classes sociais, registra-se a mesma tendência. Segundo o relatório, nos últimos 5 anos, 24 milhões de brasileiros foram introduzidos à internet por meio de um dispositivo Android. Um dos principais motivos é a competitividade desses aparelhos no mercado. Hoje, 80% das pessoas das classes D e E pagam menos de R$ 1 mil por um smartphone no Brasil. A parcela da população brasileira conectada à internet saltou de 41% em 2010 para 70% em 2018. O valor médio desembolsado em um Android é de R$ 1.091, enquanto gasta-se em média R$ 2.513 para um iOS, mais que o dobro. O Google se vangloria por ter um sistema operacional aberto e gratuito, o que possibilita que diversos fabricantes desenvolvam uma ampla gama de aparelhos com capacidade, funcionalidade e faixas de preço diferentes. O principal concorrente, o iOS, da linha iPhone, da Apple, é conhecido por ser sistema operacional fechado, o que, por um lado, oferece maior segurança, mas, por outro, restringe o surgimento de novas ferramentas. O mercado Android é vasto e comporta desde modelos mais sofisticados, com preços que chegam a R$ 8 mil, até modelos produzidos em território nacional para o usuário que deseja uma experiência de conexão mais simples, com preços de R$ 250. São exemplos a Positivo e a Multilaser.
Esse aumento do uso também ocorreu de forma geográfica. Em 2010, o Sudeste possuía 47% de sua população conectada, enquanto o Nordeste respondia por apenas 28%, uma diferença de 19 pontos percentuais. Já em 2018 a discrepância caiu para 11 pontos percentuais, com o Sudeste tendo 75% de sua população com acesso à internet, enquanto no Nordeste 64% dos habitantes estavam conectados. Nas classes sociais D e E, apenas 13% das pessoas acessavam a internet em 2010. A partir de 2013, esse índice começou a mudar, e, em 2018, 48% das pessoas dessa classe estavam conectadas. O sistema operacional aberto ajuda a criar um ecossistema colaborativo entre seus integrantes, motivo que é apontado como o principal por 83% dos desenvolvedores na hora de escolher em qual sistema operacional criar um novo produto. A transformação digital que vem se acelerando nos últimos anos irá trazer benefícios na redução da carga burocrática de um cidadão. Segundo o relatório, quase 60% dos usuários utilizam o smartphone para ter acesso a serviços públicos. Documentos oficiais como carteira de trabalho, carteira de motorista e CPF, por exemplo, já podem ser utilizados de forma digital com o smartphone. No momento, existem mais de cem aplicativos de diversos órgãos do governo voltados a facilitar o uso de serviços públicos. Um deles é o Viva Bem, lançado pelo Ministério da Saúde para ajudar na rotina do paciente que faz uso contínuo de medicamentos. Na educação, o EduCapes, dá acesso a um vasto acervo de textos, livros, videoaulas e outros objetos de aprendizagem.
PANDEMIA
O relatório procurou contemplar os novos hábitos adotados durante a pandemia de coronavírus e o uso do smartphone no período. Por isso, foi realizada pesquisa online em julho de 2020 com 1.658 consumidores brasileiros, incluindo uma diversidade de respondentes em termos de gênero, classe social, região e idade. A amostra foi rebalanceada e extrapolada com base em dados demográficos para refletir os consumidores brasileiros. A mesma pesquisa foi realizada em abril, maio e junho de 2020 com outros grupos de respondentes e apontou resultados e tendências semelhantes. O resultado é previsível e indica que a frequência e a diversidade de usos do smartphone cresceram: 70% dos consumidores afirmam ter aumentado o tempo gasto no smartphone desde o início da pandemia. Mais de 60% dos consumidores intensificaram o uso de redes sociais como YouTube, Facebook, Instagram, WhatsApp e TikTok. Logo no começo do isolamento social, o número de lives estourou. Pela primeira vez, 46% dos consumidores assistiram a uma live em seu celular. Essa nova atividade foi experimentada por pessoas de diferentes idades, e não apenas pelo jovens.
A importância de compras online cresceu significativamente. Durante o período de quarentena, 34% dos consumidores brasileiros fizeram seu primeiro pedido de delivery de comida via app. Quem já usava passou a gastar mais: 11% dos consumidores relataram aumento. Pessoas que utilizaram apps como iFood, Rappi e Cornershop tiveram, de forma geral, uma boa percepção da sua experiência. Isso indica que a utilização desse tipo de serviço tende a continuar após a pandemia, o que deve também agravar os protestos de entregadores devido à precarização do serviço. Pagamentos móveis também cresceram rapidamente: 44% dos consumidores contaram ter tido sua primeira experiência bancária online, sendo que 72% destas foi graças ao smartphone. A adoção desse hábito se destaca nas classes sociais mais baixas: 53% dos consumidores de baixa renda usaram o serviço de banking online pela primeira vez durante a pandemia, enquanto na alta renda o percentual é de apenas 28%. Possivelmente essa diferença se dá porque os ricos já utilizavam o recurso. Serviços essenciais como educação e saúde também tiveram incremento no uso digital . Desde o início da pandemia, 28% dos consumidores participaram de seu primeiro curso online e 17% fizeram sua primeira consulta médica virtual por meio de smartphone. O smartphone teve papel importante na vida de pessoas cuja renda foi impactada pela pandemia: 32% dos consumidores afirmam ter começado a usar o smartphone como meio de suplementar a renda. Vendas de produtos em redes sociais ou sites especializados, aulas online e aplicativos de entrega são alguns dos exemplos mencionados.
IMPACTO ECONÔMICO
No Brasil, segundo relatório da Bain&Company, o ecossistema do sistema operacional Android contribuiu para a geração de uma receita estimada de R$ 136 bilhões em 2019 em empresas diretamente envolvidas ao Android, associadas às indústrias de hardware, software e conectividade, o que representa aproximadamente 2% do PIB brasileiro de 2019. Ainda de acordo com o estudo, estima-se que 630 mil empregos estão nesta cadeia direta e indireta do Android, o que equivale a aproximadamente 35% dos trabalhadores na indústria de tecnologia e telecomunicações. Desde 2002, quando a Blackberry lançou o primeiro smartphone do mercado brasileiro, o número de fabricantes saltou para 13, que vendem 50 milhões de dispositivos por ano (3% do total mundial, 56% do total da América do Sul).
PROBLEMAS
Vale lembrar que a série de benefícios que o aumento da conectividade traz não esconde os riscos da tecnologia, como a crescente circulação de desinformação, bullying virtual, crimes de racismo e ódio, dentre outros. Todas as big techs (Google, Facebook, Amazon, Apple, Twitter) enfrentam esse dilema e precisam investir cada vez mais em soluções para evitar que governos autoritários e pessoas má intencionadas explorem essas lacunas no sistema.

*”Na mira do governo, sistema de monitoramento de florestas brasileiro é único”* - Segundo especialistas na área, o monitoramento de florestas, que vem sendo alvo de ataques do governo Bolsonaro (sem partido), como realizado no Brasil não é feito em mais nenhum lugar no mundo. O sistema desenvolvido pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) é baseado em dois sistemas. O Prodes fornece, desde 1988, dados anuais do desmatamento no país. Já o Deter, desde 2005, com uma resolução de imagens um pouco inferior às utilizadas pelo Prodes, detecta destruição da floresta praticamente em tempo real e, dessa forma, fornece informações para autoridades competentes, como o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). Tanto o Deter quanto o Prodes oferecem algo único no mundo em questão de monitoramento de florestas, segundo especialistas: transparência e possibilidade de acompanhamento da situação ambiental do país pela sociedade civil. Os dados do Deter são atualizados semanalmente para o público em geral e estão disponíveis na internet, além de serem enviados diariamente para o Ibama. Os resultados do Prodes são divulgados anualmente, no segundo semestre. É exatamente essa transparência que está em jogo, no momento, segundo especialistas ouvidos pela Folha. “Quando você não quer ser cobrado, a transparência é o inimigo. Quando você não quer um ambiente democrático e a defesa das instituições, a transparência incomoda. E a transparência está incomodando”, afirma Gilberto Câmara, ex-diretor do Inpe e diretor do secretariado do GEO (Grupo de Observações da Terra).
Desde 2019, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem reclamado dos dados de desmatamento e queimadas noticiados dentro e fora do Brasil. A reclamação costuma vir ainda acompanhada de dados falsos. Mais uma vez, nesta terça (22), em discurso na abertura na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, Bolsonaro afirmou ser vítima de uma campanha de desinformação sobre ações ambientais. A seguir, como de costume, minimizou os incêndios que ocorrem na Amazônia, atribuindo-os a indígenas, o que é uma afirmação falsa. Também minimizou o fogo no Pantanal, que enfrenta uma das piores situações de queimadas já documentadas. Os dados de aumento de desmatamento divulgados periodicamente acabaram, em última instância, levando à exoneração de Ricardo Galvão, ex-diretor do Inpe, em agosto de 2019. Nesse momento, Bolsonaro afirmava que queria ver os dados antes de serem publicados. Cerca de um ano depois, confrontado com dados continuamente negativas em relação à destruição da Amazônia, o general Hamilton Mourão, vice-presidente e chefe do Conselho da Amazônia, fez declarações na mesma linha. Afirmou que alguém do Inpe estaria tentando fazer oposição ao governo Bolsonaro.“É alguém lá de dentro que faz oposição ao governo. Eu estou deixando muito claro isso aqui. Aí, quando o dado é negativo, o cara vai lá e divulga. Quando é positivo, não divulga”, disse Mourão. Após essa fala inicial, declarou não saber que os dados eram públicos.A iniciativa de monitoramento mais próxima da realidade de precisão e transparência oferecida pelo Inpe é a plataforma americana Global Forest Watch, projeto da Universidade de Maryland em parceria com o World Resources Institute.
De forma semelhante ao Inpe, a plataforma, a partir de imagens de satélite Landsat (que também são usadas pelo instituto brasileiro), permite que se observem as perdas de vegetação em diferentes florestas do mundo. Em um dos artigos da plataforma, destaca-se o monitoramento do Inpe como base para o trabalho. Os autores afirmam que as informações ali observadas se assemelham aos dados do Prodes, “o mais longo banco de dados de registro oficial de desmatamento de uma nação”. Mas, segundo especialistas ouvidos pela Folha, sistemas globais, e não nacionais, de monitoramento de desmate podem não ser tão específicos para as particularidades dos países. Gilberto Câmara, por exemplo, diz que a construção do algoritmo que detecta desmate nos biomas brasileiros acaba sendo acrescido por experiências em campo de pesquisadores do instituto. “O Brasil é o exemplo. Isso é um valor, mostra que não tem o que esconder, que está mostrando tudo. E estamos jogando isso fora, por uma política suicida”, afirma Câmara. Ele lista outras nações com florestas tropicais e sem sistemas de monitoramento ou sem transparência.
Entre elas estão Indonésia, Vietnã e países que estão investindo no assunto, mas ainda, segundo Câmara, sem a qualidade técnica e de pessoal existente hoje no Brasil. Seria o caso do Peru, da Colômbia e da Costa Rica —que, em documentos internacionais recentes sobre emissões de gases-estufa, discutia a implantação do monitoramento. “O que você tem em outros países tropicais é a falta capacidade local de monitoramento”, afirma Raoni Rajão, pesquisador da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Além disso, segundo o pesquisador, há falta de confiança em determinados dados disponibilizados por outros países com cobertura de floresta tropical. Ele também lembra da Indonésia, que, em relatórios sobre emissões ligadas a desmatamento, inicialmente divulgou determinados dados e, após uma revisão, taxas bem inferiores —informações que não coincidem com os dados provenientes da Global Forest Watch e são, em geral, inferiores aos da plataforma. Monitoramentos não específicos para florestas tropicais são realizados nos EUA e na Europa, que periodicamente apontam os usos da terra feitos pelas nações. Segundo Câmara, contudo, os casos europeu e americano não servem de paralelo. As florestas nessas nessas regiões são muito menos biodiversas que as tropicais e, consequentemente por serem menores reservas de biomassa, são mais destinadas a projetos de manejo florestal, como para a indústria de papel e celulose. Raoni Rajão resume: Europa, Estados Unidos e China estão aumentando a área florestal. “O Brasil é o país mais rico do mundo a ter desmatamento.”

