quarta-feira, 2 de setembro de 2020

Análise de Mídia 02/09



CAPA – Manchete principal: *”Em retração inédita, PIB cai 9,7%, e ritmo de recuperação é incerto”*
EDITORIAL DA FOLHA - *”O pior passou”*: A inédita contração da economia brasileira no segundo trimestre, de 9,7% frente aos três meses anteriores (e de 11,4% na comparação com o mesmo período de 2019), marcou o momento de impacto mais agudo da pandemia do coronavírus, ocorrido em março e abril. É certo que o pior passou e a lenta volta da atividade sinaliza desempenho positivo na segunda metade do ano e em 2021, mas os riscos estruturais permanecem. O comportamento da economia brasileira não diferiu muito do observado na maioria dos países. A retração inicial foi generalizada. Pelo lado da produção, a queda abarcou indústria (-12,3%) e serviços (-9,7%), afetados pelo isolamento social. Do ponto de vista da demanda, igualmente, consumo (-12,5%) e investimentos (-15,4%) sofreram de forma muito intensa. A diferenciação se dá na retomada. Setores menos vulneráveis ao distanciamento social, como indústria e consumo de bens essenciais, se recuperam com mais rapidez. As vendas no varejo restrito (que excluem automóveis e construção) já superam o nível pré-crise. Já setores ligados a entretenimento e turismo ainda amargam forte recessão, não raro com contrações superiores a 50%. O problema é que são justamente algumas dessas áreas as que proporcionam muitos empregos, o que deve manter a desocupação elevada.
No agregado, a queda do PIB neste ano poderá ficar próxima a 5%, melhor que o estimado anteriomente. Mas o cenário para 2021 permanece preocupante. A necessidade de reduzir o déficit público implicará restrição orçamentária. A inevitável retirada de grande parte dos auxílios emergenciais, mesmo que venham a ser substituídos por outro programa, significará menos suporte. Por ora há ceticismo e poucos esperam que a economia cresça mais que 3,5% no ano que vem, ritmo que seria insuficiente para retomar o nível anterior à pandemia. O tema mais crítico diz respeito ao legado da crise no emprego e na renda, sobretudo nas camadas mais pobres. A pandemia esgarçou o tecido social, ampliou a distância entre grandes e pequenas empresas e trouxe ainda mais desigualdade nos rendimentos do trabalho, que poderá revelar-se duradoura e de difícil combate. Diferenças no acesso à educação e no emprego são exemplos dramáticos das disparidades. Segundo o IBGE, dos 8,4 milhões de pessoas em atividades remotas em julho, 73% concluíram o ensino superior. O desafio adiante será não apenas retomar a atividade, mas conceber políticas e promover reformas que acelerem a produtividade da economia, cuja quase estagnação há décadas está na raiz do medíocre crescimento brasileiro.
PAINEL - *”Foto com Bolsonaro e centrão marca fim de status de Guedes como superministro da Economia”*: A foto de Jair Bolsonaro, Paulo Guedes e parlamentares do centrão no Palácio da Alvorada nesta terça (1) marca o fim do status do superministro da Economia, cunhado antes da sua chegada ao poder. Guedes foi enquadrado pelos novos amigos do presidente, que venderam a Bolsonaro a ideia de que, para fazer andar a agenda do governo no Congresso, o ministro tem que entender que não manda em tudo e que a nova maneira de fazer política é primeiro combinar com os líderes e falar depois. A mensagem foi entregue pelo novo líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), que decretou que daqui para frente é assim e pronto. Outros parlamentares afirmam que ajudaram a apagar a crise do “sr. mercado”, referindo-se a Guedes. A combinação política não desagrada aos que estão ao lado de Paulo Guedes. A leitura na Economia é que o evento serviu para transmitir segurança e alívio. Mostrou que finalmente o governo tem articulação política, tirando o fardo da negociação com o Congresso das costas do ministro. O retorno da reforma administrativa teve a ajuda de um personagem fora da equipe econômica: o ministro Jorge Oliveira (Secretaria Geral). O Renda Brasil, cujo lançamento agora está sem data definida, deverá contar com uma nova forma de elaboração. Auxiliares de Guedes defendem que a viabilidade do projeto deve ser solucionada pelo Congresso. A Economia não colocou previsão para a despesa no Orçamento de 2021 e caberá aos parlamentares, durante a votação, buscar um espaço para isso.
PAINEL - *”Ação da PF no Amazonas gera crise interna, bate-boca e troca de acusações”*
PAINEL - *”Fiscais de renda não identificam fim de renúncias prometido por Doria em projeto de enxugamento estatal”*
PAINEL - *”Bolsonaristas não acertam candidatura única em SP e reavaliam organização para 2022”*
*”Sob pressão, Deltan Dallagnol deixará comando da força-tarefa da Lava Jato de Curitiba”* - O procurador Deltan Dallagnol anunciou nesta terça-feira (1º) sua saída da força-tarefa da Operação Lava Jato no Paraná. Ele continuará atuando no Ministério Público Federal, mas em outros casos. Em vídeo, o procurador afirmou que o desligamento se deve a um problema de saúde de sua filha de um ano. Deltan, no entanto, enfrentava um processo de desgaste no cargo e se tornou alvo de ações internas no órgão, além de estar envolvido em um embate com o procurador-geral da República, Augusto Aras. “Depois de anos de dedicação intensa à Lava Jato, eu acredito que agora é hora de me dedicar de modo especial à minha família [...]. Essa é uma decisão difícil, mas estou muito seguro de que é a decisão certa e a que eu quero tomar como pai”, declarou Deltan. Segundo o procurador, sua filha apresentou atrasos no desenvolvimento e, por recomendação médica, mesmo antes do diagnóstico final, deve iniciar um tratamento com terapias e medicamentos, o que exige acompanhamento dos pais. O procurador Alessandro José Fernandes de Oliveira vai assumir as funções de Deltan à frente da Lava Jato. Oliveira já atua na operação, no grupo mantido na PGR (Procuradoria-Geral da República) em Brasília. Deltan teve sua atuação na Lava Jato posta em xeque após a divulgação em 2019 de diálogos e documentos obtidos pelo The Intercept Brasil, alguns deles analisados em conjunto com a Folha. Além de ver contestada sua relação com o então juiz Sergio Moro, também enfrentou questionamentos devido ao plano de negócios de eventos e palestras que montou para lucrar com a fama e contatos obtidos durante as investigações da Lava Jato. Nos últimos meses, Deltan enfrentou o avanço de ações contra ele no Ministério Público e se envolveu em conflito com Aras sobre o sigilo dos dados sob investigação na força-tarefa em Curitiba. Ele aguardava processos que poderiam afastá-lo da Lava Jato.
Nesta terça, sem citar nomes, Deltan pediu em vídeo que a sociedade continue apoiando a Lava Jato diante da fase decisiva envolvendo os trabalhos do grupo. “A operação vai continuar fazendo seu trabalho, vai continuar firme, mas decisões que estão sendo tomadas e que serão tomadas em Brasília, afetarão os seus trabalhos”, disse. Criada em 2014, a força-tarefa da Lava Jato no Paraná já teve a estrutura prorrogada por sete vezes e aguarda nova autorização de Augusto Aras para manutenção dos trabalhos. O prazo de encerramento das atividades do grupo expira no próximo dia 10 de setembro. Nesta terça-feira, a subprocuradora-geral da República Maria Caetana Cintra Santos, integrante do CSMPF (Conselho Superior do Ministério Público Federal), decidiu liminarmente prorrogar a Lava Jato de Curitiba por mais um ano. Aras ainda não se pronunciou sobre a prorrogação. Desde a criação da força-tarefa, a indicação de nomes para atuar na investigação foi referendada pelo CSMPF, órgão administrativo máximo na estrutura da procuradoria. Caetana é relatora de um pedido de prorrogação no CSMPF e propôs o debate do assunto no encontro desta terça do colegiado. Não houve tempo, e por isso ela tomou a decisão. O assunto será discutido em reunião extraordinária a ser marcada. Ao final do vídeo, Deltan afirmou ainda que vai continuar lutando contra a corrupção “como procurador e cidadão”. “Não vou desistir, não vou deixar de sonhar com um país menos corrupto, com um país mais justo e melhor.”
Em nota, o MPF do Paraná elogiou o trabalho do procurador à frente da Lava Jato. “Por todo esse período, enquanto coordenador dos trabalhos, Deltan desempenhou com retidão, denodo, esmero e abnegação suas funções, reunindo raras qualidades técnicas e pessoais”, diz a nota do órgão. Pelo Twitter, o ex-juiz Sergio Moro parabenizou Deltan e disse esperar que o trabalho da força-tarefa possa prosseguir. "Parabenizo o Procurador Deltan Dallagnol pela dedicação à frente da Força Tarefa da Lava Jato em Curitiba, trabalho que alcançou resultados sem paralelo no combate à corrupção no País. Apesar de sua saída por motivos pessoais, espero que o trabalho da FT possa prosseguir", escreveu. O ex-procurador-geral Rodrigo Janot tratou a saída de Deltan como resultado de uma ação contra a Lava Jato. "Seguimos o caminho pouco virtuoso do crepúsculo da Operação Mãos Limpas! Lá, como aqui, o sistema contra-atacou! RESILIÊNCIA tem de ser a motivação ! Dias melhores virão das trevas! FIAT LUX!", afirmou, com menção à ação italiana frequentemente tida como inspiração da força-tarefa brasileira. Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, defendeu a decisão de Deltan e a alternância de poder no cargo. "Acho que alternância é boa. Se a decisão foi pessoal, é melhor para que não fique polêmica em relação à saída dele", disse. "Não é possível que, no meio de tantos procuradores, não tenham outros procuradores que têm a qualidade dele, que têm a dedicação que ele teve à frente de uma área que foi tão importante para o Brasil nos últimos anos."
No mês passado, o ministro Celso de Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal) suspendeu o julgamento de Deltan no CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público). Semanas depois, porém, a AGU (Advocacia Geral da União) entrou com recurso no STF (Supremo Tribunal Federal) para que a corte reveja a decisão. Celso de Mello havia concordado com a alegação do procurador de que seu direito de defesa foi cerceado, bem como seu direito à liberdade de expressão e crítica. Deltan afirmava que houve "diversos episódios de violação à ampla defesa" por parte do CNMP. O acórdão de instauração de procedimento administrativo contra ele teria sido publicado de forma incompleta, houve atropelo ao se marcar o julgamento antes de "finda a instrução, colhido o interrogatório e apresentadas as alegações finais", além de indeferidas providências por ele considerada críticas. Deltan seria julgado em processos movidos pelos senadores Renan Calheiros (PMDB-AL) e Katia Abreu, que o acusavam de parcialidade na condução da Operação Lava Jato, além de tentativas de interferência no processo político brasileiro. Outro processo no entanto, movido por Luiz Inácio Lula da Silva (PT), foi arquivado. O ex-presidente acusava Deltan e os procuradores Roberson Pozzobon e Júlio Noronha de abuso de poder e de expor o ex-presidente e a ex-primeira-dama Marisa Letícia a constrangimento público, no episódio do PowerPoint. Foi determinante na decisão do conselho o fato de que a pretensão punitiva para o caso, na avaliação dos conselheiros, se aproxima da prescrição, não cabendo, portanto, a abertura de um processo administrativo disciplinar contra os três integrantes da Lava Jato.
*”Após saída de Deltan, Aras articula encurtar duração da Lava Jato e reduzir procuradores”*
*”Substituto de Deltan no comando da Lava Jato em Curitiba é descrito como 'linha dura'”*
*”Deltan foi arquiteto do fenômeno de mídia e de condenações na Lava Jato”* - O procurador da República Deltan Dallagnol foi o arquiteto da bem sucedida estratégia de tornar a Operação Lava Jato um fenômeno de mídia, após montar uma força-tarefa de procuradores que conseguiu obter o maior conjunto de delações premiadas, provas de corrupção e condenações da história do país. Ele foi designado pelo Ministério Público Federal do Paraná em 2014 para ser o coordenador da Lava Jato e formou um time que reuniu a experiência de colegas que já tinham atuado em grandes casos de corrupção, como Carlos Fernando dos Santos Lima, Orlando Martello, Januário Paludo e Antonio Carlos Welter, e jovens com grande disposição para o trabalho e especialização técnica, como Roberson Pozzobon, Paulo Roberto Galvão, Diogo Castor, Júlio Noronha e Athayde Ribeiro. Desde o início da operação, Deltan aproveitou o fato de o então juiz responsável pelo caso, Sergio Moro, também ter a visão de que era preciso ter um trincheira na mídia para potencializar o combate à corrupção. Eles nunca esconderam esse entendimento e citavam a Operação Mãos Limpas, ocorrida na Itália, como um exemplo de como era fundamental obter o apoio da opinião pública por meio da imprensa.
Moro teve como regra na Lava Jato tornar públicas todas investigações e processos que não dependiam mais do fator surpresa para avançarem, e assim municiou a equipe de procuradores com farto material para entrevistas coletivas e divulgação dos passos das apurações. A mais célebre coletiva da Lava Jato foi protagonizada por Deltan em 14 de setembro de 2016, quando o Ministério Público convocou a imprensa para anunciar a apresentação de denúncia criminal contra o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva no caso de corrução na Petrobras. No esforço para explicar as acusações contra o líder petista, Deltan mostrou um gráfico em PowerPoint com 14 balões com situações que seriam indicativas da ligação de Lula com os crimes descritos na denúncia. A apresentação gráfica acabou virando meme nas redes sociais. O episódio também levou Lula a fazer uma denúncia ao CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público), mas ela foi arquivada pelo órgão no último dia 25. A decisão do órgão de controle da atividade externa dos procuradores e promotores foi influenciada pelo fato de o caso do PowerPoint estar muito próximo de ser atingido pela prescrição. A avaliação dos conselheiros foi a de que não haveria tempo hábil para abrir um processo administrativo disciplinar e julgar Deltan antes do prazo prescricional.
A popularidade de Deltan chegou até aos carnavais de Olinda, onde bonecos gigantes retratando o procurador foram vistos desfilando pelas ruas da cidade pernambucana nos últimos anos. Porém, no primeiro ano de vida da Lava Jato, a dedicação do procurador à comunicação da operação causou descontentamento entre integrantes da força-tarefa, que preferiam vê-lo atuando mais nos acordos de delação premiada e na parte técnica dos casos. Seu estilo conciliador ajudou a vencer as resistências e permitiu até que ele obtivesse apoio interno para ser um dos líderes de uma campanha pela aprovação de alterações legislativas na área criminal, que ficou conhecida como “10 medidas contra a corrupção”. Todavia, o grande empenho de Deltan e o apoio da opinião pública não foram suficientes para vencer a classe política e parte da comunidade jurídica, que via algumas das propostas como ofensivas a garantias constitucionais do direito de defesa. O projeto de lei resultante da campanha acabou sendo aprovado de forma desfigurada na Câmara dos Deputados no fim de 2016. Apesar da derrota no Congresso, o prestígio pessoal do procurador continuou em alta e a dedicação dele à atividade de realização de palestras remuneradas passou a chamar mais a atenção. Em meados de 2017, os deputados federais Paulo Pimenta (PT-RS) e Wadih Damous (PT-RJ) protocolaram na Corregedoria do CNMP (Conselho Nacional do Minisitério Público) um pedido de abertura de investigação sobre essa atividade Deltan, após a colunista da Folha Mônica Bergamo ter publicado a informação de que uma empresa especializada em palestras anunciava ter o procurador em seu elenco.
