A notícia mais importante do dia não é a reforma ministerial, que ganhou as manchetes de todos os jornais. Mas o Partido Militar forçando a barra e fazendo ameaças diretas ao país e às instituições. Estadão destaca no alto da primeira página que o General Braga Neto, ministro da Defesa, faz ameaça e condiciona eleições de 2022 ao voto impresso. Ele usou um interlocutor político para duro recado: sem 'voto auditável', disposição das Forças é que pleito não seja realizado. Quem ouviu a ameaça foi ninguém menos que o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL). Ao dar o aviso, o ministro estava acompanhado de chefes militares do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. Estadão destaca que o senador Alessandro Vieira (Sem partido-SE) interpelou Bolsonaro no Supremo para que presidente explique alegações 'inverídicas e infundadas' sobre fraudes nas eleições. As manchetes convergem para a propalada reforma ministerial a ser promovida por Bolsonaro, que decidiu retirar o General Ramos da Casa Civil e instalar o senador Ciro Nogueira (PP-PI), um dos próceres do Centrão. Ônyx Lorenzoni pode ir para o redivivo Ministério do Trabalho, num arranjo de soma zero, já que a interlocução do ministro com o mundo sindical é nula. Nas capas, o casamento do ano. Folha: Bolsonaro muda ministérios e dá mais poder ao Centrão. Estadão: Bolsonaro põe Centrão na Casa Civil e recria pasta do Trabalho. O Globo: Bolsonaro dá Casa Civil a Ciro Nogueira, líder do Centrão. Jornais lembram que Ciro Nogueira já foi alvo da Lava Jato, enalteceu Lula e atacou Bolsonaro no passado recente. Ele é apresentado como pragmático. E a Coluna do Estadão também recorda o passado: Presidente incrusta no governo partido do 'mensalão'. Valor parece fazer humor ao destacar que o ministro da Economia sai mais fraco da reforma ministerial: Guedes perde a articulação da política de emprego para 2022. Nenhuma menção ao fato de que, com Bolsonaro, o desemprego atingiu níveis recordes na história: 15 milhões de pessoas sem trabalho. E a edição brasileira El País aborda um tema delicado: Guerra política na igreja: a perseguição ao padre Lino por criticar Bolsonaro. Ainda sobre a reforma ministerial, Folha informa que o desmembramento da Economia abre disputa de cargos e Guedes deixa plano de emprego incompleto — outro enunciado que não trata da questão do emprego pelo viés da realidade. Painel S/A noticia que a mudança ministerial de Bolsonaro incomoda empresariado, enquanto o Painel diz que críticas ao fim do Ministério do Trabalho, centrais sindicais veem com pessimismo recriação da pasta por Bolsonaro. Todos os jornais destacam nas capas a manobra presidencial para tentar se manter competitivo nas eleições de 2022, mas que revela um Bolsonaro enfraquecido e mais dependente da velha política que um dia anunciou que combatia — e levou o General Augusto Heleno a entoar o samba de Bezerra da Silva "Se gritar pega ladrão, não fica um meu irmão". Painel da Folha Os principais colunistas tratam de analisar o esforço do Planalto de afastar a ameaça do impeachment de Bolsonaro, com a mudança no ministério. Mas, como escreve Igor Gielow, na Folha, a fatura do casamento com o centrão prolonga agonia do governo Bolsonaro. No Estadão, William Waack vai pelo óbvio: Jair Bolsonaro é hoje o presidente do Centrão. No Globo, Malu Gaspar vai ao ponto: Bolsonaro entrega filé do governo ao Centrão para não ter o mesmo final de Dilma. E Andréa Jubé, sintetiza no Valor: Ciro Nogueira no ministério mais importante do Palácio do Planalto significa, na prática, o Centrão no comando do governo. Jornais destacam que o Youtube removeu vídeos do canal de Bolsonaro por conter informações incorretas sobre a Covid-19, incluindo a indicação de remédios sem eficácia (como a cloroquina) e recomendações equivocadas sobre o uso de máscaras. A medida ocorre diante do avanço da variante delta do coronavírus, mais contagiosa, e que oficialmente já infectou 12 pessoas na cidade de São Paulo e ao menos 135 no país. O Brasil registrou 1.424 novas mortes pelo coronavírus nas últimas 24 horas, segundo dados do Ministério da Saúde divulgados nesta quarta. O país já soma 545.604 óbitos pela doença. Na União Europeia, 51,3% dos adultos já receberam as duas doses da vacina contra a Covid. ORÇAMENTO Estadão registra que investigações do orçamento secreto no TCU avançam em cinco frentes diferentes. Duas apurações em andamento já passaram pelo crivo da área técnica do tribunal e chegaram aos gabinetes dos ministros relatores para que eles se pronunciem. O jornal lembra ainda que o Congresso ignorou alertas de técnicos e MPF ao destinar