*”Defesa deverá ter corte de R$ 430 mi no orçamento e desiste de polêmico satélite”* - O Ministério da Defesa abandonou momentaneamente os planos para a compra de um controvertido satélite de monitoramento, que custaria R$ 145 milhões. O anúncio da compra do equipamento enfrentou críticas, pois o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) já fornece informações que auxiliam no combate ao desmatamento na Amazônia. O órgão sofre com sucessivos cortes no orçamento, e associações de servidores de carreiras ligadas ao ambiente afirmaram que o novo satélite teria o objetivo de esvaziar suas funções. A desistência da aquisição se deve à redução no orçamento de 2020, na ordem de R$ 430 milhões, solicitada pela JEO (Junta de Execução Orçamentária). A Defesa encaminhou sua proposta para o corte na sexta-feira (18). Ela inclui a aquisição do primeiro satélite do projeto Lessônia 1, cujos recursos viriam do fundo da Lava Jato, por meio de repasses oriundos da Petrobras.
O fundo dispõe de R$ 530 milhões, que devem ser destinados exclusivamente para ações de preservação da Amazônia. A compra do satélite consumiria, portanto, mais de um quarto desse total. O processo de licitação internacional para a aquisição do equipamento foi aberto no fim de julho. No entanto a pasta afirmou que ele será suspenso, caso sejam confirmados os cortes no orçamento, previstos para esta semana. Fontes na pasta afirmam que a compra do satélite é alvo natural no corte, pois por estar ainda em licitação não teve início o desembolso de recursos. A Defesa afirmou, em nota, que cortes no segundo semestre são sempre difíceis e que 80% das despesas da pasta são com pessoal. "Destaca-se que todas as ações orçamentárias do MD [Ministério da Defesa] são relevantes e têm como objetivo o cumprimento de suas missões constitucionais. Assim, o corte de orçamento gerará prejuízos nas ações das Forças Armadas, mas o MD irá se esforçar para cumprir as determinações da JEO", disse. O principal questionamento relacionado à aquisição se deve ao fato de que a Defesa estaria comprando um equipamento que forneceria dados já disponibilizados pelos sistemas do Inpe. Apenas para efeitos de comparação, a lei orçamentária de 2020 prevê R$ 118 milhões para todo o funcionamento do Inpe. O órgão mantém quatro sistemas de monitoramento, com o uso de satélites, que fornecem dados de desmatamento, queimadas e outros crimes ambientais nos biomas brasileiros. O Ministério da Defesa, no entanto, refutou essa hipótese e afirma que o sistema de satélites que pretende adquirir será complementar aos dados fornecidos pelo instituto.
A pasta argumentou que o Lessônia 1 contém a tecnologia SAR (sigla em inglês para radar de abertura sintética)—, capaz de enxergar o terreno, mesmo que esteja sob nuvens. "O projeto SipamSAR [projeto para implantar um sistema com múltiplos satélites de observação da terra] nasceu em complemento ao sistema Deter do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, no período de maior cobertura das nuvens, já que o Deter utiliza imagens de satélites óticos. Portanto, não haverá sobreposição de funções do Inpe, mas sim complementaridade", informou a pasta. "O sistema radar tem efetiva capacidade de detecção de mudanças. Todas as bandas são capazes de detectar mudanças, como a presença de dossel florestal ou perda de dossel florestal. Desta forma, a tecnologia atende as necessidades operacionais de detecção de desmatamento na Amazônia Legal, em complementariedade aos outros sistemas existentes", disse. A expectativa inicial era que o novo equipamento entrasse em operação até o final de 2021. O satélite estaria ligado ao Censipam (Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia), ligado ao Ministério da Defesa. Não seria, portanto, uma melhoria na estrutura do Inpe. Segundo Gilberto Câmara, ex-diretor do Inpe e diretor do secretariado do GEO (Grupo de Observações da Terra), o satélite Lessônia 1 não poderia ser usado imediatamente no combate ao desmatamento. Câmara também reitera que os dados do Inpe já oferecem informações suficientes para frear os crimes ambientais. Os dados do Inpe foram usados, por exemplo, diz ele, para colocar em prática moratória da soja, que reduziu drasticamente o desmate ligado a grão —ao mesmo tempo que a produção de soja continuou a crescer no país.
A moratória da soja foi um pacto entre produtores, ambientalistas e o governo, firmado inicialmente em 2006 e depois renovado, que na prática proibiu a compra de soja plantada em áreas recém-desmatadas na Amazônia. Pesquisadores também associam as informações produzidas pelo Inpe e usadas em ações de comando e controle com uma redução acentuada de desmatamento na década passada, de cerca de 80% de 2004 a 2012. O Lessônia 1 é o primeiro passo de um programa conduzido pela FAB (Força Aérea Brasileira) que prevê, entre outras funções, a capacidade de monitoramento da Amazônia. Trata-se do Pese (Programa Estratégico de Sensores Espaciais), que o Ministério da Defesa considera fundamental para a "soberania espacial" do país. Militares afirmam que o Pese possui duas vertentes —chamadas de "constelações"—, o projeto Lessônia e o Carponis, um satélite óptico de alta resolução, usado em ações de defesa e também para agricultura, ambiente e planejamento urbano. Em julho do ano passado, o ministro Fernando Azevedo e Silva disse por meio de ofício à Câmara dos Deputados que o projeto Lessônia 1 teria um custo aproximado de R$ 577,9 milhões. O satélite que seria comprado ao custo de R$ 145 milhões seria, portanto, apenas o primeiro do projeto. "O valor de R$ 577,9 milhões refere-se simplesmente a dado constante de documento de planejamento do MD, com uma previsão de longo prazo para uma constelação mais completa. Trata-se apenas de dado de planejamento, uma vez que dependeria de recursos que ainda não foram alocados nem há qualquer previsão de alocação", afirmou o MD em nota. O Ministério completa que apenas o primeiro satélite seria adquirido com recursos do fundo da Lava Jato.

*”Fogos em nove fazendas destruíram 141 mil hectares no Pantanal”* - Focos de incêndio iniciados em nove fazendas do Pantanal destruíram 141.773 hectares de vegetação, uma área pouco menor do que o município de São Paulo. Quatro dessas fazendas foram identificadas pela Polícia Federal (PF), na Operação Matáá, que investiga queimadas ilegais no Pantanal de Mato Grosso do Sul. A soma desses focos foi responsável pela destruição de 25 mil hectares. As outras cinco propriedades rurais se localizam em Mato Grosso e desataram incêndios que teriam destruído 116.773 hectares. O levantamento é da ONG Repórter Brasil após cruzamento de dados do Instituto Centro de Vida (ICV) com os dados do Cadastro Ambiental Rural (CAR). A Folha confirmou as informações. Tanto a PF quanto o ICV cruzaram o monitoramento satelital dos focos de calor do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Especiais) e da Nasa, a agência espacial norte-americana. Desde o início do ano até domingo (20), a área queimada no Pantanal alcançou 3.179.000 hectares, o equivalente a 21,2% do bioma. Apesar de ter a menor parte do Pantanal, Mato Grosso é o estado mais devastado, com 1.941.000 hectares. Os números são do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa), do Departamento de Meteorologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e foram repassados à reportagem pelo Ibama. Uma das fazendas identificadas pela Repórter Brasil é fazenda Comitiva, localizada no município de Poconé (MT), a 104 km a sudoeste de Cuiabá. O fogo começou ali no dia 20 de julho e se espalhou pelo entorno, queimando 25.188 hectares. Localizado pela ONG, o proprietário, Raimundo Costa, informou que o fogo começou após a explosão de um veículo e destruiu 40% de sua fazenda, de 15 mil hectares. Em Mato Grosso do Sul, um dos fazendeiros investigados é Ivanildo Miranda, dono da fazenda Bonsucesso. A informação foi revelada pelo programa Fantástico, da Rede Globo. Via advogado, ele negou ter iniciado as queimadas.
Miranda frequentou o noticiário nos últimos anos após ter confessado ser operador do ex-governador André Puccinelli (MDB) em esquema de propina da JBS em Mato Grosso do Sul para obter incentivos fiscais. Além disso, perícias do Centro Integrado Multiagências de Coordenação Operacional (Ciman), do governo de Mato Grosso, indicam que um foco iniciado em fazenda devastou a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), em Poconé. O Ciman identificou um acidente automobilístico, o incêndio acidental de uma máquina agrícola, faísca de fiação elétrica e o uso do fogo para retirada de mel como outros focos de queimadas no Pantanal de Mato Grosso. Assim como na Amazônia, o fogo é utilizado por fazendeiros e agricultores no Pantanal para limpeza de pasto e para o desmatamento de áreas de mata nativa. Em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, a proibição do uso de fogo em propriedades rurais começou em 1º de julho e continua em vigor. Além disso, decreto do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) proibiu queimadas no país por 120 dias, a partir de 16 de julho. As proibições legais não impediram que os focos de incêndio pelo Pantanal, que enfrenta a mais forte seca em décadas. Até o último dia 16, o Pantanal já acumulava 5.603 focos de calor, segundo o Inpe. Mesmo na metade de setembro, trata-se do maior número registrado na série histórica para este mês. Apesar das diversas provas de ação humana, Bolsonaro disse nesta terça (22), em discurso para a ONU, que o fogo no Pantanal foi provocado pela temperatura alta deste ano e pelo "acúmulo de massa orgânica em decomposição”.