O órgão arquivou o procedimento, sob o entendimento de que o trabalho do procurador deveria ser enquadrado como atividade docente, o que é permitido pela lei, e parte da remuneração era destinada a entidades filantrópicas. Mesmo com a repercussão negativa desse assunto, Deltan nunca concordou em tornar pública a lista de empresas para as quais deu palestras e quanto recebeu por elas, sob a alegação de que este é um tema pessoal e ele presta tais informações à Receita e ao Ministério Público. O procurador e os colegas da Lava Jato não declararam apoio a candidatos ou se envolveram em atividades partidárias no decorrer da Lava Jato, nem mesmo no polarizado pleito presidencial de 2018. No início de 2019, Deltan e a força-tarefa enfrentaram desgaste após anunciarem a criação de uma fundação privada que seria gerida por procuradores e poderia administrar valores de até R$ 2,5 bilhões decorrente de acordo assinado com a Petrobras no âmbito da Lava Jato. A própria chefe do Ministério Público Federal à época, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal) que o acordo fosse anulado. Porém, os mais significativos questionamentos quanto à atuação de Deltan tiveram início em 9 de junho de 2019, quando o site The Intercept Brasil começou a publicar reportagens com base em mensagens de grupos de diálogo no aplicativo Telegram dos quais o procurador participou desde 2014. Nas semanas seguintes, o Intercept permitiu que a Folha e outros veículos de mídia tivessem acesso ao conjunto de conversas para a elaboração de reportagens em conjunto com a equipe do site.
As publicações mostraram a colaboração entre o procurador e o ex-juiz no decorrer da Lava Jato, e levantaram discussões sobre a imparcialidade de Moro na condução do caso. Uma das reportagens da Folha em conjunto com o Intercept revelou que Deltan estimulou procuradores em Brasília e Curitiba a investigar o ministro do STF Dias Toffoli sigilosamente em 2016, numa época em que o atual presidente da corte superior começava a ser visto pela Operação Lava Jato como um adversário disposto a barrar seu avanço. Outras publicações do jornal mostraram ainda que o procurador montou um plano de negócios de eventos e palestras para lucrar com a fama e contatos obtidos durante a Lava Jato, e chegou a ser contratado para um evento de uma empresa que havia sido citada em um acordo de delação premiada no caso de corrupção. Com a posse do atual procurador-geral da República, Augusto Aras, em setembro de 2019, mais um front de críticas contra a Lava Jato se abriu. Além de a PGR sob seu comando ter tentado copiar bancos de dados sigilosos da Lava Jato, Aras chegou a dizer em julho que a força-tarefa em Curitiba é uma "caixa de segredos". Deltan deixa agora o comando da Lava Jato em um momento de maior questionamento sobre as condutas da operação e no qual suas condenações e resultados estão sob risco de anulação nos órgãos superiores da Justiça, na esteira das sucessivas derrotas que ex-juiz da Lava Jato e ex-ministro da Justiça Moro vem sofrendo no STF.
+++ A reportagem traz uma das grandes marcas da Folha de S. Paulo, a falta de aprofundamento. O texto simplifica detalhes da história da Lava Jato que são bem complexos. Por exemplo, as “10 Medidas contra a corrupção” ou a forma como o power point que acusava Lula é narrado. Até mesmo o fator “acordos de delação premiada” mencionado como sendo o gerador de popularidade da Operação não é um fato.
ANÁLISE - *”Saída de Deltan Dallagnol marca fim da Lava Jato como era conhecida”*
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*”Tribunal arquiva ação penal contra Lula em Brasília”* - O Tribunal Regional Federal da Primeira Região (TRF-1), com sede em Brasília, decidiu nesta terça-feira (1º) trancar uma ação penal em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva era acusado de ter recebido propina, por meio de um suposto intermediário, para influenciar contratos firmados entre o BNDES e a construtora Odebrecht em Angola. Em 2016, o Ministério Público Federal acusou Lula de ter recebido vantagem indevida, por meio de um sobrinho de sua primeira mulher, Taiguara Rodrigues, em troca da influência em favor da empreiteira. Os juízes da Quarta Turma do TRF, contudo, entenderam que não havia elementos para o prosseguimento da ação penal. Em nota, a defesa de Lula elogiou a ordem do tribunal dizendo que é mais uma "justa e importante decisão". "Sempre que foi julgado por um órgão imparcial e independente —fora da Lava Jato de Curitiba— Lula foi absolvido ou a acusação foi sumariamente rejeitada, na linha da defesa que apresentamos em favor do ex- presidente", disse o advogado Cristiano Zanin Martins. A defesa de Lula disse que espera que o Supremo Tribunal Federal acolha os dois habeas corpus que tramitam perante a corte e que pedem a anulação de processos abertos contra Lula pela Lava Jato em Curitiba em virtude da suspeição do ex-juiz Sergio Moro. O ex-presidente já foi condenado duas vezes em ações da Lava Jato em Curitiba e aguarda em liberdade o esgotamento dos recursos nas instâncias superiores. Desde o ano passado, porém, Lula vem obtendo vitórias em seus processos na Justiça. Em dezembro, ele e a ex-presidente Dilma Rousseff foram absolvidos em ação penal sobre o chamado "quadrilhão do PT", também em tramitação no Distrito Federal. Em São Paulo, em setembro de 2019, a Justiça Federal rejeitou denúncia do Ministério Público que abordava pagamentos da Odebrecht para um irmão do ex-presidente.
+++ O texto ainda menciona outros casos em que Lula é acusado, mas não enumera as absolvições do ex-presidente.
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TODA MÍDIA - *”Greenwald vê Dallagnol 'desacreditado e em desgraça'”*: O jornalista e advogado americano Glenn Greenwald, fundador do site The Intercept, reagiu em mídia social, em inglês, à notícia da CNN Brasil, "Deltan Dallagnol deixa Lava Jato”. Linkou desde as primeiras reportagens da Vaza Jato, em junho de 2019 (acima, a mais recente, de março de 2020), e escreveu: “O chefe da força-tarefa brasileira que processou Lula e que, junto com o ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, foi o principal alvo de nossas revelações, está ‘renunciando’. Ele diz que é devido a uma questão familiar, mas vários processos disciplinares estão pendentes.” Na sequência, “Dito de outra forma: Lula está livre da prisão injusta, enquanto seu procurador-chefe corrupto, que o colocou atrás das grades, está fora do cargo, desacreditado e em desgraça. É por isso que os centros de poder odeiam a liberdade de imprensa”. E linkou artigo de Lula no Washington Post, em janeiro último, criticando a denúncia feita então pelo Ministério Público Federal contra o próprio jornalista, “Acusações contra Greenwald mostram apodrecimento da democracia no Brasil”.
*”Polícia mata ciclista negro em Los Angeles com ao menos 10 tiros pelas costas”* - Policiais em Los Angeles, na Califórnia, mataram um homem negro com pelo menos dez tiros pelas costas após uma abordagem motivada por uma infração de trânsito nesta segunda-feira (31) —em mais um caso que gerou protestos contra a violência policial nos EUA. De acordo com a versão dos policiais, o ciclista Dijon Kizzee, 29, foi abordado por uma infração de trânsito, tentou fugir e agrediu um policial, deixando cair uma arma de fogo que carregava escondida em uma trouxa de roupas. Ao enxergarem a arma no chão, os agentes atiraram. O advogado da família, Benjamin Crump, disse que Kizzee foi baleado mais de 20 vezes, o que a polícia nega. Um porta-voz da corporação não especificou quantos disparos foram efetuados, mas disse que foram menos de 20. Uma testemunha ouvida pelo jornal Los Angeles Times conta ter ouvido "de oito a dez tiros" e afirma que os policiais continuaram atirando mesmo com Kizzee já no chão.
De acordo com o New York Times, após os disparos, os policiais algemaram Kizzee, que morreu no local. Segundo testemunhas, autoridades demoraram horas para recolher o corpo. A morte de Kizzee deu início a novos protestos em Los Angeles contra a violência policial e o racismo. Cerca de 100 pessoas marcharam até uma delegacia, de acordo com o Los Angeles Times. A manifestação foi pacífica, mas uma pessoa foi presa por reunião ilegal, segundo a polícia. Manifestantes pediram que os nomes dos policiais envolvidos sejam divulgados e que uma investigação independente seja conduzida pela procuradoria-geral da Califórnia. Uma autópsia será conduzida ainda nesta terça. A tia de Kizzee, Fletcher Fair, disse em entrevista coletiva que estava "cansada" de ver violência policial contra negros nos EUA. "Estou triste e furiosa ao mesmo tempo. Por que nós?" O ativista Najee Ali, que falou junto de Fair, disse que os policiais "executaram um homem por andar de bicicleta". "Eles vão dizer que [Kizzee] tinha uma arma, mas não vão dizer que ele não estava armado. Não apontou a arma. Não havia razão para atirar em um homem fugindo." Ali disse que a família vai pedir uma autópsia independente. Benjamin Crump, que é um advogado conhecido por atuar em casos de direitos civis nos EUA, afirmou em publicação no Twitter que "policiais dizem que [Kizzee] correu, deixando cair roupas e um revólver. Ele não pegou de volta, mas os policiais atiraram nele mais de 20 vezes e o deixaram ali por horas".
A morte de Kizzee é o mais recente caso de uma pessoa negra morta ou ferida por policiais nos EUA. Na semana passada, Jacob Blake também foi baleado pelas costas por policiais e ficou paralisado da cintura para baixo em Kenosha, no Wisconsin. O caso deu novo fôlego a protestos antirracistas e contra a violência policial no país, que tiveram início com a morte de George Floyd, morto por um policial branco em maio em Minneapolis durante uma abordagem gravada em vídeo. O presidente Donald Trump visitou Kenosha nesta terça, mas não falou com familiares de Blake, dizendo que não concordava com a presença do advogado da família durante a conversa. O republicano se encontrou com policiais e comerciantes que tiveram danos durante os protestos e chamou os atos de "terrorismo doméstico". O presidente também atacou prefeitos democratas por não serem firmes contra o vandalismo e o crime e relacionou os protestos a grupos antifascistas, defendendo aumentar o uso da força contra eles. O candidato democrata à Presidência, Joe Biden, condenou Trump nesta segunda (31) por "incitar a violência" contra manifestantes. Trump sugeriu em entrevista coletiva na segunda que Kyle Rittenhouse, adolescente branco que matou dois manifestantes e feriu um terceiro em Kenosha, agiu em legítima defesa, dizendo que ele "provavelmente teria morrido" se não tivesse disparado. Imagens gravadas por testemunhas mostram o momento em que um grupo de manifestantes tenta desarmar Rittenhouse após ele ter atirado em um deles. O adolescente então faz disparos à queima-roupa contra seus perseguidores. Ele foi acusado de homicídio em primeiro grau, equivalente ao homicídio doloso no Brasil, quando há intenção de matar, e pode pegar prisão perpétua.
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*”PIB do Brasil cai 9,7% no 2º trimestre com efeitos econômicos da pandemia, segundo IBGE”* - (...)SETORES
O efeito sobre os setores foi desigual. Com o fechamento de lojas, shoppings, bares e restaurantes, o setor de serviços, responsável por quase 70% do valor agregado ao PIB brasileiro, recuou 9,7% no trimestre. Um dos segmentos contabilizados como serviços, o comércio varejista, ajudou a evitar um resultado pior. A indústria encolheu 12,3%, puxada pela queda na produção de produtos duráveis ou semiduráveis, como automóveis e vestuário. O setor de não-duráveis, como alimentos e itens de higiene, por outro lado, contribui para amenizar essa retração. A agropecuária registrou crescimento de 0,4%. Pelo lado da demanda, a economia também perdeu seu principal eixo de sustentação, o consumo das famílias (-12,5%), que teve sua queda amenizada pela concessão de benefícios do governo como o auxílio emergencial a trabalhadores informais. A redução desses pagamentos nos próximos meses é um dos fatores que deve afetar o ritmo de recuperação. O consumo do governo caiu 8,8%. O investimento também recuou (-15,4%), enquanto a demanda externa deu uma contribuição positiva, devido à queda nas importações de 13,2%. As vendas ao exterior cresceram 1,8%.
*”Desemprego limita recuperação e torna incerta a retomada da economia”* - Depois de dois trimestres seguidos de queda, a economia brasileira deve voltar a crescer no terceiro trimestre de 2020, mas o ritmo de recuperação é incerto, devido à questões como a evolução da pandemia, os limites de gastos do governo e um esperado aumento do desemprego nos próximos meses. O PIB (Produto Interno Bruto) caiu 2,5% no primeiro trimestre (dado revisado para pior) e inéditos 9,7% no segundo, de acordo com o IBGE, número acima das estimativas de mercado. Para alguns analistas, o resultado pior que o esperado neste começo de 2020 pode ser compensado por um desempenho melhor no segundo semestre. Solange Srour, economista-chefe da ARX Investimentos e colunista da Folha, afirma que o resultado do segundo trimestre decepcionou, mas que indicadores mais recentes de atividade mostram um ritmo de recuperação muito positivo. Como a revisão do primeiro trimestre foi no dado dessazonalizado e não no número original, ela afirma que isso não altera sua projeção para o ano, de queda de 5% para o PIB, com alta de 7,5% no terceiro e 1,5% no quarto trimestre, na comparação trimestral. “Houve uma decepção grande, muito concentrada em serviços e na agropecuária. Mas não muda muito a expectativa dos agentes de que o terceiro trimestre vai ser melhor, que a economia está retomando”, afirma Srour. Ela afirma que, se o Brasil mantiver o número de mortes estabilizado, mesmo que em um patamar alto e que demore a cair, será possível manter a reabertura das atividades. A recuperação da economia, no entanto, tende a ser lenta, já que a taxa de desemprego tende a aumentar no próximo trimestre e há dúvidas sobre a continuidade dos auxílios do governo. “O auxílio emergencial foi fundamental para a retomada que a gente está vendo no terceiro trimestre e vai ser fundamental até o final do ano. A grande incógnita é quanto vai ser o Renda Brasil para sustentar o crescimento do ano que vem e ao mesmo tempo não furar o teto e criar uma grave crise de desconfiança na economia”, diz Srour.
O economista do Itaú Unibanco Luka Barbosa afirma que também não alterou a projeção da instituição para o ano, uma queda de 4,5%, e que também espera crescimento superior a 7% neste trimestre. Para ele, no entanto, o auxílio emergencial é um fator menos relevante para a recuperação da economia. Segundo Barbosa, o principal fator da recuperação é o juro baixo, que tem permitido, por exemplo, o aumento das concessões de crédito imobiliário, para aquisição de veículos e outros bens. Outro ponto é a redução gradativa do isolamento social, que ajudará na recuperação dos serviços. O terceiro fator é a recuperação global que deve continuar ajudando a economia brasileira. “O quarto fator, e menos importante que esses três, é o auxílio emergencial. Se tirar o auxílio, e precisa tirar em algum momento, e os três outros fatores continuarem a ajudar, a economia vai continuar se expandindo. O risco é não tirar o auxílio emergencial e abandonar o teto de gastos, o que piora a situação fiscal do governo, a dinâmica da dívida sai de controle, as condições financeiras se deterioram, os juros sobem, e aí você mata o principal fator, que é o juro baixo”, afirma Barbosa.
O economista Vitor Vidal, da XP Investimentos, diz que as projeções para o PIB de queda de 4,8% neste ano e crescimento de 3% no próximo estão mantidas, pois o resultado abaixo do projetado no segundo trimestre se deveu, principalmente, a um desempenho pior que o esperado na administração pública. Ele projeta alta de 6,8% no terceiro trimestre. Para ele, o desempenho futuro da economia ainda está muito dependente da evolução da questão sanitária e também do mercado de trabalho, que deve demorar a se recuperar, como em outras crises. “Você ainda não está vendo todo mundo com confiança, indo para a rua, consumindo, planejando viagem. Acredito que a recuperação ao longo de 2020 vai ser gradual. Imaginar que vai ter um crescimento em 2021 muito forte ainda é difícil, muito por conta do mercado de trabalho. A gente só volta ao nível pré pandemia no segundo trimestre de 2022”, afirma Vidal. “A gente vai ver a taxa de desemprego explodir ainda. Ela não está tão elevada porque o número de pessoas procurando emprego está baixo. A partir do momento em que tiver uma retirada dos estímulos, vai começar a ter essa pressão por procura de emprego”, diz o economista da XP.