emendas 'cheque em branco'. Em fevereiro deste ano, a consultoria de Orçamento da Câmara elaborou uma nota alertando para possíveis violações a princípios constitucionais com o uso das transferências especiais. CPI UOL destaca em manchete principal que Pazuello queria mais vacinas no 2º semestre, relatou Dominghetti ao pai. Em conversas via WhatsApp com o pai, o cabo da PM de Minas Luiz Paulo Dominghetti afirmou que o ex-ministro da Saúde manifestou interesse em adquirir lotes de vacinas contra a Covid-19 oferecidas pela Davati com o objetivo de abastecer o Programa Nacional de Imunizações no segundo semestre de 2021. A troca de mensagens entre o PM e seu pai, Paulo César Pereira, aconteceu em 23 de fevereiro, dia em que o policial afirma ter participado de reuniões no Ministério da Saúde. Estadão noticia que a CPI da Covid alcançou militares em investigações sobre compras suspeitas de vacinas. Dos sete núcleos de investigação em funcionamento na CPI, pelo menos três – justamente os de maior potencial explosivo – estão apurando fatos diretamente ligados à atuação de militares, principalmente durante a gestão do general Eduardo Pazuello no Ministério da Saúde. BRASIL NA GRINGA O jornal britânico The Guardian traz ampla reportagem sobre a volta da fome: Covid acumula mais miséria na vulnerabilidade do Brasil. "Muitos culpam o fracasso do presidente Jair Bolsonaro em lidar com a pandemia e fornecer apoio adequado para os necessitados", escreve o correspondente Tom Phillips. Ele descreve como a vida é dura para quem vive na rua da Regeneração, na zona norte do Rio de Janeiro. "Viciados em crack cadavéricos sondam lixeiras em busca de restos de comida, caídos e esparramados em colchões e tapetes sujos. 'Eu não desejaria isso a ninguém', disse Marcus Vinícius de Mello, um garçom desempregado de 49 anos que é um dos moradores de rua sem teto e, como muitos aqui, luta contra as drogas. 'Nenhum ser humano merece passar por isso'. A Reuters destaca que o YouTube anunciou a retirada de vídeos do Bolsonaro por desinformação da Covid-19. "O YouTube disse em um comunicado à imprensa que a decisão foi tomada 'após cuidadosa revisão' e sem consideração pelo trabalho ou ideologia política de Bolsonaro", destaca. "O ex-capitão do Exército de extrema direita, que supervisionou o segundo surto mais mortal do mundo, recebeu críticas generalizadas por criticar os bloqueios, promover curas milagrosas não comprovadas, semear dúvidas sobre vacinas e evitar máscaras". O inglês The Guardian também alardeou o banimento do YouTube dos videos do presidente brasileiro, assim como o francês Le Monde: o YouTube remove vídeos de Jair Bolsonaro por desinformação. Reuters noticia que Bolsonaro planeja reforma ministerial para agradar aliados. "O presidente do Brasil disse que está planejando uma reforma ministerial na próxima semana, enquanto o enfraquecido líder de extrema direita busca fortalecer o poder apaziguando uma força influente no Congresso com a qual está cada vez mais aliado", informa. O argentino Página 12 informa que o Brasil anunciou a exclusão da vacina indiana Covaxin de seu plano de imunização devido a irregularidades contratuais. A suposta compra de vacinas com sobretaxa de mil por cento está sendo investigada pelo Senado. O Ministério da Saúde brasileiro informou que em uma primeira análise preliminar não foram detectadas irregularidades no contrato, mas optou por suspendê-lo para analisá-lo em profundidade. O português Diário de Notícias relata que Angola se recusou a ouvir parlamentares do Brasil ligados à Igreja Universal do Reino de Deus. Hamilton Mourão, vice-presidente de Bolsonaro, intercedeu perante João Lourenço, líder angolano, durante a cúpula da CPLP na semana passada mas não teve sucesso. Igreja de Edir Macedo sofre crise em África. O presidente de Angola não aceitou receber parlamentares brasileiros ligados aos interesses da Igreja Universal. INTERNACIONAL Sobre o escândalo da espionagem internacional promovida pelo uso criminoso de software invasor do grupo israelense NSO, o francês Le Monde destaca em manchete principal que Emmanuel Macron convocou um conselho de defesa "excepcional". O Libération também deu manchete à revelação da espionagem do presidente da França. O argentino Página 12 destaca que o ex-presidente do México Enrique Peña Nieto gastou mais de US$ 30 milhões com o spyware Pegasus. O México é o país onde esta tecnologia israelense foi mais usada. Sobre Macron, Le Monde e Libé destacam que um dos telefones do presidente da República tinha sido escolhido por um serviço de segurança marroquino, para possível vigilância por spyware. O spyware israelense