*”Governo manda Força Nacional para conter incêndios em Mato Grosso”*
*”Ex-diretor do Inpe afirma que Mourão embaralha ações militares e civis quanto a monitoramento na Amazônia”*
*”Câmara finaliza votação de projeto que aumenta pontuação na CNH e texto vai à sanção”*

*”Em um mês de aulas presenciais, 5,4% dos funcionários de escolas de Manaus se infectaram”*
*”Estudo indica que ao menos metade das pessoas em Manaus tem anticorpos pra Covid”*
OPINIÃO - *”Manter crianças fora das escolas públicas na capital de São Paulo é politicamente brilhante e socialmente cruel”*
ESPER KALLÁS - *”Anticorpos e doenças infecciosas”*

*”São Paulo hesita em implementar urbanismo tático para mitigar crise sanitária”*
*”Dois brasileiros são eleitos entre 22 inovadores sociais do ano no mundo”*
*”Cirurgia bariátrica pode afetar qualidade dos espermatozoides, diz estudo”*
*”Hospital do Ibirapuera será fechado no fim de setembro”*

MÔNICA BERGAMO - *”Centrão bombardeia candidatura de ministro da Justiça para o STF”*
MÔNICA BERGAMO - *”Depois de posse de Fux, Cármen Lúcia falta a três sessões do STF”*
MÔNICA BERGAMO - *”Prefeitura de SP quer saber quantos professores da rede municipal vivem com familiares idosos”*
MÔNICA BERGAMO - *”Pacientes de até 60 anos são 70% dos que se trataram de Covid-19 no HCor”*

MÔNICA BERGAMO - *”Presidente da Fundação Palmares ataca Angélica após fala sobre vibradores”*
MÔNICA BERGAMO - *”Fundação Bienal de SP é citada por revista alemã como exemplo para sustentabilidade”*
MÔNICA BERGAMO - *”Sara Silveira receberá o prêmio Leon Cakoff na Mostra Internacional de Cinema de SP”*

CAPA – Manchete principal: *”Brasil vive fuga recorde de dólares e investidores estrangeiros”*

EDITORIAL DO GLOBO - *”Bolsonaro não ajuda o Brasil na ONU”*

*”Disputa antecipada – Ciro, Doria, Bolsonaro e Lula entram na campanha municipal de olho em 2022”*
*”Diretórios locais são alvo de intervenção por alianças”*
*”PT e PSL desistem de coligação no interior de SP”*
*”Em Belo Horizonte, Khalil é o candidato a ser batido”*

*”MPF pede a Aras parecer sobre falta de Flávio”*
*”CNJ exclui presos por corrupção de regra sobre covid”*
*”PL das fake news prevê prisão de responsáveis”*
*”Câmara conclui mudanças nas regras de trânsito”*

*”Recursos parados – Paralisia do MEC trava US$ 72,5 milhões do Banco Mundial para o ensino médio”*
*”Justiça Federal vai apurar se Decotelli cometeu falsidade ideológica”*
*”Saída recorde de estrangeiros – Fluxo cambial fica negativo em US$ 15 bi; e investidores tiram R$ 87 bi da Bolsa”*
*”Marinho quer usar recursos de fundos regionais para obras”*

*”Ataque como defesa – Bolsonaro defende gestão da pandemia na ONU e se diz vítima de campanha sobre queimadas”*

 

CAPA – Manchete principal: *”Na ONU, Bolsonaro distorce dados sobre queimadas e covid”*

EDITORIAL DO ESTADÃO - *”Mendacidade na ONU”*: Como se estivesse em uma de suas corriqueiras “lives” nas redes sociais, nas quais fala o que lhe dá na telha e dá livre curso às mais delirantes teorias conspirativas, o presidente Jair Bolsonaro usou os holofotes da abertura da Assembleia-geral da ONU para reiterar suas irresponsáveis imposturas acerca de graves temas. A vergonha só não foi maior porque depois de Bolsonaro quem discursou foi seu guia, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que estava mais afiado do que nunca – entre outras barbaridades, ele defendeu que a ONU responsabilize a China pela pandemia.
Como sempre colocando seus estreitos objetivos eleitoreiros acima dos interesses do País, Bolsonaro começou seu discurso reiterando pela enésima vez a farsa segundo a qual, “por decisão judicial”, todas as medidas de isolamento para combater a pandemia de covid-19 “foram delegadas a cada um dos 27 governadores das unidades da Federação”. Todos sabem, contudo, que não houve nenhuma decisão judicial com esse teor. Há tempos o Supremo Tribunal Federal (STF) esclareceu que, conforme o princípio federativo expresso na Constituição, o governo federal não podia anular unilateralmente decisões de governos estaduais e municipais para combater a pandemia, como pretendia Bolsonaro, mas isso não o eximiu de cumprir as responsabilidades próprias da União. Sem nenhum compromisso com os fatos, contudo, o presidente Bolsonaro reafirmou a patranha segundo a qual seu governo foi dispensado judicialmente de responsabilidade sobre a múltipla tragédia. Acrescentou, como se isso não bastasse, que grande parte da crise foi causada pela imprensa, que “politizou o vírus, disseminando o pânico entre a população”. “Sob o lema ‘fique em casa’ e ‘a economia a gente vê depois’, quase trouxeram o caos ao país”, acrescentou o presidente, repetindo para uma audiência internacional o discurso falaz que costuma fazer em seus rompantes mitingueiros. E tudo isso resume apenas os cinco primeiros parágrafos do pronunciamento, obviamente destinado não a mudar a imagem do Brasil, visto hoje como pária em muitos círculos internacionais, mas sim a reafirmar aos bolsonaristas fanáticos a disposição do presidente de continuar a ser o Bolsonaro de sempre.
Assim, Bolsonaro pintou na ONU o quadro de um Brasil glorioso, que “alimenta o mundo” e que avança a despeito dos muitos inimigos – nunca nomeados e desde sempre interessados apenas em obstar o sucesso do País. O Brasil, disse Bolsonaro, “desponta como o maior produtor mundial de alimentos” e, por isso, segundo seu raciocínio, “há tanto interesse em propagar desinformações sobre nosso meio ambiente”. “Somos vítimas de uma das mais brutais campanhas de desinformação sobre a Amazônia e o Pantanal”, disse Bolsonaro, negando o que todos são capazes de ver, isto é, o aumento substancial da destruição daqueles biomas sob seu governo – que sustenta um discurso irresponsável de desenvolvimento baseado no relaxamento da legislação ambiental. “A Amazônia brasileira é sabidamente riquíssima. Isso explica o apoio de instituições internacionais a essa campanha escorada em interesses escusos que se unem a associações brasileiras, aproveitadoras e impatrióticas, com o objetivo de prejudicar o governo e o próprio Brasil”, declarou Bolsonaro. Na mesma linha da conspiração, em audiência no STF acerca da questão ambiental, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, havia dito que “não podemos admitir e incentivar que nações, entidades e personalidades estrangeiras, sem passado que lhes dê autoridade moral para nos criticar, tenham sucesso em seu objetivo, obviamente oculto, mas evidente, que é prejudicar o Brasil e derrubar o governo Bolsonaro”. Assim, os próceres do governo Bolsonaro não se envergonham de levar às mais altas tribunas as teses mais doidivanas acerca de temas de enorme relevância para o Brasil e o mundo, apostando na confusão. Debalde: como mostra a crescente fuga de investidores estrangeiros, cada vez menos gente cai nessa conversa, que só prejudica a nação brasileira.

*”Bolsonaro mantém tom de confronto em fala na ONU”* - O presidente Jair Bolsonaro abriu ontem os debates da 75.ª Assembleia-geral das Organizações das Nações Unidas (ONU) com um discurso contundente em que manteve tom de confronto e apresentou seu governo como vítima de perseguição internacional. Na tentativa de se eximir das cobranças por recordes de queimadas na Amazônia e no Pantanal, Bolsonaro distorceu dados, atribuiu a índios e caboclos a disseminação do fogo nas florestas e disse haver uma “campanha brutal de desinformação”. Pela primeira vez, por causa da pandemia do coronavírus, as declarações dos líderes mundiais ocorreram de modo virtual. Criticado pela condução da crise do coronavírus, o presidente insistiu na narrativa contra o isolamento social, usou informações falsas sobre a pandemia e defendeu a hidroxicloroquina, medicamento sem eficácia comprovada para o tratamento da covid 19.
No fim do discurso, o presidente uso do termo “cristofobia”, usado, em geral, para falar de perseguição a minorias cristãs em países de maioria islâmica. “Faço um apelo a toda a comunidade internacional pela liberdade religiosa e pelo combate à cristofobia”, disse. “O Brasil é um país cristão e conservador e tem na família sua base.” Bolsonaro gravou o pronunciamento na semana passada e fez vários ajustes. Críticas à atuação da ONU e o posicionamento contra o aborto, por exemplo, foram retirados. Como é tradição, o Brasil sempre abre os trabalhos na Assembleia da ONU. O discurso, de 15 minutos, foi iniciado com um lamento pelas vítima da covid-19. Em seguida, o presidente disse que “o vírus e o desemprego” precisavam ser “tratados igualmente”. Bolsonaro acusou a imprensa de politizar a doença e espalhar pânico e criticou a quarentena recomendada por autoridades de saúde para evitar o contágio. “Sob o lema ‘fique em casa’ e ‘a economia a gente vê depois’, quase trouxeram o caos social ao País”, afirmou. Com mais de 137 mil mortos, o Brasil é o segundo país do mundo em número de óbitos, só perdendo para os Estados Unidos, e o terceiro em casos, com mais de 4,5 milhões de pessoas contaminadas. O presidente disse, ainda, que o Supremo Tribunal Federal (STF) delegou a prefeitos e governadores medidas para conter a propagação da covid19, distorcendo o teor da decisão da Corte. Diferentemente do que mencionou Bolsonaro, porém, o STF não retirou da União a responsabilidade pelas ações de combate à pandemia, embora tenha assegurado autonomia a Estados e municípios.
Para rebater críticas na área ambiental, Bolsonaro também recorreu à condição de vítima, embora tenha evitado “fulanizar” os críticos de sua política ambiental, como fez no ano passado, quando citou França e Alemanha. Com acordos comerciais sob ameaça, como os da União Europeia e do Mercosul, afirmou que incêndios no Pantanal e na Amazônia vêm sendo usados numa “brutal campanha de desinformação”, com o objetivo de atacar o governo. “A Amazônia brasileira é sabidamente riquíssima. Isso explica o apoio de instituições internacionais a essa campanha escorada em interesses escusos que se unem a associações brasileiras, aproveitadoras e impatrióticas, com o objetivo de prejudicar o governo e o próprio Brasil”, argumentou. Ao ignorar dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), indicando o aumento da devastação, o presidente alegou que o alastramento do fogo está relacionado à queima de roçadas por parte de caboclos e índios. “Nossa floresta é úmida e não permite a propagação do fogo em seu interior. Os incêndios acontecem praticamente nos mesmos lugares, no entorno leste da floresta, onde o caboclo e o índio queimam seus roçados em busca de sua sobrevivência, em áreas já desmatadas.” Logo depois, disse que a extensão da Amazônia e do Pantanal dificulta o combate às queimadas e o trabalho de fiscalização como a extração ilegal de madeira. “Nossa Amazônia é maior que toda a Europa Ocidental. Daí, a dificuldade em combater não só os focos de incêndio, mas também a extração ilegal de madeira e a biopirataria”, justificou. Mesmo assim, afirmou que mantém política de “tolerância zero” com o crime ambiental.
Acenos. Bolsonaro usou o discurso na ONU para fazer acenos aos EUA. Ao citar a tecnologia 5G, disse estar interessado em parcerias que “respeitem nossa soberania, prezem pela liberdade e pela proteção de dados”. O leilão do 5G no Brasil, previsto para 2021, é palco de disputa tecnológica entre EUA e China. A 42 dias das eleições americanas, Bolsonaro entrou na campanha do presidente Donald Trump, que tenta um segundo mandato, ao elogiar iniciativa lançada por ele como solução para o conflito no Oriente Médio. Na outra ponta, atacou a Venezuela, ao dizer, sem apresentar provas, que o derramamento de óleo no litoral brasileiro, em 2019, foi causado pelo país vizinho.