Thiago Moraes Moreira, economista e professor da pós-graduação do Ibmec RJ, afirma que um ajuste nas projeções de mercado da pesquisa Focus do Banco Central, considerando os dados divulgados do primeiro semestre, apontam para uma retração no ano mais próxima de 6%. Para se chegar a um número entre 4% e 5%, como projetam governo e vários analistas, seria necessário um desempenho médio de nesse mesmo nível até o final deste ano, mas ele avalia que o crescimento deverá ficar em, no máximo, 3% na média dos dois trimestres. Para ele, o futuro do auxílio emergencial, o comportamento do mercado de trabalho e as incertezas sobre a evolução da pandemia trazem dúvidas sobre a recuperação da economia. “A mediana das projeções do Focus só começaram a melhorar quando o mercado percebeu que o auxílio estava fazendo diferença. Alguns economistas avaliam que, pela taxa de juros estar na mínima agora, vai ter um boom do crédito. Eu discordo. Produtos mais associados a crédito são 15% do consumo total. O que sustenta o consumo é a renda”, afirma Moreira. “Quando se olha para a frente, o viés para as expectativas é negativo. O tombo do PIB foi maior que o esperado, a extensão do auxílio foi pela metade do valor e, no mercado de trabalho, a taxa de desemprego pode ir a 23% se todas as pessoas hoje desocupadas passarem a procurar emprego e não encontrarem.”
De acordo com Rafaela Vitória, economista-chefe do Banco Inter, a expectativa para o 3º trimestre é de uma recuperação próxima de 6%. “Apesar da forte queda média do PIB no trimestre, é importante destacar que o comportamento da atividade não foi constante ao longo dos três meses. O mês de abril teve retração mais significativa e, a partir de maio, já observamos melhora. Os indicadores prévios de julho e agosto apontam que a recuperação no 3º trimestre deve ficar entre 5% e 6%, liderada pela indústria, construção, e também uma retomada no varejo que se iniciou de maneira mais tímida a partir de junho, mas vem ganhando força com a reabertura da economia somada ao impulso positivo do auxílio emergencial”, afirma Vitória. “Os serviços às famílias devem continuar mais impactados pelas medidas de distanciamento social e com recuperação mais lenta”, diz a economista, que projeta queda acumulada próxima de 4,7% no ano de 2020 e crescimento de 3,9% em 2021, retornando ao patamar pré crise somente em 2022. Em relatório, o Bank of America afirma que a queda no segundo trimestre foi considerável, mas que os indicadores antecedentes mais recentes estão sinalizando uma recuperação contínua da economia. A instituição estima queda do PIB de 5,7% neste ano, com uma recuperação gradual limitada pelo mercado de trabalho.
Para José Ricardo Roriz Coelho, vice-presidente da Fiesp e presidente da Abiplast, a grande questão é o pós-pandemia. “Teremos um governo muito endividado, empresas com dívidas assumidas durante o período da pandemia, ou seja, com taxas de juros altas, famílias endividadas, porque o número de desempregados é muito grande, e, sobretudo, teremos cadeias produtivas desorganizadas, principalmente por aumento de preços de matérias-primas referenciadas em dólar.” "O resultado do PIB mostra a severidade da crise. Voltamos ao nível de 2009. Entre os setores de serviços que apresentaram queda, informação e comunicação foi o que apresentou a menor taxa, -3,2%. Ao fornecer a base de funcionamento da economia durante a pandemia, o setor de telecom permitiu que outros tivessem quedas menores se caso houvesse uma paralisação absoluta", disse o presidente-executivo do SindiTelebrasil (sindicato das empresas do setor), Marcos Ferrari.
ANÁLISE - *”Desastre do PIB mostra erros de Guedes”*
PAINEL S.A. – *”Empresários viram rombo no PIB sem surpresa, mas com preocupação no futuro”*: O rombo de 9,7% no PIB do segundo trimestre divulgado nesta terça (1º) foi recebido com resignação entre empresários, e a ressalva de que teria sido pior, não fosse o auxílio emergencial de R$ 600, mas com preocupação para o futuro. Era esperado, disse Rubens Ometto (Cosan), endossando a declaração do ministro Paulo Guedes de que o resultado é o barulho de um raio que caiu no passado. "A velocidade da luz é muito maior do que a velocidade do som", disse Ometto. ​
Para Horacio Lafer Piva (Klabin), não houve grande surpresa e poderia ser pior. "PIB é fluxo. Tivemos algum consumo pela quarentena mal respeitada, demanda chinesa, mas gradualismo da reabertura ainda sem impacto neste indicador. Indústria e serviços foram sofríveis", disse. A questão agora, segundo o empresário, é como manter a economia, mas também enfrentar o desequilíbrio fiscal, com reflexos sobre a percepção de riscos futuros e decisões de investimentos. "Volatilidade assim do PIB e 13 anos sucessivos de deficit fiscal são medidas inacreditáveis, coisa de exterminadores do futuro profissionais", afirma Lafer Piva.
Alexandre Ostrowiecki (Multilaser) diz que vê o cenário positivo, de modo geral, mas com alguns sérios pontos de preocupação. "Por um lado, o governo entrou acertadamente com o auxílio emergencial e as políticas de proteção ao emprego. Isso gerou um certo colchão de amortecimento para o impacto econômico, aliviou em parte o sofrimento dos mais vulneráveis e permitiu às engrenagens econômicas seguirem rodando. Foram medidas inéditas e louváveis. O resultado é que nosso PIB, ainda que em queda, deverá sofrer menos que os da América Latina, União Europeia e outros", afirma. Para ele, o Brasil conseguiu limitar o aumento do desemprego, mas o país tem uma "absoluta incapacidade" de cortar significativamente qualquer despesa, levando ao estouro das contas públicas. "Já sentimos a inflação rugindo à distância, o câmbio sofrendo e a percepção internacional sobre o Brasil se deteriorando. Precisamos de um esforço político, apoiado pela sociedade, para desmantelar a camisa de força do orçamento público, que já compromete mais de 93% da arrecadação com despesas obrigatórias. Esse esforço irá inevitavelmente mexer em queijos de grupinhos corporativistas, e só a união de forças amplas terá chance de mover nosso estado paquidérmico para alguns dos cortes vitais de que precisamos", afirma Ostrowiecki.
O investidor Lawrence Pih é mais pessimista. Ele concorda que a transferência de recursos amenizou o rombo, mas acredita que a recuperação vai ser muito lenta e projeta uma queda em torno de 5% do PIB de 2020. Pih, no entanto, considera que a restrição da atividade econômica foi muito menor do que seria aconselhável por epidemiologistas e virologistas.​ "O custo são quase 4 milhões de infectados, o que, certamente, tem uma subnotificação, e mais de 120 mil óbitos. Estes números irão continuar aumentando e isso poderá impactar o ritmo de abertura da economia", diz o investidor. ​
José Ricardo Roriz Coelho, presidente da Abiplast (associação da indústria do plástico), também avalia que o efeito do auxílio de R$ 600 atenuou o baque da pandemia, mas o pior está por vir. "Agora vem a parte mais importante porque o governo está muito endividado. A dívida no ano que vem vai chegar a quase 100% do PIB, as famílias também estão endividadas pelo grande número de desempregados", afirma. Passados os primeiros meses da pandemia, Roriz Coelho diz que as cadeias produtivas estão desorganizadas pela mudança no patamar do câmbio, outro sinal a ser acompanhado, segundo ele. "Hoje está faltando matérias primas e as empresas estão com dívidas que foram contraídas nesse período e a juros altos", diz.​
Laércio Cosentino, presidente do conselho da Totvs, diz que o PIB divulgado não capta o que acontece agora nem sinaliza a velocidade de retorno da economia. O empresário afirma que o país deverá ter uma retomada em ritmo razoável, impulsionada pela manutenção do auxílio emergencial. Por outro lado, Cosentino diz que há um descolamento entre varejo, já mais aquecido, e a indústria, com dificuldade de retomar patamares de antes da crise. "O varejo, quando a economia reage, tem estoque e entrega. A indústria precisa produzir. Isso requer reativar as fábricas e fazer novas encomendas de insumos". O desafio, diz o empresário, é projetar a demanda futura no meio da crise e obter matéria-prima em momento em que muitos produtos estão em falta no mercado externo.
Para Frank Geyer (Unipar), o país precisa agora destravar projetos como os do Marco do Saneamento e da Lei do Gás. "Isso é priorizar a competitividade, inclusive eticamente, gerando empregos e permitindo um consumo mais justo e saudável”, afirma.
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*”Em dia de recessão, Planalto tem forró, vídeo da campanha de 2018 e Bolsonaro emocionado”* - Na terça-feira (1º) em que a economia brasileira registrou retração inédita de 9,7% no segundo trimestre de 2020, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não comentou a queda histórica do PIB, e realizou uma cerimônia no Palácio do Planalto com forró, exibição de vídeo de sua campanha de 2018 e emoção. Durante cerca de uma hora, o presidente participou de uma agenda em homenagem ao músico paraibano Pinto do Acordeon, morto em julho. O artista compôs o jingle da campanha presidencial de Bolsonaro, em 2018. A cerimônia —que não pôde ser acompanhada pela imprensa, mas foi transmitida pela TV estatal— contou com a execução de músicas num acordeon, como o Hino Nacional e Asa Branca. O presidente da Embratur (Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo​), Gilson Machado, tocou o instrumento, assim como tem feito repetidas vezes nas lives semanais de Bolsonaro, o que lhe deu destaque. De máscara, a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, discursou abraçada à viúva do artista, Maria Madalena –que não usava o equipamento de proteção– e lembrou da execução do jingle. "O senhor Pinto marcou as nossas vidas com as suas canções e deixou sua marca na história da política brasileira e com seu jingle, que estará marcado em nossos corações eternamente", disse Michelle. "Como o presidente não vai falar, a gente vai ouvir agora o jingle: é de norte a sul, é de leste a oeste, e o Brasil todo votando 17. Na época era o 17, né, Cícero?", afirmou a primeira-dama, fazendo referência ao número do PSL, partido pelo qual Bolsonaro se elegeu.
Durante a exibição da peça eleitoral, Bolsonaro chorou e as imagens da propaganda eram intercaladas na transmissão da TV pública com closes do presidente emocionado. Ele, então, resolveu discursar. "Eu nunca sonhei com este momento", iniciou Bolsonaro. Em sua fala, ele não fez qualquer menção ao dado econômico divulgado horas antes, a retração inédita de 9,7% no segundo trimestre de 2020 na comparação com os três meses anteriores, segundo dados do IBGE.​ Esse foi o período mais intenso dos efeitos econômicos da pandemia do novo coronavírus, como mostraram também dados de outros países. A expectativa é que a economia tenha voltado a crescer no terceiro trimestre, mas há dúvidas sobre o ritmo de recuperação, principalmente por causa das sequelas no mercado de trabalho e da situação fiscal do país. Em relação ao mesmo período do ano passado, o PIB (Produto Interno Bruto) caiu 11,4%. Ambas as taxas foram as quedas mais intensas da série, iniciada em 1996, segundo o IBGE.​ Na divulgação dos dados do PIB de 2019 em março, Bolsonaro já havia ignorado os números do desempenho da economia brasileira. Ao ser questionado na entrada do Palácio da Alvorada sobre o crescimento econômico do primeiro ano de seu mandato, o presidente não quis comentar e pediu para que um humorista, que o acompanhava na porta da residência oficial, respondesse aos veículos de imprensa. "PIB? PIB? O que que é PIB? Pergunta o que que é PIB ", disse Bolsonaro ao comediante Márvio Lúcio dos Santos Lourenço, da TV Record, conhecido por interpretar o personagem Carioca. Os jornalistas presentes insistiram, mas o presidente se negou a responder e, minutos depois, deixou o local.
No discurso desta terça-feira, Bolsonaro disse que "oportunistas" se aproximaram dele durante a campanha e, ao falar da facada que levou em setembro de 2018, fez críticas ao ex-ministro da Justiça Sergio Moro, mas sem citá-lo nominalmente. "Aconteceu uma passagem esquisita e eu acho que esta investigação poderia ter chegado ao fim se tivesse escolhido melhor um ministro meu, que, lamentavelmente, não se comportou como toda a população sabia ou esperava dele se comportar", disse o presidente. Bolsonaro também afirmou que "só Deus sabe" o que ele passa como presidente da República e que muitas vezes sofre sozinho. "Não queiram a minha cadeira. Com todo respeito, não sou super-homem, mas não é para qualquer um. Tem que estar muito bem preparado psicologicamente, ter coro duro e ver como alguns zombam da nossa nação", afirmou. "Se tivesse uma filmadora ou um microfone ali dentro [no gabinete] daria várias horas de um capítulo que acho que mudaria o destino da nação. Mas a gente vai fazendo a nossa parte." Ele disse ainda que era o único candidato diferente há dois anos e que "parece e tenho o sentimento que estamos realmente fazendo a coisa certa". Ao fim do discurso, ele voltou a se emocionar. Assim que terminou de falar, Bolsonaro deixou o local, antes mesmo do fim da cerimônia.
*”Bancos divergem sobre previsões para o PIB do ano”*
*”Esse é o barulho do raio que caiu em abril, diz Guedes sobre queda do PIB”*
*”Guedes afirma que aumentar salário mínimo seria condenar pessoas ao desemprego”*
*”Consumo das famílias cai 12,5% no segundo trimestre, e investimento recua 15,4%”*
*”Indústria foi o setor mais afetado, com queda de 12,3%”*
ANÁLISE - *”Agropecuária cresce e impede queda maior do PIB”*
*”Investimento deve seguir em trajetória de recuperação frágil puxado pela construção”*
*”Importações despencam 25% em agosto”*
*”Setor de serviços recua 9,7% no segundo trimestre”*
*”Pandemia derruba PIB de ao menos 28 países no trimestre; China é exceção”*
VINICIUS TORRES FREIRE - *”Mesmo antes da praga do vírus, economia tinha um bode morto na sala”*: Em 2022, aliás ano do bicentenário da independência, o PIB per capita deve ser equivalente ao de meados de 2010, se tudo der certo. Em fins deste 2020, devemos ter a renda média de 2008. Uma dúzia de anos perdida. Para encerrar este ano com uma queda de “apenas” 5,4% do PIB, como prevê a média dos economistas, o país precisa crescer uns 6% neste terceiro trimestre e 4,5% no trimestre final do ano. São números fortes e, estranhamente, não lá muito compatíveis com as previsões para 2021. Mas passemos. Além dessas aritméticas, o que temos pela frente? Suponha-se, primeiro, que não ocorra aberração política maior, o que é uma premissa forte. Seria conveniente prestar atenção ao quê? A redução do auxílio emergencial de R$ 600 para R$ 300 mensais nos quatro meses finais do ano deve tirar uns R$ 85 bilhões da renda das pessoas (considerada a média da despesa do último bimestre e descontado o Bolsa Família), o equivalente a 1,2% do PIB. Pesado. Vai ter fome. É possível que um auxílio de R$ 600 por mês até o final do ano causasse ruídos no mundo financeiro, alta de juros, o que teria um efeito contraproducente, mas isso é especulativo. De qualquer modo, parte da perda de renda será atenuada por alguma despiora econômica. Parte pode ser compensada pelo aumento do consumo represado pela pandemia, pois a taxa de poupança teve um aumento relevante. De resto, o setor externo (exportações menos importações de bens e serviços) está dando uma forcinha. Mas o talho do gasto público, em grande parte inevitável, irá muito além do corte nos auxílios. Vai chegar a quase meio trilhão de reais.
