O Intercept publicou ontem mais uma denúncia exclusiva sobre os esquemas de compra de vacinas que envolvem o Centrão e o Ministério da Saúde. Tivemos acesso a documentos que mostram que o governo de Jair Bolsonaro assinou um contrato com a União Química, farmacêutica ligada a deputados e ex-deputados do Centrão, para compra da Sputnik pagando US$ 2 a mais por dose. Como o contrato prevê 10 milhões de doses, estamos falando de um esquema de US$ 20 milhões.
A denúncia é simples: o governo poderia comprar a vacina diretamente da fabricante russa e pagar mais barato. Foi o que fizeram os estados do consórcio Nordeste. Por que Bolsonaro e os militares que tomaram conta do Ministério da Saúde preferiram pagar mais caro? Bom, basta lembrar que um dos diretores da União Química, Rogério Rosso, é ex-deputado pelo PSD e que o principal lobista da Sputnik na Câmara Federal foi Ricardo Barros (PP), líder do governo.
Barros foi o nome que saiu da boca de Jair Bolsonaro como líder de uma quadrilha que está assaltando o Ministério da Saúde, segundo denúncia na CPI. Sabendo disso, Bolsonaro nada fez, e Barros segue líder do governo na Câmara.
O que posso te garantir é que de onde veio essa denúncia pode vir muito mais. Estamos dedicados a cobrir os esquemas de Bolsonaro porque está cada vez mais claro que expor a corrupção na saúde é um dos caminhos para enfraquecê-lo.
O ex-capitão pode gritar, os generais podem espernear, mas nós sabemos o que eles fizeram no verão passado quando o povo brasileiro precisava de vacinas, segurança social e políticas contra a fome.
Montamos uma força tarefa para essa cobertura e precisamos de mais recursos para seguir em frente. Não posso recorrer a meias palavras: essa é uma investigação custosa, requer muitos braços e medidas de segurança. Nós não temos de onde tirar mais financiamento para ela. Precisamos do seu apoio e de todos que puderem se juntar.
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