*”Presidente distorce dados em discurso”* - m seu discurso ontem na abertura da Assembleia-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o presidente Jair Bolsonaro ignorou estudos internacionais sobre preservação ambiental no País e afirmou, sem base em informações oficiais, que “índios e caboclos” são responsáveis por incêndios nas florestas, segundo checagem feita pelo Estadão Verifica. Além de questões ambientais, o presidente ainda distorceu uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre medidas de enfrentamento do novo coronavírus nos Estados e municípios e inflou o valor do auxílio emergencial pago aos mais pobres e aos trabalhadores informais afetados pelas medidas de isolamento social impostas pela crise sanitária. Em meio às queimadas que assolam o Pantanal e a Amazônia, Bolsonaro tentou defender seu governo ao dizer que o Brasil é um dos países que mais preservam suas florestas tropicais, desconsiderando que o País registrou a maior perda deste tipo de cobertura vegetal em 2019.Sobre a pandemia, Bolsonaro – que já foi diagnosticado com coronavírus – disse que “o lema ‘fique em casa’ e ‘a economia a gente vê depois’ quase trouxeram o caos social ao País”. Citou a hidroxicloroquina, medicamento que não tem comprovação científica de sua eficácia no tratamento da covid-19. O uso da substância é defendido pelo presidente, embora tenha sido descartada de testes pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

*”Entidades ambientais veem danos para o País”* - Organizações ambientais e políticos criticaram ontem o discurso feito pelo presidente Jair Bolsonaro na abertura da Assembleia-geral da Organização das Nações Unidas (ONU). Sem citar diretamente o presidente, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso disse que o combate ao desmatamento não é escolha política – e sim dever constitucional, assumido pelo País em acordos internacionais. Mariana Mota, coordenadora de Políticas Públicas do Greenpeace Brasil, afirmou que Bolsonaro agrava a situação enfrentada pelo Brasil ao minimizar o drama ambiental, piorando ainda mais a imagem do País no exterior. “Ao invés de negar a realidade, em meio à destruição recorde dos biomas brasileiros, o governo deveria cumprir seus deveres constitucionais em prol da proteção ambiental e apresentar um plano eficiente para enfrentar os incêndios que consomem o Brasil”, disse. Bolsonaro disse ontem que é vítima de uma das mais brutais campanhas de desinformação sobre a Amazônia e o Pantanal”. Dados mostram que o Pantanal registra o maior índice de queimadas desde 1998, quando os incêndios passaram a ser medidos, e a Amazônia volta a se aproximar dos recordes de destruição ocorridos no ano passado. O argumento é o mesmo que tem sido ecoado pela base militar que ocupa o Palácio do Planalto e que é alardeado pelo Ministério da Agricultura e pelo próprio Meio Ambiente: países incomodados com a competitividade do agronegócio brasileiro querem prejudicar a imagem do Brasil. Bolsonaro disse que “os focos criminosos são combatidos com rigor e determinação”, mas programas que existiam para combater os incêndios foram eliminados pelo governo.
Gabriela Yamaguchi, diretora de Sociedade Engajada do Wwf-brasil, disse que o discurso de Bolsonaro foi cheio de “acusações infundadas e ilações sem base científica”, afirmando ainda que postura não é condizente com o papel de chefe de Estado. “Como um roteiro de ficção, o discurso uniu palavras-chave das Nações Unidas com descrições de um Brasil que não existiu em 2020, em completo negacionismo da realidade do país e desconsiderando a urgência e seriedade dos desafios globais que o secretário-geral da ONU, Antonio Guterrez, descreveu em sua fala.” O uso de dados distorcidos sobre o meio ambiente também foi lembrado pela diretora executiva da Oxfam Brasil, Katia Maia. “O governo atual se especializou em disseminar a ‘pós-verdade’ para eximir-se da responsabilidade pelos graves problemas que o país enfrenta. E isso em nada contribui para que tenhamos as soluções necessárias.” Políticos questionaram a veracidade de pontos levantados pelo presidente, como o valor do auxílio emergencial. “Alguém sabe me dizer qual o brasileiro que recebeu esse auxílio emergencial de US$ 1.000,00 que Bolsonaro falou na ONU?”, questionou o líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-ap). O deputado federal André Figueiredo (PDT-CE), líder da oposição na Câmara, chamou o presidente de mentiroso. “Bolsonaro foi à Assembleia-geral da ONU para mentir. Será demolido pela imprensa internacional e brasileira.” Líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (Progressistaspr), assistiu ao discurso junto ao presidente e o parabenizou. “Discurso impecável do presidente, esclarecendo posições de governo com ênfase no meio ambiente”, escreveu Barros.
Supremo. Ao encerrar uma audiência pública no STF para tratar da política ambiental brasileira, Barroso afirmou que o Brasil está entre os sete maiores emissores de gases do efeito estufa, mas diferentemente de outras nações em que a emissão está associada ao “progresso, industrialização e consumo”, por aqui as emissões decorrem de “atividades criminosas, que incluem desmatamento, extração ilegal de madeira e grilagem de terras”. “Esses são fatos objetivos consensuais. Não são opiniões nem manifestações ideológicas, são fatos, como disse, documentados e consensualmente admitidos. Para resolvermos os nossos problemas, nós precisamos fazer diagnósticos corretos e não criar uma realidade imaginária paralela”, afirmou.

*”Jornais estrangeiros rebatem Bolsonaro com dados oficiais”* - Agências de notícias e jornais de outros países destacaram ontem declarações do presidente Jair Bolsonaro sobre a pandemia e as queimadas no País durante o discurso nas Nações Unidas. Alguns periódicos, como o britânico The Guardian e o argentino Clarín, usaram dados oficiais para rebater o que disse o presidente brasileiro. O Guardian relatou as falas de Bolsonaro em sua cobertura em tempo real da Assembleia-geral. Escreveu que o presidente brasileiro elogiou o agronegócio brasileiro e os caminhoneiros, lembrando que são dois importantes grupos de apoio. O jornal usou dados para rebater as informações do presidente. “Na verdade, o Pantanal, a maior área úmida do mundo, está enfrentando a maior devastação de sua história. A área queimada este ano é equivalente ao tamanho do Estado de Israel – 3 milhões de hectares ou 20% de todo o bioma”, escreveu o diário britânico. O Guardian ainda lembrou que Bolsonaro não mencionou as 137 mil mortes nem o fato de o Brasil ser um dos três países mais afetados pelo vírus no planeta. O Clarín também destacou que o presidente defendeu suas políticas para o meio ambiente e afirmou que o governo tem sido vítima de uma “campanha brutal de desinformação”. O diário traz dados oficiais mostrando a devastação na Amazônia e no Pantanal. O jornal português O Público destacou que Bolsonaro culpou os índios pelos incêndios na Amazônia. “Nos últimos meses, a região do Pantanal tem sido dizimada por fortes incêndios, pondo em causa não só a fauna e a flora única deste bioma, mas também a sobrevivência dos povos indígenas locais. No entanto, Bolsonaro apontou precisamente o dedo aos índios e aos ‘caboclos’ pelos incêndios, sem fornecer qualquer prova desta acusação”, escreveu o jornal. A agência de notícias francesa AFP deu destaque à fala do presidente sobre uma “campanha de desinformação” sobre as queimadas.

