MIDIALTERNATIVA FREE PRESS: Deu na Imprensa

Na grande imprensa, a queda de popularidade do presidente da República é recorde e a imagem do ex-capitão gravemente comprometida. É o que mostra o DataFolha: 70% dos brasileiros veem corrupção no governo Bolsonaro. O assunto é a manchete de primeira página da Folha. A pesquisa mostra ainda que a maioria diz que militar da ativa não deve ir a manifestação política nem ter cargo no governo. Na edição de domingo, a Folha destacou em manchete que, pela primeira vez, a maioria da população apoia o impeachment: 54%.

Na edição desta segunda-feira, 12, os outros jornais tocam nas manchetes temas ligados à economia. Estadão informa na primeira página que, com inflação, arrecadação dos estados cresce R$ 45 bi. O Globo relata que distribuidoras perdem R$ 5 bi com a pandemia e tenta acertar a vida com os inadimplentes para contornar a crise de caixa nas empresas de energia. Valor informa que a taxação de dividendos de 'holdings' deve cair. E a versão brasileira do El País diz que a América do Sul observa com cautela a variante lambda da covid-19.

Na política, Folha relata o clima tenso em Brasília depois da reação do Legislativo e do Judiciário às declarações golpistas de Bolsonaro. Os ânimos não arrefeceram durante o fim de semana e tendem a permanecer pelos próximos dias. No fim de semana, emissários do Palácio do Planalto fizeram chegar ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), a irritação de Bolsonaro com as declarações do senador. Ele disse na sexta que não aceitará retrocessos à democracia do país e que quem agir nessa direção será considerado inimigo da nação. Pacheco sinalizou a interlocutores que não pretende recuar da posição que tomou.

Dentre os colunistas, Celso Rocha de Barros escreve sobre as ameaças de comandantes militares com um golpe de Estado caso a CPI continue a investigar oficiais bolsonaristas. "Não se iluda, se houver golpe, vai ser para roubar", opina. "Pelo menos a turma de 64 tinha a decência de mentir que o golpe deles era para combater a corrupção. Era uma época em que o vício ainda prestava homenagem à virtude". A íntegra está ao final deste briefing.

Folha relata que, além de barrar impeachment, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) dá espaço a projetos da agenda bolsonarista. Ele criou comissões para debater voto impresso e ações contraterroristas e quer votar outros temas ligados ao Planalto. A proposta contra o terrorismo criminaliza os movimentos sociais.

Painel da Folha noticia que líderes de oposição rejeitam sugestão de Lira de discutir o semipresidencialismo no Brasil para 2026. Apontam que não é o momento de fazer a discussão e o criticam. Lira disse em entrevista à CNN que a mudança seria necessária para acabar com a instabilidade.

O deputado Bohn Gass (RS), líder do PT, diz que a instabilidade é gerada quando uma presidente, Dilma Rousseff, é tirada do poder sem ter cometido crime, enquanto Lira barra o impeachment de Bolsonaro, que já incorreu em vários. "O povo já decidiu pelo presidencialismo no plebiscito de 1993. Não faz sentido tirar dos brasileiros uma decisão que a Constituição de 1988 colocou nas mãos do povo. Fazer isso no Congresso, sem um novo plebisicto, e um ano antes da eleição, é, no mínimo, casuísmo", diz Alessandro Molon (PSB-RJ), líder da oposição na Câmara.

Sobre as denúncias de corrupção, Estadão informa que a CPI da Covid no Senado tentará avançar nas investigações das suspeitas que envolvem a compra da Covaxin e da AstraZeneca. Nesta segunda, o depoimento é de uma diretora da Precisa, ligada ao caso da vacina indiana, enquanto na quarta e na quinta-feira estão marcadas oitivas de pessoas que participaram da suposta tentativa de venda de 400 milhões de unidades da AstraZeneca ao Ministério da Saúde pela empresa Davati Medical Supply. Relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL) diz esperar novas revelações.

