O Brasil entrou oficialmente em recessão. Agora, a economia está no mesmo patamar do final de 2009, auge dos impactos da crise global. O PIB caiu 9,7% no segundo trimestre na comparação com o primeiro trimestre, segundo o IBGE. Em relação ao mesmo período de 2019, caiu 11,4%. Ambas as taxas foram as maiores quedas da série, iniciada em 1996. A indústria foi a mais afetada com o recuo recorde de 12,3%. Mas foi o setor de serviços que puxou a economia para baixo: teve contração de 9,7% no período, resultado também inédito.
O consumo das famílias, que representa 65% do PIB, recuou um recorde de 12,5%. A queda só não foi maior por causa do auxílio emergencial. Em contrapartida, o risco fiscal com a extensão do benefício pode prejudicar o retorno dos investimentos, segundo Luana Miranda, pesquisadora do Ibre/FGV. Os investimentos caíram -15,4% no segundo trimestre. (Valor Investe)
Cássia Almeida: “A retomada da economia virá conforme as famílias conseguirem consumir plenamente, seja pela segurança de frequentar bares, restaurantes, hotéis, aviões, seja por ter recursos para isso. O que vem segurando um recuo maior do consumo é o auxílio emergencial, que injetou R$ 50 bilhões por mês na economia desde o início da pandemia. Mesmo assim, não impediu que as famílias consumissem menos R$ 160 bilhões no segundo trimestre. A injeção do auxílio vai diminuir. O presidente Jair Bolsonaro anunciou na manhã desta terça-feira que vai prorrogar a transferência até o fim do ano, mas o valor vai cair pela metade: será de R$ 300. E as famílias que mantiveram a renda também estão destinando recursos para a poupança. O mercado de trabalho deveria gradualmente absorver os trabalhadores que iriam substituir o auxílio pelos ganhos do trabalho, mas não está respondendo. Analistas dizem que ainda não chegamos ao fundo do poço do desemprego. O terceiro trimestre vai trazer um resultado positivo, mas insuficiente para compensar esse tombo histórico. Ainda estávamos tentando se recuperar da recessão de 2015 e 2016. E veio outra recessão, ainda maior. A recuperação total vai levar mais alguns anos.” (Globo)
Aliás… Junto ao anúncio da extensão do auxílio, o governo também disse que vai apresentar amanhã a reforma administrativa. Mas deixou claro que as regras só atingirão futuros servidores. (Estadão)
Em Curitiba, o coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol, anunciou que deixará o cargo. “Depois de anos de dedicação intensa, acredito que agora é hora de me dedicar de modo especial à minha família”, ele afirmou em vídeo que distribuiu pelas redes. Segundo Deltan, sua filha de 1 ano e 10 meses apresentou sinais de regressão no desenvolvimento e ele precisa dedicar tempo a ela. O procurador Alessandro José Fernandes de Oliveira assumirá seu posto. A Lava Jato denunciou 543 pessoas sob Dallagnol. (G1)
Igor Gielow: “A saída do procurador Deltan Dallagnol marca o fim da operação que implodiu a política tradicional brasileira a partir de 2014, ao menos como a conhecemos. A Lava Jato vive seu pior momento desde que começou a drenar óleo podre dos porões contratuais da Petrobras, abarcando aos poucos quase todos os aspectos da vida político-partidária do país. A pressão é institucional e política. Os erros cometidos pelo voluntarismo do ex-juiz Sergio Moro, de Dallagnol e de uma miríade de personagens menos midiáticos tisnou bastante uma obra de resto única. As falhas e abusos agora são combustível para pedidos de reversões de sentenças, e o prêmio para aqueles que combatiam a Lava Jato na era do PT será uma eventual declaração de suspeição de Moro pelo Supremo nos casos envolvendo o ex-presidente Lula. À parte a comemoração pela queda em desgraça relativa de Dallagnol, esse segmento acaba por ignorar o legado da operação por duas vias. Na avaliação positiva, pelo desnudamento da corrupção enraizada e apurada ao longo de décadas. Na negativa, a terra arrasada resultante, que criminalizou indistintamente o mundo partidário e ajudou a fazer emergir um adversário ainda mais complexo para essa mesma esquerda, na figura de Jair Bolsonaro.” (Folha)
Pois é... Com duas notícias que poderiam abalar o bolsonarismo — a recessão e o esvaziamento da Lava Jato — o Planalto atuou como de hábito. Levantou uma cortina de fumaça e publicou, nas redes, uma peça publicitária afirmando que “Ninguém pode obrigar ninguém a tomar vacina”. Se um percentual grande o suficiente da população não se vacinar, porém, a pandemia pode persistir por mais tempo. (Metrópoles)
Porém... A lei da pandemia, sancionada pelo próprio Bolsonaro, estabelece que o governo pode sim estabelecer vacinação compulsória para toda a população. É o artigo 3º, parágrafo III.
Meio em vídeo: Cientista política, diretora da Rede de Ação Política pela Sustentabilidade (RAPS), Mônica Sodré estimula desde 2012 o diálogo entre políticos de todos os campos ideológicos. E é desta posição que ela assistiu a um processo de degradação da democracia brasileira. Os caminhos para reconstrução, a partir de agora, são o principal tema da entrevista desta semana. Assista.
Chegou às livrarias, esta semana, o novo livro de Pedro Doria, editor cá do Meio. Se chama Fascismo à Brasileira e narra a história da Ação Integralista Brasileira, o maior movimento fascista dos anos 1930 fora da Europa. Um dos objetivos do livro é mostrar, naquele Brasil, as raízes ideológicas do bolsonarismo. A roupagem é outra, mas os pontos em comum não são poucos. O melhor desconto está na Livraria da Travessa — e, lá, os livros comprados online vêm autografados.
A Câmara Municipal do Rio votará amanhã abertura de processo de impeachment contra o prefeito Marcelo Crivella. O pedido foi protocolado pelo PSOL após a denúncia, pelo RJTV, de que o prefeito destacou servidores públicos para ter como missão única impedir a atuação da imprensa em hospitais municipais. São necessários 26 votos dos 51 membros da Casa para que o processo seja aberto. (Poder 360)
Facebook e Twitter anunciaram ter expurgado de suas plataformas uma campanha de desinformação russa dirigida à eleição americana. A Casa Branca vinha mantendo em dúvida a existência deste ataque. (New York Times) |
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