Acuado de um lado pela CPI da Pandemia e de outro pelas pesquisas, o presidente Jair Bolsonaro reagiu abrindo de vez o governo ao PP, maior partido do centrão. Seu presidente, o senador Ciro Nogueira (PP-PI), que comanda a minoria governista na CPI, vai assumir a poderosa Casa Civil, de onde fará a articulação política com o correligionário e amigo Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara. O atual titular da pasta, o general Luiz Eduardo Ramos, vai para a bem menos prestigiada Secretaria-Geral da Presidência, onde está Onyx Lorenzoni, do DEM. Para que este não fique ao relento, Bolsonaro vai recriar e entregar-lhe o Ministério do Trabalho, rebatizado Ministério do Emprego e Previdência, tirando um importante naco do superministério da Economia. (Folha)
Toda essa articulação aconteceu pelas costas do general Ramos, que só foi comunicado ontem por Bolsonaro da demissão na Casa Civil. ‘Eu não sabia. Fui atropelado por um trem’, admitiu. (Estadão)
Já Paulo Guedes participou das negociações que, na prática, tiraram-lhe poder sobre a política de emprego. Na avaliação do ministro da Economia, a minirreforma ministerial melhora a relação com o Congresso e pode destravar itens importantes da agenda econômica. (Globo)
Como se não bastasse todo esse poder, Ciro Nogueira trabalha para levar Bolsonaro de volta para o PP com mais uma leva de outros integrantes do governo. (Antagonista)
Em tempo... Nogueira tem duas denúncias, uma por propina e outra por obstrução de Justiça, pendentes no STF e é investigado num terceiro inquérito. (Poder360)
Thomas Traumann: “Com a nomeação, Bolsonaro entregou a política aos profissionais, rebaixou o Exército e trincou mais um pouco o prestígio do ministro Paulo Guedes. Bolsonaro está dividindo o poder agora para enterrar a CPI da Covid e os pedidos de impeachment, aprovar seus indicados para o Supremo Tribunal Federal e Procuradoria-Geral da República e montar uma aliança sólida para 2022.” (Veja)
Enquanto isso.. A ministra do STF Cármen Lúcia negou o pedido do PT para que o Supremo obrigasse Arthur Lira a analisar os 126 pedidos de impeachment contra Bolsonaro. Na decisão, ela lembrou que, pela Constituição, a abertura ou não de um processo de afastamento do presidente é prerrogativa do presidente da Câmara. (UOL)
Há duas semanas uma crise agitou os bastidores do governo. Via interlocutores, o ministro da Defesa, Walter Braga Netto, avisou ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que, sem voto impresso não haveria eleição em 2022, mesma ameaça feita por Bolsonaro em live. Lira foi ao presidente e disse que o centrão o apoiaria até na derrota eleitoral, mas não embarcaria em aventuras golpistas. A ameaça de Braga Netto coincidiu com a exposição na CPI da Pandemia de um núcleo militar na suposta teia de corrupção no Ministério da Saúde. (Estadão)
A nova pesquisa do PoderData sobre aprovação de Bolsonaro e de seu governo é um copo meio cheio ou meio vazio. A rejeição a ambos ainda é recorde, mas parou de crescer. O presidente é ruim ou péssimo para 56% (alta de um ponto, dentro da margem de erro de dois pontos), contra 26% com bom ou ótimo e 15% com regular. A rejeição ao governo também cresceu um ponto, com 62% desaprovando a gestão e 32% aprovando. (Poder360)
E o YouTube tirou do ar 14 lives de Bolsonaro por conterem informações falsas sobre a Covid-19, especialmente a defesa da cloroquina. O canal do presidente corre o risco de ser derrubado por uma semana. (Metrópoles)
A Polícia Federal fechou acesso a todos os seus documentos dentro do Sistema Eletrônico de Informações (SEI) do governo federal, como revela Malu Gaspar. Isso inclui licitações, promoções e remoções. Em nota, a PF negou censura e disse que é “apenas de restrição de documentos preparatórios até a devida publicação ou decisão final”, quando passam a ser tratados de acordo com a sua classificação legal (públicos, sigilosos ou reservados). (Globo)
Meio em vídeo. Bolsonaro tem até 4 de agosto para decidir se veta ou sanciona o fundo eleitoral apresentado pelo Congresso para 2022. A proposta, votada as vésperas do recesso parlamentar, triplicou a verba destinada às campanhas dos partidos em relação ao pleito de 2018, chegando a R$5,7 bilhões. No Meio Explica desta semana você confere os detalhes desta história. Veja no YouTube.
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