A internação de Jair Bolsonaro no hospital das Forças Armadas, em Brasília, e sua transferência para São Paulo, por conta de obstrução intestinal é a manchete principal dos principais jornais brasileiros e alcança repercussão internacional — junto com os alertas de que a Amazônia está emitindo agora mais CO2 do que absorvendo. O tema é manchete principal do jornal inglês The Guardian, que ainda aponta a responsabilidade direta de Bolsonaro (leia mais em Meio Ambiente). A imprensa internacional especula a necessidade do presidente se submeter a uma cirurgia de emergência — Reuters destaca, mas a AP descarta a hipótese: Soluços ruins, mas sem cirurgia imediata para o presidente do Brasil. As manchetes dos quatro jornalões nacionais convergem até nos enunciados. Folha: Com obstrução intestinal, Bolsonaro é internado em SP. Estadão: Bolsonaro é internado em São Paulo com obstrução intestinal. O Globo: Bolsonaro é transferido para SP com obstrução intestinal. El País (Brasil): Bolsonaro passará por "tratamento conservador" contra obstrução intestinal, diz hospital de SP. O único a colocar outro assunto na manchete é o Valor: Guedes cita acordo para o preço do aço e indústria nega. Na Folha, Igor Gielow escreve que Bolsonaro usa internação para ressuscitar figura de mártir contra Lula. "Presidente sai de cena em momento de pressão extrema, quando temia inclusive prisão do filho", observa. "A internação repentina de Jair Bolsonaro, apesar dos sinais externos de deterioração física dos últimos dias, fez ressurgir uma das personas prediletas do entorno do presidente: a do mártir político". No Globo, Bela Megale traça o caminho da CPI para chegar à família Bolsonaro. "As perguntas do relator da CPI da Covid, Renan Calheiros (MDB-AL) já dão a senha. Senadores da comissão traçaram uma estratégia para tentar chegar ao presidente Jair Bolsonaro e seus filhos, em especial o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), por meio das empresas envolvidas na investigação", aponta. "Além disso, entraram na mira da CPI nomes próximos ao clã, como o do advogado Frederic Wassef. O grupo suspeita que Wassef e outras pessoas ligadas aos Bolsonaro podem ser o elo entre essas companhias e a família do presidente". Na política, jornais destacam que a CPI da Covid ouve hoje representante oficial da Davati no Brasil, Cristiano Carvalho. A expectativa é de que ele traga esclarecimentos sobre as negociações da empresa com o Ministério da Saúde e o suposto pedido de propina envolvendo a compra de vacinas da AstraZeneca, relatado pelo PM Luiz Paulo Dominghetti. À Folha, o dono da Davati disse que a intenção nunca foi vender vacinas, mas ser um facilitador do negócio. Herman Cardenas declarou que não tinha garantia das 400 milhões de doses e que havia alocadora entre empresa e AstraZeneca. O jornal lembra que o governo aceitou garantia fora das regras e do prazo previstos em contrato da Covaxin. No depoimento de ontem à CPI, a diretora da Precisa, Emanuela Medrades, alvo dos senadores, admite à CPI descaso do governo com calote milionário. Ofício em poder da CPI assinado por Emanuela revela que ela conseguiu mudança a jato em pagamento da Covaxin após recorrer a Elcio Franco. Ela pediu a militar que pagamento fosse em dólar, a partir de faturas, o que foi atendido no mesmo dia. Presidente do Senado prorroga CPI por 90 dias, e comissão poderá atuar até novembro. LULA No Estadão, William Waack explicita a percepção do establishment brasileiro, que vai abandonar Bolsonaro para derrotar Lula nas eleições presidenciais de 2022. "Forma-se em elites dirigentes empresariais envolvidas no jogo político uma curiosa noção segundo a qual Bolsonaro é o único fator que explica o sucesso de Lula nas pesquisas de intenção de voto", observa. "Portanto, para evitar uma vitória de Lula, o caminho evidente seria tirar Bolsonaro do páreo eleitoral, eventualmente através de impeachment. Por enquanto esse caminho parece distante por uma série de motivos, entre os quais predomina a ausência de uma 'massa crítica política' no Legislativo". "A antecipação da candidatura de Rodrigo Pacheco é um sintoma dessa mudança de calendário de tomada de decisões. Os operadores políticos cheiraram uma atmosfera que parecia pouco provável dois meses atrás, quando muitos trabalhavam com uma espécie de inevitabilidade do confronto Lula-Bolsonaro – inclusive os próceres do Centrão, para os quais a diminuição de chances eleitorais de Bolsonaro amplia sua força de chantagem, mas é perigosa nas eleições que também terão de enfrentar", escreve. ECONOMIA Jornais destacam a reviravolta na condução da reforma tributária, em tramitação na Câmara. A nova proposta de Imposto de Renda tira até R$ 27 bilhões dos cofres de Estados e municípios. Cálculos indicam que maior parte da conta com redução do tributo para as empresas ficará com gestores regionais; governadores e prefeitos se