*”Presidente faz aceno a cristão, diz analista”*

*”Carlos Bolsonaro comprou imóvel com dinheiro vivo”* - O vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos) tinha apenas 20 anos, em 2003, quando se dirigiu a um cartório no centro do Rio e pagou R$ 150 mil em dinheiro por um imóvel. O montante corresponde hoje a R$ 366 mil, corrigidos pelo IPCA. Investigado por supostamente se apropriar dos salários de funcionários “fantasmas” na Câmara Municipal, Carlos vai disputar o sexto mandato este ano. O apartamento pago em “moeda corrente do País, contada e achada certa”, como diz a escritura que oficializou o negócio, fica na Rua Itacuruçá, na Tijuca, e ainda pertence ao parlamentar. Na eleição de 2016, ele declarou que o imóvel valia R$ 205 mil. O documento de compra e venda foi obtido pelo Estadão no cartório em que o negócio foi fechado. Foi a primeira aquisição imobiliária de Carlos, lançado pelo pai, o hoje presidente Jair Bolsonaro, à política em 2000, antes de fazer 18 anos. Procurado, o vereador não respondeu à reportagem. Uma advogada ouvida pelo Estadão sob condição de anonimato disse que a expressão “moeda corrente, contada e achada certa” na escritura não deixa dúvidas de que o pagamento foi feito em espécie. Essa prática não é crime, mas costuma ser apontada como indício de suposta lavagem de recursos, já que não deixa rastro no sistema financeiro se não passar por um banco. Segundo a especialista, a aquisição do imóvel por essa forma de pagamento só desperta estranheza se a origem dos recursos não estiver evidente. A reportagem não conseguiu contato com o casal que vendeu o apartamento.
Carlos Bolsonaro é investigado por suspeita de nomear no seu gabinete funcionários que lhe repassariam, totalmente ou em parte, seus salários. Ao todo, 11 servidores estão sob investigação do Ministério Público. A maioria é ligada a Ana Cristina Siqueira Valle, que não é mãe de Carlos, mas foi casada com o pai do vereador. Irmão de Carlos, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-rj) também é investigado pelo Ministério Público do Rio por suposta prática de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa no processo das “rachadinhas” (apropriação dos salários dos assessores) quando era deputado estadual. Este processo, em que constam nomes coincidentes com a apuração que mira Carlos, investigadores se debruçam sobre pagamentos em dinheiro vivo feitos pelo parlamentar. O MP aponta indícios de que o senador fez pagamento “por fora”, em dinheiro, na aquisição de dois apartamentos em Copacabana, na zona sul. Nas escrituras, o valor declarado oficialmente era R$ 310 mil, mas no mesmo dia em que o negócio foi fechado, em novembro de 2012, o vendedor depositou em espécie, na própria conta, R$ 638 mil – e ele não havia feito nenhuma outra venda naquele semestre. O MP suspeita de lavagem dos recursos oriundos de esquema de “rachadinha”. Flávio nega ter cometido irregularidades e diz ser alvo de perseguição política, cujo objetivo seria atingir o governo Bolsonaro.
Bens. A apuração sobre o vereador Carlos Bolsonaro ainda está no início. O imóvel na Tijuca é um dos três que compunham a declaração de bens apresentada por ele em 2016 à Justiça Eleitoral – a deste ano ainda não está disponível. Os outros são em Copacabana e no Centro, que valeriam, há quatro anos, R$ 85 mil e R$ 180 mil, respectivamente. O imóvel de Copacabana, comprado em 2009 por R$ 70 mil, foi pago por transferência eletrônica, segundo a escritura. O pagamento do imóvel do Centro foi dividido entre um sinal de R$ 40 mil em formato não especificado, R$ 120 mil por meio de transferência no fechamento do negócio e R$ 20 mil em uma nota promissória. Antes de adquirir seu primeiro apartamento, Carlos morava com a mãe, Rogéria Nantes Bolsonaro, em um imóvel em Vila Isabel, na zona norte do Rio. Rogéria, que tentará voltar à Câmara Municipal em novembro, depois de 20 anos fora da política, também comprou o imóvel pagando em dinheiro em espécie. O preço em 1996 foi R$ 95 mil, revelou o jornal O Globo.o Estadão confirmou a informação em cópia da escritura. Ana Cristina Valle teve participação ainda mais ativa no mercado imobiliário enquanto foi casada com Bolsonaro, entre 1997 e 2008. Ela adquiriu 14 imóveis no período; cinco pagos em dinheiro vivo, segundo reportagem da revista Época publicada em julho. Em valores corrigidos, os pagamentos em espécie somam R$ 680 mil. Ela não foi localizada pela reportagem.

*”TSE vai testar votação online na eleição”* - O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) vai usar as eleições municipais deste ano para testar mecanismos que, no futuro, poderão permitir votações pela internet, a partir do telefone celular – sem necessidade de comparecimento do eleitor às urnas. O novo sistema não vai valer para a disputa deste ano, mas é mais uma tentativa da Corte de ampliar a participação de eleitores no processo de escolha de seus representantes. O objetivo é também encontrar formas de reduzir custos do processo eleitoral, a exemplo de experiências de outros países. Um chamamento a empresas interessadas em apresentar modelos virtuais que poderiam vir a ser utilizados foi publicado ontem. A ideia do TSE é distribuir estandes com sistemas experimentais, na votação de 15 de novembro, nas cidades de Curitiba (PR), Valparaíso de Goiás (GO) e São Paulo (SP). As companhias que se habilitarem poderão montar uma estrutura dentro de locais de votação, em espaços abertos e com ampla circulação. Os eleitores dessas cidades estariam livres para experimentar os sistemas a partir dos próprios smartphones. Os testes não guardarão qualquer relação com as escolhas oficiais de prefeitos e vereadores que acontecerão neste ano. As demonstrações terão candidatos e partidos fictícios e não haverá compartilhamento de dados eleitorais com as empresas que se oferecerem para apresentar suas tecnologias. A partir da experiência nas eleições de novembro, o TSE pretende debater estratégias para eventuais mudanças no sistema brasileiro de votações. Na Corte eleitoral há um grupo de trabalho que se dedica a estudar novas tecnologias para modernizar o processo. Segundo o TSE, não é possível dizer se ou quando um novo tipo de procedimento será implementado.
Exemplos. As estratégias para inovar com sistemas de participação passam obrigatoriamente pela preservação de três critérios: segurança, sigilo e eficiência. A avaliação é a de que as urnas eletrônicas historicamente cumprem esses requisitos de forma satisfatória. No entanto, as máquinas demandam custos elevados de manutenção, substituição e de logística, por conta dos envios aos rincões do Brasil. Caso o Brasil venha a permitir o voto online, não será pioneiro. O coordenador-geral da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político (Abradep), Marcelo Weick Pogliese, afirma haver experiências bem-sucedidas em alguns municípios do México e na Estônia, por exemplo. O país europeu é considerado um paradigma de democracia e governo digital. Em 2007, os estonianos foram os primeiros a fazer uma eleição geral pela internet. “O Brasil, por exemplo, não faz tantos plebiscitos e referendos, sob o pretexto de que é caro demais. Pela internet, nos municípios, poderíamos melhorar formas de consulta popular. É óbvio que nada será transformado da noite para o dia, mas o legal é que o TSE está tendo essa preocupação com o futuro. Em tese, você permite outras formas de acesso”, disse Pogliese. Com uma tese de doutorado que se debruçou sobre votações digitais, o coordenador da Abradep afirma que é possível manter a segurança das eleições. Há uma série de alternativas tecnológicas que podem equiparar o nível do sigilo do voto pela internet, a partir de casa, com o da urna eletrônica. Como exemplo, ele cita o mecanismo que sempre vai considerar o último voto do eleitor. Dessa forma, diz, uma escolha feita sob coação poderia ser revista, em segredo. Outra saída seria limitar um voto por dispositivo. “Teríamos que ter um conjunto de cuidados. Não defendemos que se acabe com o voto presencial, com a urna eletrônica. Mas defendemos que o voto eletrônico seja uma alternativa.” A Abradep formalizou ao TSE, em maio, pedido para que a Corte considerasse a opção.

*”Deputados podem decidir hoje impeachment de Witzel”*

*”Trump usa ONU como palanque e Xi responde com meta ambiental ousada”* - Os líderes das duas maiores potências globais discursaram ontem na abertura da Assembleia-geral da ONU, em Nova York. Enquanto o presidente americano, Donald Trump, usou a fala como palanque para sua campanha à reeleição, seu colega chinês, Xi Jinping, prometeu uma agenda ambiental ousada, reduzindo as emissões de carbono até a China atingir a neutralidade, em 2060. Em discurso semelhante ao adotado em eventos eleitorais, Trump usou seu tempo para atacar a China e defender a política externa nacionalista de seu governo. No dia em que os Estados Unidos registraram 200 mil mortes por covid-19 (mais informações na página A15), o presidente culpou os chineses pela pandemia. “A ONU precisa responsabilizar a China por suas ações”, disse o americano, que voltou a se referir à doença como um “vírus da China”, terminologia que incomoda o governo de Pequim. “Nos primeiros dias do vírus, a China suspendeu as viagens domésticas, mas permitiu que voos partissem do país e infectassem o mundo”, disse Trump. Pressionado pelos números desastrosos da pandemia e pelas pesquisas que mostram seu adversário Joe Biden à frente, Trump escolheu a China como alvo quando precisa se defender de sua resposta ao vírus. Cerca de 60% dos americanos desaprovam a resposta do governo ao coronavírus, segundo média de pesquisas do site Five Thirty Eight. Ontem, americano também criticou o país asiático por sua política ambiental, acusando A China de ser um poluidor global. “Aqueles que atacam o histórico ambiental excepcional dos EUA, ignorando a poluição galopante da China, não estão interessados no meio ambiente. Eles só querem punir a América. E eu não vou tolerar isso”, disse o presidente a respeito de um tema que ganhou importância na campanha com os incêndios florestais da Costa Oeste. Sem encontro presencial em Nova York, a Assembleia-geral deste ano foi toda virtual, com discursos gravados. Curiosamente, o presidente chinês, que falou logo após Trump, também tocou na questão ambiental e surpreendeu, como uma agenda audaciosa e falando em “revolução verde”.
“A raça humana não pode ignorar indefinidamente os avisos da natureza”, disse Xi, que afirmou que o Acordo de Paris, de 2015, era o “mínimo” necessário para proteger a Terra. “Nossa meta é ter emissões máximas de dióxido de carbono até 2030 e atingir a neutralidade de carbono até 2060.” O presidente chinês atacou ainda o que chamou de “mentalidade de guerra fria” e disse que posições ideológicas não são a solução para o problema de nenhum país, menos ainda a resposta aos desafios comuns da humanidade – sem citar os EUA diretamente. “Qualquer tentativa de politizar ou estigmatizar esse assunto (pandemia) deve ser rejeitada”, afirmou. A resposta ao presidente americano ficou a cargo do embaixador da China na ONU, Zhang Jun. “Enquanto a comunidade internacional está lutando contra a covid-19, os EUA estão disseminando um vírus político na Assembleia-geral. Tenho de enfatizar que o ruído dos americanos é incompatível com a atmosfera da Assembleia”, disse Jun. Trump e Xi também adotaram posições opostas ao tratar da colaboração entre as nações. Enquanto o americano defendeu o nacionalismo, o chinês pediu um mundo mais multilateral. “Por décadas, as mesmas vozes cansadas propuseram as mesmas soluções fracassas, perseguindo ambições globais às custas do seu próprio povo. Mas somente quando você cuida dos próprios cidadãos é que encontrará uma base verdadeira para a cooperação”, disse Trump.
Diferenças. Na avaliação de Elaini Silva, doutora em direito internacional pela USP e professora do mestrado da PUC-SP, a diferença nos discursos de Trump e Xi refletiu o espaço dos dois países na geopolítica global. A fala nacionalista de Trump, segundo ela, é a expressão de um país que tem perdido a posição hegemônica no mundo. “Trump falou muito mais para o público interno e não usou o espaço da ONU para apresentar um projeto de mundo ou um ideal a ser alcançado”, afirmou. Já o discurso de Xi deixou claro o futuro que a China vislumbra para a ONU. “O líder chinês desconsidera praticamente a existência dos EUA enquanto inimigo. Ele foca na experiência do que foi conquistado e construído institucionalmente e apresenta o plano da China para a ONU”, disse Eliani.