O Globo informa a CPI está investigando uma empresa de logística que ampliou a sua fatia no orçamento do Ministério da Saúde durante os dois anos em que Ricardo Barros (PP-PR), comandou a pasta. No período, a VTC Operadora de Logística, responsável pelo transporte de insumos, faturou R$ 258 milhões, dos quais 98% foram por meio de contratações com dispensa de licitação. O valor representa 70% a mais do que ela ganhou prestando serviços ao ministério nos sete anos anteriores.

No Valor, dois ping-pongs com senadores que integram a CPI e têm em comum o fato de serem delegados. Alessandro Vieira (Cidadania-SE) vê projeto autoritário em curso e Fabiano Contarato (Rede-ES) lista supostas infrações ao Código Penal cometidas por Bolsonaro. "Projeto Bolsonaro é golpista na linha da Venezuela" — diz Vieira, que defende convocação do ministro da Defesa para depor na CPI. "Inquérito mal feito é absolvição na certa", alerta Contarato, destacando a importância de CPI manter o foco.

TETO DOS GASTOS

Na economia, atenção à entrevista de Guilherme Mello à Folha, apontando que regras fiscais precisam ser revistas. Ele é apresentado pelo jornal como coordenador econômico de plano do PT. E afirma que gastar não é pecado, defendendo ainda a taxação de dividendos na reforma tributária. "O Brasil terá que discutir seu conjunto de regras fiscais a partir de 2023 [novo mandato]. Isso inclui fazer um balanço crítico de teto, Lei de Responsabilidade Fiscal, regra de ouro e PEC Emergencial. Porque a gente está sobrepondo uma regra a outra, e elas não fazem mais sentido", afirma.

No contraponto, Valor traz a nova musa dos economistas heterodoxos e porta-voz informal do mercado financeiro, Ana Carla Abrão Costa, criticando o governo e o Congresso por não avançarem na agenda das reformas. Ela diz que Planalto e Legislativo estão propondo e aprovando propostas muito abaixo do prometido e do necessário apenas para ter "troféus" políticos e a narrativa de que a agenda liberal está andando, como no caso da privatização da Eletrobras e das reformas administrativas. "O governo se elegeu com uma pauta liberal, reformista, mas o que o que a gente acaba tendo é sempre o encaminhamento ao Congresso de muito menos do prometido e necessário", diz.

FMI

Valor relata que o Brasil receberá US$ 15 bilhões de pacote de estímulo do FMI. O país tem 2,32% das cotas do FMI e receberá assim US$ 15,08 bilhões, que serão incorporados às "já elevadas reservas internacionais do país". O G-20 pediu para o Fundo implementar até o fim de agosto a liberação de liquidez de US$ 650 bilhões aos países membros, para ajudar as nações mais pobres a acelerar o acesso a vacinas contra a Covid-19. Isso ocorrerá com a maior alocação até hoje de Direitos Especiais de Saque (SDR, na sigla em inglês), um ativo internacional emitido pelo Fundo.

STF

O Globo destaca que o advogado-geral da União, André Mendonça, intensificou a campanha no Senado para ocupar vaga no Supremo e direcionou os pedidos de apoio até mesmo a um dos maiores opositores de Bolsonaro: o presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM). Na tentativa de quebrar resistências, Mendonça tem pregado, junto a outros senadores, um receituário feito sob medida: critica a Operação Lava Jato, promete não criminalizar a política e defende a separação entre os Poderes.

BRASIL NA GRINGA

O português Diário de Notícia noticia que Lula está 21 pontos à frente de Bolsonaro nas pesquisas eleitorais. "Ex-presidente brasileiro lidera a primeira volta das presidenciais de 2022 com 46% dos votos, face ao Presidente Jair Bolsonaro (25%)", resume. "Segundo o DataFolha, Lula da Silva também venceria Bolsonaro na segunda volta das presidenciais, com a preferência de 58% dos eleitores enquanto Bolsonaro teria 31% das intenções de voto". O jornal Público informa que a pesquisa mostra brasileiros dando a Bolsonaro a pior avaliação de sempre e consideram-no falso, incompetente e autoritário.