foi supostamente usado por serviços de inteligência marroquinos para hackear telefones de políticos e jornalistas franceses. O Marrocos nega qualquer uso do software da empresa israelense NSO para fins de espionagem, mas o jornal Le Monde, que lidera o consórcio de 16 víeculos internacionais responsável pelo desvelamento do caso Pegasus, mantém a informação. O New York Times destaca em manchete principal que distribuidores de drogas e a Johnson & Johnson fecharam acordo de US$ 26 bilhões para acabar com processos judiciais por opioides. O acordo permitirá que fundos comecem a fluir das empresas para estados e comunidades para pagar por serviços de prevenção e dependência. Wall Street Journal também deu manchete para o tema: Estados chegam a acordo sobre processos judiciais contra analgésicos. Washington Post noticia na capa que a Casa Branca debate a tentativa de usar novamente máscaras à medida que infecções da Covid-19 aumentam. Os principais assessores da Casa Branca e funcionários do governo Biden estão debatendo se devem pedir aos americanos vacinados que usem máscaras em mais locais, já que a variante delta causa picos de infecções por coronavírus em todo o país, de acordo com seis pessoas familiarizadas com as discussões. O Diário do Povo, órgão oficial do Partido Comunista da China, noticia que a China pede para rastrear a origem da Covid-19 em vários países e regiões. O gigante asiático espera que a OMS trate genuinamente o trabalho de rastreamento de origem da Covid como uma questão científica, livre-se da interferência política e promova ativa e prudentemente o trabalho de rastreamento a ser realizado continuamente em vários países e regiões ao redor do globo. |
AS MANCHETES DO DIA |
Folha: Bolsonaro muda ministérios e dá mais poder ao Centrão Estadão: Bolsonaro põe Centrão na Casa Civil e recria pasta do Trabalho O Globo: Bolsonaro dá Casa Civil a Ciro Nogueira, líder do Centrão Valor: Guedes perde a articulação da política de emprego para 2022 El País (Brasil): Guerra política na igreja: a perseguição ao padre Lino por criticar Bolsonaro BBC Brasil: Brasil tem 1 órfão por covid a cada 5 minutos: 'Pensamos que crianças não são afetadas, mas é o oposto' UOL: Pazuello queria mais vacinas no 2º semestre, relatou Dominghetti ao pai G1: Brasil ultrapassa 545 mil mortes por Covid; média móvel é a menor desde 26 de fevereiro R7: Seleção brasileira masculina de futebol estreia hoje Luis Nassif: Bolsonaro entrega anéis e dedos para o centrão Tijolaço: Facebook dá 'cartão amarelo" a Bolsonaro e derruba 14 'lives' Brasil 247: General Braga Netto avisou Arthur Lira que não haverá eleições em 2022 se não houver voto impresso DCM: "Fui atropelado por um trem", diz General Ramos sobre demissão da Casa Civil Rede Brasil Atual: Organizadores trabalham por #24J maior. 'Quanto mais amplo, melhor' Brasil de Fato: A mão nada invisível dos EUA deve se manter sobre Cuba com Biden Ópera Mundi: Estados Unidos e Alemanha fecham acordo sobre gasoduto russo Fórum: Capitã Cloroquina combinou perguntas com senadores bolsonaristas da CPI Poder 360: Rejeição a Bolsonaro e ao governo ainda é recorde, mas taxas param de aumentar Vi o Mundo: Maister F. da Silva: No país da fila do osso, fome e autoritarismo caminham juntos New York Times: Acordo de US$ 26 bilhões fechado para acabar com processos por opióides. Estados versus gigantes de drogas Washington Post: Variante desencadeia uma nova conversa sobre máscaras WSJ: Estados chegam a acordo sobre processos judiciais contra analgésicos Financial Times: Bridgepoint decola em meio a um boom de aquisições The Guardian: Ameaça de greve de enfermeiras sobre prêmio de pagamento de 3% para funcionários do NHS The Times: Temores pela escassez de lojas atingidas pela 'pingdemia' Le Monde: Emmanuel Macron à vista do Marrocos Libération: Espionagem. Nem mais que um alô El País: Interinos com 10 anos de antiguidade ganharam sua praça El Mundo: Governo presenteia a oposição a interinos com mais de 10 anos Clarín: EUA adverte sobre o 'intervencionismo e alta inflação' na Argentina Página 12: Para todes Diário de Notícias: Concursos desertos e obras mais caras atrasam ferrovia Público: MP tem menos magistrados em funções, apesar do aumento do quadro Frankfurter Allgemeine Zeitung: Bodas de prata The Moscow Times: Rússia leva a Ucrânia ao Tribunal Europeu por queixas pós-anexação Global Times: Inundações recordes matam 33 em Henan, com 8 desaparecidos, em nível nacional Diário do Povo: Xi enfatiza priorizar a segurança da vida das pessoas, patrimônio na prevenção de enchentes e controle |
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