*”Putin oferece vacina para os funcionários da organização”*
*”Republicano consegue os votos para indicar juíza”*
*”Europa registra 27% mais mortes em uma semana”*

*”USP conclui maior sequenciamento genético e acha 2 milhões de variantes”* - Cientistas da Universidade de São Paulo (USP) finalizaram o maior banco de dados genéticos da população brasileira, com o sequenciamento do genoma completo de 1.171 idosos. Na amostra, foram encontrados 2 milhões de variações genéticas inéditas, ou seja, ainda não catalogadas em bancos de dados genômicos de populações de outros países – a maioria com predominância de indivíduos de origem caucasiana. As variações ou variantes genéticas, chamadas em alguns casos de mutações, são diferentes versões de um mesmo gene que podem determinar, por exemplo, o desenvolvimento de uma doença. Para os pesquisadores, o achado de milhões de novas variações mostra o quanto a população brasileira, altamente miscigenada, está sub-representada nos maiores bancos genômicos do mundo.
Os mais de mil genomas completos, já disponíveis em plataforma aberta online, devem facilitar o diagnóstico de doenças raras por meio de testes genéticos. Futuramente, o banco de dados também poderá auxiliar na definição de tratamentos personalizados conforme o perfil genético de cada paciente e a prever quais indivíduos têm maior risco de manifestar determinadas patologias. “Esse tipo de dado é importantíssimo para o que chamamos de medicina de precisão. A resposta do organismo a um medicamento depende do nosso genoma. No futuro, imaginamos que, antes de uma pessoa tomar um remédio, ela poderá se submeter a testes genéticos para saber qual droga terá a melhor ação. Por isso, é importante ter bases de dados com sequenciamento da nossa população, porque nós somos diferentes, até mesmo de outros latinos”, explica a geneticista Mayana Zatz, diretora do Centro de Pesquisa sobre o Genoma Humano e Células-tronco (CEGH-CEL) da USP. De acordo com Michel Naslavsky, professor do Instituto de Biociências da USP e pesquisador do CEGH-CEL, a detecção de tantas novas variantes genéticas surpreendeu os pesquisadores. “A cada ano temos mais bancos de dados genômicos no mundo. O número de variantes catalogadas, portanto, vem crescendo e, mesmo assim, encontramos 2 milhões novas. É um número muito interessante”, disse ele, que é o autor principal do estudo que apresenta os resultados da pesquisa da USP. O estudo foi divulgado na plataforma online de pré-publicação Biorxiv e ainda não passou por revisão de outros pesquisadores. Os cientistas brasileiros compararam seus resultados com dois dos maiores bancos de dados genômicos do mundo (gnomad e DBSNP). Juntos, eles possuem mais de 700 milhões de variantes catalogadas. Prevalência de doenças. Outra possibilidade de aplicação dos dados de sequenciamentos genéticos é no cálculo da prevalência de certas doenças em cada população.
No estudo da USP, por exemplo, os pesquisadores analisaram 400 variantes catalogadas em bancos genômicos internacionais como patogênicas, ou seja, causadoras de alguma doença. Ao verificarem a condição clínica dos idosos que tiveram o sequenciamento realizado, os cientistas observaram que 37% dessas variações não estavam relacionadas a doenças no grupo brasileiro e reclassificaram essas variantes como não patogênicas. Mayana explica que o grupo optou por sequenciar os genomas de idosos que já vinham sendo acompanhados há anos em um outro estudo da USP, realizado pela Faculdade de Saúde Pública, justamente para cruzar os dados genéticos com as condições clínicas dos pacientes. “Na idade deles, já é possível saber se eles têm risco aumentado para mais doenças, como Alzheimer e Parkinson”, explica a geneticista. Ela ressaltou que pesquisas de sequenciamento genético são caras e manifestou apreensão quanto ao projeto de lei enviado pelo governo estadual à Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) que prevê corte de verbas de instituições que financiam pesquisas, como a Fapesp, uma das principais apoiadoras do projeto. “Se cortarem os recursos, estudos como o nosso podem ser interrompidos. Cada sequenciamento custa U$ 1 mil dólares, fora a análise, computadores. Se não tivéssemos esse apoio financeiro, não teríamos finalizado o estudo.”

*”Saúde pode incluir no SUS drogas à base de canabidiol”*

*”Sem verba, agência diz que não conseguirá fiscalizar barragens”* - A Agência Nacional de Mineração (ANM), órgão que tem a missão de fiscalizar as barragens de todo o País, regular o setor e evitar tragédias como as que ocorreram em Mariana e Brumadinho, está sem recursos para executar suas funções mais básicas e corre o risco de ver suas operações completamente inviabilizadas, segundo o diretor-geral do órgão ligado ao Ministério de Minas e Energia, Victor Hugo Froner Bicca. No mês passado, Bicca mandou ofício ao Ministério da Economia para alertar sobre a situação insustentável do órgão por causa de sucessivos cortes financeiros. O Estadão teve acesso ao documento, em que o diretor descreve que as restrições orçamentárias podem levar a agência até a descumprir determinações relacionadas à fiscalização de barragens. O Ministério da Economia determinou que o orçamento para a ANM em 2021 seja de R$ 61,4 milhões, uma redução de 9% sobre os R$ 67,5 milhões repassados neste ano. Bicca argumentou que o trabalho do órgão de fiscalização já não tem sido desempenhado a contento e que, para executá-lo no ano que vem, seriam necessários pelo menos R$ 155 milhões. O pedido, porém, foi ignorado. “Temos clareza em afirmar que os referenciais estabelecidos (valor do repasse) e apresentados no referido ofício comprometem fortemente o futuro da ANM”, alertou o diretor-geral ao Ministério da Economia. “Diante dessa redução orçamentária para 2021, essa ANM entende que precisará informar formalmente o Ministério Público e ao juízo da ação sobre a redução orçamentária prevista.” Um relatório apontou situação crítica em 156 barragens em 22 Estados. O levantamento está no relatório de Segurança de Barragens do ano passado da Agência Nacional de Águas (ANA) e foi feito após a tragédia de Brumadinho, em 2019. O documento indica aumento de 129,5% das estruturas avaliadas com risco.
Lei descumprida. Durante toda a semana, o Estadão questionou a agência sobre o assunto. Não houve resposta. Na prática, o que o governo tem feito, ao cortar o orçamento da agência, é descumprir a lei. Desde 2017 está em vigor a lei 13.540, que trata da distribuição dos royalties de mineração pagos pelas empresas que exploram os recursos naturais no Brasil. Na legislação é exigido que 7% do que for arrecadado com a chamada Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (Cfem) deve ser repassado integralmente à agência de mineração. Em seu ofício, Bicca afirmou que, “apesar das restrições orçamentárias com que a ANM vem trabalhando, e da crise pela qual passa o Brasil, não se verifica uma redução brusca das receitas da ANM para 2020”. O texto faz referência aos R$ 4,4 bilhões previstos para serem arrecadados neste ano em royalties. “Estamos falando de R$ 313 milhões que tinham de ser repassados diretamente aos cofres da ANM, e que estão ficando nos cofres do Tesouro Nacional”, disse Waldir Salvador, consultor de relações institucionais da Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais e do Brasil.

*”Estudo vê imunidade de rebanho em Manaus”*

*”Cientistas ligam casos de dengue à imunidade para covid”* - Um estudo que analisou a dinâmica da covid-19 no Brasil encontrou uma possível correlação inversa entre infecções pelo novo coronavírus e casos confirmados de dengue. Observando mapas de ocorrência das doenças, os pesquisadores constataram que locais que tiveram muitos casos de dengue em 2019 e no início de 2020 tiveram menos infecções e óbitos por covid-19. Os pesquisadores observaram as cidades que mais espalharam casos para o País – a liderança ficou com São Paulo –, as rodovias que auxiliaram na disseminação da doença e o “efeito bumerangue” causado pela infecção: capitais levando o vírus para o interior e o interior enviando pacientes infectados para as UTIS das capitais. A conta que não fechava era de como algumas localidades não estavam registrando o mesmo avanço da covid-19, apesar desses fatores. A pesquisa está disponível no repositório de pesquisas medrxiv.
“Tentando buscar uma explicação, encontrei o mapa da dengue do Ministério da Saúde e, onde tinha demorado a chegar covid, como Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Paraná, era onde tinha muitos casos de dengue, era complementar. Encontramos correlação inversa”, explica Miguel Nicolelis, professor catedrático de neurobiologia, engenharia biomédica, neurologia e neurocirurgia da Universidade Duke, nos EUA. Para ter um controle, o grupo fez o mesmo experimento com os casos de chikungunya, mas não encontrou relação. Então, partiu para a análise da situação da dengue em outros países. “Os dois vírus estão competindo pela mesma população de suscetíveis, mas a dengue precisa de um mosquito e covid é transmitida de pessoa a pessoa, muito mais rápido.” Segundo o pesquisador, é possível que as pessoas que tiveram dengue tenham uma defesa parcial. “Não fizemos testes sorológicos, mas outros pesquisadores fizeram”, observa o brasileiro. “Há um estudo de Israel com 99 amostras de dengue. No começo da pandemia, eles tiveram a ideia de testar as amostras de dengue para coronavírus e deu positivo em 22. Existem anticorpos para covid e isso apoia a nossa teoria, mas tem de fazer a validação imunológica.” “As pessoas têm de entender que existe uma ciência de emergência, que tem de ser explorada rapidamente. Estamos fazendo este relato com dados amplos de 71 países da América Latina, Caribe, Ásia e África. (O próximo passo é) que a gente possa criar um consórcio de pesquisa rapidamente para fazer o estudo pelo Brasil afora. Temos amostras e vários especialistas na área de dengue e podemos criar um grande projeto nacional. Estamos aceitando colaborações do País inteiro, porque isso é um achado único", afirma Nicolelis.
De acordo com ele, comprovada a relação, vacinas para a dengue em desenvolvimento poderiam ser usadas para o novo coronavírus antes que o imunizante específico seja validado. Para passar para essa etapa, um projeto de pesquisa nacional, por meio de parcerias, poderia ajudar a acelerar as respostas sobre essa possível relação. Infectologista da Faculdade de Medicina da Unesp de Botucatu, Carlos Magno Fortaleza diz que é necessário fazer um aprofundamento no estudo, pois os dados sobre dengue podem ser afetados por fatores como a subnotificação e a eliminação dos criadouros – considerando que as pessoas estão há mais tempo em casa e podem ter tido esse cuidado. E ele não descarta até coincidências. “É complicado fazer associações causais com dois fatos que podem ser coincidentes. São necessários estudos mais avançados do que a comparação.” O infectologista Julio Croda, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e professor da Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e da Escola de Saúde Pública de Yale, reforça a necessidade de uma análise individual para poder estabelecer algum tipo de relação. "Outras variáveis que podem confundir podem não ter sido captadas. Não tem uma análise individual, com os casos de dengue e de covid por região. É preciso analisar os indivíduos que tiveram dengue. Em pesquisa, a gente começa a levantar hipóteses, mas precisa dos ensaios clínicos."

