O noticiário na política continua quente, com o presidente Jair Bolsonaro enfrentando novas frentes que podem se tornar mais problemáticas. Folha destaca em manchete principal que o ministro do STF, Alexandre de Moraes decidiu compartilhar as provas com o TSE, reforçando as ações que podem levar à cassação da chapa Bolsonaro-Mourão. Agora pela manhã, Bolsonaro foi internado para exames e a reunião com os chefes do Legislativo e Judiciário foi cancelada. Ele está há dias com uma crise de arrotos — e não soluços, como destaca a mídia nacional. Ainda não há boletim médico. Bolsonaro vem aparentando desconforto e está visivelmente abatido há vários dias. Outro flanco aberto contra o presidente veio ontem de noite pelo principal noticiário da Rede Globo de Televisão. O Jornal Nacional trouxe ontem novas revelações sobre o escândalo no Ministério da Saúde. Mensagens no celular de Dominghetti indicam que grupo procurou diretamente Bolsonaro para negociar vacina. O elo entre a americana Davati e o presidente para tratar do negócio de compras da vacina da AstraZeneca seria o reverendo Amilton Gomes de Paula. Uma das mensagens traz um diálogo entre Dominghetti e Cristiano Alberto Carvalho, representante da Davati no Brasil. No dia 13 de março, Dominghetti envia uma mensagem a Cristiano: "Estão viabilizando sua agenda com presidente." Cristiano responde em áudio, pedindo a confirmação: "Dominghetti, por favor, verifica para mim se o presidente vai atender hoje ou amanhã ou até na terça, porque aí eu preciso mudar o voo e preciso reservar o hotel, tá bom? Obrigado." A Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários, a Senah, chegou a ser reconhecida pelo ministério em documentos como intermediária na negociação paralela por 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca com a Davati, empresa americana localizada no Texas. De volta ao noticiário, a Folha é sintética na manchete de capa: Moraes reforça ações do TSE que podem cassar Bolsonaro. Estadão aborda outro assunto: Câmara aprova barreira a supersalário no funcionalismo. O Globo destaca que o Ibama pode ficar sem metade do efetivo em 2022, o que impedir manter uma fiscalização eficiente de queimadas e invasões de áreas de conservação. Valor trata da reforma tributária e informa que Relator corta IRPJ à metade e taxa dividendos em 20%. Já a edição brasileira do El País, foca na crise cubana: Grupos próximos ao Governo de Cuba tomam as ruas para silenciar as manifestações. Jornais destacam que a CPI da Covid recorreu ao STF e obteve aval para agir contra silêncio sistemático de depoentes. O presidente do Supremo, Luiz Fux, acolheu parcialmente demanda da CPI da Covid que dá fôlego para a comissão reagir à sistemática atitude de depoentes de permanecerem em silêncio graças a decisões da Justiça. Fux atendeu parcialmente a dois embargos (recursos), um apresentado pela CPI e outro pela defesa de Emanuela Medrades, representante da Precisa Medicamentos que decidiu ficar em silêncio no depoimento desta terça. Estadão informa que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), decidiu prorrogar o funcionamento da CPI por noventa dias, impondo mais uma derrota ao governo de Jair Bolsonaro. A estratégia traçada por adversários de Bolsonaro para aumentar ainda mais o seu desgaste não se resume, porém, apenas às investigações sobre ações e omissões no combate à pandemia. Assim que os senadores encerrarem os trabalhos desta comissão, a CPMI das Fake News será retomada. Entre os colunistas, Elio Gaspari duvida da nova tentativa de Bolsonaro mostrar-se moderado, depois dos impropérios e palavrões ditos na semana passada contra autoridades e ministros do STF. "Quem viu o Bolsonaro da semana passada, falando e andando com sua opinião a respeito da CPI, insultando ministros do Supremo e ameaçando cancelar a eleição, pensou que estava sonhando. Viu-o citar a oração do padre-nosso depois de uma conversa de 20 minutos com o presidente da corte, Luiz Fux. Seria um novo Bolsonaro, respeitador do quadrado da Constituição, moderado e calmo, até na voz", observa. "O novo Bolsonaro durará pouco". E Rosângela Bittar, no Estadão, abraça a tese do 'semipresidencialismo'. "Evita polarização e permite mil formas de composição", diz. "O modelo mais cobiçado é o praticado em Portugal. O semipresidencialismo lusitano tem o apelido de Geringonça e vigora com sucesso". Vale olhar ainda a declaração do presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), apontando que o impeachment é uma decisão política, mas que não é só dele. E disse que responsabilidade por abrir um processo