articulam para tentar mudar texto. No Estadão, Adriana Fernandes comenta: 'Segundo relatório da reforma do IR dá uma virada de quase 180 graus'. A manchete do Valor toca no desmentido de empresários do aço ao ministro da Economia. Setor nega compromisso de represar reajustes. O presidente do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, disse que regras de compliance e de concorrência impedem acordos. Ele desmentiu Guedes, que havia declarado ter um acordo para não elevar preços do aço até fim do ano. "O ministro Paulo Guedes, alegando receio de pressão inflacionária e diante de reclamações vindas do setor da construção civil, propôs que não fossem feitos novos aumentos de preço. Respondemos ao ministro que, por questões de compliance, de concorrência e de políticas comerciais próprias de cada empresa, não poderíamos firmar esse compromisso", disse Lopes. BRASIL NA GRINGA New York Times noticia a internação do presidente brasileiro. Bolsonaro do Brasil está hospitalizado e enfrenta possível cirurgia — é o título da reportagem de Ernesto Londoño, correspondente do jornal sediado no Rio. "Bolsonaro, que sofreu graves facadas em 2018, acordou na quarta-feira com uma forte dor de estômago. Seu médico disse que ele pode precisar de uma cirurgia de emergência", resume. "Em entrevistas e aparições públicas recentes, Bolsonaro, de 66 anos, parecia doente". "Os mais recentes problemas de saúde de Bolsonaro ocorrem no momento em que sua popularidade diminui em meio a escândalos e crises sobrepostos decorrentes da resposta do governo à pandemia do coronavírus. Legisladores e promotores estão investigando alegações de que altos funcionários do ministério da saúde buscaram propinas no início deste ano, enquanto negociavam a compra das vacinas Covid-19", aponta. O Wall Street Journal é outro a destacar em reportagem que o presidente Jair Bolsonaro foi internado em Hospital São Paulo por obstrução intestinal. "Seus médicos não forneceram mais informações sobre o que causou a obstrução ou por quanto tempo Bolsonaro poderia ficar hospitalizado", resume. "O presidente tem problemas abdominais desde sua campanha de 2018 para presidente, quando um homem louco o esfaqueou na rua enquanto ele era cercado por simpatizantes. Os médicos salvaram sua vida na sala de cirurgia, e Bolsonaro se recuperou e conquistou o cargo mais alto do país. Os médicos o operaram um número desconhecido de vezes desde a primeira cirurgia". O jornal diz que Bolsonaro é alvo de investigações e tem enfrentado manifestações de rua em favor de seu impeachment e destituição do cargo pelo Congresso. "Espera-se que Bolsonaro concorra à reeleição no próximo ano, onde provavelmente enfrentará o ícone esquerdista e ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva". O inglês The Guardian também destaca a internação do líder brasileiro. Bolsonaro pode passar por uma cirurgia de emergência depois que os soluços persistem por mais de 10 dias. "Presidente foi transferido para São Paulo para determinar se procedimento é necessário após o cirurgião diagnosticar obstrução intestinal", reporta. "Uma fotografia de um Bolsonaro sem camisa deitado em uma cama de hospital, com um homem que parecia ser um padre tocando seu ombro direito, foi publicada nas redes sociais do presidente junto com a mensagem: 'Se Deus quiser, estaremos de volta em breve. O Brasil é nosso'". O francês Le Monde também repercute o estado de saúde do presidente. No Brasil, Jair Bolsonaro, hospitalizado, sofre de obstrução intestinal. "Internado no Hospital das Forças Armadas, em Brasília, nesta quarta-feira, o presidente foi transferido para São Paulo. Inicialmente, a cirurgia de emergência é excluída", informa. Na economia, o argentino Clarín noticia que há tensão no Mercosul. Ministro da Economia do Brasil falou em tomar medidas "unilaterais" e pede que Argentina não se oponha. MEIO AMBIENTE O inglês The Guardian destaca em manchete de primeira página: Alarme na Amazônia, a floresta agora emite mais CO2 do que absorve. "A redução das emissões é mais urgente do que nunca, dizem os cientistas, com a floresta produzindo mais de um bilhão de toneladas de dióxido de carbono por ano", reforça. "As emissões chegam a um bilhão de toneladas de dióxido de carbono por ano, de acordo com um estudo. A floresta gigante antes era um sumidouro de carbono, absorvendo as emissões que impulsionavam a crise climática, mas agora está causando sua aceleração, disseram os pesquisadores" Em reportagem, o inglês The Guardian é alarmista ao apontar a responsabilidade de Bolsonaro sobre o desastre ambiental em curso no país. Floresta Amazônica 'entrará em colapso se Bolsonaro permanecer presidente' — escreve o ex-correspondente brasileiro Jonathan Watts. "Acadêmicos e ativistas brasileiros emitem alerta em meio a novo ataque às proteções ambientais", pontua. "O colapso da floresta amazônica é inevitável se Jair