terça-feira, 8 de setembro de 2020

Bolsonaro e Lula jogam para manter polarização para 2022


O presidente Jair Bolsonaro foi à TV, ontem, para aproveitar o 7 de Setembro na campanha de seu governo para oferecer uma visão de país. “Nos anos 60, quando a sombra do comunismo nos ameaçou, milhões de brasileiros, identificados com os anseios nacionais de preservação das instituições democráticas, foram às ruas contra um país tomado pela radicalização ideológica, greves, desordem social e corrupção generalizada”, afirmou, em defesa do golpe militar de 1964 que instaurou uma ditadura de duas décadas. “Somos uma Nação temente a Deus, que respeita a família e que ama a sua Pátria.” Assista ou leia. (Poder 360)

Durante o fim de semana, o secretário de Cultura Mario Frias já havia atacado a paródia que o humorista Marcelo Adnet fez a respeito do vídeo do governo sobre heróis nacionais. “Garoto frouxo e sem futuro”, afirmou no Instagram. “Um palhaço decadente que se vende por qualquer tostão. Onde eu cresci, ele não durava um minuto. Bobão.” Frias cresceu em Ipanema, no Rio. A Secretaria de Comunicação do governo também não gostou de perceber sua visão de país parodiada. “Acreditamos que seria possível unir todo o país em torno de bons valores e de bons exemplos. Afinal, ninguém é contra a bondade, o amor ao próximo, o sacrifício por inocentes, certo? Errado! Infelizmente, há quem prefira parodiar o bem e fazer pouco dos brasileiros.” Adnet respondeu do seu jeito. (Twitter)

Também o ex-presidente Lula achou espaço para dar sua visão de país. “O Brasil está vivendo um dos piores períodos de sua história. Com 130 mil mortos e quatro milhões de pessoas contaminadas, estamos despencando em uma crise sanitária, social, econômica e ambiental nunca vista.” Lula acusou o governo de submisso aos interesses dos Estados Unidos, citando privatizações e acordos militares. E, pela primeira vez, se apresentou claramente como candidato. “Nessa empreitada árdua, mas essencial, eu me coloco à disposição do povo brasileiro, especialmente dos trabalhadores e dos excluídos. Minhas amigas e meus amigos, queremos um Brasil em que haja trabalho para todos.” Assista ou leia. (Poder 360)

O cenário principal desta disputa, de acordo com pesquisas, será o Nordeste, onde o PT tem sua fonte mais sólida de eleitores. É também onde o presidente Jair Bolsonaro vêm crescendo mais, na trilha do auxílio emergencial. Na região, muitos candidatos a prefeituras vêm buscando se ligar à imagem do presidente. “Não sou militante de esquerda, mas reconheço o governo Lula como sendo bastante exitoso”, conta o prefeito de Petrolina, Miguel Coelho, filho do líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho. “Mas o presidente Bolsonaro vem trabalhando para poder também se inserir.” (Folha)

Merval Pereira: “A certeza de que será decretada pelo Supremo a parcialidade de Sérgio Moro como juiz nos processos que condenaram o ex-presidente Lula é tamanha que ele ontem se lançou candidato à presidência da República em 2022. Colocou-se ‘à disposição do povo’. Desmentindo, assim, que o PT pudesse ter outro candidato, como insinuou recentemente. O pronunciamento, e alguns movimentos anteriores, são sinais de que Lula tenta se reaproximar da esquerda, que já tem dois candidatos colocados, Ciro Gomes pelo PDT e Flavio Dino, do PCdoB. Há quem veja até possibilidade de Lula vir a repetir Cristina Kirchner, e apresentar-se como vice de uma chapa de esquerda. Difícil acreditar numa manobra dessas, pois tanto Ciro quanto Dino têm peso político próprio.” (Globo)

Meio em vídeo: Quem busca heróis, na história, não aprende história. Porque a lição da história é justamente essa: as pessoas são fruto de seus tempos, há movimentos que ocorrem que não são causados por uma pessoa ou por outra mas por mudanças mais profundas — econômicas, econômicas. Governo que impõe heróis é governo que quer doutrinar. E, para estes, humor é a melhor arma, diz o editor Pedro Doria. Assista.



O Conselho Nacional do Ministério Público deve julgar hoje o procurador Deltan Dallagnol. Ex-coordenador da força tarefa da Lava Jato em Curitiba, Deltan é acusado pelo senador Renan Calheiros de ter movido, no Twitter, uma campanha contra sua eleição para a presidência do Senado. O julgamento foi liberado, na semana passada, pelo ministro Gilmar Mendes. (Globo)

Então... Gilmar se encontrou há dez dias com o procurador-geral da República, Augusto Aras. Foi Aras quem o alertou que corria risco de prescrever o processo no CNMP, caso não fosse julgado logo, conta Bela Megale. (Globo)



O Congresso Nacional aprovou uma lei que pode anular dívidas tributárias de igrejas que, no acumulado, podem chegar a R$ 1 bilhão, de acordo com o que apurou a repórter Idiana Tomazelli. O ministério da Economia deve recomendar ao presidente Jair Bolsonaro que vete. A bancada evangélica é um dos principais pilares de sustentação do governo no Legislativo. O prazo é dia 11. Em abril, Bolsonaro havia dado ordens à equipe econômica que ‘resolvesse o assunto’. (Estadão)

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