MIDIALTERNATIVA FREE PRESS: Deu na Imprensa

A crise política volta a esquentar e a CPI bateu de frente com os militares. A prisão de Roberto Ferreira Dias pelo presidente Omar Aziz (PSD-AM) desencadeou uma reação dura das Forças Armadas, que elevaram o tom — não aceitam "acusações levianas". Aziz diz que não aceita ser intimidado. E os militares prometem reação ainda mais dura. A mídia aponta que as versões do ex-diretor são inverossímeis, mas CPI extrapolou ao mandar prendê-lo sem prova.

A prisão de Dias é a manchete principal dos jornalões e a reação do Ministério da Defesa, que divulgou nota dura recebe saraivada de críticas na mídia. A imprensa registra que senadores ficaram divididos quanto à prisão. A detenção do ex-diretor do ministério também ganha repercussão internacional, por conta de despachos das agências internacionais de notícias, como a Reuters.

Eis as manchetes — Folha: Pivô de escândalo, ex-diretor da Saúde é preso durante CPI. Estadão: Ex-diretor da Saúde é preso acusado de mentir em CPI e O Globo: Presidente da CPI manda prender ex-diretor da Saúde. Já a edição brasileira do El País vai além do fato: CPI aponta para núcleo militar em escândalos e recebe advertência inusual das Forças. UOL diz que Planalto vê arbitrariedade em prisão de ex-diretor e torce por racha na CPI.

Hoje, a CPI ouve a ex-chefe do Programa Nacional de Imunização sobre imunização de grávidas e pedido de demissão. Os jornais também relatam a demissão do diretor do Ministério da Saúde que teria autorizado reverendo a negociar vacina. O Globo traz um quem é quem na crise: atravessadores, coronéis, reverendo e fiscal são os envolvidos nas denúncias de compras da Covaxin e da AstraZeneca.

A fogueira política ganha mais brasa com as novas afirmações do Ministério Público Federal apontando que o ex-ministro da Saúde General Eduardo Pazuello retardou de forma deliberada o contrato com a Pfizer para fornecimento de vacinas contra a Covid-19 e aponta que as objeções feitas pelo governo federal às cláusulas contratuais não tinham nenhum respaldo "fático e/ou jurídico".

Ainda na política, atenção à entrevista de Michel Temer à Folha, tratando da crise — "Quem derruba presidente não é o Congresso, é povo na rua" — e fazendo a defesa aberta do semipresidencialismo — saída para sistema "roto e esfarrapado". A íntegra está ao final deste briefing.

ELEIÇÕES 2022

Valor destaca a nova pesquisa confirmando o favoritismo de Lula. O petista venceria Bolsonaro por 54% a 33% no segundo turno. Feita pela Genial/Quaest, o levantamento aponta que, na primeira etapa, o ex-presidente teria 43% das intenções de voto, à frente do presidente, com 28%, e do ex-ministro Ciro Gomes, que registrou 10% das preferências.

O resultado reflete a baixa popularidade da atual gestão. O governo Bolsonaro é avaliado negativamente por 44% dos eleitores, enquanto 26% o avaliam positivamente e 28% o consideram regular. A pesquisa entrevistou 1,5 mil pessoas, presencialmente, entre os dias 1º e 4 de julho. A margem de erro é de três pontos percentuais.

Outra pesquisa com resultados semelhantes está no Poder 360. Lula abre sua maior vantagem contra Bolsonaro. O petista concentra agora 43% das intenções de voto, contra 29% do atual comandante do Planalto. No levantamento realizado um mês antes, os dois estavam empatados dentro da margem de erro, que é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Tinham 31% e 33% dos votos, respectivamente.

Também ganha destaque na mídia as novas ameaças de Bolsonaro. O presidente voltou a colocar eleições em xeque e, sem provas, disse que Aécio Neves derrotou Dilma Rousseff em 2014. Em entrevista à Rádio Guaíba, presidente disse que ministro Barroso, do TSE, tem 'interesse pessoal' em eleição sem 'transferência'. O presidente do STF, Luiz Fux, rebateu e cobrou respeito às instituições.

De olho no quadro eleitoral em 2022, Bolsonaro pretende lançar em substituição ao Bolsa Família um novo programa social que vai custar R$ 53 bilhões. A cifra é 51,4% maior que a reservada ao programa neste ano. A verba, segundo uma fonte do alto escalão do governo, será prevista na proposta de Orçamento para a União no próximo ano, que será encaminhada ao Congresso em agosto.

OPINIÃO

Vale a leitura da coluna de Maria Cristina Fernandes, no Valor, sobre o imbróglio da prisão de Dias, que mantém elevou a pressão sobre Bolsonaro e reacendeu o bolsonarismo nas Forças Armadas. "O mesmo Congresso que apoiou o desmonte do lavajatismo procedeu a uma rara prisão de depoente que negou um encontro", aponta. "A força da gravidade favorece a acomodação, mas se Congresso tomasse gosto poderia até chegar àquele que nega o direito à vida. Só assim Bolsonaro receberia a lição que o Exército se negou a dar em seu capitão há quase 40 anos. A insubordinação cresceu junto com a ambição. Só o Exército se apequenou". Leia a íntegra ao final deste briefing.