O britânico The Guardian destaca que jornal de extrema direita do Brasil exige remoção de Bolsonaro. Em editorial, Estadão faz clamor em um momento de indignação com a Covid e a corrupção, que arrasta as avaliações do presidente para o nível mais baixo de todos os tempos. "'Jair Bolsonaro não tem mais condições de permanecer na presidência', declarou O Estado de São Paulo no domingo, enquanto as pesquisas mostravam que, pela primeira vez, a maioria dos cidadãos apoiava o impeachment e considerava seu líder incapaz de governar", informa.

Financial Times noticia que a onda da Covid no Brasil atinge especialmente mulheres grávidas. "Cuidados de saúde tensos, acesso inadequado e uma variante mais contagiosa responsável pelo salto nas mortes maternas", registra. "Mais de 1.600 gestantes ou puérperas sucumbiram à doença respiratória desde o início da pandemia, segundo o Observatório Obstétrico Brasileiro". No geral, as mortes maternas no Brasil foram em média 10 por semana no país durante 2020, de acordo com análise do observatório. Este ano, esse número quadruplicou para mais de 40, à medida que a mortalidade na população em geral dobrou.

Outra reportagem do Financial Times destaca que a América Latina precisa urgentemente de vacinas do ocidente. "Nações ricas pedem para enviar doses de Covid-19 excedentes imediatamente para a região mais afetada pela pandemia", relata. "As nações ricas têm três vezes os estoques de vacina contra o coronavírus de que precisam para suas próprias populações e devem doar o excedente agora para a América Latina, a região mais atingida pela pandemia e onde o número de mortos é catastrófico, disse um alto funcionário da UE".

Rebeca Grynspan, que chefia a Secretaria Geral Ibero-americana que reúne Espanha, Portugal e América Latina, disse que outros países deveriam seguir o exemplo da Espanha. O primeiro-ministro do país, Pedro Sánchez, se comprometeu a doar vacinas excedentes para a América Latina por meio das instalações Covax, administradas pela OMS, assim que metade da população espanhola for vacinada. Em 8 de julho, cerca de 57,5% haviam recebido a primeira dose, de acordo com Madrid.

Página 12 informa que o governo da Argentina avançou na compra de vacinas da Moderna. A Argentina comprará 20 milhões de doses que chegarão no primeiro trimestre de 2022. O país também poderá receber neste ano as doações da vacina Moderna feitas pelos Estados Unidos. O Ministério da Saúde analisa que essas vacinas serão utilizadas como reforço para quem já tem doses de outros laboratórios.

A vitória da Argentina sobre o Brasil na disputa do torneio de futebol da Copa América é destaque nos principais jornais do mundo. Diz o New York Times: Lionel Messi e Argentina venceram o Brasil na final da Copa América. "A carreira brilhante de um jogador estrela finalmente recebe a única honra que faltava: um título importante com sua seleção nacional", resume. Messi dedicou o triunfo ao jogador Diego Maradona.

INTERNACIONAL

Wall Street Journal informa em manchete de primeira página que o complexo acordo internacional de impostos corporativos que levou anos para ser concluído enfrenta um de seus testes mais difíceis: o Congresso dos EUA. O Grupo das 20 principais economias apoiou o plano neste fim de semana em Veneza, Itália, após o endosso anterior de um grupo mais amplo de 130 países . O plano, que visa limitar a evasão fiscal corporativa, renovaria as regras internacionais de longa data e é crucial para os planos do presidente Biden de aumentar os impostos corporativos. "O mundo está pronto para acabar com a corrida global para o fundo do poço em matéria de tributação das empresas, e há amplo consenso sobre como fazer isso", disse a secretária do Tesouro, Janet Yellen.