Muito do futuro imediato da economia depende também de: 1) recuperação do setor de serviços, em particular de certos comércios e de serviços pessoais e às famílias (comer fora, hotéis, salão de beleza, saúde e educação privadas, profissionais liberais etc.); 2) coragem de gastar em bens caros (como carros); 3) expectativas e possibilidades de investimento (em instalações produtivas, casas, infraestrutura, máquinas, equipamentos etc.). Os dois primeiros itens dependem do tamanho e da duração da epidemia. O terceiro está prejudicado pela enorme capacidade ociosa da economia e depende da expectativa de que o país possa voltar a crescer, uma quimera desde 2015. Além de divulgar o PIB do segundo trimestre, o IBGE revisou também para baixo o resultado do primeiro, que foi um desastre, dado que a devastação do vírus apenas começava. Mesmo sem a praga, a economia crescia muito pouco. A ideia de que estava decolando era desvario. Em tempos de tamanha capacidade ociosa e com o PIB catatônico mesmo com o remédio dos juros perto de zero, é preciso que a economia pegue no tranco, ao menos para recuperar perdas de curto prazo. É necessário investimento em coisas como infraestrutura, que venha de desembolso público ou privado. Não há nem um nem outro. Por ora, não há perspectiva de que esse governo vá conceder obras bastantes, menos ainda antes de 2022. Dado o teto, não haverá dinheiro para investimento público nem com talhos politicamente muito difíceis em outros gastos do governo. Acabar com o teto de despesas, sem mais nem menos, também vai dar besteira. O problema da retomada econômica ainda é em tese o mesmo de 2020 (pré-vírus), 2019, 2018 e 2017, mesmo que se fizessem “reformas”. A diferença é que estamos mais arrebentados, na alma, no corpo e no bolso, e com a política em ruínas. Faz pelo menos quatro anos, a gente finge que não vê esse bode morto na sala.​
*”Governo anuncia que auxílio emergencial passará a ser de R$ 300 até dezembro”*
*”Com restrições às compras, taxa de poupança atinge maior nível em cinco anos”*
ENTREVISTA - *”Reforma administrativa deve alcançar todos os Poderes, diz presidente de frente no Congresso”*
*”Bolsa dispara quase 3% com retomada da reforma administrativa; dólar cai para R$ 5,39”*
*”Bolsonaro diz que enviará reforma administrativa na quinta-feira ao Congresso”* - O presidente Jair Bolsonaro anunciou nesta terça-feira (1) que enviará na quinta-feira (3) ao Poder Legislativo uma proposta de reforma administrativa. Em entrevista à imprensa, no Palácio da Alvorada, o presidente não disse, contudo, se a iniciativa que será encaminhada sofreu alterações em relação à proposta fechada pela equipe econômica no ano passado. "A primeira [decisão] é encaminhar na quinta-feira a reforma administrativa. Que fique bem claro: não atingirá nenhum dos atuais servidores. Ela se aplicará apenas aos futuros servidores concursados", afirmou. O presidente fez o anúncio ao confirmar que assinará medida provisória que prorroga o pagamento do auxilio emergencial até o final do ano em parcelas de R$ 300. O lançamento das duas medidas foi feito simultaneamente à divulgação da retração inédita de 9,7% no PIB (Produto Interno Bruto) do segundo trimestre. Na entrevista, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que a reforma administrativa é uma sinalização para o futuro que redefine a trajetória do serviço público. "Como o presidente deixou claro desde o início, não atinge os direitos dos servidores públicos atuais, mas redefine toda a trajetória do serviço público para o futuro. É um serviço público de qualidade, com meritocracia, concursos exigentes e promoção por mérito", disse. À tarde, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que, assim que a reforma administrativa chegar, a ideia é que tramite com celeridade. Na avaliação dele, é possível votar o texto ainda neste ano. “Sou otimista.” Maia defendeu que o projeto ajudará a dar “melhor condições para que os programas que o governo quer implementar possam ter um espaço maior no teto de gastos para os próximos dois três anos.” O presidente tem segurado a reforma administrativa desde o ano passado por receio de protestos populares e por uma reação negativa de deputados e senadores. Em janeiro, Bolsonaro disse que enviaria a proposta naquele mês.
A pressão do núcleo político do Palácio do Planalto, no entanto, travou a medida, que modifica as regras de contratação e remuneração de servidores públicos de todo o país. ​ A iniciativa é considerada sensível porque atinge uma categoria de trabalhadores que tem forte poder de lobby sobre os políticos. A frente parlamentar do serviço público do Congresso, por exemplo, tem 255 deputados. Isso corresponde a quase metade dos 513. Outro ponto levado em consideração é o fato de as mudanças de regras atingirem não apenas os servidores do Executivo mas também os do Judiciário, grupo bem organizado, e do Legislativo, que atuam diretamente em contato com os congressistas. A reestruturação das regras do serviço público é elaborada desde o governo Michel Temer (MDB). A equipe econômica tenta apresentar a proposta desde o fim do ano passado, mas, por decisão política, o texto ficou engavetado. A pressa do time de Guedes é porque o grupo quer aproveitar o que chama de janela de oportunidade — quase a metade dos 603 mil servidores públicos vai se aposentar nos próximos dez anos. Até 2021, serão 21%. Este percentual chega a 42% em 2030 e a 61% em 2039. A reforma administrativa significa que, além de vagas para funções que se tornaram obsoletas poderem ser extintas, as novas contratações poderão ser feitas pelas regras a serem aprovadas.
*”Câmara aprova marco do gás que pode gerar investimentos de R$ 60 bilhões”*
*”Impasse em negociações de acordo coletivo leva funcionários do BNDES ao TST”*
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HELIO BELTRÃO - *”A rave do Fed”*
*”Bolsonaro resolve impasse para instalação de antenas e dá largada para leilão do 5G”* - Com planos de realizar o leilão do 5G no próximo ano, maior certame da história, o presidente Jair Bolsonaro editou um decreto nesta terça-feira (1), que reduz poderes das prefeituras que hoje dificultam a instalação de antenas de celular no país. Para as teles, este é um dos maiores entraves para o avanço da cobertura de telefonia no país e uma das principais barreiras para a chegada da telefonia de quinta geração. "Ano que vem teremos o leilão de 5G e, se não fosse o decreto das antenas, isso não seria possível", disse o ministro das Comunicações, Fabio Faria (PSD-RN) durante cerimônia ocorrida no Palácio do Planalto que contou com a presença dos presidentes dos três Poderes. De acordo com as novas regras, a partir de agora, as operadoras só precisarão informar à Anatel onde pretendem instalar sua infraestrutura (cabos, centrais e antenas), entrar com pedido nas prefeituras, que não poderão mais cobrar pelo cabeamento em postes ou instalação de fibras sob vias públicas. O licenciamento ambiental, que antes fazia o processo levar mais de dois anos, também sofreu mudanças. O decreto estabelece que, vencido o prazo de dois meses pela secretaria municipal, a licença de instalação estará automaticamente aprovada, o que no jargão jurídico se conhece como “silêncio positivo”.
Em contrapartida, essa infraestrutura instalada já sob os efeitos das novas regras terá, obrigatoriamente, de ser compartilhada entre as teles mediante remuneração para quem for o detentor da rede. O compartilhamento, no entanto, só valerá para serviços públicos. Ou seja: para a prestação da telefonia fixa, que está em desuso. Para os demais serviços, como internet e telefonia celular, o compartilhamento segue a diretriz atual da Anatel, que permite cobrança pelo acesso às redes em locais onde uma concorrente precisa prestar o serviço mas não quer investir na construção de sua própria rede. Essa medida resolve um dos imbróglios para a chegada do 5G. A nova tecnologia permite velocidades de navegação até cem vezes maior que a do 4G. Para isso, no entanto, as empresas precisarão instalar dez vezes mais antenas do que têm hoje em serviço. Sem o decreto, havia dúvidas no setor se seria viável implantar a nova tecnologia, que permitirá aplicações como cirurgias à distância, carros autônomos, máquinas autossuficientes. O 5G abre a perspectiva do que o governo chama de “indústria 4.0”, que prevê, por exemplo a automação completa das linhas produtivas.
Apesar da pressa devido ao leilão do 5G, as empresas de telefonia aguardam esse decreto desde 2015, quando o Congresso aprovou a Lei Geral das Antenas (LGT). A LGT estabelece normas gerais para implantação e compartilhamento da infraestrutura de telecomunicações --algo previsto para servir de base à prestação de serviços públicos. Isso ocorrerá sempre que uma prestadora, sem rede instalada em determinada localidade, quiser alugar parte das estruturas físicas de sua concorrente naquele local, como postes, torres e dutos. Segundo a Secretaria da Presidência da República, neste caso, o decreto buscou "regulamentar a implantação conjunta de redes de telecomunicações em obras de infraestrutura de interesse público e ordenar o relacionamento entre as prestadoras de serviços de telecomunicações e as gestoras das obras”. Os detalhes dessa rede precisarão ser informadas à Anatel, que ficará incumbida de organizar o compartilhamento das redes. O presidente do Sintelebrasil, associação que representa as operadoras de telefonia, Marcos Ferrari, disse que a dispensa de licenciamento para antenas de pequeno porte, como as mini-ERBs de 4G e 5G, o reforço da gratuidade do direito de passagem de infraestrutura de telecomunicações em bens de uso comum do povo, e o silêncio positivo foram um avanço para o setor. "Caso nossas expectativas se confirmem, será um grande passo para se promover a conectividade, tão essencial para a população brasileira", disse Ferrari.
*”BuzzFeed encerra operação de notícias no Brasil”*
*”Facebook ameaça bloquear notícias na Austrália, que vê 'coerção'”*
*”Entidades criticam determinação de Justiça de retirada do ar de matérias sobre BTG de blog”* - Associações de jornalismo e usuários de redes sociais saíram em defesa do portal GGN, blog do jornalista Luís Nassif, após determinação da Justiça para que o site retire do ar notícias envolvendo o BTG Pactual. As reportagens publicadas no portal apontam supostas irregularidades em negócios do banco. As mais recentes tratam da compra de uma carteira de crédito do Banco do Brasil estimada em R$ 2,9 bilhões por R$ 371 milhões pela Enforce, empresa controlada pelo BTG. Apesar da repercussão gerada, as reportagens sobre essa transação não estão entre as que a Justiça determinou a retirada do ar. Em decisão na sexta-feira (28), o juiz Leonardo Grandmasson Ferreira Chaves, da 32ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, determinou que o GGN retirasse do ar as reportagens por entender que são “levianas e destituídas de base concreta de provas” e parecem “uma campanha orquestrada para difamar” o banco, autor da ação. Caso o portal desrespeite a decisão, a multa é de R$ 10 mil por dia. Desde a divulgação da sentença, usuários nas redes sociais e associações de imprensa questionam a determinação do juiz, vista como censura. “Banco do Brasil” e “BTG Pactual” estiveram entre os assuntos mais comentados no Twitter nesta segunda (31).
Procurado, o BTG respondeu por meio de nota que acionou a Justiça "para evitar a perpetuação do comportamento criminoso do Jornal GGN" que, na visão do banco, estava publicando notícias mentirosas e difamatórias. "A decisão da Justiça do Rio de Janeiro foi acertada ao deixar claro que determinados conteúdos transbordam os limites da liberdade de expressão quando são usados única e exclusivamente com intuito de causar danos à honra de terceiros, como é o caso do Jornal GGN em relação ao Banco", diz a instituição. A Associação Nacional de Jornais (ANJ) classificou o caso como censura. "A decisão do juiz Leonardo Grandmasson Ferreira Chaves é mais um lamentável exemplo da censura judicial que tantas vezes ocorre no país, apesar da Constituição ser absolutamente clara ao vedar qualquer proibição à liberdade de informação e de opinião", afirmou a entidade em nota. “Questionar a venda de créditos avaliados em 3 bilhões por 371 milhões é absolutamente legítimo, para não dizer obrigatório. Os brasileiros têm direito a uma explicação e os jornalistas que suscitaram a questão, Luís Nassif e Patricia Faermann, merecem apoio, jamais censura”, publicou o presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Felipe Santa Cruz, em sua conta no Twitter. A Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) divulgou nota lamentando a decisão. “Buscar reparação judicial é direito de empresas e cidadãos, mas censurar conteúdo jornalístico fere a liberdade de expressão assegurada pelo artigo 5º da Constituição”, afirmou a entidade. Segundo o Banco do Brasil, a transação ocorreu após processo de concorrência do qual participaram quatro empresas: a Ativos S/A (pertencente ao BB), a Canvas Capital, a Enforce e a Jive Asset Management. O BB não revela os valores apresentados pelas empresas, mas diz que a Enforce venceu por ter apresentado a melhor proposta. Segundo o banco, a operação foi acompanhada por consultoria externa realizada pela PwC. Os créditos na carteira vendida estavam inadimplentes em média havia mais de seis anos e 98% já foram lançados como prejuízo, afirma o banco. A venda de carteiras de crédito é usual na prática do banco, diz Carlos Renato Bonetti, vice-presidente de controles internos e gestão de riscos do BB. A diferença dessa transação em relação a operações semelhantes anteriores é o valor dos créditos, que começam em R$ 500 mil. “São créditos bem maiores, isso é algo que a gente nunca tinha feito”, diz.
Bonetti defende que o negócio foi vantajoso para o BB porque só o valor pago pelo BTG —R$ 371 milhões— já é maior do que o histórico de recuperação desse tipo de carteira pelo banco. “É uma carteira antiga, de mais de 6 anos, e que eu levaria mais 12 anos para recuperar, em média. Então eu recebi mais à vista do que eu receberia nesse período de 12 anos”, diz. Ele ressalta que no acordo também foi decidido que, a depender da taxa de sucesso obtida pela Enforce na recuperação desses créditos, um percentual das receitas vai para o BB. Bonetti no entanto diz que não pode divulgar os números negociados. A transação também é objeto de representação protocolada pelos deputados Enio Verri (PT-PR), Zé Carlos (PT-MA), Erika Kokay (PT-DF) e João Daniel (PT-SE) junto ao Ministério Público Federal do Distrito Federal. Os deputados questionam a disparidade entre o valor estimado da carteira e seu valor de venda e o porquê de ela não ter sido repassada à Ativos S/A, empresa do BB que atua na recuperação desse tipo de crédito. O texto afirma também que o atual ministro da Economia, Paulo Guedes, foi um dos fundadores do BTG e pede a apuração de eventuais “interesses escusos”. Guedes foi um dos fundadores do Banco Pactual e atuou na instituição entre 1983 e 1998. Ele atualmente não possui vínculos com o BTG. Por meio de sua assessoria, o MPF informa que foi enviado um ofício ao BB no início de agosto pedindo esclarecimentos sobre a operação, ainda não respondido. Após apurar os fatos relatados pelos deputados, cabe ao MPF decidir se propõe uma ação ou não.