Bolsonaro permanecer presidente do Brasil, alertaram acadêmicos e ativistas ambientais em meio a um novo ataque do governo às proteções para a floresta". Segundo Watts, apesar das evidências de que o fogo, a seca e o desmatamento estão empurrando a Amazônia para um ponto sem volta, ambientalistas dizem que o líder de extrema direita está mais interessado em aplacar o poderoso lobby do agronegócio e explorar os mercados globais que recompensam o comportamento destrutivo. Em editorial, o Financial Times defende que o Brasil deve pagar para não travar o desmatamento. "O governo de Bolsonaro ignorou a pressão de investidores", lembra. "Pouco mais de um ano e várias reuniões de alto nível depois, os resultados são claros: o desmatamento aumentou 17% nos primeiros seis meses de 2021, de acordo com dados preliminares do governo. O impressionante Código Florestal está rapidamente se tornando letra morta, porque as agências que o policiam tiveram seus orçamentos destruídos. No mês passado, o ministro do Meio Ambiente — um aliado próximo do Bolsonaro — pediu demissão em meio a uma investigação criminal sobre se ele havia sido conivente com madeireiros ilegais para exportar madeira da Amazônia". "Nem tudo está perdido. O desrespeito arrogante do governo Bolsonaro pelas riquezas naturais do país não é compartilhado por muitas empresas brasileiras. Empresas que exportam para a Europa e América estão alarmadas com o risco de boicotes de consumidores ou investidores se a inação do governo tornar a marca Brasil muito tóxica", aponta o texto. INTERNACIONAL A manchete do New York Times destaca o lançamento pela Europa de um plano para mudar os combustíveis fósseis, criando potenciais conflitos comerciais. A proposta imporia tarifas sobre algumas importações de países com regras ambientais mais flexíveis. Significaria também o fim das vendas na União Europeia de novos carros movidos a gasolina e diesel em apenas 14 anos. Outro destaque no noticiário do dia é o lançamento pelos democratas de orçamento de US$ 3,5 trilhões para cumprir a ampla agenda de Biden. "Faremos muito", disse o presidente Biden, enquanto os democratas do Senado começavam a esboçar os detalhes de um projeto de lei social e ambiental que poderia gerar mudanças transformadoras, relata o NYTimes. |
AS MANCHETES DO DIA |
Folha: Com obstrução intestinal, Bolsonaro é internado em SP Estadão: Bolsonaro é internado em São Paulo com obstrução intestinal O Globo: Bolsonaro é transferido para SP com obstrução intestinal Valor: Guedes cita acordo para o preço do aço e indústria nega El País (Brasil): Bolsonaro passará por "tratamento conservador" contra obstrução intestinal, diz hospital de SP UOL: Bolsonaro ficará internado em SP para tratamento clínico, diz boletim médico G1: Auxílio emergencial: governo antecipa pagamento da 4ª parcela R7: Mais de 2,3 milhões nascidos em outubro podem sacar terceira parcela do auxílio emergencial hoje Luis Nassif: A "doutrina" inventada pelos militares para assumir o poder, por Maria Inês Nassif Tijolaço: Flávio não foi ao hospital para assistir Emanuela? DCM: Hospital descarta cirurgia em Bolsonaro Rede Brasil Atual: Bolsonaro fará tratamento em São Paulo. Mourão mantém agenda em Angola Brasil de Fato: Congresso aprova proibição de despejos na pandemia, mas exclui população do campo Ópera Mundi: Feminismo negro está no centro da luta anticapitalista, diz Nilma Lino Gomes Fórum: Bolsonaro passa por bateria de exames para decisão sobre possível cirurgia Poder 360: 1º boletim médico de Bolsonaro em São Paulo descarta cirurgia New York Times: Europa apresenta um plano de força na luta do clima, elevando a pressão global Washington Post: Mortes por overdose aumentaram em 2020 WSJ: Economia da China desacelera para crescimento de 7,9% Financial Times: Negócios prejudicados pela falta de pessoal, já que o app Covid faz pedidos para casa The Guardian: Alarme na Amazônia, a floresta agora emite mais CO2 do que absorve The Times: Empresas criticam ministros por causa da bagunça das regras da Covid Le Monde: Vacinação: Macron pega a mão forte Libération: Christian Boltanski. Luz El País: Confinamento inconstitucional El Mundo: O confinamento de Sánchez foi ilegal Clarín: 100.250 mortos Página 12: As peças que faltavam Granma: Fazemos um chamado a que o ódio não se aproprie da alma cubana, que é bondosa Diário de Notícias: Pandemia. "Se relaxarmos medidas, vamos ter um novo pico em agosto" Público: Costa ganha batalha dos apoios sociais, mas Marcelo também fica "feliz" Frankfurter Allgemeine Zeitung: Vácuo The Moscow Times: Mortes recordes. Os casos de Moscou disparam. Vacinação obrigatória Global Times: PIB da China expande 7,9% no 2º trimestre, enfrentando pressão de baixa no 2º semestre Diário do Povo: Discurso da cerimônia do centenário do PCC de Xi a ser publicado pelo jornal do Partido |
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