Na manchete de capa, o estadunidense The New York Times fala sobre as escolhas de Joe Biden para o futuro da energia na América do Norte: Mais linhas de força ou painéis solares de telhado: a luta pelo futuro da energia. "O presidente e as empresas de energia querem novas linhas de transmissão para transportar eletricidade de parques eólicos e solares. Alguns ambientalistas e proprietários de casas estão pressionando por sistemas menores e mais locais", informa.

O NYTimes destaca ainda a onda de calor sufocante nos EUA. Aumento recente nas temperaturas matou quase 200 pessoas em Oregon e no estado de Washington. Agora, o oeste dos Estados Unidos assou sob outra cúpula de calor que aumentou as temperaturas neste fim de semana, a terceira onda a varrer a região neste verão.

O Vale da Morte, na Califórnia, atingiu 135ºF — 57ºC —, uma das temperaturas mais altas já registradas na Terra. No Arizona, duas pessoas que estavam ajudando a combater um incêndio florestal morreram no sábado quando seu avião caiu. É a segunda notícia mais importante na capa do Washinton Post: o dia mais quente da história da humanidade.

As ondas de calor, que os cientistas dizem que seriam virtualmente impossíveis sem a influência da mudança climática causada pelo homem, exacerbaram uma seca generalizada , abriram caminho para o que se espera que seja outra temporada de incêndios catastróficos e matou a fauna marinha em massa no Costa do Pacífico.

A manchete do Post é a notícia da prisão do assassino do presidente do Haiti. Autoridades disseram no domingo que prenderam um homem haitiano suspeito de desempenhar um papel importante no assassinato do presidente Jovenel Moïse, supostamente recrutando alguns dos agressores dizendo que seriam seus guarda-costas. A polícia disse que Christian Emmanuel Sanon, 63, planejava assumir a presidência e contratar alguns dos homens como sua equipe de segurança. Sanon é supostamente um médico com laços de longa data com a Flórida.

Os principais jornais do mundo noticiam a onda de protestos em Cuba contra o governo. Destaca o Financial Times: Protestos antigovernamentais generalizados estouram em Cuba. "Milhares de pessoas saíram às ruas de Cuba para expressar raiva pela falta de alimentos e remédios e gritar 'liberdade' nas maiores manifestações antigovernamentais na ilha comunista em décadas. A polícia de choque usou spray de pimenta e cassetetes contra alguns dos manifestantes em Havana no domingo, mas não confrontou a maioria deles diretamente. Testemunhas viram homens à paisana arrastando alguns manifestantes para os carros da polícia e relataram jipes das forças especiais com metralhadoras instaladas nas ruas", informa.

O Granma traz a palavra do presidente Miguel Díaz-Canel Bermúdez: os Estados Unidos estão muito incomodados há 60 anos com o exemplo da Revolução Cubana. Ele denunciou o esforço de pequenos grupos contra-revolucionários. "Não renunciaremos à soberania da nossa pátria". Díaz-Canel foi a San Antonio de los Baños, na província de Artemisa, para conversar com seus habitantes antes da provocação de um grupo de contra-revolucionários que tentava subverter a ordem enquanto Cuba luta não só contra a Covid, mas também e por mais de 60 anos, contra o bloqueio mantido pelo governo dos Estados Unidos.

AS MANCHETES DO DIA

Folha: 70% dos brasileiros veem corrupção no governo Bolsonaro

Estadão: Com inflação, arrecadação dos estados cresce R$ 45 bi

O Globo: Distribuidoras perdem R$ 5 bi com a pandemia

Valor: Taxação de dividendos de 'holdings' deve cair

El País (Brasil): América do Sul observa com cautela a variante lambda da covid-19

BBC Brasil: Como Davati negociou vacinas Brasil afora sem aval de fabricantes

UOL: Maioria é contra militar da ativa na política e ocupando cargo no governo

G1: Datafolha: para maioria, militar não deve ir a atos políticos nem ter cargo no governo

R7: Caixa libera 3ª parcela do auxílio emergencial para 2,4 milhões de beneficiários nascidos em julho

Luis Nassif: Governo desbloqueia gastos de olho na reeleição