*”Com pandemia, comércio online em SP avança seis anos em seis meses”*

*”Governo apresenta lista com setores mais prejudicados”* - Depois de quase sete meses do início da pandemia, o governo publicou agora uma portaria que lista as 34 atividades econômicas mais prejudicadas no Brasil pela decretação do estado de calamidade pública devido à covid-19. Elaborada pelo Ministério da Economia, a lista foi feita para priorizar e orientar as instituições financeiras oficiais de fomento, inclusive regionais, na concessão de crédito. O governo diz que a lista é para orientar o Programa Emergencial de Acesso a Crédito (Peac), mas o “carimbo” do Ministério da Economia reconhecendo as atividades mais prejudicadas animou as empresas de setores que foram incluídos oficialmente no levantamento de olho em políticas futuras da equipe econômica para a retomada da economia em 2021. Apesar de ter começado a fluir no último mês, o crédito ainda é um dos principais problemas no enfrentamento da covid-19 pela dificuldade das empresas em dar garantia ao financiamento. A lista facilita o acesso a crédito com garantia da União via Fundo Garantidor para Investimentos (FGI). Desde o início da pandemia o governo contabiliza que lançou uma série de linhas de crédito voltadas para toda a economia. Até o momento, do total das ações anunciadas, 622 mil empresas foram atendidas e R$ 85,86 bilhões de crédito já chegou na ponta, segundo os dados oficiais. Entre os setores mais impactados estão as atividades da indústria, comércio e serviços, como empresas de saúde e educação privadas, transporte, serviços de alimentação e alojamento, fabricação de veículos automotores, combustíveis e lubrificantes e metalurgia, além de exploração de petróleo. Segundo o Ministério da Economia, a lista foi elaborada com base na variação do faturamento do setor com dados da Receita Federal. Não foram fornecidos detalhes pedidos pela reportagem do Estadão de como a lista será usada para a liberação do crédito e como ficam as empresas que estão de fora. A Secretaria Especial de Produtividade e Competitividade informou apenas que foram consideradas a relevância do setor na economia, tanto por valor agregado produzido quanto por pessoal ocupado, e as particularidades de cada atividade econômica.
Faturamento. O presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e Confecção (Abit), Fernando Pimentel, avalia que a lista facilitará a concessão de crédito para as empresas com faturamento além de R$ 300 milhões. Pela regra, elas não podem obter empréstimos com a garantia do Tesouro porque tiveram impactos severos com a crise. “Para os setores extremamente impactados pela crise, como os listados, esse financiamento pode ser dado para empresas que faturem acima de R$ 300 milhões”. Pimentel considera que a lista traz uma boa radiografia da crise. O setor têxtil e de confecções teve de interromper as atividades por 90 dias no início da pandemia e até hoje ainda sente o impacto. O economista Marcos Ferrari, presidente executivo do Sinditelebrasil, disse que a inclusão das telecomunicações torna mais “sensível” os pedidos de medidas de apoio à expansão da banda larga. “Caso tenha outra medida, o setor pode ser contemplado.” O advogado tributarista Luiz Bichara avaliou que, embora a lista não gere nenhum direito adquirido, a União não poderá indicar “algo e não cumprir”. “É o princípio da confiança legítima”, disse. Segundo ele, a publicação da portaria cria expectativa de atuação estatal no sentido da implementação de políticas públicas concretas visando a recuperação econômica. O vice-presidente da Confederação Nacional dos Serviços (CNS), Luigi Nese, alerta que existem muitas empresas que ainda estão prejudicadas pela falta de crédito. Para ele, o Pronampe, programa com garantia do Tesouro, funcionou bem, mas os recursos acabaram. Ele cobra mais recursos com garantia. “O governo prometeu mais R$ 19 bilhões e ainda não vieram.”

*”BNDES avalia prorrogar suspensão de pagamento de dívidas”*
*”Inflação deve subir no curto prazo, alerta ata do BC”*

 

CAPA – Manchete principal: *”Alta de preços põe varejo e indústrias em conflito”*

*”Tributar bebidas como refrigerantes em 20% elevaria arrecadação em R$ 4,7 bi”* - Proposta também ampliaria PIB em R$ 2,4 bi e geraria 70 mil empregos, diz estudo

*”Média móvel de mortes é a menor em dez dias”* - Ontem houve 809 novos óbitos confirmados por covid-19 no país

*”Bolsonaro adota tom negacionista na ONU”* - Presidente atribui queimadas a índios e afirma que país é vítima de ‘campanha de desinformação’
Análise: *”Fala teve menos fígado que em 2019, mas com desinformação e os ataques costumeiros”* - Como Donald Trump, Bolsonaro falou ao público de convertidos
Análise: *”Presidente voltou a elogiar Trump, mas foi ignorado no discurso do americano”*

*”Não se deve criar ‘realidade imaginária paralela’, diz Barroso”* - No dia em que o presidente Jair Bolsonaro minimizou junto à ONU a responsabilidade do governo nas questões ambientais, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse que é preciso “criar diagnósticos corretos” sobre os problemas ambientais do país e “não criar realidade imaginária paralela”. “Olhando para a frente: governo, ONGs, acadêmicos e empresas têm a posição de que a floresta de pé vale mais que derrubada”, disse ontem o ministro. A declaração de Barroso aconteceu durante o encerramento de uma audiência pública no STF, que nos últimos dois dias ouviu 66 pessoas entre autoridades, empresários, acadêmicos e representantes de entidades e da sociedade civil. O ministro é o relator da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 708, que questiona a falta de providências do governo para o funcionamento do Fundo Clima. Barroso não citou diretamente o discurso do presidente na abertura da 75ª Assembleia Geral da ONU, mas a fala foi vista como uma contraposição a Bolsonaro, que afirmou que o país sofre uma perseguição internacional e culpou “índio” e “caboclo” pelas queimadas na Amazônia. O ministro voltou a afirmar que a audiência pública foi convocada para obter informações técnicas sobre a situação ambiental do país e que o STF é uma corte que não tem lado e trabalha com provas.
“Procuramos conhecer os fatos e as diferentes perspectivas que o debate envolve. O mundo comporta múltiplos pontos de observação e a verdade não tem dono, embora a mentira tenha.” Para ele, o poder público tem o dever de defender o meio ambiente para as futuras gerações”. “Proteção ambiental não é escolha política, é dever”, afirmou. Segundo o ministro, entre os “fatos objetivos e incontroversos” que foram revelados durante a audiência está que o desmatamento e as queimadas aumentaram nos últimos dois anos, que houve “redução significativa” na fiscalização e autuações de órgãos como o Ibama e que até a apresentação da ação no STF o governo não havia alocado recursos para o Fundo Clima. Ontem, durante o segundo dia de debate, foi a vez de representantes do setor empresarial, financeiro e acadêmico se pronunciaram sobre o tema. Um deles foi o ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga, que apontou para a imagem negativa do Brasil no exterior devido às políticas públicas para o meio ambiente. Ele também defendeu que o aumento do desmatamento reduz a atratividade do país como destino de investimentos. “O mesmo obscurantismo que nos prejudica no combate à pandemia nos afeta também nos temas ambientais”, disse Arminio, sócio da Gávea Investimentos. O economista disse que, hoje, a Amazônia se aproxima de “um ponto a partir do qual a degradação se torna irreversível”. “A persistir o aumento da temperatura do planeta, as consequências serão devastadoras. Esse trem já partiu e todo o cuidado é pouco”, afirmou ele.
O presidente do Itaú Unibanco, Candido Botelho Bracher, também reforçou que o aumento do desmatamento e das queimadas preocupa o setor financeiro. Segundo ele, foi por causa dessa preocupação que o banco, junto com o Bradesco e o Santander, decidiu criar o plano para a Amazônia. “Houve, por parte dos três bancos, o reconhecimento da gravidade do problema do desmatamento da Floresta Amazônica.” Para ele, “fica claro o impacto negativo desse realidade para a imagem do Brasil no exterior e, consequentemente, para o fluxo de investimentos estrangeiros para o país”. “A avaliação que se faz internacionalmente é que as políticas adotadas no Brasil em relação ao problema é de que elas não estão sendo eficazes, certamente não na intensidade e efetividade que o problema requer”, afirmou Bracher. Também se manifestaram nesse sentido representantes de grandes empresas como a Vale e Natura. Eles também defenderam a importância de o Brasil assumir os compromissos internacionais relacionados ao clima para que não haja risco à competitividade do país.

*”Especialistas veem falsidades novas e antigas no discurso”* - O discurso do presidente Jair Bolsonaro na abertura da 75ª Assembleia Geral das Nações Unidas foi “um inventário de fake news requentadas e de falsidades novas”. A frase do ex-ministro do Meio Ambiente Rubens Ricupero sintetiza o sentimento de ambientalistas, ex-ministros e pesquisadores. “Não há uma palavra que corresponda à realidade, um pingo de honestidade. Se imaginaria que ele poderia, 12 meses depois do agravamento de problemas, reconhecer a realidade e dizer o que o governo fez. Mas, não”, segue o embaixador. “Repete todos os chavões do negacionismo sobre Amazônia e Pantanal. Atribui a conspirações, a campanhas internacionais, a interesses escusos a cobiça pela Amazônia.” “E ainda tem o desplante de botar a culpa nos mais vulneráveis, os índios e os caboclos”, diz. “O discurso nunca foi concebido para a Assembleia Geral da ONU. É para o público doméstico.” A ex-ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira aponta “o tom errado” do discurso. “A fala sugere ruptura ou muita desconfiança de uma sociedade multicultural e diversificada como a brasileira”, diz Izabella, reagindo aos ataques de Bolsonaro às ONGs. “Não se pode escolher interlocutores em um regime democrático. Tem que se falar com todos.” “Ele faz um discurso que lista os interesses do mundo contra o Brasil. Somente os interesses do Brasil são legítimos?”, questiona. Para João Paulo Capobianco, vice-presidente do Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS), o discurso de Bolsonaro “é meio fanfarrão”. Ele explica: “Aparentemente ele luta contra os fatos e não apresenta proposta nenhum
Capobianco era secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente durante a gestão de Marina Silva, quando se aplicou um rigoroso plano de combate ao desmatamento, que caiu de forma consistente, ano a ano. Em relação à fala do fogo causado por índios e caboclos, Capobianco contesta. “Isso não é verdade. A maior parte das queimadas ocorre em áreas que eram florestas e foram derrubadas.” Para Ana Toni, diretora-executiva do Instituto Clima e Sociedade (iCS), o discurso de Bolsonaro “foi mais uma peça da campanha de comunicação de desinformação e disputa de narrativa do governo sobre o que está acontecendo na Amazônia, no Pantanal e no nosso meio ambiente”. Segundo ela, o governo já “deveria ter percebido que a comunidade internacional já está vacinada contra o vírus da desinformação. Querem dados e resultados.” “A menção aos indígenas tem que ser vista como um ataque coordenado do governo”, diz Carlos Rittl, pesquisador do Instituto de Estudos Avançados em Sustentabilidade de Potsdam, na Alemanha. “É um discurso que visa a reeleição e manter sua turba de WhatsApp.” Na visão do deputado constituinte Fabio Feldmann, Bolsonaro “repetiu o que vem dizendo, mantendo o Brasil afastado de qualquer possibilidade de ser respeitado e manter um mínimo de credibilidade”. Maurício Voivodic, diretor executivo do WWF-Brasil, lamentou o discurso. “Infelizmente foi conforme o previsto. Marcado pelo negacionismo e por acusações infundadas, [Bolsonaro] tentou mostrar ao mundo um Brasil que não condiz com a realidade que vivemos e observamos todos os dias”.
Segundo ele, a “fala diversionista reduz ainda mais a credibilidade do Brasil nos esforços globais por mais cooperação e multilateralismo para o bem de todos”. Para Roberto Waack, especialista em governança, Bolsonaro falou na ONU para o seu público, mas não convenceu ninguém no cenário internacional. “Ele é um pária exótico. O Brasil não é o governo Bolsonaro. Creio que o mundo sabe disso, mas precisa ficar ainda mais claro”, defende. Para André Siqueira, presidente da Ecoa, a fala de Bolsonaro foi previsível. “Foi uma conversa para os seus cabos eleitorais cegos que o seguem até o fundo do poço”, afirma ele, à frente de uma ONG fundada em 1989 e baseada em Campo Grande. Em nota à imprensa, Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, rede formada em 2002 composta por 50 organizações não governamentais e movimentos sociais, diz que, “ao arrasar a imagem internacional do Brasil como está arrasando nossos biomas, Bolsonaro prova que seu patriotismo sempre foi de fachada”. Astrini reagiu às acusações do presidente às ONGs. “Acusou um conluio inexistente entre ONGs e potências estrangeiras contra o país, mas, ao negar a realidade e não apresentar nenhum plano para os problemas que enfrentamos, é Bolsonaro quem ameaça nossa economia. O Brasil pagará durante muito tempo a conta dessa irresponsabilidade.” A Oxfam, por sua vez, em nota, diz que “é lamentável ver o presidente fazer o discurso de abertura da assembleia da ONU descrevendo um país imaginário”.