para afastar o presidente da República não é só dele. "Essa é uma decisão política. Você neste momento tem que trabalhar mais para pôr água na fervura do que para botar querosene", afirmou. "E esse assunto, já estou cansado de dizer e repetir. Eu não posso fazer esse impeachment sozinho, erra quem pensa que a responsabilidade é só minha. Ela é uma somatória de características que não se configuram". Na economia, um dos destaques do dia é o novo texto da reforma tributária, que alivia IR para empresas e deixa rombo de R$ 30 bi nas contas públicas. Relator inverte tendência da proposta original do governo, que arrecadaria mais, e passa a prever saldo final negativo. O relatório mudou por conta da pressão de empresários. O relator é o deputado Celso Sabino (PSDB-PA). Com forte alívio na tributação das pessoas jurídicas, o parecer inverte a tendência da proposta original do governo, que geraria ganhos de arrecadação, e passa a prever uma perda final de quase R$ 30 bilhões nas receitas federais por ano. A proposta apresentada em 25 de junho pela equipe econômica propunha redução da alíquota do IR de empresas dos atuais 15% para 10%, com um escalonamento de 2,5 pontos percentuais no primeiro ano e mais 2,5 pontos no segundo ano. A tributação adicional de 10% sobre lucros acima de R$ 20 mil continuaria valendo. Na Folha, Vinícius Torres Freire comenta: Mexida incompetente do IR vira do avesso, beneficia ricos e tira dinheiro do governo. "Poucos dias depois de apresentada, Guedes dizia que poderia mudar alíquotas como se apostasse feijões em mesa de pôquer do vovô", resume. "Para famílias que administram suas fortunas por meio de holdings familiares, o projeto novo é risonho e franco. Os incentivos à pejotização aumentaram, em uma primeira leitura de um projeto sempre tão enrolado, detalhado e com impactos tão variados (mesmo sobre contribuintes aparentemente iguais) como os de reforma tributária". LULA Em entrevista ao canal de notícias Euronews, Lula Folha repercute a entrevista de Lula da Silva ao canal de notícias EuroNews, em que volta a atacar Bolsonaro, a quem chama de fascista — "Mais da metade dos que morreram [de Covid] se devem à irresponsabilidade' do presidente, diz. O jornal ainda noticia o ataque de Lula aos EUA, dizendo que não houve soldado em Cuba com joelho em cima de um negro nos atos. Lula recorreu à violência policial contra negros nos Estados Unidos para defender a legitimidade do governo cubano, alvo de protestos no domingo. "Você não viu nenhum soldado em Cuba com o joelho em cima do pescoço de um negro, matando ele", escreveu o ex-presidente, em rede social, em referência ao assassinato de George Floyd, homem negro morto pela polícia americana em 2020, episódio que gerou comoção global. Também na Folha, Bruno Boghossian ironiza a situação de Lula, por conta da crise em Cuba. Lula atravessa o Malecón para escorregar numa casca de banana. "Petista abre mão de marcar posição firme em momento de erosão da democracia no Brasil", escreve. "O petista fez um esforço para ignorar a repressão oficial aos protestos e os elementos políticos que deram peso às manifestações. Lula destacou que as dificuldades enfrentadas pelo povo cubano têm o peso perverso do embargo americano à ilha, mas abriu mão de marcar uma posição firme num momento de erosão da democracia em diversos países, incluindo o Brasil". Igor Gielow, na mesma Folha, também modula um ataque a Lula sobre as ligações da esquerda brasileira com a ilha de Fidel Castro. Apoio de Lula à ditadura cubana é lembrete incômodo para o petismo em 2022. "Claro que um petista poderá apontar que Bolsonaro tem mais em comum com a ditadura esquerdista do chavismo na Venezuela do que Lula, mas será uma disputa entre roto e esfarrapado ideológicos", aponta. Ainda sobre Cuba, atenção ao editorial do Global Times, ao final deste briefing. Em entrevista a Ancelmo Góis, no Globo, o ex-ministro Marco Aurélio Mello critica a Suprema Corte por "ressuscitar Lula" e se coloca abertamente contra uma eventual candidatura do petista à Presidência em 2022. "Eu fui voto vencido, mas a maioria decidiu, paciência [sobre os processos de Moro contra Lula]. Agora aguardemos 2022 para ver se ele vai se apresentar candidato à Presidência ou não. Ele cumpriu dois mandatos diretamente e cumpriu um mandato e meio indiretamente quando esteve na cadeira maior do país a presidente Dilma, período em que ele, evidentemente, estava, mesmo que não formalmente, como grande conselheiro dela. Eu penso que o ex-presidente já prestou serviços à pátria e que é hora de nós termos a abertura de