segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Jairo Nicolau: “Bolsonaro é uma liderança inequívoca. É um Lula da direita”

 

Brasil



A oposição brasileira não consegue se contrapor de modo efetivo ao presidente Jair Bolsonaro porque não entende o seu eleitorado. Insiste em classificá-lo como fascista quando, na verdade, é na maior parte formado por pessoas comuns que se identificam com a figura do presidente e o veem como uma pessoa que está nervosa, sob pressão para enfrentar os desafios do Brasil. Para esse eleitorado, morador da periferia das grandes cidades, “Bolsonaro é uma liderança inequívoca. É um Lula da direita”. Pelo menos essa é a visão do cientista político Jairo Nicolau, que lança nesta semana o livro O Brasil dobrou à direita. Em entrevista aos repórteres Afonso Benites e Felipe Betim, ele diz que, por outro lado, Bolsonaro fracassou na formação de seu partido Aliança Pelo Brasil, o que já seria o suficiente para colocá-lo no posto de derrotado nas eleições municipais que se aproximam.

Nos Estados Unidos, um novo escândalo sacode a corrida pela Casa Branca. Reportagem publicada neste domingo pelo The New York Times revela que o presidente Donald Trump não pagou impostos federais em 10 dos últimos 15 anos. Além disso, só teve que desembolsar 750 dólares (o equivalente cerca de 4.170 reais) em 2016, ano em que foi eleito à presidência dos Estados Unidos. Alan Garten, advogado da Trump Organization, disse ao jornal que “a maioria, senão todos os fatos parecem imprecisos”.


Enquanto a política ferve, a covid-19 prossegue sua marcha. No final de semana em que o mundo foi de encontro à triste marca do 1 milhão de mortos, o EL PAÍS preparou uma série de reportagens e artigos que jogam luz sobre o panorama global do coronavírus. A reportagem de Marc Bassets tenta dimensionar o significado por trás desse número fatídico. Já o texto de Javier Sampedro mostra como vivemos uma época de exaltação da natureza, em busca de rótulos como "natural", "bio", "eco" e outros —e que fomos pegos de surpresa quando recebemos dela outro presente, na forma da covid-19. O que não serve como desculpa para a reação lamentável dos políticos e dos governos ocidentais, que minimizaram os riscos e se mostraram incapazes frente ao desafio. A escritora Siri Hustvedt compara a chegada da doença com a abertura da Caixa de Pandora: um acontecimento que trouxe muitas formas diferentes de demônios para o dia a dia.


E ainda nesta edição, destacamos duas reportagens que abordam como funcionam as engrenagens de grupos ideológicos radicais, em um período em que os ultradireitistas e neonazistas de todos os tipos cresceram em número de apoiadores e periculosidade. Em seu primeiro livro, Going Dark: The Secret Social Lives of Extremists, a jovem investigadora austríaca Julia Ebner narra vários anos de monitoramento secreto de organizações, sejam da extrema direita ou jihadistas. Um deles é o já notório QAnon, que se espalhou pelos Estados Unidos pregando a existência de uma série de teorias da conspiração delirantes e que agora chega ao Canadá, como mostra reportagem de Jaime Porras Ferreyra.


“Bolsonaro é uma liderança inequívoca. É um Lula da direita”
“Bolsonaro é uma liderança inequívoca. É um Lula da direita”
Para o cientista político Jairo Nicolau, a oposição combate o presidente de modo equivocado ao não entender seu eleitorado, especialmente aquele situado na periferia das grandes metrópoles

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