quarta-feira, 23 de setembro de 2020

Bolsonaro choca ao culpar índios por incêndios na Amazônia e no Pantanal

 

Brasil


Não foi nenhuma surpresa, mas Jair Bolsonaro voltou a chocar o mundo com seu discurso inaugural da 75ª Assembleia Geral das Nações Unidas, que neste ano, devido à pandemia, ocorreu de forma totalmente virtual. O presidente brasileiro acusou “índios e caboclos” de causarem as queimadas que assolam o Pantanal e a Amazônia e fez um discurso mais voltado à sua radicalizada base de apoio interna do que aos pares internacionais. O repórter Felipe Betim conta que o ultradireitista também defendeu seu Governo das críticas pela gestão da pandemia do coronavírus, que no Brasil já matou mais de 138.000 pessoas, acenou para sua base religiosa com um apelo para o combate à “cristofobia" e atacou à imprensa. Em sua análise, Sergio Leo afirma que o país nunca nunca esteve tão carente de um projeto nacional. "O presidente incluiu mentiras escancaradas ao reagir à condenação global contra a política (anti)ambiental do Governo. Apesar das informações da Polícia Federal sobre fazendeiros que teriam iniciado o fogo destruidor sobre o Pantanal, insistiu numa tese estapafúrdia."

Também nesta edição, uma entrevista com o antropólogo Lucas Bulgarelli fala sobre os efeitos das campanhas contra a “ideologia de gênero” que ganham corpo pelo país e agora têm como porta-voz a ministra Damares Alves. Em entrevista a Flávia Marreiro, o pesquisador explica como essa ferramenta vem sendo utilizada por Bolsonaro há mais de uma década, como instrumento aglutinador de uma moral conservadora compartilhada por várias camadas da população. Ao bloquear o debate sobre sexualidade nas escolas, acaba por dificultar a identificação de abusos sexuais contra menores. "Atribuir ao gênero e à sexualidade um caráter diabólico, perverso e degenerescente também significa se autoatribuir uma valoração moral de quem faz o bem e luta pelo bem”, afirma.

O médico e pesquisador Miguel Nicolelis é o mais novo colunista do EL PAÍS Brasil.  Em sua coluna de estreia, o cientista, que participa do comitê científico criado pelos governadores do Nordeste para estudar a pandemia, mostra a possível correlação entre os casos de dengue e a menor incidência da covid-19 e revela os bastidores de um estudo que pode ajudar a combater o novo coronavírus no país.

O EL PAÍS Brasil não é somente a edição em português do principal jornal do mundo em espanhol. O jornal, que depois de sete anos lança sua assinatura digital e fecha seu conteúdo a partir de outubro, é também um ponto de conexão entre o país e a América Latina. Javier Lafuente, chefe da redação do EL PAÍS México, escreve sobre as complexidades e as vantagens da integração da produção em português com a maior rede de correspondentes da região, que proporciona ao leitor grandes quantidades de informação contextualizadas.

 


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