sexta-feira, 30 de julho de 2021

Se a eleição fosse hoje, Bolsonaro perderia para principais adversários

 


 

O presidente Jair Bolsonaro dobrou a aposta em sua estratégia de desacreditar as eleições via urnas eletrônica em sua tradicional live de quinta-feira, pela primeira vez, com a presença da imprensa. Rodeado de ministros militares e acompanhado de seu ministro da Justiça, o presidente repetiu sua cruzada criando factoides sobre supostos indícios de fraude, e admitindo não ter provas de que as urnas são violáveis. “Não tem como comprovar se as eleições foram ou não foram fraudadas. São indícios. Crimes se desvenda com vários indícios”, disse. Às vésperas da discussão sobre o voto eletrônico ser retomada na Câmara dos Deputados, o presidente mirou seu arsenal ao ministro do STF Luis Roberto Barroso, que é presidente do Tribunal Superior Eleitoral, com ilações que vão pressionando as instituições. Requentando suspeitas já investigadas e desmentidas, Bolsonaro vai criando sua narrativa para aquecer sua base eleitoral para 2022, como contam Regiane Oliveira e Gil Alessi.


A investida de Bolsonaro contra as instituições democráticas acontece em meio a um contexto de aumento da rejeição ao presidente. Pesquisa Atlas Político realizada nesta semana mostra que, se as eleições fossem hoje, o mandatário perderiapara seus principais adversários no segundo turno, incluindo o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), com quem aparece empatado tecnicamente. O levantamento também mostra que cresce a vantagem do ex-presidente Lula em comparação à pesquisa anterior. O petista venceria por 49,2% contra 38,1%, num eventual segundo turno. Ainda segundo a Atlas, a rejeição ao presidente chegou a 62% neste final de julho, contra 36% de aprovação. Trata-se de uma alta de cinco pontos porcentuais em relação a maio, quando a CPI da Pandemia começou, aponta Carla Jiménez.

 

E o Brasil viu ameaçada mais uma parte importante de sua história e cultura na noite desta quinta-feira. Um incêndio repentino na Cinemateca Brasileira, em São Paulo, destruiu parte do complexo em que estão armazenados acervos riquíssimos da sétima arte nacional. Apesar de repentino, trata-se de mais uma tragédia anunciada, já que há meses várias pessoas ligadas à instituição denunciavam o sucateamento e os problemas de estrutura na Cinemateca, como contam os repórteres Joana Oliveira e Lucas Berti. Ao EL PAÍS, o ex-conselheiro da Cinemateca, Eduardo Morettin, disse que incidentes como esse podem causar danos irreparáveis a “uma parte da história de preservação do cinema e do Estado brasileiro.”

 

O alento veio de Tóquio, com a vitória de duas brasileiras que superaram lesões gravíssimas e tiveram um longo caminho de recuperação até chegarem ao pódio nestes Jogos Olímpicos. A judoca Mayra Aguiar conquistou seu terceiro bronze consecutivo nas Olimpíadas, um feito inédito para uma atleta brasileira em esportes individuais. Já a jovem Rebeca Andrade conquistou a inédita medalha para a ginástica artística feminina do Brasil, encantando Tóquio ao som de Baile de favela, em mais um exemplo da força da mulher negra brasileira. Reportagem de Carlos Arribas, que está no Japão acompanhando os Jogos, mostra como elas e outras mulheres latinas têm brilhado na Olimpíada da superação.

 


Com rejeição de 62%, Bolsonaro perderia para Lula, Mandetta, Ciro, Haddad e Doria no segundo turno
Com rejeição de 62%, Bolsonaro perderia para Lula, Mandetta, Ciro, Haddad e Doria no segundo turno
Pesquisa da Atlas mostra que noticiário negativo, envolvendo erros na gestão da pandemia e suspeitas de corrupção na compra da vacina, elevaram a sua reprovação
Bolsonaro não tem provas sobre fraude de urnas, mas insiste em ilação
Indícios apresentados são fragmentos de notícias que tratam de suspeitas já investigadas e desmentidas pelo TSE

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