O Pantanal arde. Perdeu ao menos 15% de sua área na maior devastação registrada em sua história e assiste à luta desesperada de cientistas e voluntários para salvar pessoas, animais e propriedades das chamas. A repórter Juliana Arini percorreu o território e descreve cenas dantescas: onças, antas e quatis com patas queimadas ou amputadas pelo fogo. Há poucos agentes em campo contra o problema e os poucos aviões que existem passam a maior parte do dia em terra impedidos de ajudar no combate ao fogo por causa da fumaça. Nem os animais aquáticos estão a salvo: “Pacus estão ligados aos frutos. Como esses peixes vão lidar com a escassez desses alimentos é algo que pode repercutir em toda bacia do rio Paraguai, indo além das fronteiras do Brasil”, diz a pesquisadora Cátia Nunes. Também nesta edição, uma reportagem exclusiva que analisa o dossiê da ditadura brasileira contra Caetano Veloso, tema do recente documentário Narciso em férias. O repórter Leonardo Lichote analisou as 330 páginas de documentos e relatórios contra o cantor e conversou com o historiador Lucas Pedretti, que achou os papéis no arquivo nacional. “É importante atentarmos para documentos como esse no Brasil de 2020, quando o Ministério da Justiça prepara dossiês sobre figuras como Luiz Eduardo Soares”, comenta. Para refletir sobre a polarização mundial e Donald Trump, uma entrevista do correspondente Pablo Guimón com Michael J. Sandel. Professor de Harvard, Sandel é um astro do pensamento e dirige seu novo livro A tirania do mérito, com lançamento previsto para este mês no Brasil, aos gurus progressistas. Acusa-os de abraçarem a meritocracia, que levou a um legítimo ressentimento das classes trabalhadoras. "Os partidos tradicionais, especialmente dos de centro-esquerda, foram surdos à insatisfação e ao crescente ressentimento dos trabalhadores", afirma ele. | |||||
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