Míriam Leitão escreve no Globo que militares ameaçam CPI em nota fora do tom, após críticas sobre corrupção na Saúde. E Merval Pereira aponta que as sucessivas denúncias na Saúde sugerem briga de quadrilhas. Na Folha, Bruno Boghossian diz que prisão é reflexo da capacidade limitada de investigação da CPI. "Comissão não conseguiu desarmar redes de proteção e encontrar prova de propina", aponta. E Vera Rosa, no Estadão: "CPI da Covid escancara disputa entre Centrão e militares que orbitam em torno de Bolsonaro"

ECONOMIA

Folha noticia que a renda de praticamente metade dos trabalhadores que atuavam por conta própria no Brasil não ultrapassava R$ 1 mil por mês no terceiro trimestre de 2019, período pré-pandemia. A conclusão integra estudo divulgado com base em microdados do IBGE. No terceiro trimestre de 2019, período da análise, o país somava 24,3 milhões de trabalhadores por conta própria em áreas urbanas —o número desconsidera domicílios rurais. Do total, a parcela de 48% (em torno de 11,7 milhões) recebia até R$ 1 mil por mês. O salário mínimo à época era de R$ 998.

CRISE HÍDRICA

Monica Bergamo informa na Folha que senadores do PT querem criar uma comissão externa para averiguar as causas e os efeitos da crise hídrica que atinge o país —e que deixou os reservatórios das hidrelétricas em seu pior nível em décadas. A proposta foi enviada à presidência do Senado pelo líder da minoria na Casa, Jean Paul Prates (PT-RN), e pelo presidente da Comissão do Meio Ambiente do Senado, Jaques Wagner (PT-BA). "Enquanto nossos reservatórios secavam, o governo federal preocupava-se unicamente em privatizar a Eletrobras a qualquer custo", afirmam os senadores no documento. O grupo seria composto por onze membros e teria funcionamento por 180 dias.

BRASIL NA GRINGA

Reuters informa que Bolsonaro alegou que pode não aceitar as eleições de 2022 no sistema de votação atual. "O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, disse na quarta-feira que não pode aceitar o resultado de uma eleição presidencial no ano que vem, a menos que o sistema de votação, que usa computadores para registrar os votos, seja substituído por cédulas impressas de sua preferência", resume.

Reuters noticia a prisão de ex-funcionário do Ministério da Saúde do Brasil pelo Senado. "O drama estourou no Congresso do Brasil na quarta-feira, quando um ex-funcionário do Ministério da Saúde foi preso sob as ordens do legislador que lidera uma investigação do Senado sobre a forma como o governo está lidando com a crise da Covid", informa.

O mundo superou a marca de 4 milhões de mortos por Covid, sendo que o Brasil é responsável por 1 em cada seis vítimas fatais no planeta. De acordo com o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, o número de vítimas continua aumentando em grande parte por causa das variantes perigosas do vírus e das desigualdades na distribuição da vacina. A variante delta já se espalhou em cem países.

O New York Times e Washington Post relatam que os números são oficiais, mas acredita-se que subestimam as mortes relacionadas à pandemia. "Os números podem não contar a história completa, mas ainda assim são números realmente surpreendentes em todo o mundo", disse Jennifer B. Nuzzo, epidemiologista da Escola de Saúde Pública Bloomberg da Universidade Johns Hopkins.

O Brasil, que recentemente ultrapassou 500.000 mortes oficiais, teve o maior número de novos casos e mortes de qualquer país na semana passada. Um estudo recente descobriu que o Covid-19 levou a uma redução significativa na expectativa de vida no país.

INTERNACIONAL

New York Times e Washington Post destacam em manchetes principais na edição de hoje o assassinato do presidente do Haiti durante um ataque noturno, sacudindo a frágil nação. "Um grupo de agressores invadiu a residência de Moïse na manhã de quarta-feira, atirando nele e ferindo sua esposa. O primeiro-ministro interino declarou estado de sítio", resume o jornal novaiorquino. Segundo o Financial Times, são quatro o número de suspeitos pelo assassinato do presidente do Haiti. Eles foram mortos pela polícia. O francês Le Monde diz que o assassinato de Jovenel Moïse mergulha o Haiti no caos.

Em outra reportagem, o NYT destaca que a mudança climática impulsionou os recordes extremos da onda de calor no oeste do país, de acordo com resultados de análises. "Uma rápida análise do calor recorde da semana passada descobriu que teria sido virtualmente impossível sem a influência da mudança climática causada pelo homem", aponta.

O chinês Global Times informa que apesar da crescente pressão política, dezenas de cientistas publicaram carta aberta na Lancet, insistindo que a ciência, não a especulação, é essencial para determinar como o vírus que desencadeou a pandemia de Covid-19 atingiu os humanos, Eles reiteram que o vírus provavelmente se originou na natureza e não em um laboratório e refutaram a afirmação liderada pelos EUA da "teoria do vazamento de laboratório" que colocou epidemiologistas proeminentes em situação difícil.

AS MANCHETES DO DIA

JORNAIS

Folha: Pivô de escândalo, ex-diretor da Saúde é preso durante CPI

Estadão: Ex-diretor da Saúde é preso acusado de mentir em CPI

O Globo: Presidente da CPI manda prender ex-diretor da Saúde

Valor: Materiais de construção têm melhor resultado em 10 anos

El País (Brasil): CPI aponta para núcleo militar em escândalos e recebe advertência inusual das Forças

PORTAIS

BBC Brasil: Variante Delta: as 5 mutações que tornam coronavírus mais contagioso e preocupante

UOL: Ex-diretor do Ministério da Saúde paga fiança de R$ 1.100 e deixa a prisão

G1: Como a variante delta avança pelo mundo e pode se espalhar no Brasil

R7: Saque da terceira parcela do auxílio emergencial é liberado para beneficiários nascidos em maio