*”Ninguém pode obrigar ninguém a tomar vacina, diz Bolsonaro”* - No momento em que diversos países tentam encontrar uma forma de imunizar a população contra o novo coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o governo brasileiro passaram a defender que ninguém poderá ser obrigado a tomar vacina. Na noite de segunda-feira (31), Bolsonaro foi abordado por uma apoiadora no Palácio da Alvorada. "Ô, Bolsonaro, não deixa fazer esse negócio de vacina, não, viu? Isso é perigoso", disse ela. "Ninguém pode obrigar ninguém a tomar vacina", respondeu o presidente, como mostra vídeo compartilhado por apoiadores. Nesta terça-feira (1º), a Secretaria de Comunicação do governo federal institucionalizou a declaração com uma publicação no Twitter. Em uma imagem com Bolsonaro acenando para apoiadores do alto da rampa do Palácio do Planalto, a declaração do presidente é reproduzida e há ainda a mensagem "o governo do Brasil preza pelas liberdades dos brasileiros". "O governo do Brasil investiu bilhões de reais para salvar vidas e preservar empregos. Estabeleceu parceria e investirá na produção de vacina. Recursos para estados e municípios, saúde, economia, TUDO será feito, mas impor obrigações definitivamente não está nos planos", diz o tuíte. O parágrafo primeiro do artigo 14 do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), no entanto, diz que "é obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias". Além disso, o artigo 3º da Lei 13.979, assinada pelo próprio presidente Bolsonaro em fevereiro, diz que "para enfrentamento da emergência de saúde pública (...), as autoridades poderão adotar, no âmbito de suas competências, a determinação de realização compulsória de vacinação ou outras medidas profiláticas". Nos últimos anos, a vacinação ajudou a reduzir a incidência de doenças e chegou a tornar o país livre do sarampo, por exemplo --a doença, no entanto, voltou a circular no país em 2018, diante da queda nos índices de imunização. A declaração do presidente ocorre em um momento em que cresce o alerta sobre movimentos antivacina em alguns países. No Brasil, especialistas dizem que esse movimento é incipiente, mas apontam necessidade de controle e estratégias para enfrentar outros fatores que levam a queda nos índices de vacinação.
Para Juarez Cunha, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, a declaração de Bolsonaro preocupa. "O valor da vacinação é inquestionável. A partir do momento em que temos uma situação de risco pelas baixas coberturas vacinais no nosso país, o que piorou na pandemia, esse tipo de declaração pode atrapalhar ainda mais a necessidade que temos de proteger a nossa população". ​A declaração coincide com o momento em que o Ministério da Saúde investe em um acordo com a Fiocruz em busca de uma vacina contra a Covid-19 e discute estratégias e eventuais públicos prioritários para uma possível futura oferta. Sem um tratamento específico, e com baixa adesão ao distanciamento social, a imunização tem sido considerada uma das principais apostas para controle da doença. Dados de pesquisa Datafolha mostram que, em meio a testes e a uma corrida para a produção de vacinas contra o novo coronavírus, 9 em 10 brasileiros dizem que pretendem ser imunizados assim que o produto estiver disponível. Segundo a pesquisa, realizada nos dias 11 e 12 de agosto, 9% dos entrevistados afirmaram que não tomariam uma vacina fabricada para deter a doença, enquanto 89% disseram que tomariam e 3% não souberam opinar. A margem de erro é de dois pontos percentuais. A pesquisa foi realizada em todas as regiões do país e ouviu 2.065 brasileiros adultos por meio de entrevistas por telefone (feitas dessa forma para evitar contato pessoal entre pesquisadores e entrevistados). O Brasil já autorizou o teste de três vacinas contra a Covid-19: uma produzida pela AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford, uma da chinesa Sinovac e outra desenvolvida pela Pfizer e pela BioNTech. O estado do Paraná deve encaminhar em breve solicitação para testar também uma vacina produzida pela Rússia.
ANÁLISE - *”Declaração de Bolsonaro sobre vacina contra Covid-19 preocupa pelo potencial antivacinação”*
*”Vacina contra Covid-19 precisará ter eficiência de 50%, diz OMS”*
ANÁLISE - *”Presidente usa liberdade individual para legitimar discurso anticientífico”*
*”Primeiro escalão da Prefeitura do Rio administra grupo que controlaria 'plantões' em hospitais”* - Secretários municipais, colaboradores diretos do prefeito Marcello Crivella e até o procurador-geral do município do Rio participam de grupo que, segundo a TV Globo, controla “plantão” de funcionários públicos na frente de hospitais da cidade para impedir divulgação de denúncias. O chefe da Casa Civil, Ailton Cardoso da Silva, é um dos administradores do grupo Guardiões do Crivella, que inclui também Marcelo da Silva Moreira Marques, procurador-geral do município, e a secretária de Saúde, Bia Busch. O secretário de Cultura, Adolfo Konder; o fotógrafo pessoal do prefeito, José Edivaldo; a assessora da primeira-dama, Rosângela Gomes; o presidente do Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos, o coronel reformado da PM Paulo Amendola; e a consultora de Comunicação da Prefeitura Valéria Blanc integram a lista. Segundo reportagem do RJTV, da TV Globo, funcionários públicos da cidade do Rio de Janeiro fazem "plantão" na frente de unidades de saúde municipais para impedir que jornalistas e cidadãos denunciem problemas nos hospitais ou na gestão da saúde municipal. Em duplas ou sozinhos, os funcionários batem o ponto na frente de hospitais municipais mandando fotos para comprovar a presença em um grupo no WhatsApp nomeado "Guardiões do Crivella", criado em março de 2018, numa alusão ao prefeito Marcelo Crivella (Republicanos). A função desses servidores seria dificultar o trabalho de jornalistas ao contradizer e constranger cidadãos para que desistam de conceder entrevista aos repórteres. Os funcionários são organizados e recebem as escalas por meio de três grupos no WhatsApp: "Guardiões do Crivella", "Plantão" e "Assessoria Especial GBP" [Gabinete do Prefeito]. O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro instaurou, nesta terça-feira, procedimento preparatório criminal para investigar a possível prática de crimes por Crivella “pela montagem e manutenção de um serviço ilegal na porta dos hospitais municipais”, diz a nota do órgão.
Além do crime de associação criminosa, previsto no artigo 288 do Código Penal, e de acordo com o Ministério Público, será avaliada a prática da conduta criminosa do artigo 1º, inciso II do decreto lei 201/67, que dispõe sobre a responsabilidade de prefeitos. Em nota, a Prefeitura do Rio lamentou o interesse da TV Globo em fazer manipulação da notícia na porta dos hospitais. "A Globo dizia, de maneira irresponsável e criminosa, no fim de 2019, que o Hospital Albert Schweitzer estava fechado, quando, na verdade, continuava aberto e funcionando plenamente. Por isso, funcionários da Prefeitura ficaram nas portas dos hospitais para esclarecer a população e rebater mentiras que são repetidas no noticiário da emissora", afirmou. "Essas mentiras colocaram a saúde das pessoas em risco, porque muitas poderiam deixar de procurar a unidade por acreditar nas notícias falsas divulgadas pela emissora." A prefeitura acusou ainda a TV Globo de fazer chantagem em troca de dinheiro de publicacidade. "Nenhuma pressão a fará destinar dinheiro de publicidade à TV Globo e reafirma seu propósito de continuar trabalhando em benefício da população."
*”Servidores públicos 'guardiões' de Crivella são alvo de operação policial no Rio”*
*”Governo federal é pior que 20 estados e DF em transparência durante a Covid”*
*”Anvisa deixa de exigir retenção de receita para venda de ivermectina e nitazoxanida em farmácias”* - A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) decidiu nesta terça-feira (1) suspender a necessidade de retenção de receita médica para venda de ivermectina e nitazoxanida em farmácias. Com isso, a venda passa a ocorrer só com apresentação de receita simples. Segundo a agência, a decisão ocorre após constatação de que não há mais risco de desabastecimento desses medicamentos no mercado. Nos últimos meses, esses remédios têm sido alvo de procura nas farmácias em meio a epidemia da Covid-19. Não há, porém, comprovação de eficácia contra a doença. A medida ocorre cerca de três semanas após o presidente Jair Bolsonaro afirmar que farmácias não exigiriam mais apresentação de receita em duas vias, com retenção de uma, para hidroxicloroquina e ivermectina —a exigência, no entanto, ainda vale para hidroxicloroquina e cloroquina. "Chegou na minha tela aqui, o presidente da Anvisa, o almirante Barra [Antonio Barra Torres], acabou de confirmar a informação sobre a hidroxicloroquina e a ivermectina, você já pode comprar com uma receita simples, caso seu médico recomenda, obviamente ", disse durante transmissão nas redes sociais no dia 13 de agosto. Questionada após a fala do presidente, a Anvisa evitou desmentir o presidente, mas enviou informações que apontavam a exigência de receita em duas vias.
Parte da medida foi revista nesta terça, após a proposta ser apresentada em reunião entre diretores da agência. Em seu parecer, o diretor Marcus Miranda, também relator da proposta, apresentou dados do setor para argumentar que os estoques atuais garantem o abastecimento de ivermectina e nitazoxanida. Disse ainda os dois medicamentos são consumidos há décadas contra parasitoses e verminoses e que a medida anteriormente adotada poderia dificultar o acesso no cenário atual a quem precisa. Em reunião, o diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, disse que a possibilidade de revisão já era esperada. Ele reclamou de críticas de que a agência estaria criando dificuldades no acesso ao remédio, afirmando que já havia previsão de cobrança de receita médica. "Bastava consultar uma caixa da medicação para ver que já estava escrito lá: venda sob prescrição médica", disse. "O que fizemos foi tão somente coibir o reuso de uma mesma receita para fazer estoques particulares." Segundo Miranda, a suspensão da exigência deve ser condicionada a monitoramento bimestral dos estoques. Não houve comentários na reunião sobre a cloroquina, cuja exigência de receita em duas vias, com retenção de uma, está mantida, de acordo com a agência.
JAIRO MARQUES - *”O casamento entre a retomada das ruas e a independência do Brasil”*
*”Prefeitos do litoral pedem reforço policial a Doria contra caos nas praias no feriadão”*
*”Escolas estaduais terão merenda seca na retomada das atividades em SP”*
*”Ministro do STF determina que governo acelere construção de barreiras sanitárias para proteger índios”*
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MÔNICA BERGAMO - *”Conselho de museologia faz denúncia ao MPF por contratação de psicologa para Museu Nacional de Belas Artes”*
MÔNICA BERGAMO - *”Antonio Lavareda e Mara Telles lançam livro sobre eleições municipais”*
MÔNICA BERGAMO - *”Josias Teófilo usa órgão de mosteiro em Vinhedo para gravar trilha de seu filme”*
MÔNICA BERGAMO - *”Movimento antiaborto denuncia médico que fez aborto de menina capixaba estuprada”*: O Movimento Legislação e Vida, liderado por Hermes Rodrigues Nery, apresentou uma denúncia contra o médico Olimpio Barbosa de Moraes Filho, que realizou um aborto legal em uma criança capixaba de 10 anos vítima de estupro, ao Conselho Regional de Medicina de Pernambuco. A queixa se baseia em norma técnica do Ministério da Saúde que cita a possibilidade de aborto humanizado até 22ª semana de gestação (o caso tinha 22 semanas e 4 dias). A Justiça do Espírito Santo deu aval para a interrupção voluntária da gestação baseando-se na previsão legal para aborto em caso de estupro e destacando o sofrimento psicológico causado à criança. O médico diz que não teve conhecimento da denúncia e que aguarda notificação.
MÔNICA BERGAMO - *”Milhem Cortaz, Lucy Alves e Luiz Carlos Vasconcelos atuarão em filme sobre madeireiros ilegais”*
CAPA – Manchete principal: *”PIB tem tombo recorde, e recuperação deve ser gradual”*
*”Mudanças na Lava-Jato – Deltan sai, e força-tarefa é prorrogada”*
*”Fachin sugere mudança em regra que beneficia réu”*
+++ De acordo com a reportagem, a intenção de Edson Fachin é que a regra seja aplicada somente para julgamentos de habeas corpus. Nos demais casos, a decisão final aguardaria o retorno do ministro ausente.
*”TSE libera candidaturas de fichas-sujas em novembro”*
*”Justiça encerra ação que acusava Lula de propina”*
*”Ex-assessor de Carlos retirou em espécie todo o salário”*
*”Paes lança candidatura, mas adia escolha de vice”*
*”’Otimismo cauteloso’ – Mortes diárias por Covid caem 14%, e taxa de infecção indica contração”*
*”Governo reforça que ‘ninguém é obrigado a tomar vacina’”*
*”Advogadas lançam #MeTooBrasil para receber denúncias de abuso”*
*”Atingido pelos ‘guardiões’ – Crivella para a ser investigado e vira alvo de pedidos de CPI e impeachment”*
*”STJ analisa hoje liminar que afastou Witzel”*
*”Recessão – País tem pior trimestre da história, mas inicia recuperação gradual”*
*”Bolsonaro promete enviar reforma administrativa”*
 
CAPA – Manchete principal: *”Privilégio de servidor atual será poupado em reforma administrativa”*
*”Entre recessão e populismo”*: “Estamos decolando em V”, anunciou o ministro da Economia, Paulo Guedes, numa exibição de invejável otimismo, como se o desastre do segundo trimestre fosse velharia histórica. “Isso é impacto do raio que caiu em abril”, disse ele, “som de um passado distante.” Não tão distante, no entanto, para quem vive fora dos gabinetes oficiais. Juntando-se os desempregados e os trabalhadores fora do mercado, mas dispostos a trabalhar, chegava-se, em agosto, a cerca de 40 milhões, mais que o dobro da população chilena. No segundo trimestre o Produto Interno Bruto (PIB) despencou 9,7%, no maior tombo da série histórica trimestral iniciada em 1996. Mas aonde leva a celebrada recuperação em V? De volta a uma prosperidade imaginária?
Não havia prosperidade quando o coronavírus desembarcou. No primeiro trimestre a economia encolheu 2,5%. A estimativa anterior havia apontado uma contração de 1,5%, um resultado já muito feio. Mas esse cálculo foi revisto e o novo número acaba de ser divulgado, juntamente com os dados do segundo trimestre, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Muita gente pode nem dar atenção a esse detalhe, mas o dado é muito importante. Antes do raio de abril e do trovão duradouro, o Brasil já ia muito mal. O passado recente, nesse caso, é relevante para uma avaliação realista. O PIB cresceu apenas 1,1% em 2019, primeiro ano da gestão bolsonariana, e encolheu notáveis 2,5% no primeiro trimestre de 2020. Agora se desmente de modo mais amplo e mais claro o mito de um começo de ano promissor. Gente da equipe econômica e até economistas do setor financeiro vinham sustentando essa história, como se o País, antes da pandemia, estivesse esquentando os motores para avançar. Quem acompanhava os números da indústria jamais engoliu essa narrativa e os fatos, agora, devem estar mais visíveis para todos. Mesmo com 1,5% – em vez de 2,5% – de perda nos primeiros três meses, o Brasil estaria arriscado, sem o coronavírus, a uma nova recessão. Dois trimestres consecutivos de redução do PIB são necessários para definir, tecnicamente, o quadro recessivo. Com a queda de 9,7% no período de abril a junho, o cenário se completa. Antes de ser confirmada pelo IBGE, a recessão havia sido vivida pelos brasileiros e indicada por dados setoriais. O retorno em V à fase pré-covid seria ou será, portanto, uma volta à precariedade. Nenhuma retórica oficial anula esse fato.
O presidente e seu ministro da Economia podem apontar países, alguns muito ricos, com desempenho tão ruim quanto o do Brasil, e até pior, no segundo trimestre. O PIB das sete maiores economias capitalistas diminuiu 10,8% nesse período. Alguns países desse grupo tiveram desempenho bem pior que essa média. No Reino Unido o tombo foi de 20,4%. Na França, de 13,8%. Na Itália, de 12,4%. Nos Estados Unidos a perda de 9,5% foi parecida com a do Brasil. Mas essas comparações pouco informam sobre as perspectivas. O Brasil fechará o ano com resultado negativo, talvez pouco melhor que -5% segundo as projeções mais otimistas. Para 2021 o governo estima um avanço de 3,2%. Será um crescimento insuficiente para levar a economia de volta ao nível de 2019, já muito baixo. Além disso, o potencial produtivo limitará severamente o desempenho nos anos seguintes, se o investimento continuar baixo. No segundo trimestre, o País investiu em máquinas, equipamentos e obras apenas 15% do PIB. Isso é compreensível na crise, mas um ano antes a proporção havia sido de apenas 15,3%. Em todos os segundos trimestres desde 2013 (19,9%), a taxa foi inferior a 20%. Sem dinheiro para investir, o governo só poderá dinamizar a formação de capital fixo com privatizações, atração de capital para obras e animação do setor privado. Confiança será fundamental. O presidente e seus auxiliares terão de se mostrar comprometidos com a pauta de ajustes e reformas e com a modernização do País. Terão de escolher entre um complexo esforço de renovação e a estratégia presidencial seguida até agora, a do populismo eleitoreiro.