*”País pode retaliar quem boicotar produtos brasileiros, diz Heleno”* - O ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, afirmou que o Brasil pode retaliar países que adotem políticas de boicotes a produtos brasileiros por questões ambientais. Ele também afirmou que a Alemanha é “um (país) que valia a pena”, devido ao consumo de produtos alemães pelo Brasil. “[Retaliar] é uma medida que, obviamente, pode estar na mira do governo, só que é aquele negócio: você já comprou uma coisa finlandesa, norueguesa, sueca? Eu não me lembro de ter na minha casa esses produtos.” Questionado por um jornalista sobre o caso de produtos da Alemanha, Heleno respondeu: “Esse é um que valia até a pena, mas não quero citar países. Eu tenho muito medo de criar um problema diplomático e ser injusto até.” Na semana passada, um grupo de oito países europeus fez um apelo para que o Brasil tome “ações reais” para combater o crescente desmatamento da Floresta Amazônica. Esse grupo, atualmente liderado pela Alemanha, enviou carta aberta ao vice-presidente Hamilton Mourão em que afirma que o desmatamento dificulta a compra de produtos brasileiros. O ministro do GSI defendeu a atuação do governo de Jair Bolsonaro na preservação do ambiente, citando a “pequena fortuna” gasta com operações contra queimadas durante a pandemia, a produção energética brasileira, que tem grande participação de energias renováveis, além das atuações de militares na Amazônia.
Ele voltou a dizer que existem países e instituições interessados em tirar Bolsonaro do poder. Defendeu que o governo tome medidas legais contra a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e disse que o governo estava “levantando dados dessa instituição”. “A minha opinião é que temos que ir para cima, sim”, afirmou ele. “Estamos buscando realmente qual é a missão deles, quais seus verdadeiros objetivos para, se for o caso, mover uma ação contra esse trabalho nefasto que fazem.” Questionado sobre quais países estariam interessados em prejudicar o Brasil, Heleno disse que “fica difícil citar os países”, já que ele não queria criar uma crise diplomática, mas afirmou que as pessoas bem informadas “têm na cabeça quais são esses países”. “Não cabe a nós, do governo, citar esses países, que eu vou criar um problema diplomático internacional. Eu também não vou botar minha cabeça a prêmio, porque não vale a pena. Eu ando sem segurança, a gente não pode exagerar.”

*”Novo programa social exige racionalizar políticas existentes”* - Especialistas dizem que desafio envolve escolhas difíceis, mas são parte do processo natural de revisão
*”Governo busca saída para financiar o Renda Brasil”* - Planalto e equipe econômica discutem opções para o programa
*”País rebate França e aponta ‘protecionismo’”* - Segundo governo, não entrada em vigor do acordo UE-Mercosul “teria implicações sociais e econômicas negativas, que poderiam agravar ainda mais os problemas ambientais da região

*”Crise de saúde em Manaus abre caminho para Amazonino na disputa eleitoral”* - Impacto da pandemia diminuiu influência dos principais nomes da política nacional e local na eleição

*”PT fica sem aliados em 70 das 199 maiores cidades”* - O PT não conseguiu construir alianças em mais de um terço das maiores cidades brasileiras e disputará as eleições deste ano sem nenhum aliado nesses municípios, considerados estratégicos politicamente. Das 96 cidades com mais de 200 mil eleitores, que podem ter segundo turno, o PT concorrerá sem mais nenhum partido na coligação em 36 desses municípios (37,5%). O isolamento do partido permanece nas cidades médias: em 70 das 199 cidades com mais de 101 mil eleitores (35,1%), a chapa petista para concorrer à prefeitura terá apenas o PT. Mesmo em cidades onde o partido conseguiu compor com aliado históricos, como PCdoB, Psol e PSB, o PT decidiu apostar em chapas “puro sangue”. Serão 14 candidaturas petistas com vice do mesmo partido nos municípios com mais de 101 mil eleitores, apesar de outras legendas participarem da coligação desses candidatos. Os dados sobre as candidaturas petistas e coligações nas cidades com mais de 101 mil eleitores foram organizados pela direção nacional do PT. O balanço ainda é parcial, porque os partidos têm até o dia 26 de setembro para registrarem as candidaturas na Justiça. O retrato da disputa eleitoral nos maiores municípios brasileiros mostra que o PT recebeu mais apoio do PCdoB e Psol do que retribuiu. O partido terá o PCdoB como vice em 14 das cidades com mais de 101 mil eleitores, mas só cedeu a cabeça de chapa e indicou a vice do aliado em seis desses municípios. Em relação ao Psol, a troca de apoio também é desigual. O PT tem o Psol como vice em 13 dessas cidades e lançou a vice na chapa do Psol em três municípios.
Dados compilados pelo PT, levando em conta as coligações, mostram uma diferença nos apoios ainda maior. Ao registrar o relacionamento com outras legendas, o PT informou que o PCdoB apoia o PT em 38 dos municípios com mais de 101 mil eleitores, enquanto os petistas estão com o aliado em oito. Em relação ao Psol, a direção petista diz receber apoio em 17 cidades e retribuir em apenas três. O PT informou ainda ter recebido o apoio do PDT em 13 municípios e está com a legenda aliada em oito. Sobre o PSB, os petistas afirmaram receber o apoio em 12 municípios, mas retribuir em outras seis cidades. Diante desse quadro, lideranças de partidos de centro-esquerda, como o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), e o deputado federal Marcelo Freixo (Psol) têm cobrado apoio do PT e afirmam que o resultado das eleições municipais influenciará o debate presidencial em 2022 - e poderá dificultar um eventual acordo no campo progressista. Nos maiores municípios brasileiros, é possível ver o PT dividindo chapa com o DEM, como no caso de Teofilo Otoni, município mineiro com 103,7 mil eleitores. O partido lançou Daniel Sucupira com Eder Silva (DEM) como vice. Nas coligações dessas cidades, o PT aparece ao lado do PSDB, DEM, MDB e até mesmo do PSL em diversas candidaturas. Apesar de ser oposição ao presidente Jair Bolsonaro, o PT está na mesma coligação que o PSL, partido que elegeu o presidente, em ao menos sete dos maiores municípios. Os dois partidos apoiam o mesmo candidato em Serra (ES), Belford Roxo (RJ), Aparecida de Goiânia (GO), Paulista (PE), Timon (MA), Itapevi (SP) e Francisco Morato (SP).

*”TSE vai testar votação por aplicativo de celular”*
*”Deputados decidem hoje futuro de Witzel no Rio”*
*”Aprovado embaixador do Brasil nos EUA”*
 - Nelson Forster Júnior recebeu 47 votos favoráveis e 3 contrários à sua indicação no plenário do Senado
*”Cotado para relatoria, líder do MDB discute lei do gás”* - Senador Eduardo Braga reuniu empresários do setor em videoconferência
*”Para Fux, país passa por ‘momento muito tormentoso’”*

*”China promete ser neutra em carbono até 2060”* - Presidente Xi Jinping surpreende com meta ousada de emissões. Nos últimos anos, país tem adicionado mais usinas térmicas a carvão, na contramão do compromisso anunciado

*”Trump e Xi trocam acusações em clima de confronto”* - Trump culpou a China pela pandemia e pelo aquecimento global. Xi Jinping focou o seu discurso na ameaça ao mundo do unilateralismo americano e nos riscos de uma nova Guerra Fria entre EUA e China

*”Uma Corte conservadora poderia alterar questões fundamentais nos EUA”* - A vaga aberta permite aos republicanos obter uma maioria de 6 a 3 na Suprema Corte dos EUA, o que possibilitaria uma guinada conservadora em várias áreas, como aborto, armas, controle de empresas e financiamento da política

*”Republicanos já têm os votos necessários para aprovar juiz”* - O apoio do senador republicano Mitt Romney, um crítico frequente do presidente, abriu caminho para um voto de confirmação do futuro indicado de Trump antes ou logo depois da eleição de 3 de novembro

*”Reino Unido recua na reabertura para conter a covid”* - O primeiro-ministro Boris Johnson alertou que, apesar de as medidas anunciadas para a Inglaterra não representarem um “lockdown” completo, o governo pode vir a adotar novo confinamento nacional

*”PIB argentino contrai 16,2% no 2º tri com a pandemia”* - Dentre os vizinhos latino-americanos, a contração da Argentina só não foi maior do que a do Peru e a do México

*”Privatização dos Correios é prioridade, diz secretário”* - Diogo Mac Cord teme empresa no Orçamento da União
*”Proibir Petrobras de criar subsidiárias para vender ativos pode matar empresa, diz Mac Cord”* - Para secretário, possível proibição de criação de subsidiárias pela estatal para fins de venda de ativos pode matar a empresa
*”Empresas estatais vão ganhar ‘xerife’ para apurar denúncias de corrupção”*

*”Indústria sobe preços de itens de consumo”* - Supermercados negociam novas tabelas e não conseguem receber 100% do volume encomendado
*”Material de construção fica mais caro”* - Fabricantes fazem ajustes de preços para repassar aumentos de custos

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