O presidente Jair Bolsonaro vetou o projeto aprovado pelo Congresso que previa a distribuição gratuita de absorventes a estudantes de baixa renda das escolas públicas, mulheres em situação de rua e outros grupos. A justificativa foi que o projeto não previa a fonte de custeio, embora o texto indicasse que os recursos viriam do SUS. A Presidência respondeu que absorventes “não são medicamentos essenciais”. (UOL)
A bancada feminina no Congresso começou ontem mesmo a articular a derrubada do veto, que ainda não tem data para ser analisado. Coordenadora da bancada de mulheres na Câmara e integrante da base de apoio do governo, a deputada Celina Leão (PP-DF) foi enfática: “Se R$ 84 milhões for muito dinheiro para o governo não dar condição a meninas e mulheres, eu acho que o governo tem que rever os seus princípios. Ele precisa repensar a forma de tratar as mulheres no Brasil”, disse. (g1)
Entenda o que é ‘pobreza menstrual’ e o que o veto de Bolsonaro implica. (g1)
Ricardo Rangel: “É sabido que a falta de absorventes compromete a frequência escolar e o comparecimento ao trabalho, e impacta fortemente a qualidade de vida, a dignidade e a autoestima de mulheres e meninas pobres. O veto é de covardia e crueldade ímpares, mas não surpreende. Bolsonaro despreza pobres, mulheres, estudantes, presidiários e outras minorias, faz o que pode para prejudicá-los.” (Veja)
Leia mais: a história comovente da diretora que descobriu por que as alunas de sua escola faltavam às aulas em certos períodos. (Estadão)
A CPI da Pandemia decidiu convocar a depor pela terceira vez o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. Um dos motivos foi a informação divulgada pela rádio CBN de que o presidente Jair Bolsonaro pressionou o Ministério da Saúde para que fosse tirada de pauta a análise de um relatório da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec) no SUS que condenava o uso de cloroquina e de outros tratamentos ineficazes. Além disso, Queiroga não cumpriu o prazo de 48 horas para responder a uma série de perguntas da comissão. (g1)
Indicado por Queiroga, o coordenador da Conitec, o pneumologista Carlos Carvalho negou ingerência política e disse que foi dele a decisão de tirar o relatório da pauta. Segundo ele, pesquisas feitas em setembro não haviam entrado no documento, embora a ineficácia de remédios como a cloroquina contra a covid-19 já esteja estabelecida desde o ano passado. (Estadão)
A quinta-feira na CPI da Pandemia foi marcada por um dos mais estarrecedores depoimentos até o momento. O advogado Tadeu Frederico de Andrade, de 65 anos, disse aos deputados que após 30 dias internado na UTI de um hospital da Prevent Senior, a médica Daniela de Aguiar Moreira da Silva quis removê-lo para um leito híbrido com tratamento paliativo, já que sua morte aconteceria “em poucos dias”. Além disso, disse ele, havia a orientação para que, em caso de parada cardíaca, ele não fosse reanimado. A família não aceitou e contratou um médico particular para fiscalizar o atendimento ao advogado. O médico Walter Correa de Souza Neto, ex-funcionário da Prevent, confirmou as denúncias de pressões e chantagens para prescrição do “kit covid”. O relator da Comissão, Renan Calheiros (MDB-AL) disse que a empresa adotou uma prática “nazista e criminosa”. (Metrópoles)
O ministro da Economia, Paulo Guedes, tem apanhado muito desde a revelação de que possui uma empresa offshore num paraíso fiscal. E boa parte dessa saraivada é fogo amigo. Colegas de governo e aliados de Jair Bolsonaro têm pressionado o presidente a fritar o outrora superministro. Guedes, dizem fontes, nunca esteve tão isolado. (Folha)
Mas não são as pancadas dos colegas que o incomodam. Como conta Guilherme Amado, Guedes se sente abandonado por Bolsonaro, que vem mantendo, ao menos em público, silêncio ensurdecedor sobre a crise de seu Posto Ipiranga. (Metrópoles)
Bruno Boghossian: “Políticos governistas mantêm apoio à reeleição de Bolsonaro porque acreditam numa recuperação de popularidade até o ano que vem, mas não topam encarar uma campanha que aponte para a continuidade da agenda de Guedes. A revelação de uma empresa num paraíso fiscal foi só um pretexto do Centrão para fragilizar ainda mais o ministro. É a política que vai obrigar Bolsonaro a rifar seu ‘posto Ipiranga’ — agora ou em 2022.” (Folha)
Coluna do Estadão: “Tucanos torceram o bico para a chegada de Joice Hasselmann ao PSDB e lembraram declarações dela sobre Bruno Covas (‘uma nulidade que não gosta de trabalhar’). Tomás Covas, filho do prefeito morto em maio, chamou a chegada de Joice de ‘vergonha’.” (Estadão)
Meio em vídeo. O próximo presidente, seja quem for, terá metade do país o odiando. E a principal causa está nos algoritmos que incentivam uma conversa baseada em ódio. Ele terá na economia, na educação, na saúde, no meio ambiente uma penca de problemas imensos. Mais do que nunca, é preciso um líder capaz de fazer discursos de união — não de divisão. Confira o Ponto de Partida. (YouTube)
O ministro do STF Alexandre Moraes deu prazo de 30 dias para que a Polícia Federal tome presencialmente o depoimento de Jair Bolsonaro sobre suposta ingerência política deste na corporação. Dentro desse prazo, o presidente pode marcar a data e a hora para depor. (g1)
Enquanto isso... A Procuradoria Geral da República recomendou a condenação do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) por ameaças a ministros do STF e às instituições democráticas. Ele foi preso em fevereiro após publicar um vídeo defendendo a volta do AI-5. (Poder360)
Dois jornalistas, a filipina Maria Ressa e o russo Dmitry Muratov, vão dividir o Nobel da Paz de 2021 por seus esforços em defesa da liberdade de imprensa e da democracia em seus países. Ressa fundou em 2012 e dirige até hoje o Rappler, uma rede de jornalistas investigativos que é uma das mais expressivas resistências ao presidente filipino Rodrigo Duterte, um prócer das “democracias iliberais”. Já Muratov luta há décadas pela democracia na Rússia. O jornal Novaja Gazeta, que fundou em 1993, é uma das maiores trincheiras pela liberdade de imprensa e a defesa dos direitos humanos no país de Putin. Ao menos seis de seus profissionais já foram assassinados. Segundo a Academia Sueca, Ressa e Muratov “representam todos os jornalistas que se erguem por esse ideal num mundo onde a democracia e a liberdade de imprensa encaram condições cada vez mais adversas”. (Twitter)
E difícil — assim como é delicado — este debate sobre ameaça à democracia, liberdade de expressão e de imprensa nos tempos digitais. O assunto foi tema de uma Edição de Sábado do Meio, contando a história de como estes princípios se estabeleceram nas democracias. O conteúdo está aberto.
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