*”Deltan deixa a Lava-Jato; força-tarefa é prorrogada”*
ENTREVISTA: ALESSANDRO FERNANDES OLIVEIRA, novo coordenador da Lava Jato no Paraná - *”Novo chefe da Lava Jato no Paraná fala em ‘continuidade’”*
*”2ª Turma do STF suspende ação contra ministro”*
*”Promotoria do Rio conclui ação de ‘rachadinha’”* - A investigação sobre o suposto esquema de “rachadinha” (devolução de parte do salário, pelo servidor, ao parlamentar) no gabinete de Flávio Bolsonaro quando ele era deputado estadual foi concluída pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), segundo informou a instituição, que agora vai decidir por denunciá-lo ou não. O filho do presidente Jair Bolsonaro, hoje senador pelo Republicanos, foi investigado por peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa, em suposto esquema que seria comandado pelo ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz. Em 2018, o Estadão revelou que relatórios do Coaf identificaram “movimentações atípicas” feitas por Queiroz, que está em prisão domiciliar no Rio de Janeiro. Na noite de anteontem, o MP-RJ informou, em nota, que “o Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção (Gaecc) encaminhou ao procurador-geral de Justiça o procedimento criminal referente ao ‘caso Flávio Bolsonaro’, comunicando a conclusão das investigações”. “Por essa razão, os autos, que estão sob sigilo, foram remetidos à Subprocuradoria-geral de Justiça de Assuntos Criminais e de Direitos Humanos para prosseguimento”, diz o comunicado da Promotoria. Até julho, a investigação estava na primeira instância, na 27.ª Vara Criminal do Rio. Mas o Tribunal de Justiça do Estado do Rio (TJ-RJ) concedeu foro privilegiado a Flávio e enviou o caso para a segunda instância. O MP-RJ recorreu da decisão do TJ-RJ e tenta suspender esse direito perante o Supremo Tribunal Federal (STF), que ainda não se manifestou. Por isso, a Promotoria tem duas condutas possíveis, caso decida denunciar o senador: denunciá-lo diretamente ao Órgão Especial do TJ-RJ ou aguardar a decisão do STF para o eventual retorno do processo à primeira instância.
‘Manobra’. Em nota, a defesa de Flávio contestou o comunicado do MP-RJ. “Não é verdade que a investigação tenha sido concluída nesta data. Ela já havia se encerrado com a oitiva do senador”, afirmou. “Os promotores do Gaecc manobraram para encontrar uma saída honrosa do grupo da condução dos trabalhos. O grupo não poderia investigar o senador, o que acarretou uma representação no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) devido à designação espúria para que o referido grupo permanecesse investigando o parlamentar.”
*”Projeto de lei dobra pena de corrupção na pandemia”*
*”Julgamento de Witzel no STJ terá 4 ministros substitutos”*
*”’Guardiões de Crivella’ é alvo de buscas no Rio”*
*”Salvador tem cinco pré-candidatos negros”* - A discussão sobre representação racial nas eleições de Salvador ganhou força em 2020, após entidades do movimento negro criarem campanhas para incentivar candidaturas de afrodescendentes aos poderes Executivo e Legislativo, por meio de núcleos como Eu Quero Ela – Salvador Cidade Negra e Plataforma Salvador Negra 2020. Embora a capital baiana tenha 79,2% de sua população afrodescendente (dados do IBGE), os soteropolitanos nunca elegeram um prefeito negro pelo voto popular. O único a sentar na cadeira do Palácio Thomé de Souza foi o hoje vereador Edvaldo Brito (PSD) – que entre 1978 e 1979 foi prefeito biônico, durante a ditadura militar. Neste ano são cinco pré-candidaturas de afrodescendentes à prefeitura, quatro delas associadas a movimentos de representação negra: Denice Santiago (PT), Olívia Santana (PCdob), Eslane Paixão (UP) e Hilton Coelho (PSOL). Em 2016, foram duas candidaturas autodeclaradas pretas. Denice é aposta do PT para conquistar pela primeira vez a prefeitura de Salvador: ela é major da Polícia Militar da Bahia e foi responsável pelas rondas Maria da Penha. O quinto précandidato é também militar: o deputado federal Pastor Sargento Isidório (Avante), que não tem militância ligada ao movimento negro.
Representatividade. A estimativa de parte de entidades do movimento negro é a de que o número de candidaturas de afrodescendentes à Câmara Municipal cresça de 15% a 20% nesta eleição. Hoje, considerando somente a cor da pele, são pelo menos 13 vereadores e vereadoras negros no Legislativo municipal. O número equivale a 30% das 43 cadeiras da Casa. “Nós queremos um representante que tenha a cara da cidade, que é negra. E, na Câmara, também precisamos de quem pense a cidade para os negros”, disse Iraildes Andrade, coordenadora-geral do Coletivo de Entidades Negras (CEN). Ela avalia que a articulação das entidades do movimento negro para eleições tende a crescer nos próximos anos. “Os debates encorajaram mais pretos e pretas a se candidatarem”, disse. Apesar da diversidade entre as entidades do movimento negro, um ponto comum é o de que a composição dos poderes Executivo e Legislativo refletem o racismo estrutural da sociedade soteropolitana. “A representação é um debate prioritário”, defende Sirlene Assis, que integra a direção nacional da União de Negros pela Igualdade (Unegro). “Independentemente de partidos, nós queremos o poder para o povo negro, que é maioria da cidade. Só que eu não acredito que os não-negros vão fazer o melhor para nós, pois estão há séculos dirigindo a cidade e isso não ocorreu.”
*”Trump nega racismo na polícia e diz que protestos são atos de terrorismo”*
*”Biden arrecada mais de US$ 300 milhões em agosto”*
*”Espanha enfrenta nova onda de covid-19”* - Com a retomada das atividades econômicas, França, Alemanha, Grécia, Itália e Bélgica enfrentam um aumento significativo de casos de covid-19, mas é a Espanha, um dos países mais atingidos pela pandemia logo no seu começo, que lidera o número de novos casos na Europa. Só na semana passada, de acordo com autoridades de saúde, foram mais de 53 mil novas infecções. Com 114 novos casos por 100 mil habitantes no período, o vírus está se espalhando mais rápido entre os espanhóis do que nos EUA, que lideram em número de mortes e notificação da doença. A covid-19 também está infectando mais gente na Espanha duas vezes mais rápido do que na França, quase 8 vezes com maior rapidez do que na Itália e no Reino Unido e 10 vezes mais do que na Alemanha. Os hospitais espanhóis são um reflexo da crise. Ao meiodia de domingo, havia 31 pacientes dentro do principal centro de tratamento do coronavírus em Málaga, cidade com a taxa de infecção por coronavírus com crescimento mais rápido no sul da Espanha. Às 12h15, o paciente 32 chegou em uma ambulância. Meia hora depois, veio o número 33. “Meu cunhado pegou o vírus na primavera”, disse Julia Bautista, administradora aposentada, de 58 anos, que esperava notícias de seu pai de 91 anos. “Lá vamos nós de novo”, afirmou. A Espanha já era um dos países mais afetados da Europa e hoje acumula 440 mil casos e mais de 29 mil mortes. Depois de uma das quarentenas mais rígidas do mundo, que impediu a disseminação do vírus, o país teve uma das reaberturas mais rápidas. O volta das atividades em grupo – muito mais rápida do que a maioria dos europeus – contribuiu para o ressurgimento da epidemia. Agora, enquanto outros europeus ponderam sobre como reiniciar suas economias, os espanhóis se tornaram os primeiros indicadores de como uma segunda onda pode acontecer, o quão forte ela pode ser e como pode ser contida. “Talvez a Espanha seja um exemplo do que pode acontecer”, disse o epidemiologista Antoni Trilla, do Instituto de Saúde Global de Barcelona. Ninguém esperava a segunda onda por pelo menos mais um mês. Os epidemiologistas não sabem ao certo por que ela chegou tão cedo. As explicações incluem um aumento das reuniões familiares, o retorno do turismo em cidades como Málaga, a decisão de devolver a responsabilidade pelo combate ao vírus às autoridades regionais, após a quarentena nacional, e a falta de moradia adequada e cuidados de saúde para os imigrantes.
O aumento também foi atribuído ao renascimento da vida noturna. “Temos esse fator cultural relacionado à nossa rica vida social”, disse Ildefonso Hernández-aguado, ex-diretor-geral de saúde pública do governo espanhol. “As pessoas são próximas. Gostam de se conhecer.” Enquanto os leitos continuam a encher nos hospitais de Málaga, os moradores seguem se aglomerando em bares ao longo das praias até bem depois da meia-noite. Em alguns, as mesas estavam bem juntas. Na hora que os locais fecham as portas, as pessoas saem para as praias, a maioria sem usar máscaras. Lá, se reúnem em grupos de mais de 20 pessoas – algo normal durante qualquer outro verão espanhol, mas muito maior do que as reuniões de 10 ou menos permitidas por lei. Os médicos, porém, se mostram menos preocupados agora. A taxa de mortalidade é cerca de metade daquela do auge da crise – caindo para 6,6% em relação ao pico de 12%, em maio. A idade média dos pacientes baixou de 60 anos para 37 anos. Os casos assintomáticos são responsáveis por mais de 50% dos resultados positivos. Além disso, as instituições de saúde se sentem muito mais preparadas. “Agora temos experiência”, disse a médica María del Mar Vázquez, diretora de um hospital em Málaga. “Temos um estoque muito maior de equipamentos e temos protocolos em vigor. Os hospitais ficarão lotados, mas estamos prontos.”
*”Em Wuhan, 1,4 milhão de estudantes voltam às aulas”*
*”Facebook se recusa a pagar por conteúdo na Austrália”*
*”SP orienta volta de escolas e cidades já liberam retorno apenas de particulares”* - O governo estadual de São Paulo publicou ontem resolução com as diretrizes para o retorno das atividades presenciais na rede pública e privada em setembro. A orientação é de prioridade a 1.º, 2.º, 5.º e 9.º anos do ensino fundamental e 3.º do médio. Mas municípios paulistas já definem retorno em setembro apenas na rede privada e adiam a volta às aulas em escolas municipais para o ano que vem. O retorno, a partir do dia 8 de setembro, será permitido apenas para atividades de reforço e recuperação da aprendizagem e acolhimento emocional em cidades há mais de 28 dias na fase amarela do plano de reabertura do governo paulista (em que há queda na contaminação pelo coronavírus). Segundo o governo estadual, 128 municípios já indicaram plano de reabrir pelo menos parte das escolas em setembro – a lista dos municípios, no entanto, não foi divulgada. De acordo com a diretriz do governo, as séries que terão prioridade correspondem ao fim das etapas (5.º e 9.º ano do fundamental e 3.º do ensino médio), quando costuma ocorrer migração para outra escola, e à alfabetização (1.º e 2.º ano), período considerado decisivo no processo de aprendizagem. Estudantes sem acesso a computadores ou conexão de internet ou aqueles que apresentam dificuldades de aprendizagem e sinais de distúrbios emocionais também terão prioridade, mas só 20% do total de matriculados poderão retornar a cada dia na rede estadual.
O subsecretário de Articulação da secretaria estadual, Henrique Pimentel, disse que a prioridade das séries para atendimento presencial nas escolas serve como uma recomendação aos municípios, mas as redes têm autonomia. Escolas estaduais que não identificarem demanda para abertura também poderão continuar fechadas – uma pesquisa com os pais será realizada nesta semana. A ida dos estudantes às escolas a partir do dia 8 de setembro não será obrigatória e aqueles que fazem parte do grupo de risco não deverão comparecer às aulas presenciais. Já os professores do grupo de risco poderão participar das atividades presenciais após assinatura de termo de responsabilidade. O governo estadual prevê a possibilidade de complementar a carga horária de docentes ou de contratar substitutos para as atividades de reforço escolar. Embora tenha sido dada prioridade para algumas séries, as escolas particulares de educação infantil, com alunos mais novos, poderão reabrir em setembro, se os municípios autorizarem, segundo Pimentel. Essas unidades vêm fazendo pressão pela retomada porque registram queda de matrículas. Nos últimos dias, municípios que se enquadram na fase amarela publicaram decretos em que liberam parte das escolas a retomarem atividades em setembro. Na capital, o prefeito Bruno Covas (PSDB) já descartou retorno em setembro tanto para a rede pública quanto para a privada. Outros municípios da Grande São Paulo, como São Bernardo e Guarulhos, também descartam volta de atividades presenciais em setembro. Em Campinas, redes pública e privada devem voltar em outubro.
Retorno. Já em Sorocaba um decreto determina que o retorno das aulas presenciais na rede municipal será apenas em 2021, mas a rede privada e a estadual estão autorizadas a retomar as atividades a partir do dia 8. Em consulta aos pais, 84,8% optaram por não retomar as aulas. Itapevi também consultou os pais de alunos da rede municipal e decidiu que só retoma as aulas nas escolas municipais no ano que vem. “As coordenações das Secretarias de Educação e Saúde indicaram que esse é a melhor maneira de evitar a proliferação do novo coronavírus”, informou a prefeitura. A enquete indicou que 93% não enviariam os filhos para a escola em 2020. Em relação às particulares, a prefeitura de Itapevi indica que deverão observar as regras emitidas pelo governo do Estado para a rede estadual, “quanto a eventuais prazos de retomada presencial”. Em Osasco, na Grande São Paulo, também houve decisão de não voltar com alunos da rede municipal este ano – a prefeitura argumenta que 1,5 mil profissionais fazem parte do grupo de risco –, mas a rede particular poderá seguir o planejamento estadual e as unidades privadas deverão apresentar planos de retorno à prefeitura. Em Cotia, a decisão é por não retomar as aulas na rede municipal este ano e deixar facultativo o retorno das escolas privadas. Colégios de educação infantil locais, mesmo os particulares, não serão autorizados a abrir setembro. E a rede estadual no município só poderá retornar com adaptações. A prefeitura cita deliberação da Comissão Intergestores Bipartite do Estado de São Paulo, de 25 de agosto, que indica que, mesmo com todos os cuidados, “é importante que a escola esteja preparada para possíveis surtos” e a situação epidemiológica “pode ser alterada com retorno das aulas”.
Em Itu, não há previsão de retorno das atividades presenciais na rede municipal, mas as unidades particulares estão autorizadas a funcionar a partir de 8 de setembro. Já em Ribeirão Preto, que ainda não tem data para liberar as escolas municipais, a prefeitura informou que, caso o governo do Estado decida retomar as atividades em setembro, “ficará a cargo das escolas particulares reabrir ou não”. Segundo especialistas, a decisão de abrir escolas privadas antes das públicas aprofunda as desigualdades entre as crianças. “Amplia-se esse abismo. É uma injustiça social”, diz Silvia Colello, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP). Ela também destaca que, embora autorizadas em algumas cidades, nem todas as escolas particulares oferecem condições sanitárias. “Em muitas particulares, não temos garantia de que possam cobrir protocolos e há escolas públicas mais organizadas.” Para Márcia Bernardes, presidente da União dos Dirigentes Municipais de Educação de São Paulo (Undime-sp), a maioria dos municípios ainda não decidiu sobre o retorno e há dúvidas sobre o papel das prefeituras nessa decisão, principalmente em relação às unidades estaduais e particulares “Ficamos com receio de legislar sobre o Estado. Sabemos que alunos da rede estadual são munícipes e, se acontecer algo, o município tem de responder. O aluno usa a rede de saúde do município.” Para Pimentel, o aval do governo estadual já havia sido dado em decreto de agosto do governador João Doria (PSDB). “O que o município pode fazer é ser mais rigoroso do que o Estado e não liberar o retorno ainda ou com porcentual menor.”