oportunidades para outros candidatos". BRASIL NA GRINGA A indicação de André Mendonça ao STF recebe atenção da imprensa estrangeira. Despacho da Associated Press informa que o presidente Jair Bolsonaro indicou um pastor evangélico para preencher uma vaga na Suprema Corte do Brasil, a segunda nomeação do presidente conservador para o tribunal de 11 membros. "Mendonça, de 48 anos, cuja nomeação ainda precisa ser confirmada pelo Senado, substitui o juiz que se aposenta Marco Aurélio Mello. Já se passaram 127 anos desde que um candidato à corte máxima do Brasil foi rejeitado pelo Senado", informa. A notícia é replicada pelo Washington Post e outros 5,6 mil veículos noticiosos em todo o mundo. CUBA Toda a mídia global foca nos protestos em Cuba, com os jornais americanos falando em repressão massiva. O jornal argentino Clarín destaca em manchete de primeira página que há pelo menos um morto e mais de 100 presos. Os números são de organizações de direitos humanos. O governo não confirma. Segundo nota divulgada pela Agência Cubana de Notícias, Diubis Laurencio Tejeda, 36, morreu na tarde desta segunda-feira quando "grupos organizados de elementos anti-sociais e criminosos (...) perturbaram a ordem" e tentaram se dirigir a uma delegacia de polícia "com o objetivo de atacar suas tropas e danificar as instalações", no município de Arroyo Naranjo. O jornal cubano Granma destaca a declaração do presidente Miguel Díaz-Canel: "Que nunca falte unidade, respeito e amor à vida entre os cubanos". Ele clamou "pela unidade dos cubanos, apelando ao respeito dos cubanos, despojando-nos de qualquer sentimento de ódio, de qualquer vulgaridade, de qualquer comportamento indecente, mas exigindo as regras de disciplina, as regras que garantem em nossa sociedade aquela tranquilidade social". O jornal destaca ainda que Cuba tem provas do envolvimento dos Estados Unidos em ações de desestabilização contra o povo cubano. Membro do Bureau Político do Partido Comunista de Cuba e ministro das Relações Exteriores, Bruno Rodríguez Parrilla acusou o governo dos Estados Unidos de estar diretamente envolvido e de ter graves responsabilidades nos incidentes ocorridos em nosso país em 11 de julho. Durante uma coletiva de imprensa, o chanceler cubano apresentou provas e advertiu aos EUA que será responsável pelas consequências que ocorrerem se persistir na política de estrangulamento contra o país. Ele disse que a conduta irresponsável da Casa Branca pode ter consequências graves que prejudicam os interesses de ambos os países. Rodríguez Parrilla denunciou que a polêmica etiqueta #SOSCuba não surgiu nas Grandes Antilhas, mas foi lançada em junho, em Nova York, para tentar impedir o pronunciamento da Assembleia Geral das Nações Unidas contra o bloqueio. E especificou que a operação utiliza recursos milionários, laboratórios e plataformas tecnológicas com recursos do governo dos EUA. Em editorial, o jornal chinês Global Times condenou o bloqueio dos Estados Unidos, apontando que a perturbação a Cuba é um crime grave. "Cuba é um país insular com uma população de apenas 11 milhões. O país fica muito perto dos EUA. Mas os Estados Unidos impuseram a Cuba as sanções mais longas e severas da história recente das relações internacionais. Além disso, os Estados Unidos envidaram os maiores esforços para realizar atividades de infiltração política em Cuba", lembra o GT. "A longa existência da Cuba socialista sob as sanções e infiltrações políticas dos Estados Unidos e sua sobrevivência após a desintegração da União Soviética não são o resultado da 'repressão política interna'". E destaca: "Thomas Jefferson, um fundador dos Estados Unidos, expressou sua ideia de anexar Cuba". A íntegra do texto está ao final deste briefing INTERNACIONAL Nas manchetes do New York Times, Wall Street Journal e Financial Times o ressurgimento da inflação nos EUA. Os preços voltam a subir, e o Fed e a Casa Branca procuram amenizar os temores da inflação — diz o NYTimes. A inflação sobe no ritmo mais rápido em 13 anos — destaca o WSJ. Ritmo da inflação dos EUA volta a subir em teste para o Fed — diz o FT. O Índice de Preços ao Consumidor disparou, subindo 5,4% no ano até junho, à medida que os preços dos carros usados aumentaram rapidamente. O governo Biden rapidamente apontou que grande parte da mudança estava ligada a questões temporárias de abastecimento: os preços de carros e caminhões antigos dispararam e foram responsáveis por mais de um terço do aumento. "Mesmo assim, a Casa Branca e o Federal Reserve estão fixados nos dados da inflação porque ela subiu mais rápido do que muitos esperavam - e a explosão pode durar mais do que eles esperavam", diz o jornal. "O governo afirma que os ganhos de preços serão temporários. Mas dentro da Casa Branca, assessores concluíram nas últimas semanas que fortes aumentos podem durar um ano ou mais, de acordo com dois funcionários do governo". A manchete do Washington Post é para a reação da Casa Branca às mudanças na lei eleitoral norte-americana. Biden chama a aprovação de legislação de votação de 'um imperativo nacional' e castiga as restrições de voto com base em 'uma grande mentira'. Biden condenou a onda de restrições de voto propostas em estados liderados pelos republicanos em todo o país — os esforços que o presidente argumentou são a maior ameaça à democracia americana desde a Guerra Civil. A crise na África do Sul segue voraz. O número de mortos sobe para 72 na África do Sul enquanto a violência desencadeada pela prisão de Zuma aumenta. "O espasmo de agitação é o pior da África do Sul desde a primeira eleição de todas as raças em 1994, encerrando décadas de regime de apartheid que tornou o país um pária internacional", diz o Washington Post. Os saqueadores destruíram shoppings e outros negócios na província de KwaZulu-Natal e no centro industrial do país em Joanesburgo e arredores. Sobre a crise sanitária, jornais americanos ressaltam que os novos casos de Covid-19 estão aumentando em vários estados dos Estados Unidos, preocupando as autoridades de saúde e epidemiologistas, pois muitos americanos continuam não vacinados e a variante Delta altamente transmissível se espalha. |
AS MANCHETES DO DIA |
Folha: Moraes reforça ações do TSE que podem cassar Bolsonaro Estadão: Câmara aprova barreira a supersalário no funcionalismo O Globo: Ibama pode ficar sem metade do efetivo em 2022 Valor: Relator corta IRPJ à metade e taxa dividendos em 20% El País (Brasil): Grupos próximos ao Governo de Cuba tomam as ruas para silenciar as manifestações BBC Brasil: Brasileiros deixaram de ter 300 mil bebês no 1° ano da pandemia, com adiamentos e mais divórcios UOL: Alexandre de Moraes reforça ações do TSE que podem cassar Bolsonaro G1: CPI ouve hoje diretora e sócio de empresa que intermediou contrato da Covaxin R7: Saque do auxílio emergencial é liberado para mais 2,4 milhões de beneficiários nascidos em setembro Luis Nassif: "A Precisa parece ter muito poder": Renan acusa advogado de influência junto a ministro do STF Tijolaço: O reverendo é uma bomba Brasil 247: Alexandre de Moraes fortalece ações que podem levar à cassação de Bolsonaro DCM: Alexandre de Moraes fortalece ação no TSE que pode cassar Bolsonaro Rede Brasil Atual: Diretora da Precisa quase é presa, mas CPI remarca depoimento para esta quarta Brasil de Fato: Direita se mobiliza contra indicação de André Mendonça ao STF: "Bolsonaro nomeia outro petista" Ópera Mundi: Chanceler de Cuba responde a ataques de Bolsonaro: 'Deveria estar atento aos casos de corrupção no Brasil' Fórum: Senadores consideram decisão de Fux como "grande vitória" da CPI Poder 360: República de Dominghetti: PM dava carteirada com nomes de autoridades New York Times: O surgimento da inflação desenha perguntas para a Casa Branca. Maior aumento em 13 anos Washington Post: Biden critica os limites de votação WSJ: A inflação sobe no ritmo mais rápido em 13 anos Financial Times: Ritmo da inflação dos EUA volta a subir em teste para o Fed The Guardian: Indignação enquanto Número 10 reduz orçamento de ajuda externa em meio a temores pelos pobres do mundo The Times: Chefe da Polícia Metropolitana busca novo mandato, apesar das falhas em Wembley Le Monde: Vacinação: Macron pega a mão forte Libération: Passe de saúde: Doutor Macron e Mister Bazar El País: Debate de grande profundidade sobre as liberdades em uma pandemia El Mundo: Governo evita clamar a Cuba de ditadura com a repressão no auge Clarín: Mais de cem detidos e um morte em Cuba por repressão aos protestos Página 12: Tirar o couro Granma: Que nunca falte unidade, respeito e amor pela vida entre os cubanos Diário de Notícias: Paula Marques: "Vale a pena estdar um teto às rendas" de casa Público: Um quarto das pessoas que contactam infectados com Covid não é rastreado Frankfurter Allgemeine Zeitung: Onde as moscas estão circulando The Moscow Times: Putin diz que a Rússia e os EUA têm 'interesses comuns' na mudança climática Global Times: 9 chineses e 3 paquistaneses são mortos em ataque à bomba no Paquistão nesta quarta-feira de manhã Diário do Povo: Xi saúda as pessoas que participam dos preparativos para a celebração do centenário do PCC |
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