*”Amazonas registra 342 professores com covid-19”* - Vinte dias após o retorno das aulas presenciais do ensino médio da rede estadual, o Amazonas registra 342 professores infectados com covid-19, segundo a Fundação de Vigilância de Saúde. A situação preocupa pais e professores de Manaus. O maior número de registros ocorreu, até o momento, na Escola Estadual José Bernardino Lindoso, com 28 casos positivos. Outras duas escolas, a Severiano Nunes e a Samuel Benchimol, têm dez casos cada. “Acho que o governo está querendo mostrar que a vida voltou ao normal, daí essa insistência em manter as escolas abertas. O problema é que um professor pode contaminar ou ser contaminado”, frisou Raicele Monteiro, de 46 anos, da Escola Jefferson Peres. Com base nos dados, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado pediu a suspensão das aulas e a volta às atividades online. Procurada, a Secretaria de Educação amazonense não se pronunciou.
*”Contágio é mais longo se criança é assintomática”* - Crianças infectadas podem transmitir o novo coronavírus mesmo que nunca tenham apresentado sintomas ou algum tempo depois de eles terem desaparecido. É o que sugere um estudo publicado na sexta-feira pela revista científica Jama Pediatrics. A investigação avaliou 91 crianças em hospitais da Coreia do Sul e constatou também que a duração dos sintomas, quando ocorrem, “variou amplamente”, de três dias a quase três semanas. Estudo anterior havia apontado que crianças têm alta carga viral e podem ser mais infecciosas do que adultos. Houve ainda uma diferença considerável quanto ao tempo pelo qual as crianças continuam transmitindo o vírus, indica, na revista, um comunicado do Children’s National Hospital, de Washington. Enquanto o vírus foi detectado em uma média de cerca de duas semanas e meia em todo o grupo, um quinto dos assintomáticos e metade dos sintomáticos transmitiram por quase três semanas. O trabalho foi realizado entre fevereiro e março, com menores de 19 anos, em 22 hospitais. Por volta de 22% dos pacientes nunca desenvolveram sintomas, e 58% foram sintomáticos já no teste inicial.
*”Secretaria divulga frase antivacina de Bolsonaro”* - A Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) reproduziu ontem em suas redes sociais uma fala do presidente Jair Bolsonaro segundo a qual “ninguém pode obrigar ninguém a tomar vacina”. Em fevereiro, no entanto, o próprio presidente sancionou lei que autoriza a vacinação compulsória como forma de enfrentar a pandemia da covid-19. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) também determina ser “obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomendados por autoridades sanitárias”. Na postagem, a Secom também afirma que “o governo do Brasil preza pela liberdade dos brasileiros”. O texto diz mais: “O governo do Brasil investiu bilhões de reais para salvar vidas e preservar empregos. Estabeleceu parceria e investirá na produção de vacina. Recursos para Estados e municípios, saúde, economia, tudo será feito, mas impor obrigações definitivamente não está nos planos.”
Na noite de segunda-feira, Bolsonaro foi abordado por uma mulher que pediu ao governo a proibição da vacina contra a covid-19 por considerá-la “perigosa”, levando em conta o tempo que deve levar para ficar pronta. Para a apoiadora, “em menos de 14 anos, ninguém pode colocar uma vacina no mercado” e a solução seria proibi-la. “Ninguém pode obrigar ninguém a tomar vacina”, respondeu Bolsonaro na ocasião. A mesma frase foi usada pela Secom ao divulgar a postagem nas redes sociais. A declaração também vai de encontro ao esforço feito pelo Ministério da Saúde em campanhas de vacinação. O motivo é a queda da cobertura de imunização de diversas doenças. Uma das principais preocupações é quanto ao sarampo, que estava erradicado do País até 2016. Em 2019 foram registrados mais de 18 mil casos. Neste ano, até 1.º de agosto, cerca de 6,8 mil contaminações foram confirmadas e cinco crianças morreram. A doença é extremamente contagiosa e grave, principalmente em crianças menores de 5 anos e pessoas imunodeprimidas. Em boletim sobre ela publicado este mês, o ministério lembra que a transmissão ocorre “de forma direta de pessoas doentes ao espirrar, tossir, falar ou respirar”. “Evidenciando a importância da vacinação, conforme recomendações do Ministério da Saúde”, afirma a pasta.
Cooperação. Em junho, o governo federal começou a participar de um acordo de cooperação para o acesso do Brasil a uma das vacinas em desenvolvimento para a covid-19. Considerada uma das mais promissoras do mundo, ela é desenvolvida pela Universidade de Oxford e pela Astrazeneca. O acordo prevê a compra de lotes da vacina e da transferência de tecnologia. Alguns Estados também firmaram acordos por outras vacinas. São Paulo negocia a compra da Coronavac, desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac. Já o Paraná, na semana passada, firmou um acordo de cooperação com o Fundo Russo de Investimentos Diretos (RFPI, na sigla em russo) para a realização de testes, produção e distribuição de vacina em território brasileiro.
*”Amazônia: menos fogo, mas 2º pior agosto do ano”*
*”PIB tem queda recorde, mas manutenção do auxílio deve dar fôlego no 2º semestre”*
*”Reforma de Bolsonaro poupa atuais servidores”* - O presidente Jair Bolsonaro se comprometeu a enviar a reforma administrativa ao Congresso amanhã, quase um ano depois de ter engavetado a proposta de reestruturação das carreiras do funcionalismo, com novas regras para contratação, promoção e desligamento dos servidores. Bolsonaro, no entanto, exigiu que os 9,77 milhões de funcionários que estão na ativa na União e nos Estados e municípios (21% dos trabalhadores formais do País) sejam poupados das mudanças. O envio da reforma é considerado pela área econômica uma maneira de conter o bombardeio contra o teto de gastos, que limita o avanço das despesas à inflação, e sinalizar compromisso com a agenda fiscal num momento em que o mercado coloca em xeque a capacidade de Guedes em segurar a pressão para abrir o cofre. A proposta de reforma do RH do Estado entregue pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, já era dirigida principalmente aos novos servidores, mas incluía alguns pontos que mexiam com os que estão trabalhando, como a revisão do sistema de licenças e gratificações, que estimula, na visão do ministério, uma percepção negativa da sociedade em relação aos servidores por terem privilégios em relação aos trabalhadores da iniciativa privada. Anuênios (adicionais nas remunerações por cada ano de trabalho) e licenças-prêmio (licença remunerada concedida a cada cinco anos de serviço) seriam benefícios que passariam por uma revisão. O último foi extinto para novos servidores federais a partir de 1997, mas é comum em Estados e municípios.
Pente-fino. Desde o anúncio da retomada da reforma, um pente-fino começou a ser conduzido pelos técnicos do governo para garantir que a determinação do presidente de excluir os atuais servidores seja cumprida. “Importante, sinalizando para o futuro, a retomada das reformas. A reforma administrativa é importante. Como o presidente deixou claro, desde o início, não atinge os direitos dos servidores públicos atuais, mas redefine toda a trajetória do serviço público para o futuro, serviço de qualidade, com meritocracia”, disse ontem Guedes, ao lado do presidente. Apesar disso, os gastos com servidores atuais ainda podem virar alvo das propostas de “gatilho” de ajuste para evitar o descumprimento do teto de gastos, que limita o avanço das despesas à inflação. Devem permanecer no texto mudanças na estabilidade dos novos servidores, que passa a ser exclusiva para carreiras de Estado. Na Proposta de Emenda à Constituição (PEC), não serão elencadas que carreiras são essas – a determinação deve ficar para um segundo momento, mas deve contemplar auditores da Receita e diplomatas, por exemplo. Os demais servidores devem ser contratados pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), com possibilidade de demissão. Outra proposta da reforma é limitar o salário de entrada dos servidores, mas a definição do valor também não deve estar na PEC. Na elaboração do texto, o valor máximo em discussão era de R$ 5 mil. Um raio x do serviço público feito pelo Banco Mundial apontou que 44% dos servidores começam ganhando acima de R$ 10 mil, 22% entram com remuneração superior a R$ 15 mil e 11% ingressam com contracheque superior a R$ 20 mil. Como mostrou o Estadão, servidores públicos federais já fazem lobby contra mudanças nas carreiras. Nas últimas semanas, representantes de sindicatos e associações intensificaram os contatos com deputados e senadores, que têm sido bombardeados com telefonemas e mensagens.
Rapidez. No Congresso, lideranças afirmam que o texto pode ser aprovado mais rapidamente do que a reforma tributária, que prevê simplificação de impostos. A aprovação de uma emenda à Constituição - como requer mudanças nas regras do funcionalismo - exige apoio de três quintos da Câmara (no mínimo 308 votos de 513 deputados) e no Senado (49 de 81 senadores). A decisão de retomar a reforma administrativa foi tomada após um “realinhamento político” da agenda pós-pandemia, após o adiamento do envio da proposta e o próprio pedido de demissão do secretário de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia, Paulo Uebel, terem repercutido mal entre investidores. Em junho, o presidente Jair Bolsonaro chegou a dizer que a reforma ficaria para o ano que vem. Lideranças que participaram do café da manhã com Bolsonaro e Guedes também veem na estratégia uma forma de atender à pressão do mercado por um ataque mais incisivo à trajetória explosiva de gastos. A despesa com pessoal é a segunda maior do Orçamento, atrás apenas da Previdência, que já foi alvo de reforma aprovada no ano passado.
*”Auxílio emergencial terá mais 4 parcelas de R$ 300”*
 
CAPA – Manchete principal: *”Tombo da demanda interna leva a queda recorde do PIB”*
*”Com expectativa de queda maior da importação, superávit deve vir mais forte”*
*”Ministério promete plano para ‘green bonds’ até o fim do ano”* 
- Segundo Desenvolvimento Regional, até lá haverá cronograma e projetos que deverão buscar captação de recursos por meio de títulos verdes
*”País tem 1.166 mortes por covid, mas média cai”* - Semana tem menor número de óbitos desde o dia 20 de maio
*”Economia encolhe 9,7%, com colapso da demanda doméstica”* - Com o impacto das medidas de isolamento social para combater a pandemia da covid-19, a economia brasileira teve uma queda histórica no segundo trimestre, recuando 9,7% em relação ao primeiro, feito o ajuste sazonal. É a maior retração já registrada nessa base de comparação desde pelo menos 1980, segundo cálculos da equipe do Monitor do PIB, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). A demanda doméstica afundou, com o tombo do investimento, do consumo das famílias e do consumo do governo. Pelo lado da oferta, serviços e indústria despencaram, enquanto a agropecuária teve alta. Com isso, ficou configurada a recessão técnica, caracterizada por dois trimestres seguidos de contração do PIB. Mesmo com a reação da atividade tendo se iniciado em maio e junho, com o relaxamento gradual da quarentena, o resultado da média do trimestre foi muito ruim, especialmente devido à magnitude do tombo registrado em abril. Para o terceiro trimestre, a expectativa é de uma alta forte, uma vez que os indicadores de julho têm sido positivos - Goldman Sachs, Itaú Unibanco e XP têm estimativas na casa de 7% sobre o segundo, feito o ajuste sazonal. No entanto, ainda há muitas incertezas, como as dúvidas sobre o mercado do trabalho, as contas públicas e o quadro político. Para o resultado do PIB do ano, as apostas se concentram na faixa de -4,5% a -6,5%.
O investimento teve a maior queda entre os componentes da demanda, recuando 15,4% em relação ao primeiro. O consumo das famílias também levou um tombo superior a dois dígitos, encolhendo 12,5%. O auxílio emergencial de R$ 600 do governo federal e outros programas de apoio às empresas e consumidores evitaram uma queda ainda maior do consumo das famílias no segundo trimestre, segundo Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE. Ela lembrou que as medidas de isolamento fecharam estabelecimentos, afetaram a renda e provocaram cautela nos consumidores. “Esses impactos foram compensados, em parte, pelos programas do governo às famílias. Foi a parte positiva. A queda do consumo das famílias teria sido maior sem isso.” A surpresa foi a baixa de 8,8% do consumo do governo, um desempenho muito pior que o esperado pelos analistas. Com isso, a demanda doméstica total, que inclui esse componente mais o investimento e o consumo das famílias, teve uma contribuição negativa de 11,9 pontos percentuais para o recuo do PIB de 9,7% no segundo trimestre, nos cálculos do diretor de pesquisa para a América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos. Já o setor externo ajudou a evitar uma queda ainda mais forte. Como as exportações cresceram 1,8% e as importações caíram 13,2%. houve contribuição positiva de 2,2 pontos percentuais do setor externo para o PIB, estima Ramos.
Pelo lado da oferta, os serviços encolheram 9,7%. O tombo beirou 20% nos segmentos mais afetados pelas medidas de isolamento social. O de transporte, armazenagem e correio registrou queda de 19,3% no segundo trimestre. A retração foi ainda maior - de 19,8% - em outras atividades de serviços, que reúne os segmentos de alojamento e alimentação, serviços prestados às famílias e empresas, serviços domésticos e educação e saúde privadas. A reação dos serviços será fundamental para definir a velocidade de recuperação da economia, uma vez que respondem por quase três quartos do PIB. O economista-chefe do ASA Investments, Gustavo Ribeiro, se diz cauteloso a respeito das perspectivas para a atividade porque a retomada do setor de serviços não depende apenas da reabertura da economia e da maior mobilidade das pessoas, mas também da demanda, que tem sido sustentada pelo auxílio emergencial. Para ele, o crucial para o segmento se recuperar é o mercado de trabalho, que está em situação delicada. A indústria também teve desempenho muito negativo, com recuo de 12,3%. O segmento que mais sofreu foi o de transformação, com recuo de 17,5%. Rebeca lembrou que o período de pandemia foi marcado pela paralisação de fábricas, férias coletivas em setores e redução da demanda de consumidores. “Vimos quedas disseminadas de produção em bens de capital e bens de consumo duráveis. Dentro da indústria de transformação poucas atividades tiveram resultados positivos. São setores mais demandados durante a pandemia, como a indústria farmacêutica e de material de limpeza”, disse ela. A agropecuária, por sua vez, subiu 0,4%.
O IBGE também revisou o resultado do PIB primeiro trimestre, ampliando a queda sobre o trimestre anterior de 1,5% para 2,5%. Como o PIB no segundo trimestre caiu mais do que o esperado por vários analistas, algumas instituições reduziram as projeções para o PIB neste ano. Ramos, do Goldman Sachs, cortou a sua estimativa de -5% para -5,4%, enquanto Leonardo Porto, do Citi Brasil, mudou a sua de -6% para -6,5%. Para o economista Mauricio Oreng, do Santander, o resultado do PIB do segundo trimestre acabou com o viés de alta das projeções para 2020. “Números para o ano de contração de 6% a 6,5% parecem fazer sentido. A gente estava indo na direção de uma queda para o ano de 5%”, afirmou ele. “A gente volta a ficar confortável com o cenário [de -6,4%]”, disse Oreng, referindo-se à projeção do banco. Mas houve quem fizesse o movimento na direção contrária, como a MB Associados, que melhorou a projeção de uma queda de 5,3% para um tombo de 4,8%. O UBS também passou a prever um tombo menos intenso do PIB em 2020, de -5,5% para -4,5%. Segundo os economistas Tony Volpon e Fabio Ramos, a revisão foi feita devido à expectativa mais favorável para o terceiro trimestre, quando a economia, para eles, deve crescer 9% sobre os três meses anteriores. A projeção anterior era de expansão de cerca de 4%. Ontem, foi divulgado índice de gerentes de compra da indústria de agosto, que mostrou alta de 58,2 para 64,7 pontos, um nível recorde, segundo a IHS Markit. Os juros baixos e a melhora da confiança empresarial favorecem as perspectivas para a economia nos próximos meses. No entanto, as incertezas quanto ao cenário fiscal, o mercado de trabalho fraco e as dúvidas sobre como a atividade vai reagir à redução do valor do auxílio emergencial são fatores que podem atrapalhar a retomada. Além disso, a pandemia não está sob controle, apesar da queda recente do número de mortos. O resultado das contas nacionais reforçou a ideia de que parte dos recursos transferidos pelo governo federal foi poupada pelas famílias. A taxa de poupança doméstica alcançou 15,5% do PIB no segundo trimestre e ultrapassou a taxa de investimento, que ficou em 15% do PIB. “Houve um aumento muito grande no depósito das famílias no sistema financeiro. Isso, inclusive, favoreceu o crescimento do setor financeiro no período. Uma parte disso tem a ver com os programas de apoio do governo, que compensaram bastante a queda na renda do trabalho”, Rebeca.
*”Queda será a maior em 120 anos e supera até época da gripe espanhola”* - Ibre projeta queda de 6,1% do PIB per capita neste ano
*”IBGE pondera os dados e consumo do governo cai”* - Instituto adotou tratamentos específicos nos resultados do PIB do segundo trimestre para refletir os impactos das medidas de isolamento social
*”Agenda fiscal e reformas devem ditar ritmo do investimento”* - Queda recorde no 2º tri só não foi pior por efeitos contábeis
*”Construção cai menos, mas vigor da retomada ainda é dúvida”* - A queda do PIB da construção ficou aquém do esperado e reforçou a expectativa de uma retração no setor menor que a estimada no início da pandemia. Ainda assim, será forte e uma retomada consistente vai depender da recuperação da economia. O recuo foi de 5,7% no segundo trimestre, sobre o primeiro, quando já tinha havido uma diminuição de 3,3%, na série com ajuste sazonal, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 12 meses, a queda acumulada é de 1,6%. Com o resultado de abril a junho, o PIB setorial voltou ao nível do primeiro trimestre de 2007. “Sim, a construção sofreu, mas o resultado corroborou uma visão menos pessimista”, afirma Ana Maria Castelo, coordenadora de projetos da construção do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV). Se antes a expectativa era de queda de 10% no ano, agora roda em torno de 4% a 5%. Castelo observa que indicadores do PIB do setor mostravam resultados díspares no segundo trimestre, como uma forte alta nas vendas de cimento e queda expressiva na mão de obra. Uma avaliação possível é que o aumento das reformas de imóveis feitas pelas famílias influenciou um resultado menos negativo. Seja como for, as expectativas para o terceiro trimestre são positivas a julgar pela última sondagem de agosto. Houve aumento da confiança pelo quarto mês, volta do uso da capacidade instalada para níveis pré-pandêmicos e redução no percentual de empresas que aponta a falta de demanda como principal entrave. Em agosto, essa parcela era de 44,4%, menor nível em cinco anos, ante 60% em abril. O resultado está, em grande parte, relacionado ao bom desempenho recente das vendas no mercado imobiliário residencial. Houve também aumento entre as empresas que veem escassez de material e/ou equipamentos como maior problema: 7,8%, maior percentual desde setembro de 2010 (9,8%). É provável que essa dificuldade esteja relacionada ao crescimento expressivo da demanda de material por parte das famílias, afirma Ana Castelo.
“Há de fato uma retomada. Boa parte das minhas expectativas negativas estava relacionada à demanda”, afirma a economista, para quem uma parcela da população não se sentiu ameaçada pelas incertezas geradas pela pandemia e foi às compras. A questão, diz, é o quanto esse movimento vai se sustentar se a recuperação econômica se provar mais fraca. “É difícil imaginar que o mercado imobiliário vá continuar crescendo à revelia da economia”, diz. Na parte de infraestrutura, as expectativas do setor privado não são tão ruins como há dois anos. Mas, com os investimentos do governo no chão, o país precisa cada vez mais de aportes privados, em especial os externos. “O cenário político, fiscal e ambiental é ruim e traz preocupações para a capacidade de reação desse segmento”, diz. Para o Banco Fator, a construção imobiliária, que não caiu tanto, deve se recuperar. Mas a parcela ligada à infraestrutura ficará contida pelo peso das decisões de investimento, prejudicadas pela incerteza.
*”Setor externo ajudará a amortecer impacto negativo”* - Influenciado pela queda acentuada de importações e pelo efeito das commodities nas exportações, o setor externo deve dar contribuição positiva para o PIB de 2020, amenizando assim o esperado encolhimento da economia no ano. Segundo projeções do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV), essa contribuição deve ser de dois pontos percentuais para o PIB do ano. Para o indicador como um todo foi mantida projeção de queda de 5,4% em 2020. A MB Associados revisou a estimativa de queda de PIB de 5,3% para retração de 4,8% no ano. A nova projeção resulta de avanço estimado de 1,4% na exportação líquida e de queda esperada de 6,2% na demanda doméstica. A revisão foi feita após a divulgação, ontem, do resultado do segundo trimestre. Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, explica que a variação do PIB de abril a junho veio em linha com o estimado, com queda de 9,7% em relação ao primeiro trimestre, mas o desempenho de alguns componentes surpreenderam. Vale explica que as projeções para o segundo trimestre carregaram incertezas em relação ao impacto do isolamento social, do desempenho das commodities e dos efeitos do auxílio emergencial. Passado o período, a percepção, diz ele, é de que a quarentena foi menos rigorosa do que se esperava, o que ajudou na composição geral da atividade no trimestre. O auxílio emergencial também teve efeito muito claro no consumo doméstico.
Ao mesmo tempo, diz, as commodities, não somente agrícolas assim como as extrativas, como o petróleo, tiveram recuperação de preços, o que contribuiu para um melhor desempenho das exportações líquidas. O conjunto de fatores, diz ele, ajudou o segundo trimestre de forma positiva. O efeito das commodities, diz ele, com preços pressionados pela demanda chinesa, deve continuar até o fim do ano ao mesmo tempo que não faz sentido pensar em uma recuperação das importações, que devem seguir em retração. Livio Ribeiro, pesquisador da área de economia aplicada do Ibre, diz que o dado de importação do segundo trimestre surpreendeu. Para as exportações, conta, o avanço esperado era de 3% no segundo trimestre contra igual período de 2019. Para as importações, a projeção era de queda de 7,5%, na mesma comparação. O IBGE apontou alta 0,5% nas exportações e queda de 14,9% nos desembarques. Até o fim do ano, diz Ribeiro, é esperado arrefecimento no ritmo de queda da importação com o passar dos trimestres. Mesmo, assim, diz, as importações devem fechar o ano com clara retração. Já as exportações, diz, devem variar de “de zero para positivo”, sempre em comparações trimestrais interanuais. Ele lembra para a exportação há uma base de comparação relativamente baixa, já que no terceiro e quatro trimestres de 2019 houve queda no ano contra ano dos embarques. O comportamento das commodities, diz, segue influenciando a exportação, cuja pauta teve processo de primarização acelerado com a pandemia.
*”Países da América Latina tiveram queda ainda maior”* - Retração de 9,7% do Brasil foi a 19ª maior entre 43 países que já divulgaram seus resultados
*”Queda é eco distante e volta será em ‘V’, diz Guedes”* - Ministro afirma que medidas tomadas pelo governo já estão surtindo efeito no terceiro trimestre
*”Perspectiva no curto prazo é positiva, mas incertezas permanecem”*
*”Estatais poderão financiar IR negativo, diz Guedes”* - Empresas estatais que não forem privatizadas poderão ajudar a financiar o programa do Imposto de Renda negativo, disse ontem o ministro da Economia, Paulo Guedes, na comissão mista do Congresso Nacional que acompanha as medidas do governo no combate à pandemia. “Será o maior programa de distribuição de riqueza”, afirmou. É um tema a ser discutido com o Congresso, dentro das opções de fortalecimento do Renda Brasil, disse o ministro. O benefício também pode ser maior se, por exemplo, for aprovada a reforma tributária. Sem essa reforma e com o teto de gastos, o programa será menos ambicioso. A prorrogação do auxílio emergencial por quatro meses, anunciada ontem, foi a opção do presidente Jair Bolsonaro para dar mais tempo à equipe para formatar o novo programa de assistência social. A proposta elaborada pela equipe econômica unifica 26 ou 27 programas sociais e é focado na primeira infância. “O presidente entendeu que estávamos tirando tirando dinheiro do abono salarial, mas nós estávamos unificando tudo isso [programas sociais]”, comentou. “Nós também vamos tirar dinheiro do andar de cima [mais ricos].” Haverá redistribuição de renda, prometeu. Guedes, que na semana passada se queixou de haver levado um “carrinho” de Bolsonaro com a afirmação que não tiraria recursos “dos pobres para dar aos paupérrimos”, ontem tratou de amenizar sua reação. “Foi na bola.”
O Imposto de Renda (IR) negativo integra o que o ministro tem chamado de “rampa de ascensão social”. Consiste em dar um estímulo financeiro aos trabalhadores da Carteira Verde-Amarela, que hoje estão na informalidade. Sobre o que eles obtiverem com seu trabalho, o governo lhes pagará um crédito de 20%. O valor será depositado numa conta, e poderá ser sacado sob certas condições. No momento, disse o ministro, não há recursos para financiar o IR negativo. Por isso, a proposta é usar o Fundo Brasil para cumprir essa função. A ideia é utilizar o antigo Fundo de Erradicação da Pobreza e colocar ativos nele. Por exemplo, uma parcela dos dividendos que a União tem a receber de empresas como a Petrobrás e a Caixa. Ou imóveis que pertencem ao governo federal. Os trabalhadores da carteira Verde-Amarela receberão cotas desse fundo. O desenho do IR mínimo ainda não está totalmente fechado. Mas, tal como concebido, o programa não deverá esbarrar no teto de gastos, uma vez que se trata da distribuição de cotas de um fundo. Não são gastos que transitam pelo Orçamento. Durante a reunião, o ministro deixou claras ressalvas técnicas quanto ao teto de gastos, que chamou de “grito dos desesperados” com o aumento das despesas. Mas rechaçou qualquer proposta de rediscuti-la nesse momento, pois se trata da última âncora fiscal que resta. “Só que um teto sem paredes não funciona”, observou. As paredes, no caso, são as reformas econômicas. Há ainda o agravante que “o piso está subindo por causa da indexação de despesas.”
Essa dinâmica fez a carga tributária dobrar nas últimas décadas e levou a um endividamento “em bola de neve”. Enquanto isso, a classe política não enfrentou o desafio de cortar gastos. O resultado é que o Orçamento é hoje todo engessado. “O Congresso não manda”, disse. “Hoje quem manda são grupos de interesse que capturaram parcelas orçamentárias e indexaram tudo.” A proposta de desindexar, desobrigar e desvincular, no pacto federativo, pretende devolver esse poder de decisão aos políticos. Questionado por que o governo não concederá, no ano que vem, aumento real para o salário mínimo, Guedes afirmou que tal decisão poderia levar a milhares, talvez milhões de demissões no setor privado. E ao aumento de gastos no setor público.
*”Bolsonaro anuncia reforma administrativa e prorroga auxílio”* - Presidente aumenta gastos sociais na pandemia, mas tenta sinalizar que manterá austeridade
*”Deputados aprovam a nova Lei do Gás”*
*”’‘Só Deus sabe o que já passei dentro desta sala’, diz presidente”* - Presidente se emocionou ao falar de si mesmo em cerimônia no Planalto
*”Caso Flordelis leva Câmara a reativar Conselho de Ética”*
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*”Substituto é conhecido pelo perfil reservado”* - Alessandro integrava o grupo de trabalho Lava-Jato na PGR, subordinado ao procurador-geral, Augusto Aras
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*”Articulação petista para tirar Tatto da disputa em São Paulo fracassa”* - A proposta de fazer uma primária entre os candidatos do PT, Psol e PCdoB para unir a esquerda em São Paulo fracassou. Com a resistência de parte do PT em apoiar a pré-candidatura de Jilmar Tatto na capital paulista, petistas passaram a incentivar uma ampla votação, às vésperas da convenção partidária, para escolher uma candidatura única das três legendas. O pré-candidato petista disse aceitar a primária, mas o PCdoB atacou a ideia e o Psol desconversa sobre essa possibilidade. A tentativa de tirar Jilmar Tatto das eleições, apoiada por petistas que resistem ao pré-candidato e migraram para a campanha de Guilherme Boulos (Psol), voltou a ganhar força depois que o próprio postulante do PT disse não ser contra uma primária neste momento. Em entrevista à “Revista Fórum”, Tatto disse que a proposta não está amadurecida o suficiente, mas pode ser discutida pelo partido. “Se me perguntarem ‘você topa uma primária?’, eu topo. Mas se o PT não sair candidato, quem vai defender o nosso legado?”, disse o petista. Procurado pelo Valor, Tatto não quis se manifestar, mas sua assessoria afirmou que as declarações dadas na entrevista estão mantidas. Assim que Tatto falou que “topa” a primária, o vereador Eduardo Suplicy disse que poderia viabilizar a proposta e procurou os pré-candidatos do Psol (Guilherme Boulos) e do PCdoB (Orlando Silva). Para Suplicy, ainda há tempo de escolher um candidato comum”, disse o vereador, que tentou se viabilizar como pré-candidato à prefeitura, mas desistiu para tentar um novo mandato na Câmara Municipal. “Desde que Jilmar foi escolhido, defendi uma relação respeitosa e construtiva com partidos progressistas, para estarmos unidos”, afirmou. Suplicy disse ter entrado em contato até mesmo com o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo para pedir ajuda para organizar uma eventual primária. O colégio eleitoral, disse, poderia ser de todos os eleitores que quisessem participar.
Os três partidos, no entanto, teriam que mudar a data de suas convenções: PCdoB e Psol marcaram as suas para o dia 5 de setembro e o PT, para o dia 12. A primária já havia sido defendida por Suplicy, com o apoio do deputado Carlos Zarattini, no ano passado, em congresso municipal do PT paulistano. No entanto, a proposta foi derrotada. Zarattini, que também tentou ser pré-candidato do PT, mas desistiu, disse que o grande desafio hoje é a candidatura de Tatto empolgar a militância petista. “Tatto foi escolhido dentro das regras e tem legitimidade, mas o processo todo de escolha foi mal conduzido. O PT não buscou uma aliança com a esquerda e nem unidade interna”, disse Zarattini. “Cabe agora ao PT e ao candidato empolgarem a militância. Estamos preocupados, mas o partido tem uma base organizada maior do que a do Psol, por exemplo. Mas se a candidatura não empolgar e ficar enfraquecida, vão atazanar o PT a campanha inteira com isso”, afirmou o deputado. Pré-candidato do PCdoB e presidente do diretório de São Paulo, Orlando Silva ironizou a proposta de primária e o isolamento da pré-candidatura petista. “É um factóide. Tatto deve estar muito assustado com tanta gente do PT traindo ele”, disse Silva. “Mas as coisas não são assim. Não dá para mudar o candidato aos 47 minutos do segundo tempo”, disse o pré-candidato. “É muita cara de pau defender primária agora. É coisa de quem não quer apoiar Tatto.” Lideranças petistas e ex-apoiadores do PT como frei Betto, o ministro Celso Amorim e o ex-porta-voz do governo Lula André Singer declararam apoio a Boulos, em detrimento a Tatto.
Guilherme Boulos, do Psol, usou as redes sociais para falar sobre o ressurgimento da tentativa de unir a esquerda em São Paulo. “Sempre defendi e defendo uma consulta ampla ou outras formas que levem à unidade. Isso, é claro, depende de um acordo entre os partidos do nosso campo”, afirmou Boulos no Twitter. O presidente nacional do Psol, Juliano Medeiros, no entanto, disse que não houve nenhum contato da direção do PT ou de outro partido de oposição para discutir a primária. “Se houver, obviamente, vamos analisá-la com o máximo respeito e atenção”, disse.
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